atualizado em 10 de Novembro
A temporada 2019-20 vai ser para sempre conhecida como a temporada mais longa da história da NBA. Agora que ela acabou com o Los Angeles Lakers campeão na Bolha da Disney, voltamos nossos olhos para a temporada 2020-21, que já começa como a temporada das incertezas: não sabemos quando começa, quando termina se o Toronto Raptors vai poder jogar mesmo no Canadá ou se teremos torcida nos ginásios. Ficamos sem saber de coisas práticas na construção dos times, como o valor exato do teto salarial ou mesmo a data em que trocas e novos contratos poderão ser assinados. Quantas SEMANAS os times terão para se remontar, treinar e iniciar o novo campeonato? Sem ideia.
No meio dessa confusão temos muitas questões bem mais interessantes a serem respondidas: quem são os principais nomes disponíveis no mercado? Que jogadores podem assinar extensões? Quais times possuem mais espaço na folha salarial? Que jogadores estão mais próximos de serem trocados? Quem deve se mexer mais na noite do Draft 2020? Vamos nos preparar.
AS DATAS – QUANDO VAI COMEÇAR A TEMPORADA?
A primeira coisa confirmada foi o Draft. A seleção dos novatos da próxima temporada acontecerá no dia 18 de Novembro. Se você quiser saber a ordem das escolhas, essa página da NBA.com pode te ajudar. Falaremos sobre a pirralhada nas próximas semanas!
Só ontem, no dia 9 de novembro, que a NBA finalmente divulgou oficialmente as datas-chave do calendário da liga e o dia do retorno: a temporada 2020-21 começará em 22 de Dezembro, fazendo desta offseason a MAIS CURTA da história da liga com 71 dias entre o último jogo da Final e o primeiro do campeonato seguinte. O dia foi escolhido para a liga conseguir colocar no ar sua famosa e concorrida Rodada de Natal, que rendeu três das dez maiores audiências da última temporada. Essa seria uma pressão das redes de TV, que pagam bilhões pelos direitos de transmissão e querem recuperar logo a audiência e a grana perdida com a paralisação da pandemia. Antes disso a pressão era dos donos dos times, que queriam atrasar o início da temporada o máximo possível para esperar alguma solução que permitisse a entrada de torcedores nos ginásios. O risco era esperar até Fevereiro ou Março e mesmo assim não resolver o problema, então o mais provável é agradar as TVs mesmo.
Os jogadores pressionaram para um início no Dia de Martin Luther King, 18 de Janeiro, ganhando tempo de descanso, preparo e, claro, férias. O problema aqui, porém, foi o bom e velho dinheiro: a NBA convenceu os jogadores de que muito dinheiro seria perdido com esse mês extra sem basquete e que o corte nos salários poderia ser pesado. Alguns jogadores, em especial LeBron James, eram contra o retorno apressado, mas eles foram voto vencido. Não só a maioria da galera não queria arriscar perder grana como vários estão sem jogar há muitos meses. A NBA ajudou na decisão com um acordo que minimizava as perdas dos atletas no curto prazo em troca das férias mais curtas.
O ano da NBA vai acabar em meados de Julho, um mês depois do que acabaria numa temporada normal. É um mês a mais de jogos para compensar dois meses de atraso no início, tempo compensado por uma temporada de 72 jogos, dez a menos que o padrão. O que não se sabe ainda é COMO serão distribuídos esses jogos: mais partidas entre times da mesma divisão e menos contra os de outra conferência para evitar viagens e exposição à Covid-19? Sem resposta ainda. O importante para a liga no caso foi garantir o maior número de datas de jogos possível e um final antes da Olimpíada de Tóquio, que seria uma concorrência incômoda no período de Playoffs caso a temporada tivesse que se estender até Agosto.
O período de contratação de Free Agents começa no dia 20 de Novembro, apenas DOIS DIAS depois do Draft. Dá pra imaginar o tanto de hora extra que a galera que trabalha nas diretorias dos times vai receber? Essas são as datas importantes
18 de Novembro – Draft dos Novatos
20 de Novembro – Free Agents (jogadores sem contrato) podem negociar com os times
22 de Novembro – Contratos podem ser assinados
1 de Dezembro – Início do Training Camp dos times
22 de Dezembro – Início da Temporada 2020-21
O que falta ser divulgado é a data em que jogadores podem exercer as Player Options, que é a opção de um atleta seguir mais um ano em seu contrato atual ou virar um Free Agent, alguém livre para assinar com quem quiser. Também não foi dito oficialmente em que dia os times poderão voltar a fazer TROCAS, mas o especulado pela imprensa americana é que isso ocorra no dia 16 de Novembro, dois dias antes do Draft.
