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A história diz que quando Kobe Bryant era apenas uma criança, ele foi para a Itália, onde o pai jogava basquete profissionalmente. Lá, ele virou fã do Oscar Schimdt e começou a se envolver com o esporte que, anos depois, iria dominar. Mas começo a achar que essa história está errada.
Na verdade, Kobe Bryant cresceu na Espanha. Lá, quando pivete, saiu para jogar baseball, mas como todo mundo achava que o que ele queria jogar chamava na verdade “pelota basca“, ele desistiu e foi jogar basquete como o pai mesmo. Na quadra do bairro, conheceu um pivete muito alto, branquelo e magricelo que todo mundo zoava só porque o nome dele era Pau. Com dó do garoto, Kobe foi jogar no time dele e desde cedo eles se deram muito bem e jogaram juntos por anos e anos, até Kobe Bryant voltar para os Estados Unidos.
Eu acho essa história muito plausível e deve ter acontecido mesmo. Nada mais explicaria como Kobe Bryant e Pau Gasol se entendem tão bem em quadra. Nessa temporada, vimos como Jason Kidd penou para se entender com o Mavs, como o Suns perdeu muito até eles começarem a entender como é jogar com o Shaq, e o Cavs também sofreu para envolver Wally Szczzczerbiak e Delonte West no esquema ofensivo. Então, por que motivo só com o Lakers de Gasol rolou tudo tranquilamente e o entrosamento pareceu existir desde aquela estréia em New Jersey?
O Lakers joga com o famoso esquema dos triângulos que o Phil Jackson já usou no Bulls e em sua primeira passagem pelo Lakers. Esse esquema (que, como pedido, vou desvendar em um post futuro) é conhecido por ser complexo e de difícil aprendizado. Jogadores como o Kwame Brown e até o consagrado Gary Payton já mostraram não entender nada dos triângulos, dizendo achar ele complicado. Dizem até que o Lakers não gosta de fazer trocas no meio da temporada porque é demorado fazer um jogador entender tudo e executar perfeitamente em jogo, naturalmente.
Mas o Lakers não podia recusar a troca do Gasol por causa disso, fez a troca assim mesmo e deu muito certo. A resposta do Gasol sobre a dificuldade de se adaptar aos triângulos foi pra matar o Kwame Brown:
“É complexo. Mas nem tanto para o pivô. Pra quem fica de pivô é bem fácil.”
Sério? Então o Kwame passou uns 3 anos aí fazendo o quê? Bom, tanto faz, ele já foi mesmo. O importante é que o Gasol entendeu tão bem como funciona a coisa que o entrosamento dele com Kobe Bryant e Lamar Odom é coisa de quem joga junto há anos.
Na partida ontem contra o Jazz, o Kobe tomou conta do jogo no primeiro tempo. O Odom tomou uns tocos do Kirilenko, o Gasol fez duas faltas rapidinho e o Lakers abriu sua vantagem só porque o Kobe estava imparável, porque o Sasha Vujacic estava justificando o apelido “The Machine” e também porque a defesa do Lakers estava cortando todas as linhas de passe do Jazz.
No segundo tempo, o Kobe esfriou um pouco no seu arremesso e chegou nos 38 pontos graças aos 21 pontos que fez só na linha do lance livre. A defesa do Jazz melhorou e o ataque também, os passes chegavam embaixo da cesta o tempo todo e quando a bola não caia, o time ia lá e pegava um rebote ofensivo atrás do outro. Uma liderança de 19 pontos de repente caiu para 4 e o Lakers se salvou graças ao entrosamento de Kobe e Gasol. Em posses de bola consecutivas, o Lakers bateu o Jazz na maior arma deles, o pick-and-roll, e sempre envolvendo Kobe e Gasol. Em uma das jogadas eles trocaram passes um com o outro tão rápido que parecia que eles faziam isso todo jogo há uns 6 anos. Nem na época do Shaq as trocas de passes no Lakers aconteciam tão bem e tão naturalmente.
Porém, isso não quer dizer que o Lakers está tão na frente do Jazz assim. Kobe e Gasol decidiram o jogo quando a coisa apertou, mas se Deron e Boozer tivessem tido um jogo melhor, tudo poderia ser diferente. A vantagem do Jazz nos rebotes ofensivos é enorme e em um momento do jogo parecia que o time do terceiro colegial tinha chamado a sexta série pra bater uma bola e ficavam errando de propósito na tabela só pra ficar pegando o rebote e ver os pivetes desesperados tentando alcançar a bola. Além disso, a defesa do Lakers feita para impedir os cortes em direção à cesta do Jazz funcionou apenas no primeiro tempo, no segundo o Lakers não parou os cortes, nem os passes e ainda ficou com problema de faltas.
É uma série aberta como estão todas até agora. O San Antonio Spurs tem a chance de fazer o Hornets pagar por dobrar a marcação em Duncan hoje e o Orlando pode jogar por uma partida inteira como jogou no primeiro tempo do jogo 1.
Finalmente teremos séries muito bem disputadas e sem o Atlanta no meio!
Notas:
– A Euroliga acabou, o CSKA venceu e os organizadores divulgaram uma lista com os maiores contribuidores dos 50 anos de história do torneio. Entre os conhecidos do mundo da NBA temos o pai de Wally Szczerbiak, Walter, além de Bob McAdoo, Mike D’Antoni, Manu Ginobili, Drazen Petrovic, Anthony Parker, Vlad Divac, Sarunas Jasikevicius e Arvydas Sabonis. A lista e uma curta biografia de todos podem ser vistas aqui.
– Coloquei esse vídeo outro dia no chat mas vale colocar aqui também. É bom pra quem nunca viu o Duncan mudar de expressão facial, nesse vídeo ele muda e para uma cara bem feia, de desgosto.