>O papel de Kyle Korver

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Punk’d, com Ashton Kutcher

Na semana passada, durante o emocionante jogo entre Utah Jazz e Denver Nuggets, vencido pelo time dos mórmons branquelos na prorrogação, alguém disse pra mim “Olha o Kyle Korver decidindo o jogo. De um ninguém no Philadelphia pra ser decisivo em um dos melhores times!”.

Pra ele só poderia dizer: bem-vindo ao mundo dos chamados “role players”.

Para quem não sabe o que é um “role player”, vamos a uma sessão wikiDenis então. “Role”, pra quem não é nerd e não gosta de RPG, é um papel, ou seja, uma função. E “player”, ou “playa” para os “gangsta”, é o jogador, claro. Resumindo, é um jogador que tem um papel definido para realizar no time. Ele fica nesse papel e só, não faz tudo o que der na telha como LeBron, Kobe e etc. Se o Luke Walton começa a forçar arremesso como o Kobe, ou se nosso forte candidato a Desconhecido do Mês, Ira Newble, tenta decidir o jogo como o LeBron, eles apanham dos técnicos.

Alguns desses tais “role players“, apesar de serem teoricamente secundários, ganham muita fama. O primeiro motivo dessa fama é até óbvio: eles fazem seu papel muito bem. Dennis Rodman é um dos poucos jogadores na história a ter 20 rebotes e nenhum ponto em um jogo, isso mostra que ele tinha um papel e qual era ele, mas o cara fazia tão bem esse papel que era visto como peça essencial da equipe. Robert Horry também é só um role player, entra pra pegar uns rebotes, roubar umas bolas, meter umas bolas de três, vencer campeonatos, essas coisas pequenas. Dos mais recentes, acho que o que tem mais fama é Bruce Bowen, tá bom que pra muita gente não é uma boa fama, mas é fama, e que nasceu devido à sua principal função e qualidade: defender.

E vocês sabem o que Rodman, Horry e Bowen têm em comum? (além de todos terem jogados no Spurs). Eles venceram campeonatos. E esse é o segundo motivo que os fizeram famosos.

Agora, finalmente, chego onde queria chegar. Para você ser um desses role players considerados fantásticos, essenciais ou que fazem a diferença, você precisa estar em um time bom, um time forte, um time vencedor. Ao mesmo tempo, um time para vir a ser vencedor precisa de role players. Deu pra sacar?

Não deu, mas os exemplos vão ajudar. Comecei o post falando do Kyle Korver e ele é o melhor exemplo que podemos dar. Ele é um role player, sua função é se movimentar para conseguir uma boa visão da cesta e aí meter bala com seu arremesso quase infalível. Até algumas semanas atrás ele estava no Sixers, lá ele se movimentava, acertava seus arremessos e fazia tudo o que mandavam ele fazer. Como resultado, derrotas e mais derrotas do limitado time do Phila. No Jazz, Korver faz a mesma coisa e o Jazz, que estava sofrendo para ficar ora em nono, ora em oitavo, dispara para uma sequência de 10 vitórias seguidas e, muitos dizem, justamente por causa da troca de Korver, que ele é o diferencial, o que faltava para o Jazz. Ué, ele é ou não tão bom assim?

O fato é que um time precisa de muita coisa para ser forte. Entre essas coisas, precisa, pelo menos na NBA, de um jogador fora de série, se possível mais de um. Depois disso precisa de algo que possa ser usado a seu favor como característica de jogo, pode ser o tamanho dos jogadores, a velocidade, as bolas de longe. E essas características são trazidas por esses role players. O Jazz era um time forte, montado por estrelas como Deron Williams, Carlos Boozer, Memo Okur e Andrei Kirilenko. Mas faltava alguém para meter as bolas de três, para abrir espaços na quadra com boa movimentação. E esse cara é Kyle Korver.
Já no Sixers, essa função não fazia muita diferença porque o time não está totalmente preparado, falta muita coisa para eles virarem um time da elite, então algumas bolas de três e boa movimentação de um jogador, no máximo, fazem a derrota ficar menos feia.

Isso quer dizer que se enfiassemos Horry, Bowen ou até o Dennis Rodman em times muito ruins, era capaz deles terem passado despercebidos, ou vistos apenas como jogadores razoáveis pela NBA. De que adianta um doido pegando 20 rebotes num jogo se o time dele não é capaz de marcar pontos? Rodman ia ser lembrado só pelos cabelos coloridos. E se Bowen fosse um bom marcador em um time fraco, de que adianta ele segurar a estrela do time se o resto da sua equipe fede?
Acho que outro bom exemplo é Steve Blake. Era um bom armador no Portland e acabou indo para o Bucks. Lá, na reserva do Mo Williams, não era ninguém, aí foi pro Nuggets e, pelo menos na minha opinião, mudou a cara do time, de repente Melo e Iverson pareciam melhores e dava até vergonha dizer que caras tão bons estavam parecendo melhores só porque aquele Blake branquelinho estava na equipe. Mas quando ele voltou pra Portland e o Anthony Carter assumiu a armação do Denver, deu pra ver que era tudo verdade.

Essa é a vida dos role players, dependem do time em que estão, da situação em que são jogados por técnicos e dirigentes, para poder mostrar que têm seu valor. Podem ser um desconhecido do mês em algum blog por aí num dia e, uma troca depois, ser a peça que faltava, o diferencial, de um time que entrará para a história.

Notas:

– Em uma entrevista depois do Bulls-Warriors de ontem, uma repórter entrevistou Deron Williams e, após as perguntas, disse “agora tome um banho e boa noite!”. Deron retrucou “Você quer dizer que eu estou fedendo?”

– Estão dizendo que o Larry Brown pode ser o próximo técnico do Bulls. Legal trocar o Scott Skiles por um técnico defensivo, rígido e que nunca se dá bem com os seus jogadores. Mudança radical.

– Rasheed Wallace foi eleito para o All-Star Game para substituir Kevin Garnett. Não lembro de cabeça mas espero que ninguém tenha votado nele para ser MVP do All-Star na nossa promoção.

– Para quem gosta de números, estou com uma coluna no BasketBrasil que fala de NBA a partir dos seus números e estatísticas. A página das colunas é essa AQUI, tem uma nova toda quarta-feira. Mas visite todo o site do BasketBrasil, lá tem mais colunas, informações e muito mais.

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