Resumo da Rodada 25/4 – LeBron e Westbrook salvam o dia

E mais uma vez o dia foi salvo graças a LeBron James. Num jogo brigado e disputado desde o primeiro minuto, em que os dois times tiveram chances de vitória, o que nos lembraremos será o esforço heroico de LeBron no minuto final que selou a vitória do Cavs em casa e a liderança da série em 3-2.

Desde o começo desse Jogo 5 o plano de LeBron era infiltrar: ele abriu mão dos arremessos longos de 2 pontos que tentou – e acertou com estranha frequência – ao longo da série para se focar quase integralmente em atacar a cesta. Durante a maior parte do primeiro tempo, o ataque do Cavs se resumiu a isso e o Pacers não encontrou nenhum ajuste suficiente sequer para incomodá-lo. No máximo o Pacers tentou marcá-lo de maneira física e agressiva, o que gerou muitas faltas e lances livres – e mais um sem número de jogadas em que os juízes poderiam ter apitado se quisessem, porque houve contato, e que teria condenado a partida do Pacers de vez. Myles Turner, que deveria contestar esses ataques à cesta vindo na cobertura, chegou continuamente atrasado nas infiltrações de LeBron durante todo o jogo e o Cavs se aproveitou disso. Foi só no fim do segundo quarto que o Pacers achou que talvez fosse uma boa ideia dobrar a marcação em LeBron antes das infiltrações só pra, sei lá, VER O QUE ACONTECE.

A partir daí, LeBron foi obrigado a maneirar suas infiltrações e acionar seus companheiros no perímetro. Bolas de três pontos de Kyle Korver e José Calderon foram a salvação do Cavs no terceiro período, por exemplo. Enquanto isso, o Pacers sofreu um bocado com a defesa de meia quadra do Cavs, que continua dobrando a marcação em Victor Oladipo sempre que possível, e só conseguiu algum espaço para respirar nos contra-ataques. Por sorte o Cavs continuou, como sempre, desperdiçando muitas bolas que o Pacers usou para acelerar o jogo. Só no segundo quarto o Cavs teve 5 desperdícios de bola que viraram contra-ataques fulminantes – contra nenhum desperdício por parte do Pacers. Oladipo tentou manter um papel mais secundário, jogando sem a bola nas mãos, evitando ter que dar passes agressivos e sob pressão nas dobras de marcação, o que deu certo no primeiro tempo.

Mas no terceiro quarto o Pacers não conseguia produzir NADA ofensivamente. Foi o melhor quarto defensivo desse Cavs na pós-temporada e o Pacers entrou em pânico, desperdiçando SEIS bolas com faltas de ataque, passes tortos e gente pisando fora da quadra. O time acertou 5 dos 16 arremessos que tentou no período, um desastre. O Cavs não foi muito melhor – acertou 7 em 20 tentativas – mas as bolas de 3 pontos que caíram foram suficientes para tomar a liderança.

No período final, Oladipo simplesmente DESISTIU de tentar arremessar ou infiltrar contra a dobra de marcação do Cavs, mas também não fugiu para a zona morta. Tomou a bola nas mãos e, frente à defesa dupla do Cavs, acionou Domantas Sabonis no pick-and-roll. O Cavs passou, então, a dobrar em Oladipo ANTES de qualquer corta-luz, mas o armador do Pacers manteve o mesmo plano: deu passes arriscados porém precisos para Sabonis, sempre livre na cabeça do garrafão. Foi com os pontos de Sabonis (que somou 22 na partida) que o Pacers empatou o jogo a um minuto do final.

O Cavs tinha a posse de bola decisiva para retomar a liderança, mas aí LeBron fez uma LAMBANÇA, batendo sem querer numa bola perdida que saiu pela linha de fundo e dando para o Pacers a chance de roubar a vitória numa bola final. LeBron somava outra vez mais de 40 minutos, tinha cobrado 15 lances livres tomando porrada desde o princípio, mantido o ataque do Cavs vivo na marra com 41 pontos, 10 rebotes e 8 assistências, e corria o risco de um erro bobo, um desperdício de bola ridículo, deslegitimar todo seu esforço até ali.

Com o Pacers no ataque, foi a hora de se redimir. Victor Oladipo com a bola nas mãos, LeBron mandou o Cavs interromper o plano de dobrar a marcação – já que os passes para Sabonis estavam acabando com o jogo – e foi ele próprio marcar Oladipo INDIVIDUALMENTE. Todas as vezes em que isso aconteceu na série, Oladipo infiltrou mesmo assim – tomou alguns tocos, mas acertou muito mais bandejas. Ele não tem medo nenhum, chega a ser até engraçado. Mais uma vez, Oladipo infiltrou, deixou LeBron pra trás e tentou a bandeja – apenas para ser cravado na tabela pelo toco de LeBron James.

Com o jogo empatado e a posse de bola do Cavs a 3 segundos do fim, LeBron James terminou sua redenção com uma bola de três pontos em movimento no estouro do cronômetro para decretar a vitória, pular na galera e depois SUBIR NA MESA no melhor estilo Kevin Garnett:

Foi só quando a EUFORIA do momento mágico passou que o mundo percebeu que o toco de LeBron foi, na verdade, uma violação – nenhum defensor pode tocar na bola depois que ela já tocou na tabela, de modo que a cesta de Oladipo deveria ter valido. Engraçado que na hora só o próprio Oladipo percebeu, nem o resto do Pacers chegou a reclamar dada a velocidade e a FORÇA do lance:

É uma porcaria que esse detalhe manche o desfecho espetacular – embora a bola de três pontos de Lebron fosse ganhar o jogo de qualquer maneira, a defesa do Pacers poderia ter optado por uma falta antes do arremesso, por exemplo, caso a cesta de Oladipo tivesse contado – mas o lance era difícil para a arbitragem e a bola de três pontos de LeBron é muito, muito, muito mais interessante (como momento e como HISTÓRIA) do que um erro de apito que, infelizmente, sempre vai acontecer. Foi um momento épico, mais um daqueles que vão compor o legado de LeBron James. Foram 44 pontos num jogo essencial, um atestado de que qualquer time com LeBron em quadra não será jamais eliminado facilmente numa primeira rodada dos Playoffs. Ao Pacers resta engolir a derrota, esquecer o toco indevido, e ter um jogo em que eles não ENTREM EM PÂNICO no terceiro quarto novamente.


A rodada de ontem não teve apenas esse heroísmo não: Russell Westbrook, malignizado por todo ser humano do planeta durante essa série contra o Jazz, resolveu parar de FEDER no meio do Jogo 5 e prolongar sua estadia na pós-temporada por pelo menos mais um jogo.

Desde o começo o Thunder parecia, apesar de estar jogando em casa, ter perdido o duelo psicológico. A primeira posse de bola já foi um toco desmoralizante em Paul George, só pra mostrar que o plano do Thunder de atacar a cesta e jogar de maneira agressiva apenas o jogaria para dentro da boca do leão. Russell Westbrook tentou continuar infiltrando apesar dos pesares, mas nas raras vezes em que não sofria forte marcação acabava errando bandejas fáceis. Enquanto isso, o Jazz parecia tão confiante que até o FALECIDO Jae Crowder começou a acertar bolas de três pontos e, enfim, não abrir mão das tentativas de arremesso de que ele tem fugido desde que saiu do Celtics. Foram 4 bolas de três pontos convertidas para Crowder em 5 tentativas só no PRIMEIRO QUARTO, fora outras 3 bolas de três de Joe Ingles. Tudo parecia estar funcionando no perímetro do Jazz enquanto o Thunder se preocupava em parar Ricky Rubio e as infiltrações.

No segundo quarto essa insistência em passar a bola no perímetro começou a fazer o Jazz perder a bola – foram 5 desperdícios no período – mas o Thunder não conseguiu transformar isso em pontos porque teve um dos piores quartos ofensivos dessa temporada: foram 6 arremessos certos em 23 tentativas, míseros 12 pontos no período. Westbrook insistiu em infiltrar para tentar cavar faltas de Rudy Gobert ou então parar na frente do pivô para tentar arremessos de média ou longa distância, tudo uma tijolada mais horrível do que a outra. O Jazz perdia a bola sem parar e mesmo assim acabou o primeiro tempo vencendo por 15 pontos.

No terceiro quarto, mais do mesmo: Westbrook agressivo errando infiltrações e passes forçados, tomando tocos e perdendo a bola. A única coisa salvando o Thunder eram os eventuais lances livres, enquanto do outro lado Jae Crowder continuava confiante: quando ele converteu outras duas bolas de três pontos seguidas, a liderança chegou em VINTE E CINCO PONTOS e a torcida do Thunder, ainda que modestamente, começou a VAIAR o time. Dá pra imaginar isso? Uma torcida vaiando um time em casa num jogo eliminatório dos Playoffs porque nada dá certo?

Foi a partir desse momento no terceiro período que Russell Westbrook enlouqueceu. Meteu duas bolas de três pontos NADA A VER em sequência, tirou Rudy Gobert forçando o pivô a cometer a sua quinta falta, e a partir daí Paul George passou a ter espaço para infiltrar. Westbrook virou uma máquina do perímetro, acertando 4 bolas de três pontos no período rumo a 20 pontos e Paul George somou 12 pontos só em infiltrações. Só os dois acertaram qualquer arremesso pelo Thunder no quarto, mas foi suficiente para, ao fim do período, o jogo estar EMPATADO. Voltaram para os 12 minutos na mesma pegada: quando Rudy Gobert retornou à quadra, Westbrook voltou a dar aqueles arremessos de média distância na cara dele e CONVERTEU TODOS. Paul George passou a fazer a mesma coisa, usando o corta-luz e recuando de Gobert para arremessos longos, tipo isso aqui:

Só na segunda metade do jogo foram 21 pontos para o Paul George (que terminou o jogo com 34 pontos) e mais 33 pontos para Westbrook (que terminou o jogo com 45). Ninguém mais no elenco fez mais do que 4 pontinhos no segundo tempo, foi um show da dupla, especialmente de Westbrook. O mais bizarro é que o time não mudou taticamente, não tentou arremessos diferentes, não executou melhor as jogadas. Não, nada. A única diferença é que os dois ACERTARAM OS ARREMESSOS na base do mais puro talento. Entre os arremessos do Westbrook tem alguns absurdos e uma quantidade enorme de bolas na meia distância, aquelas que ele tem errado sistematicamente a série inteira:

Foi com os dois que a desvantagem de 25 pontos no meio do terceiro quarto virou uma vantagem de 8 pontos no meio do quarto período, com o Jazz totalmente sem resposta, perdendo demais a bola e sentindo falta dos arremessos de Ricky Rubio. Era disso que o mundo inteiro falava quando Westbrook e Paul George se reuniram: se os dois tem partidas incríveis, e essas partidas calharem de acontecer AO MESMO TEMPO, é difícil imaginar alguém que possa pará-los. O Thunder está com as costas contra a parede, basta uma derrota para ser eliminado, mas agora sabe que qualquer vitória é possível – se acontecer antes da torcida estar vaiando, melhor ainda.


Enquanto isso, sem muito heroísmo, o Raptors retomou a liderança na série ao vencer o Jogo 5 contra o Wizards. Com a equipe de Washington marcando DeMar DeRozan individualmente, sem dobra de marcação, o plano do Raptors foi puni-los: jogaram com o máximo de velocidade que conseguiram, puxando contra-ataques e deixando o armador atacar a cesta no mano-a-mano. DeRozan terminou o jogo com 32 pontos, 13 deles apenas no primeiro quarto. Na defesa, John Wall foi bastante incomodado por OG Anunoby, pressionando bastante na meia quadra, mas continuou achando espaço para arremessos de média distância, jogando com velocidade e insistindo, pela primeira vez na série, em acionar Marcin Gortat debaixo do aro. Gortat, no entanto, abriu mão de muitas potenciais bandejas para devolver a bola ao perímetro, tentando alimentar as bolas de três pontos que o Wizards tem sofrido para conseguir na série. Se a estratégia às vezes até funcionou, no geral o Wizards quando tenta girar a bola rapidamente em busca de bolas de três pontos acaba apenas dando mais chances para que a forte defesa do Raptors roube mais bolas. Delon Wright foi um monstro defensivo para o Raptors, interceptando linhas de passe, perseguindo arremessadores e forçando os passes do Wizards, mesmo quando chegavam ao alvo, a virem tortos, apressados.

