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Existe por aí, na NBA, uma máquina capaz de fazer Jason Maxiells em série. São centenas deles, produzidos em linha de montagem, circulando pelas ruas dos Estados Unidos, fazendo compras, comendo Big Macs. No entanto, a grande maioria deles tem empregos menores. Vários, após serem criados pela tal máquina, viraram caixas de supermercado, atendentes de telemarketing e seguranças de boate. Mas alguns estão jogando na NBA, já que felizmente alguns times já perceberam a importância de ter um Jason Maxiell no time.
Não estou falando apenas do Pistons, que teve nele a grande razão da vitória de ontem contra o Celtics, mas também de outras equipes da Liga: Houston, Wolves, Jazz. Meu amado Rockets fez um Jason Maxiell com a máquina de fazer Maxiells e batizou-o de “Carl Landry”, um dos principais fatores da sequência de vitórias histórica durante a temporada. Já o Utah Jazz batizou sua cópia de “Paul Millsap”, essencial no domínio do garrafão que levou o time dos mórmons chorões para o segundo round dos playoffs. E o Wolves, que amarga os últimos lugares da Liga, também tem sua cópia, chamada por eles de “Craig Smith”, e que deve ser importante na recuperação da equipe de Minessota.
Eu adoraria saber o motivo que leva os outros times da NBA a não pegarem a máquina de fazer Maxiells emprestada para criar uma cópia para eles. Várias equipes alegam, seja durante o draft, as summer leagues ou os períodos de contratação, que jogadores assim são baixos demais para o garrafão da NBA, que eles serão dominados por jogadores mais altos e mais físicos. Preferem tentar jogadores mais altos e sem talento, e o que temos é um belo punhado de Patrick O’Bryants e Kwame Browns andando pelos ginásios enquanto cópias rejeitadas do Jason Maxiell engraxam sapatos nas ruas e ganham trocados como figurantes do Teste de Fidelidade do João Kléber. A vida não é fácil para esses alas de força com altura abaixo da média. Mas a vida dos times que apostam em seus talentos é bastante fácil depois de que percebem que tipo de ajuda estão recebendo.
Muita gente, ao apontar os motivos da vitória do Pistons ontem em cima do Celtics, vai falar sobre McDyess e Rip Hamilton, e com certa razão. A defesa-supostamente-poderosa do Celtics deixou McDyess livre para uma infinidade de arremessos de média distância e ele dominou nos rebotes, enquanto Hamilton mostra um jogo cada vez mais agressivo e surpreende mais e mais esse blogueiro que vos escreve. Mas mesmo assim, o real fator decisivo da noite foi o homem feito em linha de montagem. Maxiell trouxe uma intensidade defensiva para o Pistons, desde o primeiro segundo em que enfiou os pés na quadra, que acabou com o jogo imediatamente. Suas jogadas na defesa, sua explosão no ataque e sua paixão à flor da pele, decidiram o jogo logo no começo, deixando apenas uma carcaça de Celtics apodrecendo para o resto do elenco acabar de matar.
O Maxiell e suas cópias são jogadores físicos, intensos, que dão cabeçadas até em disputa de par-ou-ímpar. Contra o ataque desestruturado do Celtics, colocar um cara desses em quadra é uma humilhação, é ter a certeza de que os jogadores de Boston vão fugir, correr, chorar e errar todos seus arremessos. Até o Kevin Garnett, que come carne crua no café da manhã, queria voltar pro colo da mamãe. Duvida? Então dê uma olhada no vídeo abaixo e repare, dá até pra ver umas gotinhas amarelas escorrendo pelas pernas do KG.
E não é como se fosse a primeira vez, vale dar uma olhada no que o Maxiell já fez com o Garnett nessa série. Ele é simplesmente demais para o Celtics, principalmente se dita o ritmo para uma defesa forte de todo o resto do elenco. Aliás, se eu ganhasse um centavo para cada vez que digo que o ataque do Celtics é terrivelmente desorganizado, eu teria, tipo… uns 7 centavos.
O Pistons tira uns cochilos longos, às vezes, e ontem deixou o Celtics vivo no jogo tempo demais, ao invés de acabar logo com a brincadeira dando o golpe final, um “me dê sua força Pégasus” ou um “Cosmic Laser”, pra quem lembra do golpe que o Jaspion dava usando o robô Daileon pra liquidar o inimigo. Dava para ter ganhado por uns 50 pontos ao invés de ficar dando mole. E se parece que eu estou puxando muito a sardinha para o lado de Detroit, vale lembrar que eu acho que ficar dando chance para o Celtics ao invés de liquidar a fatura pode custar caro demais. Num possível jogo 7, aposto minhas fichas no Boston simplesmente porque alguém lá pode fazer 80 pontos pra encerrar com tudo. Se o Pistons quer levar essa, é bom que aprenda com o Jason Maxiell e jogue com intensidade total desde o primeiro segundo, todos os jogos. Ou então será tarde demais e só vão ter intensidade no banheiro, em dia de caganeira.
Também torço para que os outros times olhem o Pistons e sua cópia do Maxiell e aprendam a lição. Da próxima vez que um ala de força dominar no basquete universitário e for parar no segundo round do draft porque é “baixo demais”, vou vomitar. Mas feliz, porque pelo menos o meu Houston Rockets já garantiu o seu. Carl Landry, eu te amo!