Análise de troca: Blake Griffin no Pistons, Avery Bradley no Clippers

Esse é um post extra para cobrir a troca entre Pistons e Clippers! Não deixe de ler também o post aberto dessa semana sobre a lesão de DeMarcus Cousins!


Detroit Pistons recebe: Blake Griffin, Willie Reed, Brice Johnson.

Los Angeles Clippers recebe: Avery Bradley, Tobias Harris, Boban Marjanovic, escolha (protegida) de primeira rodada do draft de 2018, escolha de segunda rodada do draft de 2019.


Desde que Chris Paul e Blake Griffin se juntaram em Los Angeles em 2011, levaram o Clippers para os Playoffs por 6 anos consecutivos, incluindo 3 Semi-Finais de Conferência – que deveriam ter se tornado pelo menos duas Finais de Conferência se eles não tivessem derretido misteriosamente em duas ocasiões. Se pensarmos que o Clippers é um dos times mais amaldiçoados da NBA e que ao longo desses anos tiveram que lidar com múltiplas lesões que muitas vezes não permitiam sequer que a dupla Chris Paul e Blake Griffin compartilhasse a quadra, então podemos até dizer que foram anos de sucesso por lá. O time se tornou relevante, parecia sempre a “um ano de saúde” de distância da briga por títulos e era muitas vezes uma das equipes mais divertidas e empolgantes de se assistir na NBA.

Mas o fim da temporada passada parecia claramente o fim dessa era. Chris Paul e Blake Griffin encerraram seus contratos e relatos sobre a relação dos dois nos bastidores não levavam a crer que fossem querer continuar jogando juntos. Chris Paul foi quem fez primeiro o movimento de saída – ao invés de encerrar seu contrato, extendeu-o por mais um ano e então orquestrou uma troca com o Rockets. O movimento beneficiava as duas partes: Chris Paul foi para o Rockets ainda sob contrato, permitindo ao seu novo time gastar mais do que poderia para renová-lo na temporada seguinte, e em troca o Clippers recebia alguma coisa para compor o elenco ao invés de ficar de mãos abanando.

Parecia então que o Clippers estava disposto a reconstruir o time, começar do zero, se focar no futuro – na troca com o Rockets, fizeram questão de receber uma escolha de primeira rodada do draft de 2018. Mas assim que Chris Paul foi trocado, o que o Clippers fez foi começar um RECRUTAMENTO ÉPICO para manter Blake Griffin no elenco. Relatos incluem a simulação de um “Museu Blake Griffin”, mostrando como seria ter um espaço que contava toda sua carreira do draft à aposentadoria, tudo na mesma equipe, e até mesmo uma cerimônia aposentando sua camiseta como o maior jogador da história da franquia. Além disso, colocaram DINHEIRO NA MESA, oferecendo um contrato de 5 anos totalizando 173 milhões de dólares, algo fabuloso para um jogador que passou parte significativa de sua carreira lesionado.

Blake Griffin aceitou, foi fiel à franquia que o draftou e de repente parecia que o Clippers não estava reconstruindo, mas sim acreditando que eles poderiam ser AINDA MELHORES sem Chris Paul. Para provar essa loucura, pegaram a escolha do draft recém-recebida e trocaram por Danilo Gallinari (outro que entende como é passar a maior parte da carreira lesionado), trouxeram Milos Teodosic da Europa e apostaram no restante das peças que vieram do Houston Rockets. Até eu, um CÉTICO CONVICTO do Clippers, achei que o plano poderia até funcionar: Blake Griffin teve os melhores momentos da carreira com Chris Paul lesionado, e achei que lhe faria bem ter as rédeas da franquia e também do ataque da equipe. Como torcedor do Rockets, sabia do valor de Patrick Beverley e Louis Williams, vindos na troca por Chris Paul, e também estava babando nas jogadas de Teodosic no basquete internacional.

