Resumo da Rodada 21/4 – Pelicans já está nas semi-finais

Quem diria que o time mais dominante dessa primeira fase dos Playoffs, com as atuações mais impressionantes e o único já classificado para as Semi-Finais de Conferência com um 4 a 0 até agora não é o primeiro colocado do Oeste, o Houston Rockets, mas o New Orleans Pelicans? Aquele time que se classificou em sexto lugar, que a gente achava que era o pior time da pós-temporada por conta da falta de profundidade do elenco e dos problemas táticos, e que (como o Twitter do Pelicans fez questão de lembrar) TODOS os especialistas da ESPN gringa previram que perderia a série para o Blazers. Como raios isso aconteceu?

Pra gente não poder dizer que tudo foi apenas o Blazers derretendo, ontem vimos pela primeira vez uma boa partida do terceiro colocado do Oeste. Começaram melhor no jogo, cometeram apenas 6 desperdícios de bola na partida inteira, acertaram mais da metade de seus arremessos, converteram 10 bolas de três pontos, todos os titulares marcaram pelo menos 15 pontos, CJ McCollum teve uma partida memorável com 38 pontos (acertando 15 de 22 arremessos) e finalmente Damian Lillard não foi COMPLETAMENTE anulado por Jrue Holiday, marcando 19 pontos, 6 assistências e apenas uma bola desperdiçada. Pela primeira vez, o Blazers pareceu minimamente confortável com as escolhas defensivas do Pelicans, a dobra constante nos armadores a cada corta-luz, joganado mais agressivo, experimentando com outras movimentações ofensivas, usando bem Jusuf Nurkic no garrafão e enfim acreditando pra valer em Al-Farouq Aminu, que foi incrível nos arremessos de três a série inteira mas só dessa vez pareceu inserido de verdade no ataque da equipe.

E mesmo assim, com tudo isso, o Pelicans simplesmente foi melhor. Não há desculpa – o Blazers não foi só pego de surpresa, não foi só a defesa em Lillard, não foi só um jogo em que as bolas do Blazers não caíram, etc. O Pelicans foi bem DE VERDADE, contra um time que pela primeira vez pareceu preparado para enfrentá-lo. Foi apertado (como deda o placar de 131 a 123), o Pelicans venceu o primeiro tempo por míseros dois pontos e o jogo chegou a estar tenso nos momentos centrais do quarto período, mas a verdade é que nem por um momento o Pelicans não pareceu o melhor time em quadra.

Mais uma vez Anthony Davis foi espetacular, com 47 pontos e 11 rebotes, e mais uma vez tocando bem menos na bola do que foi o padrão durante a temporada regular. Como o foco é deixar Rajon Rondo e Jrue Holiday com a bola nas mãos o máximo possível (dando para os dois total liberdade criativa), TODOS os arremessos que Anthony Davis converteu vieram ou de assistências desses dois ou então de rebotes ofensivos (foram 5 para o Monocelha). Seguindo a tônica da série, Davis pegou um gazilhão de pontes aéreas por cima dos defensores adversários, jogando em velocidade nas costas do Nurkic e, com isso, cortando para o garrafão apenas em momentos pontuais – e abrindo, com isso, espaço para Jrue Holiday infiltrar e acionar Davis eventualmente durante esses ataques à cesta. Foram 41 pontos para Holiday na partida, provavelmente uma das vezes em que jogou com mais agressividade e confiança em toda a sua carreira. Todo mundo que tentou parar esses dois cometeu falta atrás de falta, com Nurkic jogando apenas 33 minutos (num jogo em que o Blazers tentou, o máximo possível, NÃO USAR O BANCO DE RESERVAS) porque saiu com sua sexta falta. E no fim, apesar da boa partida do Blazers, o jogo foi decidido assim: enquanto a equipe de Portland cobrou 16 lances livres, o Pelicans cobrou TRINTA E NOVE, com 29 deles vindo da dupla Anthony Davis e Jrue Holiday. O que fazer quando o pivô adversário não apenas espaça a quadra com seus arremessos como também PULA POR CIMA dos seus jogadores, acertando seus lances livres quando você tenta empurrá-lo pra fora? Chegou a um ponto em que Nurkic, por mais essencial que fosse no ataque, não CONSEGUIA estar em quadra porque estava sendo destruído na defesa.

