[Revista Bola Presa] O que esperar dos jogos do Play-In?

Está no ar a primeira parte da última Revista Bola Presa da temporada! Se você gostou da experiência, comente e nos avise. Vamos em breve definir como vai ser o conteúdo para assinantes na offseason e na próxima temporada da NBA e é sempre bom saber do que vocês gostam. A Revista, como era com o Filtro, Prancheta e afins, não acontece durante os Playoffs porque aí dedicamos nossa energia para os Resumos da Rodada diários no YouTube, com análise de todas as partidas da pós-temporada. Mas iremos soltar alguns podcasts especiais que estamos devendo! Assim que o Danilo terminar a atual temporada do Pouco Pixel vamos gravar ao menos um Museu de Relevância Temporária e um Both Teams Played Hard de assinantes.

Amanhã eu posto a segunda parte da Revista com Filtro, Números e afins! Essas SÓ PARA ASSINANTES MESMO.


Revista Bola Presa(15)

Colocaremos muitos números no Filtro Bola Presa de amanhã, mas o que me interessa para essa coluna é um só: o Golden State Warriors, com 56% de aproveitamento na temporada regular que acabou neste domingo, se tornou o melhor décimo colocado da história da NBA. Nunca um time tão mal colocado ganhou tantos jogos! Abra por aí a classificação de um ano aleatório e veja onde um time com 56% iria acabar. Eu fiz essa brincadeira: em 2016-17 um time com 56% de aproveitamento seria QUINTO no Leste e SÉTIMO no Oeste. Existiram outros anos disputados onde daria pra ser nono, mas nunca décimo.

Essa foi uma temporada fora da curva, com muitos times bons no Oeste e onde a gente ficou muitas vezes numa briga entre o teste do olho e a tabela do campeonato. Eu via o Los Angeles Lakers como um das melhores equipes da segunda metade do campeonato, mas parece que o time nunca saía da nona ou décima colocação, por exemplo. A consistência desde a primeira semana, a capacidade de lidar com lesões, a habilidade para evitar dramas internos, um bom técnico para ajustes pontuais, a força para se safar de partidas complicadas e a concentração para vencer as chamadas “derrotas de calendário” acabaram fazendo a diferença magra entre quem ficou lá em cima e quem ficou lá embaixo. Ao mesmo tempo que reconhecemos que o Warriors não é ruim como sua décima posição indica, não podemos esquecer que não foi só por acaso que nove times conseguiram ficar na frente.

Mas aí vem uma questão: o que esses times fizeram de melhor se aplica aos Playoffs? Ou algumas coisas zeram? Consistência de temporada regular é a mesma coisa que consistência de Playoff? Os mesmos técnicos que brilham em temporada regular brilham nos Playoffs? Normalmente sou a favor de respeitar os 82 jogos e que quem acaba na frente normalmente o faz por ser um melhor time no geral. Mas neste ano a diferença dos melhores para os piores classificados parece menor e algumas vantagens devem ficar pra trás. No ano passado o Oeste viu sexto e sétimo colocados passarem da primeira rodada. E ainda teve o eventual campeão Denver Nuggets dizendo que a série contra o oitavo foi a mais difícil de todas. Creio que esse ano pode ser parecido e tudo começa com o Play-In! Quem irá passar para ir lá incomodar os grandes? O preview dos Playoffs fica para o podcast, aqui queria dar uns pitacos rápidos sobre nosso querido Colher-de-Chá.


