>
O jogo 1 teve como momento símbolo o placar de 65-45 para o Spurs, que foi quando a diferença do time do Texas chegou ao máximo e foi quando o Lakers começou, de repente, sua arrancada rumo à virada. No jogo 2, o placar que marcou a virada do jogo foi o 37-37 que o jogo tinha há dois minutos do final do segundo período.
Depois de um arremesso do Duncan usando a tabela (surpresa!), o Spurs empatou o jogo em 37-37 e o comentarista da TNT americana disse exatamente o que eu estava pensando, que pelo andar do jogo o Lakers deveria estar vencendo por pelo menos uns 10 pontos e no fim das contas o Spurs poderia até virar o jogo nos últimos dois minutos de primeiro tempo. Foi então que Kobe achou Gasol para uma bandeja, depois Sasha Vujacic, em outro ótimo jogo, acertou um arremesso de dois e depois outro de três pontos, e por fim Odom deu um toco em Fabricio Oberto e Fisher terminou o contra-ataque com uma bandeja para terminar o período. O placar, que há pouco estava empatado, agora tinha uma diferença de 9 pontos para o Lakers. Se eu soubesse que era só reclamar que o Lakers abria 9 pontos, eu já teria reclamado antes.
No começo do terceiro período, o Kobe quis deixar bem claro para os seus companheiros de time que era a hora de acabar com aquele joguinho sem graça. O Magic Johnson, no intervalo do jogo, disse que por um momento parecia jogo da Conferência Leste, de tão baixo que estava o placar. Aí ofendeu, né, Magic? Então o MVP da temporada foi lá e em uma bandeja e mais dois arremessos, um sofrendo falta do Bowen, fez sete pontos seguidos e liderou o time, que teve mais 7 pontos do Lamar Odom, para um placar de 20-10 na primeira metade do terceiro período. Com isso tinhamos a mesma situação do primeiro jogo, uma liderança de 20 pontos no meio do terceiro período, a diferença é que o Spurs estava nitidamente derrotado e no fim das contas o jogo acabou com o DJ Mbenga em quadra e a diferença em 30.
Eu assisti muito jogo do Lakers nessa temporada, alguns jogos muito bons, vitórias marcantes, e nunca tinha visto a defesa marcar tão bem. Simplesmente toda a cobertura chegava na hora e, tirando em alguns momentos no primeiro tempo, o Spurs não conseguia um arremesso sem marcação. O único que conseguia era o Robert Horry, mas tudo bem, porque ontem se ele acertasse o aro já era grande coisa. Outro irreconhecível foi o Manu Ginobili. Conhecendo o argentino narigudo como a gente conhece, sabíamos que depois de ser anulado pelo Sasha Vujacic ele ia voltar com gana o bastante pra dar uma aula no esloveno do Lakers, mas o que aconteceu foi uma atuação mais pífea ainda, com muitos erros primários. A atuação ruim chegou a um ponto em que o Ginobili andou com a bola de maneira grosseira e depois nem reclamou, pediu falta ou caiu no chão como ele sempre faz, o que aconteceu com o Ginobili?
Não vou falar que eu acho que o time do Spurs está velho porque isso é bobagem, se eles tivessem problema de idade não estariam na final do Oeste, mas ontem parecia que eles estavam bem cansados. Tudo o que o Spurs tentava fazer, o Lakers fazia mais rápido, a humilhação chegou ao ponto do Ime Udoka dar uma de Luke Walton/Reggie Miller e tomar toco do nosso Tayshaun Prince/Ronnie Price, o Jordan Farmar!
Talvez o cansaço seja pelo excesso de jogos em sequência, já que há algum tempo que eles não tem mais de um dia de descanso, mas nada que a necessidade da vitória e uns gritos da torcida não resolvam.
Para o Lakers, o jogo foi bom para ressucitar algumas pessoas. Esses jogos ganhos de lavada são bom pra botar confiança em todo mundo. Quando estava dando tudo certo no jogo, o Farmar entrou e simplesmente acabou com o resto de esperança do Spurs, além do toco citado acima ele meteu algumas bolas de três, bandejas, fez de tudo. O Odom, que já estava jogando muito bem de repente, deu dois tocos lindos seguidos na defesa, o DJ Mbenga acertou arremesso de longe e, finalmelmente, o Trevor Ariza voltou de contusão e fez sua estréia nesses playoffs! De todo mundo que precisava ressucitar, esse era o mais importante, tirando o Bynum, claro, que só vai ressuscitar quando Jesus voltar ou quando o Orkut for pago.
Eu sempre achei que o Ariza ia ser essencial nessa série contra o Spurs porque ele é o melhor defensor de perímetro do Lakers, quer dizer, talvez depois do Kobe, mas como o Kobe geralmente não é colocado sobre o melhor cara do outro time para não cansar demais e nem entrar em problemas de falta, o Ariza acaba sendo o mais útil. E o Spurs tem o Manu Ginobili e o Tony Parker, os dois costumam fazer a festa no perímetro infiltrando o tempo todo, mas até agora Fisher e, quem diria, Vujacic, estão dando conta do recado. Mesmo assim, o Ariza poderá ser bem útil para o caso do mundo voltar ao normal e o Manu começar a humilhar o nosso The Machine.
Mas apesar do Sasha ter feito um ótimo trabalho no Manu e dos tocos do Odom, o grande mérito do Lakers é a defesa inteira, como um time. Achei um vídeo que mostra duas violações de 3 segundos da defesa do Lakers, as imagens mostram a hora que o Lakers exagerou e errou, mas dá pra ver como o time está protegendo o garrafão muito bem e deixando alguns arremessadores do Spurs livres. Em muitos casos o Lakers conseguiu correr e impedir o arremesso livre, na segunda jogada mostrada pelo vídeo é até legal ver como o Kobe fecha a defesa no garrafão e deixa o Bowen livre na linha dos três mas rapidamente sai do corta-luz do Duncan para fechar a visão do Bowen quando o Ginobili ameaça passar para ele.
O Spurs pode começar a mudar isso acertando as bolas de três pontos, já que acertou 5 de 20 tentativas no jogo 1 e apenas 6 de 23 tentativas no jogo 2. Algumas bolas dentro da cesta e o Lakers terá que pensar duas vezes antes de fechar tanto o garrafão. Alguns ajustes e tudo poderá voltar à estaca zero, lembrem do velho deitado que dizia: uma série só começa quando alguém ganha fora de casa.
Aqui está o vídeo com as jogadas: