>Uma boa piada

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Sem Baron Davis e Elton Brand, o técnico Don Nelson aposta em seu cachorro para correr muito e não defender nada

Algumas coisas são infalíveis como causadores de risada. Tombos, por exemplo, são tiro e queda: quem consegue não rir com esse capote flagrado pelo Globocop?

Tem gente que também não resiste a uma tortada na cara, a uma imitação de Silvio Santos ou à mulher do sanduíche-iche. Mas poucas coisas me fizeram rir tanto nos últimos tempos quanto a nova contratação do Golden State Warriors: senhoras e senhores, num contrato de 17 milhões por 4 anos, o felizardo é Ronny Turiaf.

Não estou dizendo que o francês é ruim (embora ele seja, claro), mas se ele merece um contrato de 17 milhões, então eu mereço 20. A situação no Warriors parece cada vez mais digna de pena: perderam Baron Davis, o armador fundamental para o estilo “corra pela sua vida” do técnico Don Nelson. Sedentos por vingança, ofereceram uma fortuna para o ala Elton Brand, que deu um jeito de fugir para a Philadelphia. Se voltaram então para Josh Smith, que pode continuar no Hawks ou ir para o Clippers, ignorando o time de Golden State. A solução foi arrumar então uns prêmios de consolação: Corey Maggette, que é um quebra-galho razoável, e Ronny Turiaf, uma cagada absurda. Levar o Turiaf como prêmio de consolação é como gastar 10 reais para brincar na barraca das argolas na festa junina e ganhar um pote de azeitonas. Que diabo de criança iria querer ganhar azeitonas? Que diabo de time iria querer pagar mais de 4 milhões por ano pelo Turiaf?

Um cara que pega rebotes que caem em seu metro quadrado, que se esforça loucamente em quadra e que até desenvolveu recentemente um arremesso de curta distância bastante razoável (mas de modo algum confiável). Tenta compensar a falta de talento com movimentação, intensidade e dedicação pelo esporte. Todo time precisa de um cara assim para ser o décimo homem do banco, aquele cara que parece o coelho da Duracell, um cara que bata cabeças contra a parede para intimidar o time adversário naqueles dois minutos finais dos jogos que não valem mais nada porque já estão ganhos (ou perdidos, dependendo do time). Sinceramente, sequer acho o Turiaf bom o bastante para esse papel. Falta nele a própria capacidade física de ser mais um produto da máquina de fazer Jason Maxiells, aquele jogador capaz de mudar uma partida e salvar o time nas horas mais importantes. Mas, mesmo que o Turiaf fosse tudo isso, simplesmente não faria um puto de um sentido o Warriors estar atrás de um jogador desses. O time já é lendário pelo grau de intensidade de seus jogadores, os jogadores de garrafão ficam esquecidos no banco de reservas em nome do estilo nanico-porém-veloz de Don Nelson e defender lá é coisa de boiola. Onde diabos o Turiaf se encaixa nessa filosofia? O que ele pode fazer em quadra que jogadores como Al Harrington, Brandan Wright, Patrick O’Bryant e Matt Barnes não podem e que, por isso, foram caindo cada vez mais na preferência de Don Nelson até o desaparecimento? Olhar para o elenco do Warriors e imaginar que Turiaf tenha algo – qualquer coisa – a acrescentar além de um sotaque francês é simplesmente loucura.

Talvez o Warriors tenha um fetiche por ter sempre um jogador francês no elenco – possivelmente imaginando que essa é a grande arma secreta que levou o Spurs a tantos títulos – e, ao perder o francês Mickael Pietrus para o Magic, foram atrás do Turiaf para o lugar de seu compatriota. Qualquer outra explicação certamente será ainda mais ridícula do que essa.

O salário de Turiaf parece ainda mais absurdo quando comparado com o novo reforço do Nets, o mexicano Eduardo Najera. Foram 12 milhões por 4 anos, ou seja, 5 milhões a menos do que o contrato do Turiaf. Pessoalmente, acho o mexicano bem melhor do que o francês (diz a lenda que o Najera era um grande talento ofensivo nos seus tempos de faculdade, quando os dinossauros caminhavam sobre a Terra) e, mesmo assim, o salário de 12 milhões já é alto demais para alguém que só traz um pouco de energia do banco. Mas o Najera, pelo menos, sabe arremessar umas bolas de 3 pontos e deve entender referências às piadas do Chaves, o que é sempre um excelente bônus. Eu pensaria duas vezes antes de assinar um jogador que não entendesse alguma piada minha sobre sucos de tamarindo, por exemplo.

Enquanto isso, meu Houston resolveu não gastar trocentos milhões num cara grande e sem talento. Ao invés disso, trouxe Brent Barry para a equipe. Além do prazer de roubar um jogador do Spurs (ah, sabor tão doce!), Barry sabe arremessar de trás da linha de 3 pontos, o que é uma aberração hoje em dia em Houston. Além disso, tem experiência jogando de armador principal. Nos seus tempos no falecido Supersonics (que triste falar isso!), armava o jogo muito bem, com médias de mais de 5 assistências por partida. Por mim, podia ser titular imediatamente e o Rafer Alston podia lavar pratos, mas como ele tem uns 82 anos de idade, o posto de reserva vai cair melhor. Ainda assim, uma ótima aquisição. Nada como contratar um jogador que se encaixa nas necessidades da equipe, não é mesmo, Warriors?

O Lakers pode até ser o melhor time a Conferência, o campeão do Oeste, ter o melhor jogador do planeta, essas coisinhas assim sem importância. Mas vai se tornar o time mais imbecil e motivo de piada de toda a NBA se optar por manter Ronny Turiaf na equipe. Sim, porque o Lakers tem o direito de igualar a oferta recebida por seu jogador, de modo a mantê-lo no time. Mas por 17 milhões, se o time de Los Angeles tiver um mínimo de cérebro, vai gargalhar loucamente da oferta recebida francês, tirar um sarro do Warriors e ir gastar dinheiro em coisas mais importantes. Balas de goma, por exemplo.

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