>Senta que lá vem história

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Só não imita minha careta

O Basquete para cadeirantes não tem uma história romântica que começou com a cesta de pêssegos do Sr.Naismith. Assim como a história da maioria dos atletas, começou com algo trágico que conseguiu, depois, se transformar em algo bom.

No fim dos românticos anos 30, alguns caras estavam insatisfeitos com o tamanho da linha imaginária que eles chamavam de Alemanha e então decidiram aumentá-la invadindo outra linha imaginária. Então, simplesmente assim, começou a Segunda Guerra Mundial , onde inúmeros países e pessoas entraram em combate, muitos morreram e outros ficaram debilitados. Perderam perna, pé, tomaram tiro nas costas, enfim, no fim das contas estavam na mesma situação, em uma cadeira de rodas.

Muitos destes eram americanos e como bons americanos, queriam jogar basquete. Foi então que em meados dos anos 40 foi disputada a primeira partida de basquete em cadeiras de roda, nos Estados Unidos.

Porém, a coisa começou a tomar forma mais complexa na Inglaterra, também com veteranos de guerra, quando o neurologista alemão Ludwig Guttmann (sim, o nome cai na prova!) começou a adaptar para cadeirantes esportes já existentes, no hospital de Stoke Mandeville. Então, em 1947 foi realizado o primeiro Stoke Mandeville Wheelchair Games, os primeiros jogos esportivos para cadeirantes, que contou com 26 participantes (quase uma China!) e com 4 esportes. Mas aos poucos os Jogos foram crescendo, em 1952 foi incluido o netball, um jogo muito esquisito que lembra basquete e em 1956 finalmente foi adicionado o basquete sobre rodas, o primeiro torneio oficial de basquete para cadeirantes.

A Federação Internacional dos Jogos Stoke Mandeville eram a principal federação internacional de esportes adaptados e em 1973, com o basquete crescendo no mundo todo, criaram uma sub-seção com a função de cuidar especificamente do basquete. No Brasil, por exemplo, o esporte chegou rapidinho, já na década de 50, segundo as informações que o assistente técnico da seleção masculina, o Sileno, nos passou.

Em 1989 essa sub-seção recebeu o nome que tem hoje, International Wheelchair Basketball Federation, ou IWBF, que hoje é uma entidade enorme dividida em IWBF Americas, IWBF Europa, IWBF Africa e IWBF Asia/Oceania. Não é um nome tão sonoro quanto “FIBA” mas o princípio é o mesmo, com muitos países fazendo parte, 82 no total, muita burocracia, eleição para novos presidentes a cada 4 anos e congressos com palestras que, por serem palestras, devem dar sono.

O primeiro campeonato mundial foi em 1973 na Bélgica e só tinha países europeus participando. Eu sei, é ridículo não se chamar “Campeonato Europeu”, mas é como os americanos que se chamam de “World Champion” para cada campeonato caseiro que disputam. Se o título mundial do Corinthians já dá polêmica, imagina chamar de campeão mundial a cada vez que ganhamos o Paulistinha! Quero nem ver.

Este primeiro campeonato foi vencido pela Inglaterra, mas não é considerado um campeonato oficial. O primeiro campeonato oficial foi vencido por Israel. O domínio americano, como no basquete tradicional, começou em 1979 em um torneio na própria terra dos ianques, eles foram depois bi-campeões em 1986, e depois em 94, 98 e 2002. Quem tirou a sequência ali em 90 foi a França, que, dizem, mesmo com rodas, não eram mais rápidos do que o Tony Parker é hoje. O Brasil nesses torneios teve como melhor posição o 9° lugar na última edição em 2006, realizada na Holanda.

Não foram os EUA que venceram em 2006, sabe quem foi? A resposta pode ser meio desconcertante, mas foi o Canadá. É, o mesmo Canadá que os americanos sempre tiram sarro porque não sabem jogar basquete, aquele mesmo Canadá que foi motivo de piada no desenho dos Simpsons, quando o Bart e o Millhouse são convidados a entrar no time de basquete do país porque eles são bons o bastante para acertar um arremesso na tabela.

Acontece que o Canadá teve uma grande sorte a seu favor. Imagine que Kobe Bryant, Chris Paul e Tyson Chandler tivessem nascidos todos no Canadá, e imagine que eles são a mesma pessoa. É o que dizem de Patrick Anderson.

O menino Pat Anderson era um típico canadense que via ursos todos os dias e sonhava em ser guarda florestal, ao mesmo tempo em que praticava seu esporte favorito, hockey. Tudo mudou quando Anderson tinha 9 anos de idade e um motorista bêbado invadiu seu pique-nique, deixando-o paralisado para toda a vida.

Não sei se foi a pancada mas isso fez o menino perceber que basquete é muito mais legal que hockey. Com um pouco de prática ele conseguiu algumas coisinhas na carreira, como duas medalhas de ouro paraolímpicas, MVP dos mundiais Junior de 97 e 2001, bronze no mundial de 98 e 8 títulos canadenses. Pra completar (e pra pegar umas menininhas porque ninguém é de ferro), ele ainda pensa em seguir carreira musical.

Eu não comparei ele com Kobe, Paul e Chandler à toa. Mas é que segundo um texto de Bruce Enns, técnico na Alemanha, Patrick Anderson é o melhor pontuador, passador e reboteiro do basquete paraolímpico nos dias de hoje.
Se você quer conhecê-lo melhor, o YouTube não é uma boa, quase não tem vídeos dele por lá, uma pena, mas você pode conhecer sua personalidade lendo seu blog, é só clicar AQUI.

Lá ele conta que chegou em Pequim no dia da final do basquete entre Espanha e EUA e que não conseguiu ver nada. No primeiro tempo ele estava no avião e no segundo tempo dentro do ônibus. Ele ficou bravo e eu também ficaria. Depois ele fala sobre como o time canadense está mais velho e não é mais o mesmo que foi bi-campeão olímpico em 2000 e 2004. Leitura bem interessante, se alguém quiser podemos até traduzir uns trechos como fizemos com o blog do Gilbert Arenas há algum tempo. Só não esperem aquelas histórias malucas do armador do Wizards porque o Pat Anderson parece ter um pouco de bom senso.

Se você ficava acordado para ver Kobe e cia. pelos EUA nas Olimpíadas, agora tem o Patrick Anderson para assistir, além da seleção brasileira, claro! Aproveite todas as chances de ver um time masculino do Brasil jogando basquete em Olimpíada! E da seleção brasileira falaremos mais no decorrer da semana, conheceremos os jogadores, treinadores, mecânico (é, há um mecânico!) e os desafios do forte grupo que o Brasil pegou.

Agora que você conhece um pouquinho da história desse esporte, é só acompanhar a história sendo feita em Pequim.


Vídeo do dia

Vou tentar colocar aqui pelo menos um vídeo por dia para todo mundo ficar mais familiarizado com o basquete sobre rodas.

O problema é que a maioria dos vídeos é em inglês, mas acho que já são de grande ajuda. Se alguém aí ainda tropeça na língua do Pat Anderson (e do Shakespeare também, eu sei) é só dar um toque nos comentários que a gente ajuda.

Hoje um vídeo explicando melhor a regra dos dribles, que é única coisa diferente do basquete tradicional nas regras e que o Danilo explicou no post de ontem, que é um texto essencial para entender as regras do jogo. Infelizmente o autor do vídeo não deixa colocar o player na página, mas é só clicar no link e assistir no YouTube.

O Drible no basquete sobre rodas.

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