>Antes ele do que eu

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Mike D’Antoni mostra sua tendência à insanidade

O Cavs ganhando em casa com o Delonte West chutando traseiros ou o Pistons vencendo o Magic em Orlando mesmo sem o Billups não são nem de longe as notícias mais bizarras do dia. Apesar de eu ter anunciado a saída de Mike D’Antoni do comando do Suns com um pouco de antecedência demais, já me despedindo com lencinho na mão do Phoenix-porra-louca num post anterior, agora finalmente D’Antoni não é mais oficialmente o técnico de Nash e seus amigos. O que há de surpreendente nisso? Nada, claro. O bizarro é o novo emprego que ele decidiu aceitar. O Bulls colocou uma oferta formal na mesa, o Raptors pode ter colocado uma informal, mas o bigodinho grisalho ignorou as duas propostas para aceitar uma terceira: será o técnico do New York Knicks para a próxima temporada.

Fiquei tão chocado que nem sei como reagir. Acho que a primeira coisa lógica que pensei, e que a NBA deveria colocar em prática imediatamente, é fazer um teste de doping em D’Antoni. O Josh Howard dizer que fuma maconha quando a temporada termina não é nada se compararmos com o tipo de substância que o ex-técnico do Suns deve estar utilizando em casa para superar a derrota para o Spurs nos playoffs. Aceitar ser técnico do Knicks pressupõe drogas pesadas, alucinógenas, e isso está escancarado aí na cara de todo mundo, no maior estilo Amy Winehouse. Se a NBA se preocupa tanto com sua imagem limpa e cheirando a Veja Multi-Uso, o D’Antoni vai ser mais suspenso que o Chris Andersen, que passou uns anos de castigo por enfiar o nariz onde não devia.

Bem, agora que o Mike D’Antoni já aceitou o cargo, chapado ou não, só nos resta tentar imaginar o que ele pode tirar de positivo dessa budega. Pra começar, os bolsos do D’Antoni estão tão felizes quanto a pança cheia de Zach Randolph, afinal o contrato oferecido pelo Knicks é tão gordo que minha mente não-matemática não conseguiu compreender aquele monte de zeros. Se a grana vale a humilhação de perder quinhentos jogos e ser vaiado em New York, aí já é uma questão mais filosófica. Digamos, assim como simples nota de rodapé, que eu também passo umas humilhações no trabalho e nem por isso ganho milhões de dólares. Ganho apenas alguns milhares.

Fora a grana, o D’Antoni sair com algo de positivo do Knicks vai depender exclusivamente de seu desempenho. Acho que vai rolar um “Complexo de velho Michael Jordan“, ou seja, “e se eu for pra um time meia-boca como o Wizards e conseguir ganhar mesmo assim?”. Para os que se lembram, o Jordan no Wizards sequer chegou aos playoffs, amargando uma nona posição no Leste mas flertando com a classificação, o que foi triste mas ao mesmo tempo impressionante, deixou um ar moderado de satisfação e de “ah, era o máximo que dava pra fazer”, principalmente se a gente lembrar que o elenco tinha um Kwame Brown recém-draftado. Ou seja, se o D’Antoni faz o Knicks conseguir uma nona vaga no Leste, o que hoje em dia dá pra fazer utilizando 5 anões montados em cachorros, já reinará em New York uma sensação de missão cumprida.

Além disso, qualquer resultado positivo, seja ele uma nona vaga ou até uma improvável classificação aos playoffs, traria uma inevitável comparação entre técnicos. Não entre D’Antoni e Isiah Thomas, porque o Isiah só pode ser comparado com outros membros do reino vegetal, mas sim entre D’Antoni e Larry Brown. Se o Brown falhou miseravelmente com o elenco e o D’Antoni se sair melhor, isso pode virar um argumento para ressaltar as habilidades do novo técnico do Knicks, afinal ele é muitas vezes menosprezado e diminuído, tratado como porra-louca e incapaz de montar um esquema tático “de gente grande”. Muita gente diz que o D’Antoni estaria hoje em dia lavando banheiros se não fosse por Steve Nash, e que os méritos do sistema do Suns estão unicamente no talento do armador canadense. Então está aí, o Knicks será uma prova de fogo das mais complicadas, capaz de provar de uma vez por todas a capacidade e o talento de D’Antoni – sem Nash. E se não der certo, bem, há sempre a desculpa clássica: “Era o Knicks, nós temos Curry e Zach Randolph, o que você esperava que eu fizesse?”

