[Resumo da Rodada] Os 13 segundos de horror; Cavs sai na frente

Vamos começar do fim? Porque sei que é disso que está todo mundo falando! Depois de um monte de coisa das quais ainda vamos falar, o OKC Thunder estava com uma vantagem de um mísero ponto, com 13 segundos ainda no relógio e um lateral a ser cobrado no campo de ataque. Era procurar Kevin Durant ou Russell Westbrook, cobrar os lances-livres e defender uma bola de 3 pontos na última posse. Pronto. Plano simples. Para o San Antonio Spurs, fazer a falta logo e acertar o tal arremesso do empate ou vitória, dependendo do aproveitamento rival no lance-livre.

O que aconteceu depois, porém, foi puro CAOS. Daquelas loucuras que, nos 13 segundos em que tudo aconteceu, você tem tempo de vibrar, se indignar, questionar e ficar com o coração na boca. Isso AO MESMO TEMPO em que fala para si mesmo “porra, é por isso que eu esperei o ano inteiro”. Quando acaba, olha para o colega do lado e pensa: preciso ver de novo. Como o que acabou de acontecer, aconteceu? Eu vi tudo, mas não entendi nada!

Ainda bem que vivemos na era da Internet e podemos ver tudo mil vezes:

Dion Waiters não conseguiu bater um bom lateral e o Thunder, para variar, entregou uma posse de bola no final. O Spurs, que ainda podia pedir um tempo, preferiu aproveitar a superioridade numérica e atacar. Danny Green deu um passe muito forte, depois Manu Ginóbili teve uma chance de bandeja, mas preferiu passar para Patty Mills, que deu seu pior arremesso no ano. Depois disso, um MMA COLETIVO dentro do garrafão até o apito final.

Vendo com calma, essa sucessão de erros e más decisões dos dois lados foi, também, uma sucessão de erros ou omissões da arbitragem. Saca só:

Primeiro, Manu Ginóbili, que deveria dar espaço para a cobrança de lateral, fica tão perto de Waiters que chega a pisar na linha ao defender o passe lateral. Deveria ter sido falta técnica a favor do Thunder:

Depois disso, é a vez de Waiters responder com duas infrações seguidas: primeiro ele dá uma COTOVELADA no argentino para conseguir espaço para o lateral, depois ele pula para executar o mesmo. Não pode e não pode! Deveria ter sido contada falta ofensiva do Thunder e lateral para o Spurs:

Depois disso tudo vem a minha parte favorita, quando Steven Adams contesta o arremesso de Mills, cai sobre alguns torcedores e não consegue voltar porque um mané ficou segurando ele. Repito: UM TORCEDOR FICOU SEGURANDO o pivô do Thunder para que ele não voltasse para o garrafão!  Aliás, é importante rever o lance todo pela perspectiva do Adams: ele está EM TODAS. Contestou todos os jogadores do Spurs que pegaram a bola nessa última posse, foi monstruoso.

Como se não bastasse, ainda teve uma última falta de Serge Ibaka sobre LaMarcus Aldridge embaixo da cesta. Se bem que nessa hora o jogo não tinha mais regras e vai saber se essa não foi só um flagra das 100 ocorrências que esses 13 segundos nos deram:

No fim das contas os dois times têm do que reclamar, mas nenhum vai. O OKC Thunder venceu um improvável jogo em San Antonio, a segunda derrota do Spurs em casa em toda a temporada. O Spurs pode até reclamar do lateral, mas conseguiu roubar a bola depois disso, teve superioridade numérica e ao menos umas três chances de finalizar a jogada. Faltou acertar, não faltou nenhuma chance para isso. Só podem se culpar.

Ufa! Conseguimos respirar um pouco e rememorar como chegamos nos 13 segundos mais insanos da temporada? Ok, vamos lá! O Jogo 2 começou oposto ao primeiro, dessa vez com o Thunder acertando tudo e o Spurs em um ritmo péssimo de arremessos. Mais ligados e claramente com sangue nos olhos, o Thunder conseguiu impôr sua velocidade e intensidade ao jogo. Tudo o que eles queriam e precisavam era do Spurs errando arremessos para poder pegar o rebote e sair correndo, e conseguiram.

