[Resumo da Rodada] A novela Raptors vive; Warriors derrota seu irmão caçula

A grande novela da pós-temporada ganhou mais um capítulo no Canadá na noite desta quarta-feira. Enquanto grades caiam e senadores bradavam nos nossos dramas tupiniquins, no NORTE o perrengue era outro: como o Toronto Raptors iria arrancar a vitória no Jogo 5 e não ir para Miami com a corda no pescoço?

Com tanto drama e coisas negativas, depois de mais um jogo ruim de Kyle Lowry após a gente ter tido a pequena ilusão de que ele iria deslanchar, como o time noveleiro iria nos surpreender? Jogando bem, claro! O primeiro tempo nos apresentou o melhor basquete do time canadense em toda a pós-temporada. A presença de Bismack Biyombo no time titular no lugar de Jonas Valanciunas, apesar da perda ofensiva gritante, rende um boost defensivo que foi perfeito para lidar com a versão que vimos ontem do Miami Heat. Para quem não tem acompanhado, o Heat tem a versão Warriors-Em-Dia-Bom, que é quando o Luol Deng arremessa 58% de 3 pontos e o Goran Dragic infiltra quando quer no garrafão, e a versão Sixers-Desfalcado, que é aquela que não passa a bola, não se movimenta e nos lembra de que o time não tem um arremessador nato em boa fase.

O time de ontem era a versão ruim, cedendo bolas de graça como se fosse um time juvenil. Quem vê que o Miami Heat cometeu só 13 turnovers no jogo pode achar o número até normal, dentro dos padrões, mas vale lembrar que ONZE deles foram no primeiro tempo. Um show de horror. O começo de jogo diferente rendeu umas mudanças drásticas nas rotações dos times: Dwane Casey desistiu do small ball e até o esquecido Jason Thompson entrou em quadra para manter o Raptros sempre com presença de garrafão; no Heat, o contrário, Amar’e Stoudemire e Udonis Haslem foram pra escanteio e Justise Winslow foi improvisado de pivô nos momentos que Erik Spoelstra quis ir mais baixo que o normal.

O Raptors aproveitou que o Heat estava conseguindo ir mal demais até para os padrões dessa série e abocanhou a liderança. Comandados por DeMar DeRozan, o time conseguiu uma combinação que pouco acontecia na série até aqui: nada de Hassan Whiteside para dar tocos sob a cesta e uma defesa totalmente desorganizada porque estavam todos correndo desesperados depois de um turnover. Foi quase um convite para DeRozan fazer o que fez dele um All-Star nesse ano, entrar no garrafão em toda jogada para pontuar e/ou sofrer faltas.

A coisa embalou de um jeito que o jogo quase se transformou naqueles clássicos de Playoff onde os jogadores mais ou menos veem a diferença subindo e acreditam que são bons também. De repente todo o time do Raptors lembrou como arremessava e a diferença chegou na marca de 20 pontos! Até o nosso Biyombo resolveu ir além da boa defesa e embalou a melhor sequência da noite:

Seria uma surra e poderíamos encerrar o texto por aqui se não fosse o protagonista do DRAMALHÃO em ação. Sem nenhuma explicação lógica, o Raptors cedeu 10 pontos seguidos em, tipo, um minuto só para o jogo ir para o intervalo numa diferença razoável. Era tudo o que o Heat queria.

No segundo tempo o jogo voltou mais à normalidade do resto da série: partida lenta, poucos pontos e poucos turnovers. Por que os times desperdiçam pouco a bola? Bom, é difícil dar um passe errado quando não se passa a bola. É difícil ter a bola roubada quando você só bate ela sem fazer nada. Com essa lerdeza em curso, o Heat conseguiu tirar mais proveito por ter Dwyane Wade acertando bolas decisivas nos minutos finais (depois de ter fedido o jogo todo) e pelo novato Josh Richardson ter aparecido em sua versão Ray Allen por alguns minutos. Lembram que o Heat tinha acertado UMA bola de 3 pontos no último jogo? Ontem foram 6: 5 no segundo tempo, 3 delas do novato Richardson.

O drama ficou mais pesado quando Luol Deng, pelo Heat, e DeMarre Carroll, pelo Raptors, saíram machucados com problemas semelhantes no pulso. E o cestinha do jogo, DeRozan, também deixou a quadra por um momento com uma dor no dedo. O SOFRIDO Raptors, vejam só, estava sem TRÊS titulares em determinada hora do jogo!

Foi quando descobrimos que era tudo um grande GOLPE, mais um, para dar drama à narrativa. Ganhar por 20 pontos de frente não era tão legal quanto ver Kyle Lowry buscar seu Steph Curry interior para acertar todas as bolas decisivas no minuto final.

VOCÊ NÃO PODE PARAR KYLE LOWRY! PODE APENAS TORCER PARA QUE ELE ERRE!

E ele erra bastante… calhou de ontem de não dar chance do Heat virar. E agora, qual o próximo capítulo? Heat repete a série contra o Hornets e vence os últimos dois jogos? O Raptors deslancha (RISOS)? Ou teremos o segundo Jogo 7 em Toronto neste ano? Pra ser uma novela melhor falta só a Alinne Moraes.