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PLAY-IN DO OESTE
NEW ORLEANS PELICANS X LOS ANGELES LAKERS

O New Orleans Pelicans é um dos times mais estranhos da temporada. Tanto Brandon Ingram quanto Zion Williamson e também CJ McCollum tiveram boas temporadas, mas o saldo do time é negativo com os três juntos em quadra. O time teve suas fases ruins, mas também outras onde parecia que poderiam sonhar muito alto. Há algumas semanas chegaram a tirar o LA Clippers da quarta posição, aí despencaram até o Play-In. Perderam quatro seguidas na penúltima semana e então venceram quatro seguidas na última. Se batessem o Los Angeles Lakers na última rodada, teriam sua primeira sequência de cinco vitórias seguidas no ano (!), vaga direta nos Playoffs com a sexta posição do Oeste e apenas a segunda temporada de 50 vitórias da história da franquia. Mas ao invés disso tomaram uma surra logo no primeiro tempo. Aliás, os dois grandes jogos do ano foram derrotas VERGONHOSAS para o Lakers: a semifinal da Copinha, em Las Vegas (perderam por 44!), e o último jogo da temporada regular, quando só precisavam vencer para escapar dessa fria de Play-In. O resultado é pegar o Lakers de novo valendo a sétima posição.

Uma coisa em comum nesses jogos ruins do Pelicans é o fraco desempenho de Zion. E nem parece que é uma grande defesa específica, embora LeBron James tenha feito um bom trabalho contra ele na Copinha. Parece que tem mais a ver com o ala do Pelicans, passivo e inseguro nessas partidas. Por outro lado, LeBron tem jogado especialmente bem contra o Pelicans, com destaque para sua facilidade em entrar no garrafão e lá jogar de costas pra cesta, infiltrar e passar para arremessadores de fora. LeBron deu TREZE assistências só no primeiro tempo no jogo de domingo. É essencial para o Pelicans tirar o domínio do Lakers da área pintada no ataque ou na defesa.

Pode ser um jogo simbólico para Zion, já que ele precisa mostrar finalmente um bom jogo ofensivo contra o Lakers e talvez seja ele mesmo a resposta para finalmente limitar as ações de LeBron. Depois de ser uma piada defensiva desde que chegou na NBA, ele melhorou muito nesta temporada e começou até a pedir (e receber do técnico Willie Green) a responsabilidade de marcar estrelas adversárias. Chegou a ter sucesso contra Kawhi Leonard, por exemplo, em uma das vitórias mais marcantes do Pelicans na temporada. Mas é preciso também segurar Anthony Davis, que tem histórico muito positivo contra seu ex-time, e tentar igualar a batalha das bolas de 3 pontos. O time é outro quando Herb Jones e Trey Murphy fazem chover de longe.

O jogo será em New Orleans, Anthony Davis deixou o jogo no domingo com dores nas costas e o Pelicans já sabe muito bem o que o Lakers quer. É hora do time finalmente brilhar em um jogo grande, mas será que vai? Alguém confia? A Copinha, o Play-In e os Playoffs do ano passado mostraram que esse Lakers focado em jogo único normalmente consegue mostrar o seu melhor. Se o time titular, que virou uma potência ofensiva, conseguir segurar a barra contra Zion e Ingram, vai ser difícil de impedir LeBron de voltar aos Playoffs.


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SACRAMENTO KINGS X GOLDEN STATE WARRIORS
Há um ano esses times também se encontraram em Sacramento para um jogo único eliminatório. A diferença é que era o Jogo 7 da primeira rodada, valia uma vaga nas semifinais do Oeste! Dessa vez o jogo vale uma vaga em um segundo jogo de Play-In. Assim como Zion está devendo contra o Lakers, Domantas Sabonis é quem precisa dar uma resposta contra o Golden State Warriors. Nos Playoffs do ano passado ele não foi terrível, mas foi muito discreto, algo que o Kings não pode se dar ao luxo de ver de novo, especialmente com Malik Monk e Kevin Huerter machucados. Um sólido double-double com 15 pontos não deve ser o bastante, é preciso fazer a diferença no jogo.

Na série do ano passado uma das dificuldades de Sabonis foi vencer os duelos individuais contra Draymond Green e Kevon Looney. Dessa vez Looney nem é titular e pouco joga, sua temporada foi terrível, será curioso ver se ele vai ser resgatado para defender Sabonis caso seja preciso. Draymond estará lá, claro, mas ter só um bom defensor em quadra pode ajudar o pivô do Kings. Dá pra ser criativo para afastar Draymond de alguns lances para tirá-lo de coberturas, dá pra forçar trocas e se aproveitar de um time mais baixo e inexperiente com Trayce Jackson-Davis de pivô titular. Mas ainda assim, nos momentos decisivos Draymond estará colado em Sabonis e o lituano precisará vencer ao menos algumas dessas posses.

