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Zach Randolph, especialista em tornar times ridículos

Ainda não consegui me decidir, graças à quantidade de bizarrices, qual foi o momento mais ridículo do meu fim de semana. A competição é acirrada e, como “ridículo” tem tudo a ver com o Bola Presa, decidi compartilhar com vocês os principais candidatos:

1) Oklahoma City escolhe o nome “Thunder”:

Não sei nem por onde começar. Já acho ridículo o suficente eles enfiarem o “City” no nome do time, no maior estilo “Taça Cidade de São Paulo”, que é brega pra burro. Pessoalmente, vou torcer para o time não feder demais nem feder de menos, ficar bem naquele meio-termo que torna o time praticamente invisível, para eu nunca ter que digitar “Oklahoma City” no Bola Presa: dá trabalho demais e, convenhamos, é bastante idiota. Também estou cogitando chamar o time de Seattle Sonics, como se nada tivesse acontecido, em todas as vezes que tiver que falar do Kevin Durant.

E tudo isso sem contar que o novo nome da franquia, recém-anunciado, é Thunder. Parece apelido de porteiro de boate, cachorro de lutador de jiu-jitsu, ou nome de bonequinho dos Comandos em Ação. Eu não conseguiria pensar em um nome mais imbecil e genérico para um time da NBA nem se tentasse. Talvez “Warriors”, mas isso não vem ao caso. Fora que o nome no singular, sem o “s” no final (como Lakers, Wolves, Clippers), parece erro de digitação.

Acho que a minha decepção é ainda maior por ter visto os nomes sensacionais que o Sbub sugeriu em seu blog. Com nomes como “Building Exploders” e “Franchise Stealers” ainda disponíveis, quem foi o débil mental que preferiu “Thunder”? Ah, foi uma votação pública através da internet? Então a cidade de Oklahoma merece essa merda de nome. O pior de tudo é que o nome que ficou em segundo lugar era Outlaws (“Foras-da-lei”), algo muito mais adequado – e irônico – para uma cidade que acabou de assaltar a franquia que antes pertencia a Seattle. Esta aí a maior prova de que o mundo não tem senso de humor.

2) Jerryd Bayless eleito o melhor calouro de Las Vegas:

Simplesmente não dá para acreditar no que o Portland Trailblazers faz nas noites de draft, é ridículo, simplesmente ridículo. Desde que fizeram a cagada de trocar o Deron Williams pelo Martell Webster em 2005, tudo que o Blazers fez foi dar um show de competência e reformular por completo uma equipe que vai virar modelo de gestão para as gerações futuras. Vamos recapitular: em 2006, o time de Portland trocou o primo-do-Marbury, Sebastian Telfair, pelo calouro Randy Foye. Aí, trocou o Foye pelo também calouro Brandon Roy, atual All-Star e estrela do time. Além disso, trocaram sua escolha de draft (o homem que só enterra, Tyrus Thomas) pelo LaMarcus Aldrigde, que chutou uns traseiros na temporada passada. E, pra finalizar o espetáculo, o Blazers comprou a escolha do Suns, a vigésima sétima, que resultou no excelente armador Sergio Rodriguez, atual esquentador de banco mas que teria lugar garantido num bom punhado de equipes por aí.

Em 2007, a brincadeira continuou. Além da primeira escolha do draft, Greg Oden, o Blazers trocou o câncer-humano Zach Randolph (que tornava o time ridículo, mas num sentido ruim, ao invés do “ridículo-bom” de agora) por espaço salarial e o outrora “intocável” Channing Frye. Depois, comprou de novo a escolha do Suns (dessa vez a vigésima quarta) que resultou em Rudy Fernandez, estrela na Europa que virá reforçar o Blazers nessa temporada. Tudo isso fora as quatro escolhas de segunda rodada de draft que o time possuía, que após algumas trocas se tornaram Josh McRoberts e Petteri Koponen, duas boas promessas que nunca nem precisaram entrar em quadra.

