Se você precisou sair na sexta-feira à noite e não conseguiu acompanhar a rodada dos Playoffs, pode ficar tranquilo que não perdeu tanta coisa assim. Não que não tenham acontecido atuações dignas de assistir e aplaudir de pé, mas elas foram tão DOMINANTES e avassaladoras que passamos boa parte do tempo vendo apenas um time dominar as partidas com mais de 20 pontos de frente no placar. Piscou, perdeu.
Começamos em New Orleans, onde o Pelicans voltou a parecer o time da série contra o Blazers e AMASSOU o Golden State Warriors por 119 a 100. E teve um alívio no final ainda, a maior vantagem chegou a ser de VINTE E SEIS!!! Uma surra que começou cedo e só não durou o jogo inteiro porque o Warriors conseguiu ameaçar, mas só ameaçar, uma reação no segundo quarto.
O grande trunfo do time de Alvin Gentry nessa partida foi a movimentação dos seus jogadores sem a bola. Sem um matchup muito favorável, Jrue Holiday passou menos tempo com a bola na mão tentando ataques infrutíferos e mais tempo correndo por aí, fazendo corta-luzes e colocando a defesa do Warriors em situações complicadas. Vejam esses dois lances abaixo, por exemplo: primeiro Steph Curry não acompanha Holiday após um corta-luz de Darius Miller, pensando que haverá uma troca de marcação com Kevin Durant, mas o ala também fica no bloqueio. Holiday fica livre, Curry percebe o erro de comunicação antes mesmo do chute sair e KD fica PUTAÇO após a cesta…
— 🚁Sky Wob🚁 (@World_Wide_Wob) May 5, 2018
No segundo tempo acontece o contrário, Jrue Holiday faz um bloqueio para Anthony Davis e escapa para a linha dos 3 pontos. Para não deixá-lo livre de novo, Durant corre para cobrir o arremesso, mas ele faz isso ao mesmo tempo que Draymond Green. Quem sobra embaixo da cesta é aquele bom jovem jogador da moncelha…
Nice ATO action by NOP. Looks like a wrinkle off their Rub action where they look to create the single side bump action but Holiday sets the backscreen for AD. pic.twitter.com/q1uLCGcUuR
— Ryan (@ry_nguyen) May 5, 2018
A defesa do Golden State Warriors é boa há tanto tempo porque eles sabem fazer muito bem essas trocas de marcação e sabem que fazer depois que as trocas acontecem, mas tem dias que a comunicação não funciona tão bem, especialmente quando o adversário executa muito bem os corta-luzes e deixa alguém pelo caminho. Ajudou o Pelicans também que com Holiday mais longe da bola, quem ditou o jogo foi Rajon Rondo, mestre SUPREMO em chamar as jogadas certas, direcionar o que cada um deve fazer e, claro, soltar o passe no segundo exato:
Rondo dropped a playoff career-high 21 assists tonight 🔥 pic.twitter.com/c2hlhQZ6bW
— Bleacher Report (@BleacherReport) May 5, 2018
A boa movimentação de bola casou com um dia inspirado dos arremessadores do time. Nikola Mirotic, Solomon Hill, Holiday e Ian Clark fizeram 3 bolas de longe cada um! Com tudo isso (e uma ajudinha da mesa da casa, no maior estilo Lonzo Ball), Rajon Rondo finalizou a partida com absurdas 21 assistências, o primeiro jogador com mais de 20 assistências num jogo de Playoff desde… Rajon Rondo em 2011. Ajuda também que ele da passes para Anthony Davis, cestinha dos Playoffs, que ontem meteu mais 33 pontos! É uma boa dupla:
Pelo lado do Golden State Warriors, o ataque deu conta de manter o placar apertado no segundo quarto, período em que Klay Thompson marcou 20 dos seus 26 pontos no jogo, mas foi só isso. Steph Curry pareceu, dessa vez, mais como alguém que acabou de voltar de lesão e menos com o SEMIDEUS do jogo passado, e Kevin Durant teve mais dificuldades em acertar seus arremessos sobre o baixinho Holiday. É um matchup engraçado porque o ala do Warriors é vinte vezes mais alto, mas Holiday é forte e não está deixando Durant infiltrar ou se movimentar bem, sobra só arremesso por cima da defesa. Deu muito certo no último quarto do Jogo 2, nem tanto no Jogo 3.