Entre os armadores não há muitas respostas defensivas. No ano passado o Kings teve impressionante atuação defensiva contra o Warriors, conseguindo antecipar jogadas, contestar arremessos e quebrar o ritmo de passes que o time de Steve Kerr tanto gosta. Será que é porque Mike Brown era assistente de Kerr antes de ir para o Kings? Possível. Mas Curry logo entendeu que precisava fazer mais sozinho e vocês lembram o que rolou, né? Ele fez 50 pontos no Jogo 7! Só que De’Aaron Fox também costuma ir bem contra o Warriors e talvez até tivesse sido ele o herói da série se não tivesse quebrado um dedo no meio do confronto.

É difícil ir contra Curry em jogos assim, mas a previsão mais lógica é de um jogo decidido por pouco. Ano passado eles precisaram de sete jogos para alguém vencer, nesta temporada os times se enfrentaram quatro vezes e cada um venceu dois. Três dessas partidas foram decididas por UM PONTO! As lesões do Kings atrapalham e Klay Thompson vive seu melhor momento na temporada, mas a lógica indica um jogo apertado.


PLAY-IN DO LESTE
PHILADELPHIA 76ERS X MIAMI HEAT

O Sixers fez o que podia com o retorno de Joel Embiid: venceu OITO jogos seguidos, mas mesmo assim não conseguiu sair da mesma sétima posição e agora deve enfrentar Jimmy Butler e o Miami Heat no Play-In. Sim, aquele Butler que já bateu no Sixers mil vezes desde que saiu e ainda saiu gritando que “eles preferiram o Tobias Harris“. Dito isso, o Sixers venceu os últimos dois confrontos recentes, um deles há 12 dias, com domínio completo de Embiid (29 pontos em 32 minutos) e Tyrese Maxey (37 pontos). Enquanto Embiid esteve em quadra nesta temporada, o time venceu 31 jogos e perdeu apenas OITO! E embora com minutos limitados ainda, DeAnthony Melton voltou de lesão na última semana, dando a chance do técnico Nick Nurse usar seu melhor quinteto na temporada com Maxey, Melton, Harris, Batum e Embiid.

Tudo isso pra dizer que embora os dois times estejam no Play-In, eles não estão aí pelo mesmo motivo. Enquanto o Sixers esteve inteiro, foi sempre um dos três melhores times do Leste. Caiu por causa da lesão da sua maior estrela. O Heat não pode dizer o mesmo. Chegou a flertar com a quinta ou sexta melhor campanha por alguns períodos, mas nunca convenceu. Claro que todos lembram do ano passado, quando se tornaram o primeiro time a sair do Play-In e ir para a Final da NBA. Claro que a gente lembra que eles jogaram TRÊS das últimas quatro finais do Leste. Claro que a gente sabe como Butler gosta de um jogo grande e como o técnico Erik Spoelstra sabe ler um adversário e criar planos específicos que mudam qualquer previsão. Mas e aí, vão repetir o sucesso do ano passado ou só estamos com medo de descartar um time mais ou menos por causa da sua história?

A questão crítica do Heat na temporada foi seu ataque, como no ano passado. O time teve a QUINTA MELHOR DEFESA da NBA, mas apenas o 21º melhor ataque. Isso já tinha acontecido no ano passado, mas aí deslancharam nos Playoffs quando o aproveitamento nas bolas de 3 pontos disparou. O time realmente sabe se mexer sem a bola, tem a ameaça de Butler infiltrando, tem Bam Adebayo coordenando as coisas na cabeça do garrafão e até Tyler Herro parece mais disposto que no passado a passar. Se em um jogo isolado isso se transforma em bolas de 3, o ataque vai parecer melhor do que foi ao longo do ano, mas não é algo que tem acontecido sempre.