O que nos traz finalmente ao elenco que receberá o novo técnico. O Mike D’Antoni deve implantar o mesmo esquema quase-vitorioso do Suns, o “7 segundos ou menos“, em que todo mundo corre o máximo que der e arremessa o mais rápido possível, tentando de algum modo fazer brotar ordem do caos. O único problema é que essa tal “ordem” estará nas mãos de Marbury, não de Nash. D’Antoni já conhece a figura, já que passaram um tempo juntos no Suns, e realmente acho que o Marbury funciona melhor correndo e decidindo no desespero do que em qualquer outro esquema que necessite de coisas um tanto raras, tipo ter um cérebro. Com o novo técnico, acho que o Marbury finalmente volta ao mundo da NBA e consegue uns números bacanudos, ao menos pra quem joga fantasy. Ao lado dele, estarão Quentin Richardson, que era um bom arremessador de 3 pontos quando jogou também no Suns, e Jamal Crawford, que já vem com sua mentalidade de arremessar em menos de 7 segundos original de fábrica. Some a eles Nate Robinson e temos um elenco que, na pior das hipóteses, vai funcionar melhor correndo do que funcionava jogando um basquete mais cadenciado. Mesmo que isso não queira dizer muita coisa, porque piorar seria impossível.

Nos armadores, o negócio até parece que pode engrenar, mas aí somos obrigados a lembrar de uns problemas de peso. O que diabos Mike D’Antoni vai fazer com um elenco que tem Eddy Curry, Zach Randolph e Jerome James como homens de garrafão? Não canso de repetir, o Curry só deu a impressão de ser um bom pivô quando se tornou o foco principal do ataque do Knicks, tendo bastante a bola nas mãos e sendo alimentado (entenda como quiser) dentro do garrafão por seus companheiros de equipe. Como encaixar Curry num esquema que exige velocidade, passes rápidos, jogo em transição, já que ele é gordo e só funciona tendo muita posse de bola? Além disso, como lidar com Zach Randolph? Pode ele se tornar um Amaré Stoudemire que não pula? Ser a alternativa ofensiva da equipe no ataque de meia-quadra e ainda assim ser capaz de correr nos contra-ataques durante o resto da partida?

Só sou capaz de pensar que D’Antoni vai fazer um bom punhado de trocas no elenco, porque desse jeito vai ser complicado implantar seu estilo. O problema é que falar é fácil: quem diabos vai aceitar uma troca envolvendo Eddy Curry, bem depois da temporada horrenda que ele acabou de ter? Se nenhuma troca for possível, Curry irá para o banco de reservas comer rosquinhas ou D’Antoni mudará seu próprio estilo de jogo, permitindo que o pivô rechonchudo volte a ser eficiente num ataque mais lento? Será que o novo técnico é capaz de finalmente deixar David Lee ser titular e ver se ele consegue lembrar um Amaré-depois-da-gripe? E será que ele transforma Jared Jeffries, um dos únicos que sabem defender no elenco, numa versão desengonçada de Raja Bell?

Meu palpite é que ele não consegue nada disso, que o elenco se desfaz e que o D’Antoni é demitido no final da próxima temporada, mas não liguem pra mim, eu sou apenas um blogueiro com bom senso. É possível que tudo dê certo e o Knicks vire o novo Suns, mas dessa vez perdendo todo ano para o Celtics ao invés de perder para o Spurs. Mas não sou eu que vou ficar esquentando minha cabeça com o Knicks, deixo isso para a própria franquia, que chamou um técnico cujo estilo tático não se encaixa com o elenco, e para o técnico, que aceitou essa loucura. Só nos resta esperar para ver esse novo Knicks em quadra, com um sorrisinho sádico no rosto de quem gosta de ver o circo pegar fogo e aliviado por não ser eu o infeliz comandando a palhaçada. Quanto tempo será que vai levar para o Marbury surtar e fugir para a Itália, como sempre diz que quer fazer?

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