E mesmo quando a defesa parecia boa, como foi a marcação apertada em Jrue Holiday, não foi de modo algum suficiente. Holiday provou que é um jogador completo nessa série:

E, claro, o Pelicans ainda contou com a ajuda de Rajon Rondo. Sem Anthony Davis trazendo a bola para o ataque ou atacando a cesta sozinho (e sem DeMarcus Cousins assumindo a maior parte da armação do time como foi no período em que esteve saudável na temporada), Rondo pode finalmente ser o cérebro do time e inventar, sei lá como, situações de arremesso ideias para todo o elenco que não parecem nem um pouco ensaiadas, mas fazem o time parecer genial. Dizem que a única regra do Celtics, quando Rajon Rondo foi campeão por lá, era NÃO TIRE OS OLHOS DA BOLA, porque senão um passe do Rondo pega os jogadores do próprio time desprevenido. Olha o absurdo dessa assistência, umas das DEZESSEIS que ele deu na partida:

Damian Lillard se despede dos Playoffs dizendo ter enfrentado a defesa mais “única” que recebeu na vida e somando nas 4 partidas que disputou contra o Pelicans 32% de aproveitamento nos arremessos, 19 assistências e 16 desperdícios de bola. Não apenas ele, mas sua equipe inteira, foram expostos em toda sua FRAGILIDADE por uma defesa que foi montada às pressas por Alvin Gentry apenas para os Playoffs e por um ataque que até outro dia era conhecido como um dos mais sem graça da NBA. Há muito que deve ser repensado lá em Portland, enquanto o Pelicans já pode se preparar para o vencedor de Warriors e Spurs – e, talvez, surpreender novamente?


Heat e Sixers foi o BANHO DE SANGUE da rodada – não porque um time foi trucidado pelo outro, mas porque ROLOU SANGUE de verdade. A internet já avisou que essa é a única série acontecendo, na verdade, em 1997, quando a PORRADA COMIA SOLTA nas quadras da NBA e ninguém acertava bolas de 3 pontos.

Teve discussão, empurrão, falta flagrante, falta técnica, oitenta jogadores pulando juntos na mesma bola no chão e dando cabeçadas sangrentas no processo, pontos sendo dados nos vestiários, corta-luz do Ben Simmons que deveria ser considerado ATROPELAMENTO DE CAMINHÃO e tudo o mais que BRIGA DE GANGUES tem direito. Não foi nada bonito, nenhum time deslanchou e a verdade é que o Sixers não venceu a partida, o Sixers simplesmente SOBREVIVEU enquanto o Heat, coitado, faleceu.

Talvez nada explique melhor o Sixers nessa série do que a relação do Joel Embiid com sua máscara. Durante esse Jogo 4, Embiid usou a máscara, aí arremessou ela pra fora da quadra, aí pegou de novo, aí usou, aí levantou a máscara, aí abaixou de novo, aí tacou no chão, aí pegou de volta. É uma loucura. Ele não sabe o que está fazendo, ele é uma força da natureza. Embiid não pareceu inserido no esquema tático, acertou apenas 2 dos 11 arremessos que tentou, errou todas as bolas de três pontos mas ainda assim insistiu nelas até somar 4 arremessos, teve 8 desperdícios de bola e virou um buraco negro no ataque. Poréeeem, puniu o Heat por querer entrar no garrafão, somando 5 tocos incluindo esse HOMICÍDIO QUALIFICADO aqui:

Não precisava ter pulado, não precisava dar uma MARRETADA, mas é o que Embiid tem para oferecer. Foi essa agressividade que rendeu pra ele 10 lances livres convertidos, um diferencial enorme num jogo em que os dois times sofreram para conseguir pontuar com qualquer facilidade. Os arremessadores do Sixers, que mataram o Jogo 1, continuaram sendo sufocados pela defesa disciplinada do Heat e foram obrigados a tentar apenas arremessos apressados e desequilibrados. Mas o Heat não conseguiu se aproveitar disso por muito tempo, com o ataque tendo dificuldade de encontrar bandejas e o time parecendo fisicamente levado ao limite. Para piorar, erraram MUITOS lances livres e tiveram muita dificuldade em transformar os 26 desperdícios de bola do Sixers em pontos fáceis. O Sixers, por sua vez, viveu disso: Ben Simmons só conseguiu espaço para jogar puxando contra-ataques, e quanto mais o ataque do Heat perdia a bola, mais o Sixers conseguia dar uma respirada quando o ataque parecia tão sem opção. Simmons fez seu primeiro triple-double na pós temporada, com 17 pontos, 13 rebotes e 10 assistências, mas foi bem marcado na meia quadra – um dos culpados pelos seus 7 desperdícios.

