Nunca havia ficado surpreso durante uma partida com quão GRANDE e FORTE o Hawks pode ser. Conhecidos pelos passes frequentes, pelo jogo meticuloso e pelas bolas de perímetro, o Hawks não é exatamente um desses times que se impõe fisicamente. Por isso foi tão impressionante ver o Boston Celtics, jogando em casa e precisando de uma vitória para empatar a série, bater numa PAREDE DE TIJOLOS.
Em todos os lugares da quadra, o Hawks tinha na noite de ontem os jogadores mais intensos, mais físicos e mais determinados. Na defesa, as infiltrações foram rechaçadas por defensores que se aglomeravam no garrafão a qualquer ameaça e Isaiah Thomas recebeu marcação dupla constante, física e pressionada. No ataque, Jeff Teague soube empurrar os armadores adversários com as costas, Paul Millsap e Al Horford atacaram a cesta e até Kyle Korver venceu sua famosa fobia de garrafão para fazer um par de bandejas em infiltrações por trás da defesa, vindo pela linha de fundo. Tanto no ataque quanto na defesa, nunca Isaiah Thomas pareceu tão diminuto em questão de estatura. No fundo, a história da partida – e de certa maneira, da série – foi que o Hawks deu ontem 12 tocos. Somando toda essa série, foram 52 tocos para o Hawks – segunda melhor marca numa primeira rodada de 6 jogos.
Hawks finish with 52 blocks, second-most for a first-round series in six games.
— Hardwood Paroxysm (@HPbasketball) April 29, 2016
Se o Celtics não morreu logo no primeiro tempo de jogo foi porque nenhum jogador desse planeta é melhor do que Isaiah Thomas em manter o drible vivo mesmo quando pressionado, empurrado e esmagado como um sanduíche por todos os lados. Sua capacidade de se enfiar em frestas e não se desequilibrar com o contato físico fez com que conseguisse manter a posse de bola mesmo em situações catastróficas, mas não lhe rendeu espaço suficiente para criar arremessos. O que ele conseguiu foi através das pequenas brechas na defesa acionar seus companheiros no perímetro, em particular Jae Crowder e Evan Turner. Não sou nenhum especialista em Celtics, mas se Jae Crowder jogou mal, Evan Turner fez a PIOR PARTIDA que eu já vi ele jogar. Foi um absurdo de horrível. Quanto mais ele errava seus arremessos de longe, mais a defesa do Hawks se amontoava no garrafão e pior ficava a vida do Isaiah Thomas, que só tinha como possibilidade acionar ele e Jae Crowder nas zonas mortas. Entre o segundo e o terceiro quarto, o Celtics errou DEZESSEIS arremessos de três pontos SEGUIDOS, a enorme maioria deles TOTALMENTE LIVRES porque o Hawks estava ocupado sendo um MURO DE CONCRETO. Evan Turner errou umas três bolas seguidas inteiramente livre no terceiro quarto, quando o Hawks estava abrindo aos poucos uma vantagem perigosa, que fariam qualquer jogador não chamado JR Smith ficar vermelho de vergonha. Quando ele desencanou do perímetro e tentou dar uns passos para a frente, foi DOMINADO por Thabo Sefolosha fisicamente e deu arremesso atrás de arremesso forçado por cima da marcação excepcional. Jae Crowder acertou 5 de 15 arremessos, Evan Turner conseguiu incríveis 4 acertos em 17 tentativas, errando todas as 4 bolas de três pontos que tentou. Um desastre.
Foi no terceiro quarto que para tentar algum tipo de ataque consistente, Isaiah Thomas abriu mão da bola nas mãos e começou a correr de um lado para o outro para encontrar espaço e virar um arremessador. Foi quando ele finalmente conseguiu acertar uma bola de três e achou algum espaço para pontuar. Mas foi também quando ele MORREU de vez, ficou exausto e começou a ser abusado na defesa. Quando o Celtics colocou um mini-micro-nano quinteto titular em quadra com Jonas Jerebko de pivô no perímetro pra tentar deixar Isaiah Thomas jogar no mano-a-mano contra o Hawks, o armador já estava com a língua pra fora e era tarde demais. Quem acabou tentando jogar individualmente foi Marcus Smart, mas também sem sucesso.
Enquanto isso, o Hawks não foi no ataque a sua versão impecável que atropela qualquer um, e continuou ME ENLOUQUECENDO abrindo mão de arremessos bons em busca de ARREMESSOS ÓTIMOS que acabam não aparecendo e cuja busca apenas gera trilhões de turnovers. Mas em compensação tiveram a ilustre presença de Kyle Korver acertando arremessos de fora. Foram dois acertos em duas tentativas, mas a diferença que isso faz para o Hawks é ABSURDA. Quer um exemplo?
Esse aqui é Al Harford se preparando para fazer um corta-luz para Kyle Korver arremessar de frente para a cesta, e a defesa do Celtics se DESESPERANDO para defender o perímetro:
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Mas eis que Al Horford não faz corta-luz PORCARIA NENHUMA, ele só corre em direção à cesta:
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O resultado é que Jeff Teague faz o passe mais fácil do mundo para a cesta mais fácil do mundo do Al Horford, com dois defensores perdidões querendo parar Kyle Korver só porque ele meteu um par de bolinhas de três pontos e aí dá medo de que ele meta outras vinte. É o tipo de jogada que quebra o espírito de qualquer defesa, ainda mais se esse espírito está sendo ainda mais quebrado no outro lado da quadra. Esse jovem Celtics lutou bravamente, foi lindo de ver, mas quando o Hawks inflou o peito e acertou a defesa, desafiando o elenco do Celtics a acertar seus arremessos de longe, não deu para os verdinhos. Agora é ver se o Hawks consegue fazer tudo isso de novo contra o Cavs, que é bem mais físico e mais alto que esse Celtics.
JOGOS DE HOJE
Toronto Raptors @ Indiana Pacers (20h30, SporTV)
Miami Heat @ Charlotte Hornets (21h, ESPN)
Los Angeles Clippers @ Portland Trail Blazers (23h30, SporTV)
CARDÁPIO DO DIA
Já comeu comida “halal“? Esse é o nome da comida preparada de acordo com as normas da religião islâmica, que indicam um modo de se tratar o animal e a carne que será preparada. Nos últimos dias saíram duas matérias diferentes comentando sobre Enes Kanter, que é islâmico, e sua relação com esse tipo de comida. A primeira fala sobre como Kanter se sentiu aceito pelo Thunder quando ofereceram comida “halal” para ele após todos os jogos, treinaram os cozinheiros da equipe para prepará-la e compraram utensílios específicos para a tarefa; de como ele se sentiu aceito pelos companheiros (já que Russell Westbrook recebeu ele muito bem desde o primeiro dia e criaram um vínculo muito forte); e de como se sente aceito na cidade de Oklahoma, onde todos o adoram e o respeitam em suas idas ao mercado.
A segunda fala sobre como a alimentação específica de Enes Kanter fascinou outros jogadores do elenco, especialmente Steven Adams – os dois são os fantásticos “Irmãos Bigode”. Adams começou a pedir comida “halal” junto com Kanter porque a achou deliciosa, outros jogadores (como Westbrook) entraram na brincadeira e agora a equipe inteira tem restaurantes “halal” favoritos ao longo de todos os Estados Unidos para pedir comida depois dos jogos quando estão fora de casa – pelo jeito a melhor comida fica em Boston, e a pior em Sacramento. O único que parece não ter entrado na festança de comida “halal” foi Kevin Durant, que mantém sua restrita “dieta de atleta” dos nutricionistas da equipe, com franguinho grelhado sem graça. Bizarramente, esse é o tipo de coisa que une uma equipe para além da quadra e acaba tendo resultados durantes os jogos. Agora fica a dúvida: como é a comida “halal” em San Antonio?