Enfim os Playoffs estão prestes a começar! Com o começo da pós-temporada, o Bola Presa muda um pouco a dinâmica: o Filtro faz uma pausa (depois de uma última aparição para encerrar a temporada regular) para a entrada de Previews de todas as séries e os famosos Resumos da Rodada, com comentários de TODAS as partidas que teremos até sagrar-se o grande campeão! Serão posts praticamente todos os dias para todos os leitores, além de ao menos um post exclusivo para nossos assinantes toda semana, com alguma análise tática minuciosa para tornar os Playoffs ainda mais incríveis de se acompanhar. E nosso podcast semanal continua, claro, com o que de melhor estiver acontecendo na NBA!
Iniciamos essa nova fase com o Preview dos jogos de sábado, o primeiro dia dos Playoffs desse ano, com o adendo de uma versão leiga para você tentar animar aquele amigo ou parceiro que não faz a menor ideia do que está acontecendo nessa época do ano. E se você quiser arriscar seus próprios palpites, o grupo do Facebook exclusivo para os assinantes do Bola Presa está fazendo um bolão organizado pelos próprios assinantes que valerá uma camiseta do time campeão, corre lá que faltam poucos dias para fazer suas apostas!
Cleveland Cavaliers (2) X Indiana Pacers (7)
A coisa mais importante sobre essa série é que finalmente poderemos analisar o Cavaliers sem o INSUPORTÁVEL adendo de que o time pode não estar jogando sério porque ~a temporada regular não vale nada~. Agora são os Playoffs, o Cavs precisa atropelar seus adversários, LeBron James nunca foi eliminado na primeira fase da pós-temporada em sua carreira e não basta apenas vencer, é preciso colocar pavor no coraçãozinho dos adversários. De preferência, o Cavs precisa acabar com a série bem rápido, não apenas pra não ficar dando esperança para Paul George e passar uma mensagem para toda a Liga, mas principalmente para dar uns dias de descanso merecido para LeBron James, líder em minutos jogados por partida e entre os 10 que mais passaram tempo em quadra nessa temporada mesmo tendo ficado de fora de alguns jogos para dar uma descansada. Não resta dúvida de que veremos o Cavs em sua mais total e completa seriedade, e aí poderemos enfim ver em que pé está sua risível defesa.
Levando em consideração a temporada inteira, o Cavs tem a nona pior defesa da NBA, mas nos últimos dois meses tem sido ainda pior do que isso. A defesa de perímetro não conseguiu manter a pressão que é essencial ao time para camuflar a ausência de um protetor de aro, a defesa de transição passou a cometer erros terríveis e foi parar estatisticamente entre as piores da NBA, os jogadores voltaram a se confundir sobre o posicionamento defensivo de cobertura e Kevin Love, visivelmente mais lento do que no começo da temporada antes de sua lesão, tem sido um alvo risivelmente fácil de qualquer jogo de pick-and-roll adversário. Mas em outros momentos, vimos o Cavs se sair muito bem com uma defesa focada, vocal e que comete poucos erros, mesmo que não fosse espetacular. Como o Cavs tem um dos melhores ataques da NBA, não é preciso defender perfeitamente o tempo todo para garantir as vitórias. A dúvida está simplesmente em saber se essa defesa mais focada, que faz o necessário, é apenas uma questão de ligar o lendário BOTÃO DE PLAYOFF ou se está quebrada irremediavelmente.
Se não fosse por isso – e pelo Pacers estar jogando seu melhor basquete da temporada, com 5 vitórias seguidas nas últimas semanas decisivas – essa série seria um atropelamento de trem. O Pacers é o time mais MÉDIO da NBA: possuem o décimo quinto melhor ataque e a décima sexta melhor defesa. Quer saber como é um time padrão na Liga, basta ver o Pacers jogar. Isso não quer dizer que eles sejam constantes, entretanto: variam muito dentro dos jogos, se afundam cometendo erros demais e de repente fazem uma chuva de pontos, o que acaba deixando eles nesse meio termo quando olhamos o resultado final. Se mantiverem a constância das últimas partidas, contarem com grandes atuações de Paul George e o Cavs não arrumar a defesa, talvez consigam roubar alguns jogos. Ainda assim, os altos do Cavs são muito mais altos do que o Pacers pode lidar e a equipe de Cleveland não precisará ajustar todas as suas deficiências para conseguir passar para a próxima fase. O Cavs precisaria IMPLODIR num nível ainda desconhecido para ser eliminado, e nem Lance Stephenson e sua lendária cruzada contra LeBron parecem suficientes para garantir uma coisa dessas.