QUAIS TIMES TÊM DINHEIRO PRA GASTAR EM NOVOS JOGADORES?
A NBA passou por cima das perdas de dinheiro causadas pela crise chinesa e pela pandemia e decidiu manter o teto em 109 milhões de dólares. O mesmo aconteceu com o luxury tax, o “teto acima do teto” que define se um time pagará multas e se terá restrições para fazer contratações, que segue em 132 milhões apesar da pressão de vários times para que ele fosse levado a 139 milhões. O argumento era que todo o planejamento foi feito contando com esse aumento e que o mercado ficará engessado sem isso. A liga não se sensibilizou com o papo, mas deu uma ajuda: times que pagam multas por ultrapassar o teto salarial terão descontos proporcionais à queda do BRI (Basketball-Related Income), número que computa tudo o que a liga fatura numa temporada. A NBA, portanto, não está facilitando contratações, mas está poupando times gastões de um prejuízo enorme.
Considerando o teto salarial em 109 milhões e fazendo previsões sobre decisões que os times e os jogadores ainda têm tempo para tomar, como opções para ficar mais um ano no contrato e acordos não-garantidos, o esperado é que esses sejam os líderes em espaço para assinar novos jogadores:
Atlanta Hawks – 49 milhões
New York Knicks – 48 milhões
Detroit Pistons – 37 milhões
Sacramento Kings – 30 milhões
New Orleans Pelicans – 29 milhões
Charlotte Hornets – 28 milhões
Miami Heat – 24 milhões
Phoenix Suns – 20 milhões
A lista é dominada por times que não foram para os Playoffs da última temporada (ou últimaS temporadaS, no plural), com exceção do finalista Miami Heat, que precisa decidir se renova com Goran Dragic e Jae Crowder ao mesmo tempo que mantém a flexibilidade para a próxima offseason, onde o time não esconde de ninguém que mira Giannis Antetokounmpo. Não deve ser uma equipe que vai gastar demais agora.
O excesso de times fracos cria um cenário interessante: jogadores deverão escolher entre quem dá mais chance de ir longe nos Playoffs ou ofertas potencialmente mais lucrativas de times que estão lá embaixo. Será que alguns deles, talvez o Atlanta Hawks, pareça promissor o bastante? Há também decisões a serem tomadas por esses times: gastar boa parte desse dinheiro agora com jogadores disponíveis como fez o New York Knicks há um ano, depois conseguindo até trocar Marcus Morris no meio da temporada, ou dar uma de Memphis Grizzlies e ficar a espera de alguma troca onde precisam de um time com muito espaço salarial para receber um contrato? Nessa brincadeira eles absorveram Andre Iguodala quando o Golden State Warriors precisava desovar um contrato e receberam uma compensação por isso, depois receberam mais um brinde ao enviar o ala para o Heat. Ou seja, não é porque todos esses times têm essa grana toda para gastar que são obrigados a fazer isso, mas são os que possuem mais chance de brigar pelos nomes mais importantes dentre os que estão sem contrato.
Já os times que estão ACIMA DO TETO SALARIAL só podem contratar jogadores novos usando as chamadas “exceções“, que são artifícios criados pela NBA para que mesmo que um time que gasta muito possa mexer no seu elenco. Com um mid-level exception, por exemplo, uma equipe pode pagar cerca de 10 milhões por ano a um Free Agent em uma de suas versões.
QUAIS TIMES DEVEM FAZER MAIS MUDANÇAS PARA A PRÓXIMA TEMPORADA?
Entre os favoritos, o Milwaukee Bucks é o time com mais chance de mudar seu elenco. Após dois anos de derrotas frustrantes nos Playoffs, o modo desespero parece estar batendo na porta. O sonho de consumo deve ser Chris Paul, um armador veterano para substituir Eric Bledsoe e dar mais versatilidade e criatividade ao ataque de meia quadra do time, muito bom na temporada regular mas que parece que vai ficando mais previsível na pós-temporada. Falta combinar com o OKC Thunder, claro.