Mas é claro que acreditar no Clippers é a melhor maneira de se frustrar na vida. Patrick Beverley lesionou o joelho e está fora do resto da temporada, Gallinari jogou apenas 11 partidas até aqui, Griffin perdeu 14 partidas consecutivas com uma lesão (que parecia ainda mais séria do que isso), Teodosic perdeu 19 jogos lesionado e o time parecia muitas vezes um dos piores da NBA, improvisando gente em todos os cantos da quadra. E quando todo mundo começou a pensar que talvez fosse hora de desistir desse elenco e reconstruir de uma vez, eis que Louis Williams começou a jogar como se fosse MVP, Blake Griffin voltou de lesão e o time se arrastou aos pouquinhos para alcançar atualmente a nona colocação do Oeste, flertando com os Playoffs.

Seria suficiente para realmente alcançar a pós-temporada? O time pode mesmo ser bom ou está só numa fase melhorzinha? Faria sentido apostar nesse time, devastado por lesões, e renovar com Louis Williams e DeAndre Jordan ao fim da temporada sonhando com resultados melhores? Boatos sobre uma possível troca de DeAndre já davam a entender que o Clippers caminhava para algum tipo de reconstrução, talvez abrindo mão dos jogadores mais caros, reformulando algumas peças e construindo ao redor de Blake Griffin. Até que o Pistons apareceu na história.


O Detroit Pistons foi uma das grandes surpresas do começo da temporada. Avery Bradley colocando ordem na defesa, um ataque se movimentando sem parar, Andre Drummond mais leve e rápido, acertando lances livres e jogando fora do garrafão com a bola nas mãos. Fizemos até um post especial para nossos assinantes analisando algumas jogadas do Pistons que passavam pelas mãos de Drummond e vendo como a equipe melhorava com ele mais ativo no ataque. Mas a boa fase durou pouco: o time parou de gerar tantas bolas de três pontos, a defesa desabou rumo a uma das 10 piores da NBA e Avery Bradley, incomodado por lesões na virilha, está muito longe de ser o jogador que era em Boston. Seu aproveitamento de arremessos despencou para 40% (praticamente o mesmo aproveitamento que ele tem nas bolas de três pontos, o que é surreal) e seus números defensivos colocam ele entre os três piores da equipe. Ainda acho que sua chegada foi importante para mudar a mentalidade do time e a política de treinos em Detroit, mas fica cada vez mais evidente que NA QUADRA ele não faz tanta falta – pelo contrário, seu time é estatisticamente melhor tanto na defesa quanto no ataque quando ele está no banco de reservas.

Como esse é o último ano de contrato de Bradley e o Pistons sabe que renová-lo custaria caro, uma troca começou a ser considerada. Trocá-lo faz sentido não apenas porque ele vai custar mais do que parece oferecer ao Pistons, mas também porque o Pistons vem de OITO DERROTAS SEGUIDAS, atualmente na nona colocação do Leste e portanto fora dos Playoffs. Se for para abrir a carteira, que seja num elenco capaz de carregar esse time no mínimo para a pós-temporada. Não parece ser o caso porque, tirando Andre Drummond que está tendo a temporada da vida, não há nenhum outro jogador no Pistons realmente digno de atenção. São todos jogadores sólidos, mas não especiais, ideais para compor elencos. É um daqueles casos em que o banco de reserva e os titulares nem parecem tão diferentes assim, e até mesmo Tobias Harris, tendo uma excelente temporada, joga como se fosse a terceira força ofensiva em um time que não tem força ofensiva nenhuma. O técnico Stan Van Gundy deve estar exausto de tentar adequar seu plano de cercar Andre Drummond com um exército de arremessadores a esse elenco que não tem ninguém verdadeiramente disposto a arremessar. Talvez esse seja um dos principais motivos de Avery Bradley ter um aproveitamento tão baixo nos arremessos: mesmo não tendo capacidade para isso (e nem as condições físicas atualmente), Avery é o único jogador do elenco agressivo o bastante para finalizar as jogadas que os demais recusam. Tobias Harris encontra seus melhores momentos quando arremessa ou ataca a cesta antes da defesa poder se posicionar, mas o time ainda tem muita dificuldade de decidir jogadas com velocidade quando ninguém parece especialista ou confortável em executar essa função.