No segundo jogo do dia o Golden State Warriors venceu o Portland Trail Blazers, em Oakland, e fechou a série em 4-1. Tudo normal, né? O melhor time da temporada ganha seus jogos em casa, rouba um fora e fecha a série confirmando o favoritismo. Por que será então que Klay Thompson disse que foi o 4-1 mais disputado que ele já viu? Uma estatística ajuda a entender:

Ao longo dos cinco jogos, o Blazers esteve na liderança por 137 minutos contra apenas 95 do Warriors! Incrível! Não tenho como garantir esse número, mas diria com alguma certeza que nunca antes um time que perdeu de 4 a 1 tinha passado mais tempo na frente que a equipe vencedora. Tem uma história envolvendo lebres e tartarugas assim, não tem?

O problema do Blazers é que os grandes momentos do Warriors viraram atropelo: foi a prorrogação do Jogo 4, o 34 a 12 no último quarto do Jogo 2, o 37 a 17 no primeiro quarto do Jogo 1. Não há vantagem que sobreviva a colapsos desse jeito. O Blazers não aprendeu a lidar com o que Steve Kerr chama de “caos controlado” do Warriors:

O jogo de ontem, por outro lado, foi menos de altos e baixos. Embora o Blazers tenha liderado por boa parte da partida, não chegou a deslanchar e nem a derreter diante de uma sequência indefensável do Warriors. Foram sequências de 6 ou 8 pontos de um lado, prontamente respondidas na mesma moeda do outro.

O problema de jogos disputados assim é que o Warriors tem Steph Curry em quadra e ele segue fazendo arremesso absurdo atrás de arremesso absurdo. Há anos que ele acerta todos e ainda me parece surreal ele sequer tentar, acho que nunca vou acostumar:

Agora me diga se esse arremesso deveria ter mais chance de entrar do que aquele que o Lillard havia chutado apenas alguns segundos antes, para empatar o jogo:

E embora CJ McCollum estivesse PEGANDO FOGO no último quarto, quando marcou 16 dos seus 27 pontos, não dá pra culpar um lance desse. Lillard também estava bem no jogo, fez 28 pontos (apesar de apenas 5 no último quarto) e costuma resolver os jogos para eles. Foi um arremesso que ele é capaz de fazer, mas que foi bem defendido. E normal que não tenham mandado um bloqueio para tirar Klay Thompson da frente dele, seria a chance da dobra de marcação e não é essa a hora de um Moe Harkless da vida ser herói. Um bom lance, não deu certo e Curry não perdoou. Já vimos antes, vamos ver mais vezes.

A impressão que eu tenho é que esse Portland Trail Blazers é o Golden State Warriors de 2013. Lembram daquele time que empolgou o mundo derrotando o Denver Nuggets e depois levou o San Antonio Spurs ao limite antes de cair? Era um time bem jovem, cheio de talentos promissores, mas que ainda passava despercebido da NBA. Não que não reparássemos neles, mas faltava um algo a mais para os encararmos como candidatos a título. Eles tinham a defesa, a organização e um potencial de talento, mas acho que faltava um nome de peso para que a futurologia a seu respeito fosse mais ambiciosa.

Com o Blazers aconteceu isso. Não estávamos prontos para esse time ser bom tão cedo e ficamos esperando pra ver quando eles iam voltar para o mundo real. Demos com a cara no chão ao ver que o “mundo real” deles é bem bom. Desde o começo do ano, só melhoram: a defesa, o entrosamento, o aproveitamento dos arremessos, o jogo individual de cada cara secundário que foi motivo de piada quando foi contratado na offseason. Mason Plumlee e Allen Crabbe são jovens rendendo mais do que o esperado como eram Draymond Green e Harrison Barnes; CJ McCollum está deslanchando como deslanchou Klay Thompson naquele ano, e Damian Lillard é o cara mais Steph Curry além de Steph Curry.

O que não dá pra cravar é que tudo vai acontecer do mesmo jeito: o Warriors precisou da chegada do técnico Steve Kerr para dar aquele toque especial no sistema ofensivo, da contratação de Andre Iguodala, de mais um ano de experiência perdendo nos Playoffs, de boas contratações para o banco de reservas, do desenvolvimento mais do que inesperado de Draymond Green em um dos melhores defensores do mundo e teve que ver sua estrela, Curry, alcançar um nível histórico de qualidade. Não é uma receita que dá pra ser repetida facilmente. Mas essa série foi importante para o Blazers ver que aí tem o embrião de algo muito bom: o plano de cercar Lillard e McCollum com jogadores versáteis, capazes de arremessar e da mesma idade deles soa como um plano melhor a cada dia.


RODADA DO DIA

San Antonio Spurs @ OKC Thunder (21h30, SporTV)


NOTÍCIA SURPRESA DO DIA

O nosso querido Scott Skiles não é mais técnico do Orlando Magic! Mais um demitido injustamente? Não, dessa vez foi ele que pediu pra sair.

É raríssimo um técnico pedir pra sair assim, sem nem sequer sinais de fumaça de um clima ruim. Em nota, Skiles apenas disse que sentia que não era o técnico certo para o time. E GARANTIU que todos os rumores que digam além disso são mentira. Os jornalistas gringos dizem que havia uma tensão entre o treinador e a diretoria do time desde a troca de Tobias Harris no meio dessa temporada. Como essa tal tensão virou um pedido de demissão, ainda não sabemos.

O bom de não entender nada é que não estamos sozinhos. Eu não entendi, você não entendeu e o Evan Fournier muito menos que todos nós juntos.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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