O time atual de Chris Paul é outro candidatíssimo a se mexer: após não renovar com Billy Donovan, está claro que a ideia é aproveitar a enxurrada de escolhas de Draft recebidas nas trocas de Russell Westbrook e Paul George e investir no futuro. Não haveria lugar para CP3 nessa brincadeira, portanto. Mas que tipo de negócio aceitar pelo armador? Miami Heat, Phoenix Suns, New York Knicks, LA Lakers e LA Clippers já foram envolvidos em rumores de troca pelo armador, algumas mais plausíveis, outras nem tanto.
O campeão LA Lakers não precisa se mexer, mas pode ser obrigado. Do núcleo principal da equipe, Kentavious Caldwell-Pope, Rajon Rondo, JaVale McGee, Dwight Howard e Avery Bradley podem ser Free Agents se quiserem. É possível renovar com todos, mas a brincadeira pode sair cara. Há também a chance do time buscar um upgrade: a combinação de Danny Green em último ano de contrato, Kyle Kuzma e a Escolha 28 do Draft são as armas para tentar convencer algum time a fechar negócio. Também não podemos ignorar a SEDUÇÃO que um time campeão tem sobre veteranos cansados de perder, especialmente em um ano onde quem tem mais dinheiro para gastar não são exatamente conhecidos pelo seu sucesso. É possível atrair algum nome de peso em contrato de um ano, por exemplo.
Na rede das fofocas quem aparece com muita chance de se mexer é o Indiana Pacers: Victor Oladipo está em último ano de contrato e não parece muito feliz. Já o novo técnico Nate Bjorkgren chega para modernizar o ataque, o que quer dizer que Myles Turner pode estar de saída.
Outros dois que devem se mexer são a dupla do topo do Draft, Minnesota Timberwolves e Golden State Warriors. Com pressa por resultados e vendo um ano sem um Zion Williamson dando sopa, Wolves e Warriors estão cogitando trocar suas escolhas por jogadores mais velhos e prontos para ajudar. Com uma folha salarial pesada, as trocas que o time de Steph Curry pode fazer não são das mais simples, mas somando Draft, Andrew Wiggins e as futuras escolhas de Draft do Wolves que eles receberam na troca de D’Angelo Russell dá pra conseguir alguma coisa, bom ficar de olho.
Por fim, não vamos ignorar o Philadephia 76ers: o time vem de temporada frustrante e acaba de fechar um acordo para fazer de Daryl Morey, ex-General Manager do Houston Rockets, seu novo Presidente de Operações. O time parece engessado em contratos caros, mas é difícil imaginar um jogador que Morey não seja capaz de negociar. Ele não vai necessariamente separar Ben Simmons e Joel Embiid, mas não duvidem se ele der um jeito de alterar tudo em volta dos dois.
QUAIS AS DECISÕES MAIS IMPORTANTES?
Nos mundo dos contratos da NBA existe algo chamado Player Option, que é quando um jogador pode decidir por conta própria se fica no seu atual contrato por uma última temporada ou se corta os laços já e vira um Free Agent, livre para assinar com quem quiser. A decisão pode ser influenciada por inúmeros fatores: o cara pode querer sair do contrato porque acha que vai ganhar mais no mercado aberto ou pode resolver ficar porque seu último ano de contrato paga uma fortuna irrecusável. O clima do time ou uma oferta para assinar um contrato mais longo também podem mudar a cabeça da galera.
Nessa temporada temos uma lista enorme de jogadores que não tem qualquer intenção de abrir mão de uma grana preta porque sabe que jamais iria ganhar aquilo em outro lugar: é o caso de Nicolas Batum (25 milhões no Charlotte Hornets), Otto Porter Jr (26 milhões no Chicago Bulls) ou James Johnson (14 milhões no Minnesota Timberwolves). Na lista eu até colocaria o Andre Drummond (25 milhões no Cleveland Cavaliers), mas há quem acredite que existe mercado pra ele ganhar grana pesada ainda na NBA caso opte por sair. Duvido. E se tiver, ele descobre ano que vem com mais 25 milhões na poupança. Outros que não devem arriscar a não ser que seus agentes busquem alguma informação de contrato longo por aí são Tim Hardaway Jr (17 milhões no Dallas Mavericks) e Evan Fournier (17 milhões no Orlando Magic).