Imagino que esse seja o principal motivo para o Pistons ter entrado em contato com o Clippers, que como vimos está em processo de reconstrução, e topado o contrato de 5 anos e 173 milhões de dólares de Blake Griffin. Ele não só é o maior talento disponível para o Pistons desde o título de 2004 como também é o melhor jogador que Stan Van Gundy tem à disposição desde Dwight Howard em seu auge no Orlando Magic em 2009. Finalmente a equipe tem alguém que está disposto a finalizar jogadas, assumir o ataque, ser agressivo, atacar a cesta. É alguém que faz sentido cercar com os jogadores mais “secundários” do Pistons, como Bradley e Tobias Harris – mas é claro que os dois tiveram que ir para o Clippers na troca, né. Ainda assim, a troca faz sentido: é mais fácil para o Pistons encontrar outros desses jogadores como Harris do que esperar o milagre de uma estrela como Blake Griffin cair no colo de Detroit, atualmente um dos piores mercados da NBA.

Talvez Bake Griffin não combine com Andre Drummond, talvez Blake Griffin simplesmente se lesione de novo, e de novo, e de novo, até que nunca mais seja o mesmo e o Pistons morra com esse contrato MICÃO na mão. Mas a verdade é que o Pistons não tem absolutamente NADA a perder: o plano de reconstrução não decolou, o time não conseguiu angariar talento e o esquema tático impecável que levou a equipe ao topo da tabela no começo da temporada não conseguiu se manter em vigor por ausência de MATERIAL HUMANO. O Pistons simplesmente não tem jogadores bons o bastante para fazer o plano funcionar, mas esses jogadores ainda são boas moedas de troca – especialmente depois do começo da temporada – para tentar render algum talento real. O Pistons arriscou e dificilmente terá tempo suficiente para ajeitar o time, incorporar Griffin e conseguir uma boa posição para os Playoffs dessa temporada, mas já é mais interessante e promissor do que em qualquer momento da última década. Outras trocas poderiam ter sido feitas pelo Pistons, mas nenhuma traria um jogador que pode realmente ser uma estrela e com potencial de lotar ginásios – na situação atual, o Pistons precisava desesperadamente dessas duas coisas.


Ninguém esperava que o Clippers fosse adotar um caminho tão radical de reconstrução, incluindo o próprio Blake Griffin, que respondeu à troca no Twitter com o vídeo abaixo:

A coisa toda é ainda mais absurda e ridícula se lembrarmos do GRAU DE ESFORÇO da franquia para convencer Griffin a ficar por lá. É um daqueles lembretes de que embora a gente choramingue quando um jogador abandona a equipe que o draftou, dizendo que ele está “sacaneando” o time e buscando “situações mais fáceis”, os jogadores que não abandonam suas equipes podem ser TROCADOS de um dia para o outro, sem nenhuma explicação ou justificativa. Griffin sai voando de Los Angeles, no sol gostoso, pra acordar amanhã na neve sombria de Detroit.

O Clippers apertou oficialmente o BOTÃO DO APOCALIPSE poucos meses depois de jurar lealdade eterna a Blake Griffin e simular sua camiseta sendo aposentada na franquia, são negócios. Sem seu contrato gigantesco, outros devem ser trocados em breve: Louis Williams e Avery Bradley (que se ficarem na equipe serão caros demais para renovação) e até DeAndre Jordan, que ainda tem valor de troca e também não deve renovar com o time. Pode ser até que o técnico Doc Rivers também encerre seu ciclo por lá e resolva tentar “novos desafios”, gíria para “tirar umas férias como todo bom desempregado milionário”. O que vai sobrar para o Clippers serão apenas vários jogadores medianos, secundários, que no esquema tático certo podem até começar bem uma temporada e de repente escorregar para fora dos Playoffs – ou seja, eles agora são oficialmente o Pistons do Oeste. Com uma maldição a mais e umas escolhas de draft para tentar encontrar o talento que eles não encontraram desde seu último acerto: esse tal de Blake Griffin aí, no distante ano de 2009.


Já viu as novas camisetas do Bola Presa em parceria com a iTees?

BTPH

Comece o ano com uma de nossas estampas exclusivas clicando aqui!  


Calendario

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.