No quarto final, com o Heat já esbaforido, Dwyane Wade assumiu as rédeas para tentar encostar no placar. Infiltrou, engoliu o impacto, acertou seus arremessos longos e colocou o Heat a um ponto do Sixers no minuto final. E aí um jogo marcado pela boa defesa, física e pressionada, em que ninguém conseguiu pontuar direito sem ser em contra-ataques e bolas contestadas, foi decidido justamente por um ERRO DEFENSIVO: Hassan Whiteside não trocou a marcação depois de um corta luz DE CIMENTO do Embiid e JJ Redick sobrou livre para a bola de três pontos que matou a partida, rumo a um apertado 106 a 102.

Jogos assim podem ir para qualquer lado, foram 12 trocas de liderança, 9 empates, e o Heat chegou a abrir 12 pontos de vantagem, liderando o jogo do meio do segundo quarto até o começo do período final. Mas o Sixers parece ter uma vantagem estranha que é essa vontade juvenil, uma certa ignorância das impossibilidades, uma vontade de se impor física e psicologicamente. E, claro, uma capacidade de pontuar no contra-ataque que foi essencial quando as duas defesas forçaram TANTOS erros dos ataques.

Não acho que o Heat está morto, poderiam ter vencido esse jogo se apenas uma ou duas jogadas tivessem tido resultados diferentes, mas por outro lado não sei se o Heat sobrevive a outro jogo MOEDOR DE CARNE desses. Vai ser difícil fisicamente, sabendo que o time não pode errar – e nem perder – voltar para a Philadelphia.


O Utah Jazz usou a mesma estratégia da partida passada, dominando o garrafão e infernizando Steven Adams, para vencer em casa e abrir 2 a 1 na série. Rudy Gobert e Derrick Favors, mais uma vez titulares juntos, somaram 17 rebotes (8 ofensivos) contra míseros DOIS rebotes totais para Adams. Ao todo foram 15 rebotes A MAIS para o Jazz na partida, limitando a 8 pontos uma das maiores armas do Thunder, que são os pontos de segunda chance. Além disso o Jazz foi MORTAL nos contra-ataques, pontuando sempre que possível antes da forte defesa do Thunder se posicionar. Isso porque jogar na meia quadra contra o Thunder tem sido um desastre para o Jazz, com Ricky Rubio sendo forçado a arremessar mil bolas por jogo contra uma defesa super agressiva nas linhas de passe, tentando gerar desperdícios e desafiando o armador do Jazz a pontuar sozinho.

Pois bem: já tínhamos visto Rubio acertar seus arremessos eventualmente durante a temporada regular, embora fosse mais exceção do que norma, e ontem vimos isso acontecer de maneira ESPETACULAR. Rubio foi um monstro nos arremessos, acertando bolas de três pontos (inclusive uma totalmente desequilibrado no estouro do cronômetro), arremessando em movimento na meia distância e punindo o Thunder sem parar por lhe darem espaço.

E aí, quando a defesa se viu obrigada a apertar o Rubio numa tentativa desesperada durante o quarto final, ele fez o que sabe fazer de melhor: encontrou seus companheiros livres, acionando Joe Ingles e Donovan Mitchell no perímetro. Foi uma partida inesquecível para o espanhol, que terminou com 26 pontos, 11 rebotes e 10 assistências, seu primeiro triple-double da carreira e motivo de comemoração MOLHADA ao fim do jogo.

Se os triple-doubles de Westbrook sempre foram o sinal de um time que vive de contra-ataques (já que um armador que pega rebotes já pode acionar mais rapidamente o ataque), Rubio usou da mesma tática para salvar o ataque do Jazz da estagnação e da falta de objetividade em vários momentos do jogo. Com ele agressivo, o Jazz pareceu mais confortável do que em qualquer momento dessa série.

