>A gangue de Robins

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Após agarrar as nozes de Chris Kaman e ser suspenso, Reggie Evans ouviu provocações um tanto inusitadas

O Pistons tinha algo a provar na noite de ontem. Em jogo, estava a vergonha equivalente a perder no xadrez para o Kwame Brown. De perder no braço de ferro para o Chris Quinn. De perder no basquete para um elenco com Reggie Evans e Willie Green. E o elenco adversário realmente era formado por Reggie Evans e Willie Green, veja só.

Não foi surpreendente para ninguém ver, depois do fracasso do Jogo 1, um Pistons focado, concentrado, jogando sério um basquete de alto nível. Não foi surpresa o time de Detroit vencer o jogo com quase 20 pontos de vantagem, tendo tempo para descansar os titulares. O surpreendente, ao menos para mim, foi ver o Sixers resistir bravamente no início da partida, mostrar que tem alguns jogadores interessantes, poder de reação, e ainda assim um elenco que fede, fede muito.

É difícil de explicar. O time é assustadoramente limitado, não há ninguém fora de série. Mas mesmo assim, fico surpreendido ao ver Reggie Evans (que deve colecinar boxscores em que fez zero pontos e vinte rebotes) agora pontuando com malícia e habilidade no garrafão. Louis Williams, que não acerta arremessos nem pra salvar a mãe, mostra uma capacidade incrível de bater para dentro e cavar faltas. O Iguodala recebeu forte marcação e mesmo não conseguindo fazer nada, nem sequer coçar o nariz, mostrou que tem visão de jogo e inteligência em quadra. O time fede, mas cada um desses jogadores seria uma excelente peça que falta em times vencedores. Toda equipe precisa de um Reggie Evans, um cara com três bolas no saco (e tentando roubar as bolas do saco de outras pessoas, também) para pular em todos os rebotes, se atirar no chão atrás de bolas, demolir paredes com a cabeça e secar a louça. Todos os times poderiam usar um Louis Williams quando os arremessos não estão caindo, usando-o para mudar o ritmo do jogo e deixar os adversários com problemas de faltas (no maior estilo Corey Maggette). Todos os elencos poderiam usar um Iguodala, um cara para marcar a estrela adversária e jogar no contra-ataque. Pensar que o Kyle Korver, a peça que faltava para o Jazz, veio diretamente do Sixers chega a ser engraçado. O elenco do Sixers parece uma gigantesca caixa de reposição para outros times, lotada com peças interessantes que desempenham bem seus papéis. E embora isso seja muito pouco para levar um título para casa, é o bastante para causar um belo estrago na NBA. O meu Houston Rockets provou que um elenco mixuruca pode, se utilizar as características de cada um, jogando um basquete coletivo, ganhar 22 partidas seguidas. E também provou que isso não significa que o elenco seja bom ou tenha chances de ganhar o Oeste, imagina, o time ainda é uma porcaria e nem o maior fã do Houston tem como negar.

O Sixers tem um elenco recheado de carregadores de piano, jogadores sólidos, competentes, limitados. Um elenco composto apenas de jogadores assim mantém, pela lógica, as mesmas pecularidades: é sólido, competente, mas limitado. Por isso mesmo é que, em condições normais de temperatura e pressão, o Pistons vai escancarar cada pequena limitaçãozinha do Sixers e humilhar o time em rede nacional. Mas mude alguma condição e a equipe da Philadelphia vai fazer a lição de casa. Basta uma bobeada para contar o episódio de ontem da novela e pronto – você está tomando ganchos do Reggie Evans, lances livres de Louis Williams e enterradas de Iguodala. Pergunte quem foi para o paredão do BBB ontem e – bam! – você está atrás no placar.

Se eles podem vencer mais algum jogo da série contra o Pistons? Podem, claro, mas no maior estilo “golpe de Cavaleiro do Zodíaco não funciona duas vezes contra o mesmo adversário”, vai ser dificílimo de acontecer. Não tem problema, ter chegado aos playoffs já foi uma odisséia épica, quanto mais vencer o Pistons em casa. Mas, me permitam o desdém e, nem que seja devido a uma derrota num Jogo 7, vamos pensar sobre o que o Sixers vai fazer para a próxima temporada, depois da eliminação dos playoffs, a respeito de Andre Iguodala.

Vou chamá-lo de Iggy, não porque sou íntimo mas porque toda vez que escrevo Iguodala me dá uma vontade estranha de rir, vai dizer que não é um nome engraçado? Nosso caríssimo Iggy verá seu contrato terminar nessa temporada e já avisou que quer ganhar salário de estrela, contratos máximos, essas coisas de quem não tem noção do preço do pãozinho. O Agente Zero, Gilbert Arenas, escreveu há um bom tempo em seu blog sobre como Iggy era um “Pippen”, não um “Jordan”, e por isso não deveria ganhar um salário de estrela. A afirmação, polêmica, deixou Iggy bastante irritado. Ou seja, o sujeito realmente se acha estrela, não era brincadeira.

O que nos leva a perguntar: deveria o Sixers apostar em Iggy como sua estrela principal? Lhe dar um salário milionário, apostando que sua evolução seja o que falta para levar um elenco de “peças coadjuvantes” rumo ao topo do Leste? Ou dar tamanha grana para o Iggy seria justamente impedir que o time recebesse uma estrela de verdade que seria complementada por esse maravilhoso elenco de apoio? Sejamos honestos: Batman e Robin quebraram a cara de muitos vilões nos bons e velhos tempos do “POF“, “SOC” e “POW“. Mas o Robin era só um moleque afeminado com uma combinação de cores cafona e as pernas de fora. Nem um grupo de dez Robins conseguiria fazer alguma coisa de relevante. Mas basta um Batman protagonista, embora meio fora de forma e com uma pancinha protuberante, para a Dupla Dinâmica acabar com o império do crime (pelo menos até o próximo episódio). Deu pra sacar o espírito da coisa?

O que estou tentando dizer é que adoro Iggy, acho ele um jogador fora de série, excelente defensor, explosivo e inteligente. Mas suas cuecas pra fora das calças não negam: ele é e sempre será um Robin. Mesmo que ele não queira admitir, é hora de contratar um Batman gordinho para lhe fazer compania. O Andre Miller que me desculpe, mas ele também é Robin. No Sixers, todo mundo é. Dá pra fazer uma gangue de Robins e sair assaltando bancos. O que eles precisam é de um Batman um pouco diferente, alguém decisivo mas que não monopolize o jogo, que entenda o conceito do basquete coletivo que anda se jogando por lá. Com essa campanha impressionante até agora, podendo até mesmo vencer mais algumas partidas do Pistons e (não acredito que vou dizer isso) – vá lá- até mesmo essa série, o que não vai faltar é jogador interessado em ter uma chance por lá. Quem deveria ser abordado? Alguma idéia?

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