Partida de um time só

Na última semana tivemos o último capítulo da longa guerra entre Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors antes da possível, provável e desejada terceira final seguida entre os dois times mais fortes dos últimos anos. O resultado foi uma LAVADA do atual vice sobre o campeão, com o Warriors aproveitando o barulho da torcida para fazer um impressionante 126 a 91! Depois de analisarmos o duelo do Natal, vamos, mesmo com atraso, falar um pouco desta segunda partida.

A vitória do Warriors rendeu ao Cavs a sua 11ª derrota no ano, exatamente o mesmo número que o Cavs tinha nesta época do ano passado quando decidiram demitir o técnico David Blatt. Com a vitória no jogo seguinte, contra o Phoenix Suns, a marca do time ficou EXATAMENTE igual ao do dia da demissão: 30 vitórias e 11 derrotas. Claro que não vão demitir Tyronn Lue agora, mas é engraçado lembrar como esses números não são tudo numa temporada regular. O mesmo recorde, a mesma derrota humilhante para o Warriors no currículo, mas um clima bem diferente de confiança no vestiário. É o bastante.

Se não existisse um título nas costas e uma união tão grande criada no passado recente, essa atuação contra um grande rival poderia ser o bastante para gerar uma crise. Não foi o caso, mas eles tentaram: o Cavs não apresentou metade da intensidade do Warriors, cometeu seguidos erros de atenção na defesa e não conseguiu nem compensar o baixo aproveitamento com os seus tradicionais rebotes ofensivos. Faltou tática, vontade e perna. Sorte que não estavam querendo provar nada.

A parte da perna a gente pode até justificar, e aí entra a parte do calendário que a gente às vezes esquece de analisar quando fala de uma partida. No dia 6 de Janeiro o Cavs estava em Nova York para enfrentar o Nets, dois dias depois estavam do outro lado do país, em Phoenix, para pegar o Suns. Mais dois dias separaram um jogo contra o Utah Jazz em Salt Lake City, e, no dia seguinte, viajaram até o noroeste do país para enfrentar o Portland Trail Blazers. Tiveram só um dia de descanso para ir para a Califórnia, enfrentar o Kings e aí, finalmente, teriam o último jogo dessa longa road trip em Oakland contra o Warriors no dia 16. Por mais que eles tivessem dois dias livres entre esses jogos, o desgaste das viagens sempre pesa. O clichê da NBA é dizer que não existe jogo mais difícil do que o último de uma longa viagem, é quando todo mundo só quer voltar pra casa.

Feita essa ressalva do calendário, não acho que exista técnico, torcida ou mesmo jogador que aceite a desculpa. Não imagino LeBron James dando risada no vestiário e dizendo “ah, tudo bem, a gente tava cansado”. Até porque, como dissemos na última análise do duelo, o Cavs parecia desenvolver uma vantagem psicológica sobre o rival após QUATRO vitórias seguidas, contando desde a final do ano passado. Tudo o que eles não precisavam eram devolver para o Warriors a narrativa do “quando a gente joga direito, ninguém nos vence”. Até porque essa pode ser a verdade…

Vamos então ver os três principais erros do Cleveland Cavaliers na partida, que o Warriors aproveitou com o gosto e intensidade que eles sempre têm contra os times que não os enfrentam com a devida urgência:

Rotações defensivas

O Golden State Warriors é um time que gosta de ter seus jogadores fazendo corta-luzes uns para os outros sem parar, até que a defesa se perca e alguém fique livre. O Cavs viu isso acontecer sem parar na Final do ano passado e melhorou ao longo da série. Isso não impediu Kyrie Irving e Iman Shumpert se perderem COMPLETAMENTE quando Steph Curry e Klay Thompson correram para lados opostos. Eles conhecem a jogada, já defenderam melhor, apenas não estavam ligados o bastante: olho no lado esquerdo da tela, é onde tudo acontece.

Neste outro caso, um contra-ataque, reparem como LeBron James aponta para alertar que Klay Thompson chegava livre no contra-ataque, mas não adiantou nada. O próprio LeBron e Irving correm para impedir o passe para Curry, Shumpert defende Kevin Durant e NINGUÉM marca Klay, que mata o arremesso:

Por fim, temos um erro do próprio LeBron, que fica de olho numa infiltração de Curry, não decide se ajuda no garrafão e acaba esquecendo Durant livre na linha dos 3 pontos. Se for para deixar seu defensor, que seja para fazer a diferença em outra parte da quadra. Não foi o caso…


Rebotes ofensivos

Na vitória do dia de Natal o Cleveland Cavaliers assegurou DEZOITO rebotes de ataque. Conseguir uma segunda chance no ataque não é só bom para pontuar, mas também para impedir que aconteça como na situação acima, quando Durant puxa um contra-ataque mortal. Pois dessa vez o Cavs pegou apenas 7 rebotes ofensivos! Não que o Cavs APENAS vença se pegar milhares de rebotes de ataque, mas costuma ser um diferencial nesse duelo contra o Warriors por impedir contra-ataques e render cestas fáceis.

Aqui temos um caso onde deu TUDO errado: apenas Tristan Thompson briga pelo rebote, Kevin Love e Iman Shumpert continuam parados na zona morta mesmo com a jogada chegando ao fim. Depois, após o erro, ninguém corre para tirar espaço de Kevin Durant, que mata uma bola de 3 de treino:


Acertar arremessos

Pois é, que coisa, não? Acertar arremessos ajuda a vencer jogos de basquete. EUREKA! Mas aqui estamos falando de arremessadores livres na zona morta e até de LeBron errando bandeja, é coisa básica. Não dá pra errar essas coisas porque o Cavs não erra essas coisas! O time é o terceiro melhor da NBA em aproveitamento de tiros de longa distância nesta temporada e não pode ser dar ao luxo de perder sua grande arma justamente contra o oponente mais difícil. Acontece, mas o preço é alto:

A péssima atuação do Cleveland Cavaliers nos deixou na mão. Um jogo realmente disputado poderia nos ensinar mais sobre os times, mas quando uma das equipes faz TANTA coisa errada, algo que dificilmente eles vão repetir na Final (apesar dos Jogos 1 e 2 do ano passado…), ficamos sem material.

Como mostra uma análise do site Fivethirtyeight, existe um outro motivo para que os jogos de temporada regular não sejam verdadeiros previews de duelos dos Playoffs: quintetos. Mesmo em jogos grandes como esse, os times costumam rodar mais seus jogadores durante a temporada regular. É muito Ian Clark, muito DeAndre Liggins e pouco small ball.  Isso sem contar que JR Smith estava machucado, que falta ver Kyle Korver entrosado ou até descobrir qual será o real papel de Zaza Pachulia no Warriors ao longo dos Playoffs. Tivemos algumas dicas, mas nenhuma resposta. Esperamos para ver se os dois times fazem sua parte e chegam até a decisão.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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