O Thunder, por sua vez, começou agressivo mas não soube lidar com a defesa de garrafão do Jazz. A cada bola que o Westbrook errava perto do aro, o Jazz puxava um contra-ataque fulminante. Quando Patrick Patterson entrou como pivô, para tentar forçar Rudy Gobert para fora do garrafão atraindo ele para a zona morta, Gobert simplesmente continuou no garrafão, em parte desafiando Patterson a arremessar, em parte confiando que ele (ou alguém) seriam capaz de cobrir os arremessos. Patterson até acertou suas duas bolinhas de três, mas foi suficientemente bem pressionado e Gobert continuou protegendo o aro com tranquilidade. Mesmo quando não dá tocos, ele altera arremessos e trajetórias dos jogadores. Justamente por isso os melhores momentos do Thunder na partida, quando o time assumiu a liderança, foram quando os reservas entraram sob comando de Raymond Felton, que acertou 4 bolas de três pontos no jogo, ou quando Paul George assumiu o ataque no começo do terceiro período acertando um par de bolas no perímetro. Mas assim que esses arremessos de longe secaram – e o Jazz passou a acertar seus arremessos de longe – a reação do Thunder morreu e a vantagem do Jazz chegou a 20 pontos no quarto período, vencendo por 115 a 102. Westbrook não tentou um único arremesso no quarto período e Carmelo Anthony arremessou bolas erradas que (reproduzo aqui a melhor piada do dia) fazem o mesmo som de OVOS SENDO LANÇADOS CONTRA UMA PORTA DE GARAGEM:

O Thunder tenta jogar nos moldes daquele Heat que reuniu LeBron, Wade e Bosh: ser uma potência defensiva e se virar no ataque. Acontece que o time já não é tão bom defensivamente assim, especialmente com Andre Roberson fora por lesão, e o ataque é cada vez PIOR em se virar, em improvisar, em inventar uns pontos na base do puro talento. Isso porque o Jazz é, sim, uma potência defensiva e o Thunder tem muito a melhorar na defesa de transição. Se não conseguir ajustar essa defesa e inventar, TIRANDO DA ORELHA, uns pontos fáceis em quarto período, o Thunder não vai ter muito futuro nessa série.


Era pra ser fácil, a série mais desequilibrada desses Playoffs: o melhor ataque, o Rockets, contra uma das piores defesas da NBA, o Wolves. Mas mesmo quando venceu os dois primeiros jogos, o Rockets mostrou certa fragilidade em lidar com a defesa planejada especificamente para eles por Tom Thibodeau e sofreu bem mais do que deveria para ganhar em casa. Em Minessota tivemos a mesma dificuldade, mas dessa vez o ataque do Wolves – aquele que trouxe a equipe até a pós-temporada, afinal de contas – fez sua primeira participação REAL nessa série. Um dos times que menos tenta bolas de três pontos acertou QUINZE delas, mesmo número do Rockets no jogo: foram 4 para Andrew Wiggins (rumo a 20 pontos), 4 para Jimmy Butler (rumo a 28 pontos) e outras 3 para Jeff Teague (rumo a 23 pontos).

Chris Paul mais uma vez manteve o Rockets no jogo e James Harden IMPÔS suas infiltrações na base da marra, jogando sua partida mais física e agressiva dessa série rumo a 29 pontos, e mesmo atrás do placar ainda parecia que o Rockets estava no controle. Foi sempre assim na temporada regular, jogos pareciam apertados até a defesa da equipe de Houston encaixar e gerar 3 ou 4 bolas seguidas de três pontos ou bandejas, matando o jogo de vez. Mas quando o Rockets se preparou para matar, assumindo a liderança no terceiro quarto, o ataque do Wolves ficou ABENÇOADO: Teague acertou seus arremessos, Towns meteu uma bola de três pontos, Wiggins encontrou espaços e do outro lado James Harden e Eric Gordon não acertaram nada. O Wolves entrou no último período vencendo por 10, e quando o Rockets iniciou outra reação, mesma coisa: Teague não errou um único arremesso, frio como uma conta de banco, e Derrick Rose esqueceu que não tem mais joelhos e arremessou sem parar. Num piscar de olhos a vantagem era de 19 pontos e não tinha mais jeito, com a partida terminando 121 a 105.

Que o Rockets está desconfortável na série, tendo problemas para impor seu jogo, todo mundo sabia. Mas pelo jeito faltava apenas o Wolves encaixar seu próprio ataque, que deveria ser o único ponto positivo desse time desde o princípio, para a situação ficar perigosa. O Rockets ainda é muito melhor, mas é um time fora de sua zona de conforto numa situação que, supostamente, deveria ser confortável. Como pode James Harden estar sendo zoado NESSE NÍVEL por Karl-Anthony Towns?

Se o ataque continuar funcionando, o Wolves se mantém vivo na série. Cabe ao Rockets mostrar que consegue impor um caráter de NORMALIDADE a essa série antes que os outros times se liguem no que está acontecendo.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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