E lá se vão 8 jogos de Playoffs nesse ano e o aproveitamento de Durant nas bolas de 3 é de 27%! Irgh! É o tipo de número que faz o Pelicans deixar Draymond Green livre o tempo todo. Além de melhor comunicação na defesa, o Warriors precisa de seus pontuadores em boa fase para dar conta de lidar com o poder de fogo de Anthony Davis e sua turma.
O outro jogo do dia, também no Oeste, acabou em uns 5 minutos. Depois de uma cesta de 3 pontos de Joe Ingles para abrir o placar para o Utah Jazz em Salt Lake City, o Houston Rockets fez um 19 a 2 nos minutos seguintes e nunca mais olhou para trás. Abriram 20 pontos no primeiro quarto, 30 no intervalo e chegaram a estar na frente por TRINTA E OITO pontos no miolo do terceiro. O placar final foi de 113 a 92.
A atuação do Rockets foi tão devastadora que o Jazz nem teve tempo de tentar algumas coisas que deram certo na vitória do Jogo 2. Quando Dante Exum entrou na partida para marcar James Harden, por exemplo, o placar já era de 19 a 5! Já a marcação do pick-and-roll entre o barba e Clint Capela pouco foi vista no começo do jogo, tamanha a velocidade com que o Rockets transformava os turnovers e rebotes defensivos em pontos rápidos do outro lado. Oficialmente foram 20 pontos de contra-ataque na partida para o Rockets, mas outras cestas que demoraram um pouco mais também se aproveitaram da confusão do Jazz, que voltava desorganizado com medo das bolas de 3 do rival:
Legal ver aí no meio um arremesso de Eric Gordon, que finalmente apareceu para jogar nos Playoffs! O time alcança outro nível de perigo ofensivo quando ele está inspirado, e ontem foram 25 pontos e 4 bolas de 3 pontos. Nada mal fazer essa estreia no jogo mais importante da temporada até o momento.
O Utah Jazz poderia ter segurado um pouco mais o seu rival se tivesse conseguido MARCAR PONTOS, algo importante num jogo de basquetebol. Mas o ataque do time de Quin Snyder não deu uma dentro e entrou no ciclo de errar, perder a bola e sofrer com o ataque em velocidade. Destaque negativo em especial para Donovan Mitchell, que, pela primeira vez em uns seis meses, pareceu um novato. Ele fez apenas 10 pontos, acertou 4 de 16 arremessos e não conseguiu fazer o que faz de melhor, invadir o garrafão. E não foi só ele, o Jazz acertou só 23 dos 47 arremessos que tentou no entorno do aro, aproveitamento de 49%. Para se ter uma ideia, durante a temporada regular o Jazz acertou 64% dos seus arremessos nessa posição, 10ª melhor marca da NBA.
Méritos aí para Trevor Ariza, que saiu de quadra com saldo de +40 pontos nos minutos que jogou e que fez defesa IMPECÁVEL sobre o novato. E quando a bola chegou em outros jogadores, especialmente Rudy Gobert, Clint Capela estava lá para dar QUATRO tocos. O pivô ainda interceptou passes para matar o pick-and-roll no meio da quadra que tanto deu certo no Jogo 2 teve jogo de pernas até para sair e marcar caras baixos no perímetro:
The Rockets dismantled the Jazz in the first half largely because they were engaged defensively. No one was more influential than Clint Capela who was everywhere on defense. #Rockets pic.twitter.com/831NSeURo1
— Justin Jett (@JustinJett_) May 5, 2018
Quem se salvou no Jazz ontem foram alguns reservas. Em parte porque estavam bem mesmo, especialmente Alec Burks (14 pontos) e Dante Exum (6 pontos e ótima defesa), e em parte porque alguns jogaram só com o jogo já decidido, caso de Raulzinho. O brasileiro jogou 17 minutos e saiu de quadra com 8 pontos, 4 assistência e viu o Jazz vencer por 14 pontos nos minutos que atuou. Tudo bem que foi em um jogo já decidido contra o banco do Rockets, mas talvez sirva pra ele ganhar uns minutos a mais no próximo jogo. O que pesa contra ele é que apesar dele ter feito ótima defesa contra Chris Paul, o armador não parou de atacar Raulzinho e quase sempre saiu com pontos. A maioria em arremessos difíceis e muito bem contestados, mas sempre certos.