Para leigo ver
LeBron James é o cara que vai pra final todos os anos e quando ele nasceu ergueram ele para o mundo tipo o Simba do Rei Leão. Ele é o atual campeão e está cansado, mas o resto do time está preguiçoso e fazendo burradas. No outro time, Paul George tem nome de dois Beatles, é gatinho e ótimo ser humano, vai tentar um milagre improvável. Lance Stephenson é um doido descontrolado que já tentou tirar LeBron do sério ASSOPRANDO NA SUA ORELHA, a qualquer momento ele pode arrancar a roupa, montar numa onça pintada e começar a dar piruetas, então ele é nossa chance de que algo legal aconteça. Com ele em quadra, as chances de PANCADARIA crescem 320% segundo um instituto de pesquisas muito confiável aí que eu não me lembro o nome.
Maldição Bola Presa (a gente fala o que vai acontecer e aí o Universo conspira pra acontecer tudo AO CONTRÁRIO)
O Pacers deve roubar um jogo, o Cavs deve ficar assustado e finalmente entrar nos eixos pra fechar a série em 4 a 1. Os confrontos entre LeBron e Paul George devem ser épicos, mas não o bastante pro Pacers animar muito. Lance Stephenson vai dar um jeito de que o jogo tenha alguma pancadaria, provavelmente contra ele próprio.
Toronto Raptors (3) X Milwaukee Bucks (6)
[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Todo mundo quer dar um abraço no Antetokounmpo”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Bucks-Raptors.jpg[/image]
O Raptors é aquilo lá, né: tem uma temporada regular impecável, consegue mando de quadra, e aí leva seus torcedores ao PÂNICO ABSOLUTO sendo eliminado, ou ganhando no sufoco em Jogos 7 séries que deveriam ter sido fáceis, e fazendo os jogos mais feios que a humanidade já registrou. Ainda assim, depois de uma temporada inteira, a gente acaba ESQUECENDO desse histórico porque o time é bom de verdade e voltamos a achar que vão ter facilidade nos Playoffs. No começo da temporada, com DeRozan descansado e Lowry saudável, o Raptors tinha estatisticamente o melhor ataque da NBA – e um dos melhores ataques de todos os tempos. O ritmo diminuiu desde então, mas desde que reforçaram a defesa com Serge Ibaka, conseguiram se transformar na quarta melhor defesa da NBA. Ou seja: em termos de potencial, o Raptors está na elite tanto na defesa quanto no ataque e tem todos os motivos para sonhar com o título do Leste. Mesmo tendo perdido Kyle Lowry por 18 partidas, empataram com o Cavs em número de vitórias e só perderam a segunda colocação no confronto direto com os atuais campeões. Por que essa série não seria fácil para eles?
Mas aí nossa memória volta e o medo vem: o ataque do Raptors é muito focado em pick-and-roll e isolações, jogadas mais fáceis de conter quando o adversário tem tempo para treinar e se ajustar entre as partidas nos Playoffs, a torcida barulhenta de Toronto costuma deixar alguns jogadores da equipe assustados e diminuir suas quantidades de arremessos, e do outro lado está um time que vai se aproveitar de qualquer brecha que o Raptors der.
O Bucks é um time extremamente jovem, muito dependente de Antetokounmpo e dos contra-ataques. Khris Middleton acabou de voltar de lesão e finalmente devolve ao Bucks uma arma confiável do perímetro e uma válvula de escape para quando Antetokounmpo tiver que improvisar infiltrações individuais no garrafão. Se o Raptors desperdiçar a bola, errando passes e forçando infiltrações contra um dos times mais altos e fortes da NBA, o Bucks pode criar pontos fáceis capazes de disfarçar quão limitado o ataque é. Nenhuma das duas equipes arremessa realmente bem de 3 pontos e o Raptors é um dos times que menos dá arremessos de longa distância, então dá pra esperar um jogo de ataques truncados em que pontos fáceis de contra-ataque podem decidir partidas. O Raptors vai sofrer para dar conta da velocidade e do poder físico de Antetokounmpo e terá que cuidar muito bem da bola para impedir que ele tenha espaço na transição. Não duvido nada que o Raptors se atrapalhe alguns jogos, não consiga encontrar um modo consistente de pontuar e acabe perdendo umas partidas idiotas que pareciam completamente ganhas, mas o fato de que o Raptors é um dos times que menos passa a bola e que menos comete turnovers na NBA vai acabar forçando o Bucks a também se atrapalhar no ataque e não saber como inventar pontos nas horas mais importantes.
