7 segundos ou menos

>

Em menos de 7 segundos, D’Antoni foi para o olho da rua

Se a chegada de Shaq apontava o fim da era run ‘n’ gun no Suns (ou seja, o basquete do “corra pela sua vida e arremesse o mais rápido que puder”), a demissão relâmpago de Mike D’Antoni é o atestado de óbito definitivo. Alguns meses atrás, pouco se comentava sobre D’Antoni perigar ter a mesma profissão de ex-participantes de Big Brother (leia-se “nenhuma”). Como comentei num post há um bom tempo atrás, o técnico do Suns se saíra bem em adequar o estilo de seu time ao Shaq, sabendo moderar a velocidade e utilizar eventualmente um basquete de meia quadra. Seus méritos quanto a isso eram inegáveis, ao contrário do Avery Johnson que simplesmente colocou Jason Kidd no lugar do Devin Harris, trocado, sem se preocupar em utilizar as características de Kidd e em nada alterando o jogo da equipe. Mas o fato de que D’Antoni teve o talento para saber mudar sua filosofia de jogo – uma que carrega consigo há anos e anos – não quer dizer que isso acabou dando certo.

O Suns ficou famoso pelo conceito dos “7 segundos ou menos”, pois D’Antoni dizia que seu time era muito mais eficiente no aproveitamento dos arremessos quando chutava com menos de 7 segundos passados no cronômetro de posse de bola. Essa idéia era um chute nos bagos do Spurs, era como uma magrela ver a Mari Alexandre posar nua 70 vezes e mesmo assim se negar a colocar silicone. Esses caras são campeões defendendo, com um basquete cadenciado e lento? Então vamos correr como uns retardados! O legal é que toda essa filosofia funciona que é uma maravilha. Quer dizer, menos contra o Spurs. A vinda de Shaq já me arrancou uma lágrima porque o lance dos 7 segundos estava indo por água abaixo numa declaração implícita de que era impossível vencer o Spurs daquele modo. Com o pivô novo, D’Antoni tentou, repensou, matutou, gritou, mas no fim não deu.

Por mais que eu quisesse ver D’Antoni ainda no comando do Phoenix Suns, isso simplesmente não faria sentido. Quanto mais o Suns foge de sua premissa inicial, quanto mais precisa de um basquete lento, quanto mais foca o jogo em Shaq e Amaré, menos é utilizado o ponto forte de Mike D’Antoni. Se é pra ter um cara e não utilizar todo seu potencial (estou olhando para o Dallas e Jason Kidd) é melhor tentar outra coisa. Jogar em velocidade desenfreada é coisa do passado? Então que o Suns arrume um técnico que ensine o elenco a jogar na defesa e veremos o que um time com Shaq, Amaré, Nash e quatrocentos arremessadores de 3 pontos pode fazer num basquete lento e milimetrado. Por mais que eu esteja triste com o fim desse Suns que era um emblema de velocidade, diversão e alegria na NBA nos últimos anos, também fico ansioso para ver como esse elenco se sairá com a mudança de filosofia nos vestiários. Será que um jogo cadenciado não tornaria Amaré Stoudemire o MVP da liga? Será que também não tornaria Steve Nash apenas um armador comum? São perguntas que vamos engavetar para a temporada que vem.

Assim como o Suns, a equipe do Dallas Mavericks precisa repensar o sentido da vida, de onde viemos e para onde vamos. Kidd ainda é gênio e sua idade não estaria tão evidente se não estivesse enfrentando justamente Chris Paul, que tem 12 anos e chuta uns traseiros. Eu gosto muito do técnico do Dallas, Avery Johnson, mas se ele acha que o papel que deu para o Kidd é bom o bastante, merece mesmo ser eliminado no primeiro round outra vez. Quando assimiu o Mavs, Avery manteve o ataque engrenado dos tempos de Don Nelson mas também conseguiu (para o espanto do Universo) ensinar o elenco a jogar na defesa. Eles nunca foram o Pistons, claro, mas a diferença era nítida e pelo equilíbrio que deu ao seu time em quadra, Avery Johnson merece todo nosso respeito. Mas agora basta, tem que saber quando pendurar as chuteiras. É preciso repensar o estilo de jogo e usar Kidd, Josh Howard e Nowitzki de modo a utilizar todo seu potencial e a encobrir suas falhas mais evidentes. Mike D’Antoni já está olhando os classificados, Avery Johnson deve ser o próximo. O dono do Dallas, Mark Cuban, é estourado, fanático e endinheirado. Em breve deve estar contratando um novo técnico para a equipe. Isso se ele não decidir virar o técnico ele mesmo. Ou dar o cargo de técnico pro Nowitzki. Deixar uma franquia nas mãos de um bilionário entediado tem desses inconvenientes.

Sei que os rumores indicam que D’Antoni deve estar indo para o Raptors, o clone do Suns lá no Canadá. O ex-GM do Suns, Bryan Colangelo, foi contratado pelo Raptors para criar uma cópia carbono do Phoenix, com jogadores gringos, correria e armadores mais rápidos que a luz (e que portanto sabem usar o Sétimo Sentido), então o D’Antoni assumir aquela budega faria todo sentido do mundo, até porque o TJ Ford por natureza já arremessa em 7 segundos ou menos. Mas mesmo assim eu adoraria ver uma simples troca de técnicos: D’Antoni pro Mavs, Avery Johnson pro Suns. Que tal? Avery poderia ensinar o Suns a jogar na defesa nem que fosse um pouquinho, ainda mantendo o ataque como foco principal, e o D’Antoni poderia colocar Kidd e seus amiguinhos para correr sem pensar em mais nada, no maior estilo Forrest Gump. É claro que estou sonhando, mas que seria divertido, seria. Provavelmente mais divertido do que ver o Raptors correndo pra cima do Leste. Afinal, apesar dos Hakws e Sixers da vida, o Leste não tem graça.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.