Os casos mais interessantes são os de Gordon Hayward (31 milhões no Boston Celtics) e DeMar DeRozan (27 milhões no San Antonio Spurs) porque ambos vêm de boas temporadas e estão com 30 e 31 anos, idade complicada na NBA quando muitos caem de produção rapidamente ou uma lesão acelera o peso da idade sobre o corpo. Hayward sentiu isso na pele já e nunca mais foi o mesmo, mas fez boa temporada em 2019-20 até voltar a se machucar, dessa vez com pouca gravidade, nos Playoffs. É fácil esquecer dele no perímetro carregado de talento do Celtics, mas ainda joga muita bola. E embora DeRozan tenha sido protagonista do primeiro time do San Antonio Spurs a não ir para os Playoffs em uns cem anos, individualmente ele jogou muito bem mesmo que em seu jogo retrô sem bolas de 3 pontos.
Aqui o dilema é matemático: vale mais a pena ganhar essa bolada toda agora e negociar na próxima temporada alguma coisa do zero, confiando que farão novamente boas temporadas, ou vale virar Free Agent já e acertar um contrato longo, de quatro anos, para garantir o futuro? A conta não é só feita pelos jogadores, mas pelos times. O Boston Celtics pode chegar no ouvidinho de Hayward e falar que se ele sair agora do contrato, garantem um mais singelo e longo acordo pra ele não pensar mais sobre isso. Em tempos de crise, pandemia, ginásios vazios e queda no faturamento, segurança financeira pesa muito. Meu palpite, porém, é que os dois ficam onde estão e não deixam os contratos. Não só é muito dinheiro pra se dizer não como na temporada que vem muitos times terão espaço salarial de sobra para dar contratos grandes. Quem não faturar Giannis Antetokounmpo, Kawhi Leonard, Rudy Gobert ou Victor Oladipo pode direcionar seus milhões para DeRozan ou Hayward. Vale esperar.
QUEM VAI ASSINAR EXTENSÕES DE CONTRATO?
O dilema é parecido também para jogadores que podem assinar extensões de contrato. Sabemos, por exemplo, que Victor Oladipo não aceitou um novo contrato oferecido pelo Indiana Pacers na última temporada. Só que ele não voltou nada bem da sua lesão e se não fizer mais um bom ano seu valor de mercado despenca. Será que se o Pacers oferecer nova extensão JÁ ele topa? Decisão difícil para o time também.
A situação não é mais fácil para o Utah Jazz: dar ou não um contrato máximo para Rudy Gobert? Ele é elegível para receber um valor astronômico e é um dos melhores defensores da NBA, mas vale gastar tanto em alguém que ainda sofre pra pontuar no ataque? Seria não só uma aposta nele, mas que o time pode ganhar baseado numa dupla dele com Donovan Mitchell. Não oferecer a extensão e só esperar mais um ano pode significar um Gobert puto e livre para ir para onde bem entender. É o tipo de receita que alimenta rumores de troca ao longo de todo o ano.
E por falar em rumores temos que tocar no assunto: Giannis Antetokounmpo vai ou não assinar seu contrato SuperMax com o Milwaukee Bucks? Ele pode fazer isso agora ou ao fim da próxima temporada, não durante. Se topar assinar agora, fica pelo menos mais dois anos no time até poder ser negociado. Se decidir esperar, pode assinar no ano que vem ou mudar de time. O preço é passar uma longa temporada respondendo perguntas sobre se vai ficar no Bucks, assim como Kevin Durant em 2018-19. Há no caso uma insegurança do próprio grego sobre se o time poderá seguir lutando por títulos no futuro próximo. A NBA toda está assistindo essa novela e guardando espaço na folha salarial para tentar levá-lo caso ele fique disponível em 2021.