Tirando as bolas de longe do Heat, o jogo também pode ser decidido pela estratégia de Spoelstra em tentar limitar Embiid. Meras dobras exageradas não tem dado resultado há algum tempo, mas deixar o pivô à vontade demais para dar uma penca de arremessos de meia distância é sinônimo de derrota. No último jogo entre os dois times, a defesa por zona do Heat (um dos times que mais usa esse tipo de marcação) incomodou demais e foi o que colocou o time na frente antes de uma última virada dos Sixers nos minutos finais, quando o ataque do Heat passou longos minutos sem botar uma bola na cesta. Contra a zona, Embiid gosta de tentar ser o cara que recebe a bola entre as linhas, mas o Heat foi bem em nesse momento mandar alguém para inibir esse passe, o que estagnou o adversário. Espero Spoelstra mudando a defesa a cada cinco minutos para obrigar o Sixers a ficar se adaptando. Outra solução é Adebayo, um dos grandes defensores da NBA, ter uma partida fora de série e limitar Embiid a um jogo fraco.

Para o Sixers um dos segredos para fugir da boa defesa do Heat pode ser se aproveitar do ataque capenga do adversário: aproveitar todo roubo ou rebote e CORRER. O time é o melhor da NBA em aproveitamento de cestas no ataque em transição. O Heat sabe se recompor rápido, mas mesmo assim é difícil segurar Maxey correndo em sua direção o jogo todo.


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CHICAGO BULLS X ATLANTA HAWKS
O patinho feio do Play-In. Os dois piores times, os dois que nunca nem ameaçaram oitava posição pra cima. Os únicos em toda brincadeira com menos de 50% de aproveitamento. E entre desfalques recentes e outros que já nem lembramos mais, ambos estão sem inúmeros jogadores que poderiam muito bem decidir: o Hawks vai para a partida sem Jalen Johnson, Saddiq Bey e Onyeka Okongwu. O Bulls, claro, não tem Zach LaVine, Lonzo Ball e Patrick Williams.

Quem voltou de lesão faz pouco tempo foi Trae Young. Foram só três jogos, poucos pontos para seu padrão e três derrotas. Para piorar, ele não tem histórico bom contra o Bulls, que costuma usar Alex Caruso e Ayo Dosunmu para pressioná-lo em toda quadra, sempre brigando com corta-luzes, tirando espaço para arremessos, forçando erros e o obrigando, às vezes desequilibrado, a finalizar em um garrafão congestionado. O Bulls ganhou dois dos três jogos entre os times nesta temporada, com a única vitória do Hawks vindo em um jogo sem Trae. Quem brilhou nesse jogo foi Vit Krejci, ala tcheco que ganhou muito espaço ao longo da temporada e meteu SEIS bolas de 3 pontos contra o Bulls. Só que Krejci não joga hoje e nem é porque ele está machucado.

Olha a situação: Krejci tinha um contrato two-way, aquele em que o jogador passa a maior parte do tempo na G-League, mas tem o direito de eventualmente ficar com o time principal. É um artifício criado pela NBA para os time usarem mais a G-League sem perder espaço nos elencos dos times. Só que Krejci foi muito bem quando recebeu sua chance! Jogou só 22 jogos na temporada, mas foi titular em 14 e se tornou peça fundamental na reta final, especialmente quando Trae se machucou. Só que jogadores two-way não podem jogar a pós-temporada. Isso é limitado para os 15 jogadores com contratos padrão, então se o Hawks quisesse ter ele em quadra, precisaria oferecer um contrato normal. O time até queria, mas não tinha mais espaço. As 15 vagas já estavam ocupadas, alguém teria que ser dispensado. O candidato natural seria Trent Forrest, mas o time preferiu deixar os contratos do jeito que estavam e perdeu praticamente outro titular para o jogo decisivo da temporada.

Mesmo contra uma versão do Bulls que não tem nada de especial, é difícil acreditar nesse Hawks pouco inspirado, desfalcado e que não tem histórico de marcar bem DeMar DeRozan. Mas é jogo único e, além de Trae, Dejounte Murray é um cara capaz de ganhar uns jogos sozinho. Que pelo menos a filha de DeMar apareça para gritar muito nos lances-livres e nos dar alguma alegria nesse duelo de times que já deveriam estar de férias.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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