Já em 2008, o Blazers trocou sua escolha do draft, Brandon Rush, pelo novato do Pacers, Jarryd Bayless. Também comprou uma escolha de draft, dessa vez a vigésima sétima, pertencente ao Hornets, e transformou-a junto com suas escolhas de segunda rodada na promessa francesa Nicolas Batum, além de mais duas escolhas de segunda rodada no ano que vem.

Sabe porque isso é tão ridículo? Porque Jaryd Bayless acabou de ser eleito o melhor novato da Summer League de Las Vegas, com a absurda média de 22.7 pontos por jogo. Um time que surpreendeu todo mundo na temporada passada, chutando traseiros, terá para a próxima três novatos de altíssimo nível: Bayless, sensação de Las Vegas; Greg Oden, o pivô do futuro; e Rudy Fernandez, o experiente talento da Euroliga. Fora os novatos, todo o restante do time tem 3 anos de experiência na NBA ou menos – as únicas exceções são Steve Blake e Travis Outlaw, com 5 anos cada, e os pivôs Przybilla e LaFrentz, que estão prestes a ir embora e liberar teto salarial para a equipe. Como pode haver uma equipe tão jovem, completa e profunda? Como pode um time tão ruim conseguir um elenco desses através de um silencioso processo de renovação? Isso, crianças, é simplesmente ridículo. Mas um ridículo-bom. Ao contrário do candidato a seguir.

3) Entrevista do Grego:

Foi o próprio Vitor Sergio que nos avisou de sua entrevista com o famigerado vilão épico do basquete nacional, o Grego. Para o nosso amado dirigente, quem critica não entende nada de basquete, o que é sempre uma tática interessante de defesa: chame todas as pessoas que gostam de basquete de “desinformadas e incapazes” e assim você se mantém no posto de único competente do assunto. Um posto um pouco esquizofrênico, mas ainda assim, um posto. Pessoalmente, um dos momentos mais ridículos dessa entrevista, para mim, é quanto o Grego faz um apelo para que o “ego” dentro do esporte seja deixado de lado. Com isso, ele obviamente quer dizer que os clubes de basquete no Brasil devem parar de ter voz própria (zelar pelos próprios interesses é “ego”, sabe como é) e abaixar a cabeça para sua ditadura tirana.

O quadro se torna ainda mais aterrador quando ele dá a entender que tudo caminha para a sua reeleição, ou seja, o homem que ainda não viu o Brasil chegar a uma Olimpíada vai ter mais quinhentos anos para continuar tentando. Enquanto isso, ele coloca a culpa nos “jogadores que não vieram”, aqueles caras da NBA com os quais ele não tem nenhum contato, nenhum acompanhamento, nenhuma relação com suas equipes, e lembrando que ele sujou nosso nome lá fora depois do fiasco dos seguros não pagos com o basquete feminino. A culpa da falta de preparo técnico é de nossos treinadores, sem vontade de aprender, quando um real intercâmbio para incluir o basquete brasileiro no modo de se jogar lá fora só ocorreu quando a água tava no pescoço. A culpa também é dos times, que tornam o campeonato nacional frágil e dividido, sendo que a CBB não cria condições para que os times se sustentem, decidam o que é mais adequado para eles financeiramente. Fora que o Grego não pensa em marketing – não há planos ou projetos que tornem o basquete minimamente interessante para o público nacional. Tivemos um mundial de basquete feminino com ginásios vazios e nenhuma ação foi tomada para popularizar o evento, nem que fosse para tornar o acesso gratuito. Eu e o Denis parecíamos altistas por lá, completamente sozinhos.

É amadorismo em todas as áreas, às vezes até parece que quem manda no negócio é o Isiah Thomas. Seria ridículo, mas eu não sei de nada, afinal sou só um blogueiro. Quem manja do bagulho é o Grego: os resultados estão aí para provar. O basquete feminino que me perdoe, mas eu às vezes chego a torcer sem querer contra elas, apenas para que o Grego não possa mais se defender atrás de seus resultados – fruto de talento e suor, não de apoio ou organização. A palavra certa para a situação é “ridícula”. Mas também pode ser “comum”, “natural”, “manjada”. Estamos reclamando a muito tempo. E pelo jeito vamos ter muito tempo a mais para reclamar.

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