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Muitos dos termos usados no esporte fazem referências a guerras ou lutas, então falamos de batalhas, massacres, morte, duelos e etc. Às vezes é exagerado, mas às vezes é bem apropriado, como no caso da série entre Cavs e Wizards.
A primeira coisa é o motivo da guerra. Nenhum país quer entrar em guerra, mas você sabe como é, são as circunstâncias, o momento histórico, não há outra opção, precisamos nos defender. E Wizards e Cavs não podem fazer nada, é obra do acaso ou do destino que eles se enfrentam pelo terceiro ano seguido nos playoffs. Aí, depois que a guerra, sem nenhum lado querer, começa, os envolvidos se relacionam emocionalmente também, e acabam falando bobagem. Já ouvimos o DeShawn Stevenson dizer que o LeBron é superestimado, que não é tudo isso, e ouvimos o LeBron responder que o DeShawn Stevenson é para ele o que o Soulja Boy é para o Jay-Z, que, para quem está por fora do mundo do hip-hop americano, é como dizer que o DeShawn Stevenson é para ele o que o NX Zero é para os Rolling Stones.
A última foi o Brendan Haywood, que disse para o LeBron James parar de ficar chorando e dizendo “Ai, eles querem me machucar” e simplesmente jogar basquete. E o Haywood disse isso fazendo voz fininha daquelas que você faz quando quer aloprar alguém, quando imita aquela menininha da classe que você odeia porque é metida e não quer te beijar. A diferença é que geralmente você faz pela costas mas sem nenhuma câmera gravando.
Achei que foi uma frase idiota do Haywood. Se eu enfrentasse o LeBron eu adoraria que ele só chorasse ao invés de jogar basquete, aliás a última coisa que eu gostaria quando estou à beira da eliminação contra o Cavs é que o LeBron jogue basquete, por mim ele podia ir jogar baseball com o Jordan, até. A entrevista está aqui abaixo:
Com o confronto preparado, com as provocações rolando, falta vir alguém pra simplesmente fazer o que interessa: ganhar a guerra, vencer os jogos.
E foi pra isso ontem que apareceu Caron Butler. Ele, assim como Antawn Jamison, não disse baboseira nenhuma durante toda a série e apareceu ontem como a salvação da temporada do Wizards. Arenas está machucado mais uma vez com dores no seu joelho amaldiçoado (o novo Grant Hill?) e estava nos ombros de Butler a responsabilidade de vencer o jogo. Ele fez tudo o que devia, começou o primeiro quarto agressivo, atacou a cesta o jogo inteiro e, quando foi preciso, acertou bolas de longa distância também, duas delas bem difíceis e no estouro do cronômetro.
A atenção do jogo mudou de lugar de novo quando Darius Songaila, que nunca foi de arrumar confusão ou discutir, deu um tapa na cara do LeBron James sem motivo algum. O Songaila não foi provocado, não foi uma jogada dura e ele nem parecia nervoso, aliás estava até com uma cara de Tim Duncan quando tudo aconteceu. Acho que os juizes acharam a cara dele tão vazia que pensaram que foi sem querer e deram só uma falta técnica nele, não o expulsaram. Claro que não ia ficar tudo por isso mesmo e uma confusão se seguiu, com faltas técnicas para DeShawn Stevenson e Anderson Varejão.
Foi aí que Caron Butler fez a segunda coisa mais importante do jogo inteiro, mandou o time ficar calmo, fez aquele sinal apontando para a própria cabeça como quem diz “não percam o foco” e o time, para felicidade dos torcedores do Wizards, continuou focado mesmo.
Com dois minutos para o fim do jogo, o time deixou o empate escapar e o Cavs abriu 5 pontos de diferença, que foram cortados a 1 graças a uma cesta do Butler e dois lances livres do Antonio Daniels. Então, a defesa do Wizards jogou bem e impediu o Cavs de marcar um ponto sequer nos últimos 1:47 minutos de jogo, deixando tudo nas mãos de Caron Butler, com 10 segundos de jogo, para decidir.
Se fosse Arenas, Jamison, ou até alguém menos esperado como Stevenson ou Roger Mason, um arremesso de longa distância estaria por vir, como veio em todos os jogos da série em momentos decisivos, todos errados. Porém, Butler tinha outros planos e mesmo marcado por LeBron bateu pra dentro com força e, passando por James e Ben Wallace, fez a coisa mais importante que fez no jogo: a cesta que garantiu a vitória.
LeBron ainda teve a chance de virar mas errou uma bandeja no segundo final, alguns dizem que foi falta, e até pareceu, mas considerando que não marcaram uma falta anterior no Butler, não marcaram uma andada do LeBron e nem expulsaram o Songaila quando ele merecia, não dava pra esperar muito da arbitragem ontem.
Ontem Caron foi o general frio e calculista (nunca quente e letrista!) que é necessário ter para se vencer uma batalha. Faltam mais duas agora.
Aqui tem o showzinho do Butler:
Técnicos:
Para os desinformados da vida, aqui estão as trocas de técnico oficializadas até agora:
Milwaukee Bucks: Mandou Larry Krystkowiak embora e contratou Scott Skiles, ex-Bulls.
Miami Heat: Pat Riley parou de treinar e em seu lugar entra o seu antigo assistente Erik Spoelstra.
Charlotte Bobcats: Mandou Sam Vincent embora e contratou Larry Brown, sim, aquele que foi campeão com o Pistons e fracassou no Knicks.
Dallas Mavericks: Mandou Avery Johnson embora e ainda está sem treinador novo.
Chicago Bulls: Mandou Jim Boylan embora e não contratou ninguém ainda.
New York Knicks: Surpreendentemente mandou Isiah Thomas embora e ainda não tem técnico novo.
A saída do Mike D’Antoni do Suns foi anunciada e depois negada, mas ainda é bem provável que aconteça.