Essa offseason é também a hora que os meninos draftados em 2017 podem assinar suas extensões de contrato: Jayson Tatum vai certamente receber logo logo um contrataço do Boston Celtics, essa é fácil de prever. Mais difícil é saber o valor exato que Lonzo Ball e De’Aron Fox tem para New Orleans Pelicans e Sacramento Kings. Os times devem decidir agora se oferecer um contrato longo ou se esperam o ano que vem, quando eles se tornariam Free Agents Restritos. Outros que devem receber extensões são Donovan Mitchell e Bam Adebayo.
FREE AGENTS
Este não é o dos anos mais animadores em termos de Free Agents. Se na temporada tínhamos Kawhi Leonard, Kyrie Irving e Kevin Durant liderando um grupo de nomes de peso, desta vez temos só dois jogadores que jogaram o último All-Star Game com chance de mudar de time e ninguém acha que eles planejam sair. Dá pra ver a lista completa de todos os tipos de jogadores sem contrato no Spotrac, mas comentarei os mais relevantes aqui em grupos criados de maneira bem arbitrária:
Os-All-Stars
Anthony Davis (LA Lakers)
Brandon Ingram (New Orleans Pelicans, FA Restrito)
Por mais drama que faça Anthony Davis nas entrevistas, todo mundo sabe que ele fica no LA Lakers para defender o título ao lado de LeBron James. A única dúvida aqui é a duração do contrato: cinco anos para garantir a fortuna, dois para seguir a rota LeBron-Durant e sempre deixar a porta aberta para a liberdade ou três para virar Free Agent de novo quando tiver mais de dez anos de NBA e poder então assinar um contrato ainda mais lucrativo? Se ele e LeBron combinarem direitinho dá até pra deixar o Lakers cheio de espaço no teto salarial daqui um ano e formar uma panela.
Como Brandon Ingram acabou de sair do seu contrato de novato, aquele assinado automaticamente ao ser selecionado no Draft, ele é um Free Agent RESTRITO, o que quer dizer que o seu time atual pode igualar qualquer oferta que ele receber ao redor da NBA e manter o jogador. O New Orleans Pelicans não assinou uma extensão com ele há um ano para checar se estava realmente bem de saúde e melhorando seu jogo, depois de uma temporada magnífica do ala não há dúvida que eles pagam o que for preciso para ficar com ele. Sem chance dele sair.
Os-Jogadores-Concorridos
Fred VanVleet (Toronto Raptors)
Danilo Gallinari (OKC Thunder)
Joe Harris (Brooklyn Nets)
Davis Bertans (Washington Wizards)
Bogdan Bogdanovic (Sacramento Kings – FA Restrito)
Não é uma lista dos sonhos, mas temos aí cinco EXCELENTES arremessadores de longa distância das mais diferentes posições. Em uma liga no auge da era dos 3 pontos e onde Duncan Robinson é protagonista em Final da NBA, quanto será que esses caras valem no mercado? Se por um lado Danilo Gallinari disse que “não tenho mais 20 anos” e que dará preferência a um bom time ao invés de só aceitar o maior salário, podemos dizer o mesmo dos outros jogadores? Em comum além da precisão nas bolas de longa distância, Fred VanVleet, Joe Harris e Davis Bertans têm um histórico de salários baixos na primeira parte de suas carreiras, a hora de faturar o dinheiro da aposentadoria dos bisnetos é agora. Não podemos descartar a chance de alguns deles assinarem por só um ano de contrato agora em um time forte e voltarem ao mercado na temporada que vem, quando mais times devem ter espaço na folha salarial para gastar geral.
Dessa lista fico especialmente curioso para ver o futuro de VanVleet e Harris. O primeiro é importante demais para o Toronto Raptors, mas além dele o time canadense ainda tem Serge Ibaka e Marc Gasol em fim de contrato. Vale a pena pagar pra manter o time junto? O Raptors é outro interessado em brigar por nomes grandes, Giannis especialmente, no ano que vem. É preciso ao mesmo tempo manter flexibilidade mas não piorar demais para parecer um time muito fraco para os pretendentes. Tudo indica que querem manter VanVleet, mas é possível que Detroit Pistons ou New York Knicks apareçam com contratos amedontradores. Já Harris é um arremessador fora de série e que deveria ser prioridade para o Brooklyn Nets, mas as notícias de lá dizem que o time está 100% focado em trazer uma terceira estrela para fechar com Irving e Durant. O quanto pagar caro por Harris atrapalha esses planos? Ainda não sabemos. Mas se quiserem manter o arremessador deverão pagar caro, o mundo inteiro quer alguém como ele.