Como dissemos no nosso preview dessa série, esse era um dos segredos para o OKC Thunder não enfrentar a melhor defesa do campeonato: precisavam chegar no ataque antes dela se estabelecer. Se deixassem Kawhi Leonard se posicionar onde quer e Tim Duncan chegar a tempo de proteger o aro, aí já fica tudo mais difícil. Nesta partida, uma em cada cinco cestas do Thunder veio num contra-ataque, e na conta nem entram alguns arremessos que pegaram a defesa de calça curta, mas não tão rápidos a ponto de entrar na categoria. Foram 10 pontos a mais em contra-ataque do que no jogo passado. É bem mais fácil quando não tem ninguém na frente:

Esse não foi o único ajuste ofensivo do OKC Thunder, porém, eles também tiveram bem mais sucesso nos seus corta-luzes. Com bloqueios bem feitos, conseguiram induzir o Spurs a algumas trocas de marcação. Assim que Kevin Durant se via defendido por um baixinho como Tony Parker ou Patty Mills, atacava sem pensar duas vezes.

O ataque geralmente acabava com um bom arremesso, mas Kevin Durant e especialmente Russell Westbrook fizeram um bom trabalho encontrando, mesmo que apenas eventualmente, seus companheiros para finalizar. Serge Ibaka e Steven Adams fizeram 12 pontos cada, o congolês mais de longa distância, Adams sempre na enterrada:

A concentração de jogo foi tamanha na mão das duas estrelas do Thunder que ontem eles não só tiveram poucas assistências, mas até estas ficaram só com os dois. Das 16 assistências do time na partida, 14 foram da dupla Westbrook/Durant! E isso porque até Cameron Payne foi resgatado do banco ontem. A concentração de fogo foi tamanha que Westbrook conseguiu um número que acho que só Kobe Bryant seria capaz de bater: dos 29 pontos que fez no jogo, 22 vieram em posses de bola onde ele começou e terminou o lance sem passar a redonda nenhuma vez!!!

Acho que essa chuva de números é importante para frisar uma coisa: o Thunder não mudou e nem vai mudar. Eles passam pouco a bola, são individualistas e jogam colocando todo o peso nas costas de dois jogadores. Às vezes essa parece ser a causa das derrotas, mas muitas vezes também é a razão da vitória. Ontem os dois estavam inspiradíssimos e acertaram todas as bolas decisivas e tomaram boas decisões nos contra-ataques. É capaz deles tentarem tudo isso de novo e dar errado no próximo jogo, mas dá pra embalar e ganhar o título. Não é um time previsível.

O San Antonio Spurs, por outro lado, podia se gabar de ser um previsível bom, especialmente em casa. Ótima rotação de passes, ótima defesa, sempre os jogos no seu ritmo e sempre quartos períodos destruidores. Não rolou pra eles dessa vez, porém. Sabem como Gregg Popovich às vezes dá aquelas respostas curtas e grossas sobre a razão do seu time perder ou ganhar? “A bola caiu” ou “Hoje a bola não caiu”? Pois é, não foi o caso dessa vez. Após a partida, o técnico disse que houve um problema de execução das jogadas. Embora eles até tenham criado alguns arremessos bons, também, nas palavras de Popovich, “alimentaram o ataque de transição” do Thunder.

A impressão que eu tive em alguns momentos até foi que eles foram mordidos pelo vírus Thunder. LaMarcus Aldridge (41 pontos) estava jogando tão bem, mas tão bem, que parecia que o resto do time estava mais preocupado em dar a bola para ele do que em jogar do jeito Spurs de sempre. É claro que ele é o foco desse ataque, é claro que você deve se concentrar num jogador que está pontuando bem, mas isso às vezes vira uma isca do outro time, que transforma um ataque formidável numa coisa previsível.