Para leigo ver
O Raptors é um time fofo, amado pela torcida, que por algum motivo bizarro acaba ficando nervoso quando joga em casa e perdendo jogos tolos enquanto os canadenses e os ursos voltam pra casa arrasados gritando palavrões pesados como “puxa vida”. DeMar DeRozan é um jogador que provavelmente estaria na NBA nos anos 80 e viajou numa máquina do tempo, porque o que ele faz em estilo lembra carinhas como Jordan e Kobe e não tem NADA A VER com como se joga basquete hoje em dia: ele gosta de mano-a-mano e não arremessa de 3 pontos nem se a vida da mãe dele estiver em jogo. O Bucks tem o mote mais legal da NBA (“TEMA A RENA”) e um grego gigante com braços do tamanho de trens, um nome com oitocentas letras e que joga de ARMADOR, mas que na verdade fica em todas as posições da quadra, está em todos os lugares ao mesmo tempo e ainda não tem nem barba na cara.
Maldição Bola Presa
O Raptors deveria ganhar em 4 ou 5 jogos, vai se atrapalhar inteiro e provavelmente ganhar em 6 ou 7 jogos, com o Bucks brigando até o fim mas saindo felizão da série porque terá sido uma boa experiência para a pivetada da equipe. DeRozan deve sofrer mais um Playoff para pontuar, mas o Raptors tem mais armas dessa vez e nossos olhos não devem sangrar tanto com a falta de opções da equipe. Ainda assim, se eu tiver que apostar numa zebra nessa primeira rodada dos Playoffs, apostaria aqui: TEMA A RENA!
San Antonio Spurs (2) X Memphis Grizzlies (7)
[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Estratégia do Grizzlies: quando tudo mais falhar, chute nas bolas!”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Spurs-Grizzlies.jpg[/image]
É a sina do Grizzlies: vencer todas as adversidades, perder jogadores por lesão, arrancar na raça uma vaga nos Playoffs e aí enfrentar o Spurs, o que significa derrota certa. Nos Playoffs passados o Grizzlies mal tinha jogadores pra colocar em quadra, conseguiu deixar alguns jogos apertados mas foi só vitória MORAL, porque na prática não tiveram chances reais de vitória em jogo nenhum. Dessa vez o elenco está bem mais inteiro, mas Chandler Parsons está fora da temporada por motivos dele ser UM ZUMBI e Tony Allen, a principal força defensiva da equipe e um dos emblemas da mentalidade MOEDOR DE CARNE da equipe, está fora por tempo indeterminado.
O Grizzlies ainda é um dos times mais lentos da NBA em ritmo de jogo, um dos melhores times defensivos e um dos melhores em pegar rebotes na NBA, mas agora usam o perímetro com alguma frequência para tentar criar pequenas vantagens no placar e não ter que ganhar tudo nos pênaltis em jogos zero a zero. O problema é que o Spurs não se incomoda tanto em jogar em ritmo lento, tem elenco para brigar por rebotes, desperdiça menos bolas do que qualquer outro time da NBA sofrendo menos com a defesa apertada do Grizzlies, e não se desespera no ataque, sabendo rodar a bola mesmo sob pressão e com Kawhi Leonard encontrando espaços para pontuar quando a defesa inviabilizar a movimentação de bola. Sem Tony Allen, Leonard não terá ninguém que realmente possa incomodá-lo no ataque, e deve lhe sobrar energia para na defesa simplesmente CANCELAR Mike Conley, armador do Grizzlies responsável por impor o ritmo e por manter as bolas de três pontos no ar. Se o ataque do Grizzlies ainda sofre em busca de consistência e depende demais dos pontos fáceis de suas jogadas defensivas, o Spurs é claramente um pesadelo para eles: são a melhor defesa da NBA inteira e um dos melhores ataques, em sétimo em pontos e em primeiro lugar no ranking subjetivo de MINHA NOSSA COMO JOGAM COM FACILIDADE, mesmo quando as bolas de Aldridge e Leonard não estão caindo. Se o Spurs não se desesperar, o Grizzlies não terá muitas rotas de fuga e provavelmente retornará aos velhos hábitos – justamente aqueles que não funcionaram contra o Spurs nos Playoffs passados.
Para leigo ver
Dois irmãos vão se enfrentar: Pau Gasol pelo Spurs, o mais velho e calejado e jogando só na maciota, e Marc Gasol pelo Grizzlies, um touro que vai precisar assumir o jogo para que seu time tenha alguma chance. Infelizmente não vai ter mesmo que ele faça chover, porque no Spurs tem um cara cuja mão é capaz de CAUSAR UM ECLIPSE SOLAR de tão grande, vai roubar todas as bolas, não deixar ninguém jogar, fazer mil pontos mesmo que nem pareça que ele está se esforçando e deixar a quadra sem dar um sorrisinho sequer, pra provar pro mundo que ele é um robô.