Os-Não-Sabemos-Ao-Certo-Quanto-Valem
Montrezl Harrell (LA Clippers)
Harry Giles (Sacramento Kings)
Christian Wood (Detroit Pistons)
Tristan Thompson (Cleveland Cavaliers)
Hassan Whiteside (Portland Trail Blazers)
Nerlens Noel (OKC Thunder)
Kris Dunn (Chicago Bulls, FA Restrito)
Temos aqui um padrão também: pivôs. Com exceção do armador Kris Dunn, que a gente não sabe ao certo nem o desejo da nova diretoria do Chicago Bulls de mantê-lo nem quanto deverá receber de interesse no mercado, o resto da lista é de jogadores de garrafão que já mostraram muito talento, ótimos momentos mas que não sabemos ao certo o quanto um time estaria disposto a pagar por eles.
O drama é o seguinte: a nossa era do Small Ball indica times mais dispostos a jogarem com apenas um jogador de garrafão ou às vezes nenhum. Ao mesmo tempo, é preciso encarar os Nikola Jokic, Anthony Davis e Bam Adebayos do mundo para ir longe nos Playoffs. Então todo time precisa de pivôs, mas eles não valem tanto e são poucas vagas por time, já que ninguém quer ter uns quatro gigantes no elenco, limitando o número de times com interesse em pagar por esses caras. Vários dos favoritos ao título ou mesmo dos times com mais espaço salarial já têm seus nomes para a posição também, como o Hawks com Clint Capela ou Knicks com Mitchell Robinson. Por fim, como são raras as exceções de pivôs capazes de COMANDAR um time, quanto se paga nessas opções de apoio listadas acima?
Além disso existem as questões individuais de cada um: Montrezl Harrell foi eleito o melhor reserva do ano, mas sofreu nos Playoffs especialmente na defesa. Imagino muitos times pensando que ele pode acabar caro demais para alguém que no fundo é só isso, um excelente reserva que dá energia, rebotes, pontos mas que às vezes precisa sair de quadra no fim dos jogos para não ceder bolas fáceis. O mesmo vale para Hassan Whiteside, que dá seus tocos, enterradas e às vezes muda a cara de um jogo, mas comete erros preguiçosos na defesa que custam caro. Harrell está atrás do time que o vê como um titular em ascensão, Whiteside deve se contentar em ser coadjuvante em alguém que pague menos. Entre os mais veteranos ainda temos Tristan Thompson, que já se mostrou muito bom na defesa de times mais baixos nos seus tempos de parceiro de LeBron James no Cleveland Cavaliers. Na temporada passada, enquanto a gente ignorava aquele desastroso time do Cavs, o pivô teve seus melhores números da carreira em pontos (12 por partida), rebotes (10), rebotes ofensivos (4) e até começou timidamente a arremessar de três pontos, acertando 9 das 23 bolas que tentou depois de só ter arriscado nove em todos os outros OITO ANOS de carreira.
Entre as opções mais jovens temos Harry Giles, de apenas 22 anos, que o Sacramento Kings, por algum motivo, deixou virar Free Agent ao invés de abraçar seu quarto ano de contrato. Os números brutos do menino não são brilhantes, mas ele teve excelentes momentos na temporada, especialmente quando estava na cabeça do garrafão distribuindo passes para seus companheiros de time em movimento. Vimos nos Playoffs com Adebayo como ter esse “hub ofensivo” no meio da quadra pode deixar um sistema bem difícil de ser marcado, é uma opção que pode ser barata para times de intensa movimentação ofensiva como Miami Heat, Golden State Warriors e Denver Nuggets ou times que precisam de um jogador de garrafão para criar jogadas depois que armadores sofrem dobras de marcação, como o Houston Rockets (que bem precisava de um grandão barato) ou o Portland Trail Blazers.