De qualquer forma, o San Antonio Spurs ficou a segundos de uma vitória, fez excelentes jogadas no final da partida (incluindo ESSE PASSE FABULOSO do Tony Parker) e não deve achar que seu adversário simplesmente destravou o código. Não acho que foi o que aconteceu.

Ainda apostaria no San Antonio Spurs nessa série porque eles provavelmente não vão ter aproveitamento baixo assim em muitos jogos, assim como acho que não vão ceder mais tantos pontos de transição, mas essa partida foi importante para mostrar que o OKC Thunder não é aquela meleca toda que fez parecer no Jogo 1. O time é  CAPAZ de fazer jogos horríveis, mas o seu padrão é mais alto do que isso.


No Leste, que sempre parece ter jogos muito piores que os do Oeste, o Cleveland Cavaliers venceu o Jogo 1 de sua série contra o Atlanta Hawks em uma partida que, em alguns momentos, até pareceu de temporada regular. Sou só eu ou vocês também sentem que o Cavs luta consigo mesmo para manter o foco às vezes? Não que eles sejam o Toronto Raptors e percam o controle, mas é porque parece fácil demais mesmo.

No primeiro tempo o Hawks estava ralando a bunda na defesa, mas não importa o que faziam, os lances sempre acabavam com algum jogador do Cavs, especialmente Kyrie Irving, acertando um arremesso que cidadãos comuns jamais pensariam em tentar. E todos entram na cesta, claro.

E ele ainda tem tempo para treinar os diferentes cumprimentos com seus companheiros

O Cavs tinha o jogo sob total controle até meados do terceiro período, quando o Hawks, liderados por Dennis Schröder (27 pontos, 6 assistências), apareceu, do nada, com uma corrida de 24 pontos contra apenas 7 do Cavs. Isso resultou até numa virada de placar no último período! Mas aí o Cavs lembrou que o jogo era importante, apertou PESADO a sua defesa, voltou a forçar erros do adversário e fez um 17 a 5 nos últimos 5 minutos para vencer com alguma folga. Jamais que o Hawks vai vencer um jogo fora de casa terminando um jogo assim:

A impressão que eu tive foi mesmo de um apagão PREGUIÇOSO do Cavs na defesa. Olha como LeBron James simplesmente DORME nessa enterrada de Kent Bazemore. Ele nem percebe o ventinho do cara que ele deveria estar defendendo passar por trás. Falta de atenção total:

A mesma falta de atenção aparece nessa enterrada do Mike Scott. Por mais bonito que tenha sido o passe de Schröder, que foi agressivo como pedimos no preview dessa série, LeBron James e Kevin Love precisam se comunicar melhor numa infiltração:

Em outro lance, Schröder faz um pick-and-roll simples com Al Horford, mas Kevin Love falha em contestar o armador ao mesmo tempo que não fecha o passe para o pivô. Enquanto isso, Tristan Thompson demora demais para a cobertura:

É um time que comete muitos erros bobos e, de repente, ANULA o ataque adversário inteiro durante os cinco minutos mais importantes de toda a partida. Eu interpreto isso como falta de interesse e segurança de que podem vencer a qualquer hora. Um dia isso pode pegar eles desprevenidos, mas até lá ainda parecem o melhor time da série.

Vale também a pena lembrar que o Cleveland Cavaliers dominou os rebotes de ataque no primeiro tempo, mas depois o Hawks se recuperou e até venceu essa batalha: 15-10. Eles já tinha surpreendido o Boston Celtics com uma inesperada vitória nos rebotes, vão precisar manter isso para ao menos fazer jogo contra Tristan Thompson e Kevin Love.


#LookDoDia

O que acharam de Carmelo Anthony no CONCEITUADÍSSIMO Met Gala de ontem? Todas as celebridades estavam lá em Nova York para um dos bailes mais concorridos da temporada e Melo representou a comunidade basqueteira ao lado de sua mulher La La Anthony. Jamais que ele sairá de Nova York pra jogar numa terça-feira chuvosa e Milwaukee…

Melo

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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