Wright também contribuiu no ataque: com o time vencendo por apenas um pontinho, arremessou e converteu uma bola de três com confiança, finalizou um contra-ataque, contestou arremessos longos de dois e três pontos do Wizards e, de repente, a vantagem do seu time já era de 10 pontos. Ainda que o banco do Wizards tenha jogado muito bem (Kelly Oubrey Jr. foi agressivo atacando a cesta, Mike Scott é uma das raras opções de arremesso no garrafão e Ty Lawson deu uma folguinha para Bradley Beal), os reservas do Raptors continuam sendo um diferencial: quando jogadores como Delon Wright tentam e convertem bolas decisivas, CJ Miles fica com os titulares no final dos jogos e até Jakob Poeltl faz jogadas tão inteligentes que fariam o Thunder inteiro corar de vergonha, é mais fácil para o Raptors manter a compostura. Ninguém acha que o time vai desintegrar só porque alguém foi tomar uma água e o adversário precisa estar focado na defesa a partida inteira, sem exceção. Uma hora, pouco a pouco, isso dá resultado: o Raptors só deslanchou mesmo na segunda metade do último quarto, quando o time estava mantendo a mesma constância e o Wizards parecia morto, com John Wall tendo jogado 43 minutos e não ter sentado UM SEGUNDO SEQUER no segundo tempo (e ele só não jogou mais minutos porque cometeu faltas demais na primeira metade).

O jogo até foi disputado, mas enquanto o Wizards oscilou muito o Raptors conseguiu manter sempre o mesmo plano de jogo, e poderia ter vencido por mais do que os 10 pontos (108 a 98) se não tivesse errado tantas bolas fáceis que teve oportunidade de arremessar na partida. O Wizards é sempre uma caixinha de surpresas, mas o Raptors parece definitivamente o melhor e mais CONTROLADO time, algo que nunca imaginei falar em voz alta na vida.


Pra finalizar tivemos o Rockets enfim eliminando o Wolves e partindo para a próxima fase. Pra variar, o jogo teve mais uma vez sua eventual dose de sustos para o Rockets: Jeff Teague começou o jogo destruindo nas bolas de três pontos e o Wolves, jogando com mais velocidade do que nos outros jogos, finalmente pareceu uma potência ofensiva. Parecia até que o Wolves estava imitando o antigo Suns do técnico Mike D’Antoni, tentando finalizar todas as posses de bola antes de 7 segundos passados no cronômetro. Deu resultado e o Wolves chegou a liderar o jogo por 10 pontos, indo à frente para os vestiários no intervalo. Derrick Rose, mesmo sem joelhos, adorou jogar na correria e Karl-Anthony Towns, mesmo sendo ANULADO pela defesa de James Harden no garrafão, começou a dar passes de costa para a cesta para outros companheiros infiltrando em velocidade.

O ataque do Rockets, por outro lado, demorou de novo para engrenar. Taj Gibson é um GÊNIO marcando o perímetro em todas as trocas de marcação e o Rockets não sabe até agora como inventar bandejas contra a defesa recuada do Wolves. O jeito foi manter o ataque vivo, assim como no início da série, com Clint Capela: ele recebeu pontes-aéreas quando Harden tinha que desistir das infiltrações e passou a finalizar o pick-and-roll em velocidade, no meio do tráfego.

No terceiro quarto a defesa do Rockets voltou bem mais forte liderada por PJ Tucker, James Harden acertou 3 bolas de três pontos, Chris Paul passou a MATAR o Wolves com suas bolas de média distância – aquelas que o Wolves dá de graça e de bom grado para o adversário por medo de tomar bandejas – e o time da casa já retomou o controle. Desesperados com Chris Paul, o Wolves abriu ainda mais espaço para Capela, que foi o cestinha do time com 26 pontos. Mesmo com Harden limitado pelo plano de jogo adversário, o Rockets mais uma vez encontrou outras maneiras de pontuar.

Pode não ter sido bonito, não foi a atuação de gala nem o atropelamento de trem com que o Rockets sonhava, mas foi suficiente para matar o Jogo 5 sem muito sufoco no final e agora esperar o vencedor de Jazz e Thunder.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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