Por fim, Nerlens Noel foi um bom reserva no OKC Thunder na última temporada e poderia ajudar qualquer time na NBA com sua defesa de garrafão. Ainda é jovem e parece mais à vontade na liga com seu papel restrito. Já Christian Wood é uma das grandes interrogações da Free Agency e até escrevemos um TEXTO INTEIRO sobre a revelação tardia (25 anos já!) do Detroit Pistons. Ele teve um fim de temporada MAGNÍFICO, mas é uma amostragem pequena para um jogador já rodado que nunca tinha atuado tão bem. Por outro lado, seu estilo de jogo é bem atual e versátil, então talvez valha o investimento. Como explicamos no texto sobre ele, outra coisa interessante é que o Pistons não tem os Bird Rights sobre seu contrato, o que quer dizer que devem realmente usar o espaço do seu teto salarial para manter o jogador. Em geral, times podem ultrapassar ou não gastar seu teto para renovar um atleta próprio.
Os-Valorizados-Nos-Playoffs
Jae Crowder (Miami Heat)
Rajon Rondo (LA Lakers)
Kentavious Caldwell-Pope (LA Lakers)
Goran Dragic (Miami Heat)
Jerami Grant (Denver Nuggets)
Até pouco tempo atrás esses nomes não seriam muito badalados, mas jogar bem no momento mais crucial da temporada pode render bons lucros. Jae Crowder foi importante demais para o Heat, virou titular, acertou bolas de 3 importantes e marcou tudo que é tipo de jogador, incluindo Giannis e LeBron. Se o Heat não segurá-lo, certamente vão atrás de alguém com características parecidas, o encaixe foi perfeito. O time precisa decidir o que fazer também com Goran Dragic, que fez boa temporada vindo do banco de reservas mas que subiu MUITO de patamar ao voltar ao quinteto titular nos Playoffs, onde foi o cestinha da equipe até se machucar na Final. O que se especula é que o Heat pode resolver tudo com um gordo contrato de um ano: mantém-se o time finalista por mais uma temporada, compensa-se a duração curta do contrato com um valor alto e o time ainda segue com espaço para investir em quem quiser na Free Agency de 2021. Veremos se no meio do caminho ninguém rouba o Dragon deles.
No campeão Lakers, Rajon Rondo e Kentavious Caldwell-Pope têm as já citadas Player Options. Até poderia colocar os dois na lista com Hayward e DeRozan, mas é tão óbvio que eles querem a liberdade que achei melhor juntá-los com outros exemplos aqui. O caso de Rondo é o mais óbvio: ele ganha o MÍNIMO permitido a um jogador com sua experiência pelas regras salariais da liga, na pior das hipóteses ele testa o mercado e volta pelo mesmo mínimo, nada a perder. Já Caldwell-Pope iria receber 8 milhões de dólares na próxima temporada, mas depois de ser um dos melhores e mais consistentes jogadores do CAMPEÃO, o negócio é aproveitar a boa fase pra virar Free Agent e faturar, seja renovando com o Lakers ou até mudando de time. Ele pode facilmente pedir o DOBRO do que estava ganhando e o Lakers deve pagar.
Por fim temos Jerami Grant, que brilhou ofensivamente como nunca havíamos visto antes nos Playoffs pelo Denver Nuggets ao mesmo tempo em que foi designado para marcar os Kawhi Leonard e LeBron James em séries consecutivas. Ele não é um monstro defensivo, mas é versátil, relativamente jovem (26 anos) e encaixa bem no time. O Nuggets gastou uma escolha de primeira rodada de Draft para contratá-lo há um ano, então deve existir um interesse de não fazer o investimento parecer algo descartável. A decisão difícil vai ser se o valor por ele no mercado subir, já que vários times com espaço sobrando no teto salarial como Atlanta Hawks e Detroit Pistons poderiam investir nele para acelerar seu projeto de reconstrução. Quer pagar quanto?
Os-Veteranos-Com-Currículo
Carmelo Anthony (Portland Trail Blazers)
Paul Millsap (Denver Nuggets)
Marc Gasol (Toronto Raptors)
Serge Ibaka (Toronto Raptors)
Derrick Favors (New Orleans Pelicans)
Todos esses nomes gritam “time favorito ao título quer ajuda de veterano por um salário mínimo”, certo? Só que se dois ou três times começam a falar isso, podemos ter um mercado esquentando e alguém saindo mais caro que o imaginado. Apesar das conhecidas limitações, Carmelo Anthony pareceu mais confortável num papel secundário no Portland Trail Blazers na última temporada e salvou o ataque do time em alguns jogos importantes. Imagino que o Blazers queira mantê-lo, mas talvez outros queiram seu poder de fogo no ataque. Já Paul Millsap não teve o mesmo protagonismo de anos anteriores, mas aqueles jogos finais contra o LA Clippers devem convencer alguém que ele ainda tem lenha pra queimar.