Maldição Bola Presa
O Grizzlies vai tentar, vai ser épico, vai ser glorioso, vai ser esforçado, vai ser sangrento, vai ser lindo. Mas vai perder 4 jogos seguidos e a gente vai ter que sentar de novo pra discutir o que o Grizzlies precisa mudar em sua identidade BACANUDA pra fazer uma série de Playoff contra o Spurs funcionar.
Los Angeles Clippers (4) X Utah Jazz (5)
[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Rudy Gobert recebe ajuda ao engasgar com alguma coisa”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Jazz-Clippers.jpg[/image]
Se depender do histórico entre as equipes, a série já está decidida: o Clippers venceu 18 das últimas 20 partidas entre as duas equipes. Só nessa temporada foram 3 vitórias e apenas uma derrota para o Clippers no confronto direto. O jogo simplesmente não encaixa: o Jazz tem a terceira melhor defesa da NBA, mas o ataque do Clippers, que é o quarto melhor, não parece passar muitos apuros contra eles. A defesa de aro de Rudy Gobert não é tão eficiente contra o jogo de perímetro de JJ Redick, os arremessos de média distância de Chris Paul no jogo incessante de pick-and-roll, e as pontes-aéreas para DeAndre Jordan, que consegue punir Gobert recebendo passes pelo alto toda vez que o pivô francês sai para fechar alguma infiltração. É como se as únicas brechas da defesa do Jazz fossem justamente o estilo de ataque do Clippers. Some a isso o fato de que o Clippers jogará com URGÊNCIA, já que essa pode ser a última chance de um time que provavelmente se desmontará caso não tenha sucesso na pós-temporada, levando em conta que ano que vem será o último ano de contrato de jogadores centrais para a equipe, e temos uma série com poucas chances de surpresa.
Se existe alguma chance do Jazz não fazer feio está no fato de que o time sofreu com muitas lesões durante a temporada e colocou absolutamente todo mundo do elenco para jogar – com surpreendentes graus de sucesso! O Jazz tem um dos bancos mais versáteis e completos de toda a NBA e precisará usá-lo com sabedoria e criatividade. Será que o Jazz conseguiria jogar mesmo sem ter uma defesa de garrafão tão forte, abrindo mão de Gobert a apelando para jogadores mais baixos e arremessadores para elevar o ataque ao mesmo nível do Clippers? Potencial ofensivo não falta à equipe, mas no formato padrão eles são um ataque verdadeiramente médio, algo que não será suficiente se não forem capazes de parar os arremessos do Clippers com propriedade. Essa tem tudo para ser uma das séries mais divertidas TATICAMENTE de toda a primeira rodada, com o Jazz fazendo malabarismos e tendo que confiar integralmente em jogadores com pouca experiência nos Playoffs (como Hayward, que só jogou 4 partidas, numa varrida triste) ou que nunca sequer cheiraram a pós-temporada, como o próprio Gobert. Se isso der certo vai ser épico e também um feito inesquecível para o técnico Quin Snyder, um dos jovens talentos táticos da NBA, que estará enfrentando o cachorro velho Doc Rivers e seu estilo “eu grito bem alto e aí até parece que sou técnico mesmo”.
Para leigo ver
O Clippers parece que foi construído em cima de um cemitério indígena, tudo dá errado para a equipe quando parece que vai dar mais certo: os jogadores começam a lesionar, lideranças gigantes no placar desaparecem… mas eles tem um armador que nunca erra e duas máquinas de enterrar ao lado dele, que merecem finalmente serem felizes. Enquanto isso, o Jazz tem um bando de moleques incluindo o gatinho do Gordon Hayward e seu cabelo mamãe-lambeu-antes-de-sair-de-casa que vão ter que fazer TUDO DIFERENTE do que estão acostumados pra ter chance de vencer, incluindo dar um jeito de usar melhor Rudy Gobert, o francês de um milhão de metros de altura que não deixa ninguém infiltrar mas fica meio inútil contra o Clippers.
Maldição Bola Presa
Se o Bola Presa disser que o Clippers vai perder, a Maldição Bola Presa vai fazer o time vencer, mas aí a Maldição do Clippers tem que fazer o time perder. Afinal, qual é a Maldição mais forte? Deixando isso de lado, vou arriscar que o Jazz vai vencer essa série só porque quero deixar o Denis bravo. Oi, Denis.