A dupla do Toronto Raptors é mais interessante. Serge Ibaka fez uma temporada muito boa e parece alguém que vale mais que o mínimo, especialmente pela combinação de defesa de garrafão e bolas esporádicas de 3 pontos que tantos times desejam. É capaz de conseguir um mid-level em qualquer time ambicioso por aí. Enquanto isso Marc Gasol foi até especulado para voltar ao Barcelona para jogar ao lado do irmão Pau e encerrar a carreira, mas ele ainda faz muita diferença na defesa e pode achar um time se assim quiser. Imagino que o Raptors possa optar por mantê-lo em um contrato de um ano.
Os-Talvez-Ganhem-Mais-Atenção-Do-Que-Pensamos
Derrick Jones Jr (Miami Heat)
Furkan Korkmaz (Philadelphia 76ers)
Justin Holiday (Indiana Pacers)
Malik Beasley (Minnesota Timberwolves, FA Restrito)
Wenyen Gabriel (Portland Trail Blazers, FA Restrito)
Nenhum desses caras são sonhos de consumo de General Managers liga afora, mas imagino que com três ou quatro times abrindo os olhos para cima deles, o valor de mercado de cada um pode subir. Derrick Jones Jr. é versátil na defesa e brilhou especialmente quando seu Miami Heat usava a defesa por zona. Com a estratégia sendo adotada por cada vez mais times, isso pode contar pontos pra ele. Ser capaz de pular um prédio e agarrar uma ponte aérea jogada no teto do ginásio ajuda também, claro.
E como arremessador nunca é demais, Furkan Korkmaz deve garantir emprego em algum canto. Ele teve 40% de acerto em bolas de longa distância em um time que sofre para espaçar a quadra e tem apenas 23 anos. Acho que o recém-chegado Daryl Morey não vai deixar ele ir embora, mas isso pode custar um tiquinho mais caro que o previsto. O mesmo vale para o Indiana Pacers com Justin Holiday, ala que ninguém repara muito mas que faz um pouco de tudo, sabe defender e também acertou 40% de longa distância. Ele pode ser o Caldwell-Pope de muito candidato ao título por aí.
Os-Coadjuvantes-Em-Busca-Do-Time-Certo
Marcus Morris (LA Clippers)
Markieff Morris (LA Lakers)
Moe Harkless (NY Knicks)
Aron Baynes (Phoenix Suns)
Kyle Korver (Milwaukee Bucks)
Dwight Howard (LA Lakers)
Reggie Jackson (LA Clippers)
Dario Saric (Phoenix Suns, FA Restrito)
Torrey Craig (Denver Nuggets, FA Restrito)
Jakob Poetl (San Antonio Spurs, FA Restrito)
A lista de coadjuvantes é sem fim e certamente fui injusto ao deixar alguém de fora, mas eu preciso acabar esse post eventualmente, né? Aqui estão vários jogadores que no lugar certo podem fazer a diferença, no lugar errado a gente até esquece que existe. Exemplo maior é Markieff Morris, que foi TITULAR do campeão LA Lakers em alguns jogos dos Playoffs e esteve em quadra nos momentos decisivos do Jogo 5 da Final mas que meses antes era completamente irrelevante e pouco disputado quando foi dispensado pelo Pistons. Tudo é contexto.
Se um time bem encaixado que precisa de bons defensores de perímetro consegue Moe Harkless, podemos vê-lo protagonista em algum matchup decisivo nos Playoffs. E certamente alguém vai lembrar da temporada bizarramente incrível de Aron Baynes no Phoenix Suns e dar um contrato legal pra ele mostrar seu penteado estiloso. Como dito no começo, a ver quem ganha mais em time ruim, menos em time bom ou quem nem tem muito o que escolher e só vai onde recebe uma oferta. Nem todo mundo tem vida de super estrela na NBA.