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O Lakers tem sido alvo de muita discussão nessa pré-temporada. Motivos não faltam, afinal o Lakers é o queridinho ou o odiado de todo mundo, ninguém é indiferente ao Lakers, então eles sempre são notícia.
O time não fez mudanças no elenco, só perdeu o Barishnikov do banco de reservas, Ronny Turiaf. Geralmente times que não tem muitas mudanças não geram tanta discussão em pré-temporada, em que o assunto é quem deve ser titular, reserva ou trocado. Para completar, o Lakers é o atual campeão do Oeste e em time que tá ganhando não se mexe, já diria o velho deitado.
Porém tudo muda quando lembramos que o Andrew Bynum está de volta e que ele nunca jogou uma partidinha oficial sequer ao lado do Pau Gasol. Quando o Bynum se machucou ele tinha média de double-double (13 pontos, 10 rebotes, além de 2 tocos) e o Lakers era líder do Oeste. Com o Gasol o Lakers ganhou o Oeste. A lógica era que com os dois juntos o Lakers ia bombar.
Mas aí entrava a questão: o Odom jogará na posição 3 mesmo tendo rendido tão bem na 4? E o Gasol, que jogou muito bem na 5, iria se virar na 4? E se somarmos 4 + 5 e multiplicarmos pela soma do quadrado dos catetos? É por essas dúvidas que o Phil Jackson está testando várias formações diferentes nessa pré-temporada e eu, como especialista em ficar vendo jogos chatos de pré-temporada do Lakers, vou dar meus palpites sobre essas formações.
Já deixo claro que não se questiona a dupla Fisher e Kobe na armação. O Kobe é um jogador mediano mas ainda tem vaga garantida no time, a discussão está para as duas alas e a para a posição de pivô.
1. Odom – Gasol – Bynum
Essa seria a formação ideal, pelo menos no papel. São os três mais talentosos em cada posição e daria um ranking melhor para o Lakers no video game. Mas nos primeiros treinos o Phil Jackson viu todos em ação e não gostou. Nos jogos da pré-temporada a coisa não tem fluído bem também.
O Gasol para jogar na posição 4, com o Bynum de 5, precisa acertar constantemente seus arremessos de média distância, o que ele tem feito. Mas mesmo assim ele ainda se posiciona muito próximo à cesta, embolando o jogo com o Bynum e um dos princípios básicos dos triângulos é o espaçamento entre os jogadores. Com todo mundo embolado fica parecendo o meio-campo da seleção, não o Lakers.
O Odom na posição 3 também perde um pouco do seu valor. Quando joga contra caras mais altos na posição 4, ele os vence pela velocidade e pelos passes dignos de armador. Na posição 3 ele enfrenta adversários mais acostumados a esse tipo de jogador. A solução seria ele usar então o seu tamanho e jogar de costas pra cesta, como fez muitas vezes no ano passado, mas com o Gasol e o Bynum já em quadra ele nem vai caber dentro do garrafão.
Pra mim essa é a pior formação possível do Lakers no momento. Mas não me incomodaria de vê-la em funcionamento mais vezes, nada impede que seja apenas uma questão de entrosamento, mas um dos três vindo do banco até deixaria o banco do Lakers mais forte.
2. Ariza – Gasol – Bynum
Eu gosto bastante dessa formação. Acho que a dupla Gasol e Bynum tem problemas, como já disse, mas acredito que seja mais questão de entrosamento, o Bynum pode aprender a se utilizar da visão de jogo do Gasol muito bem.
Mas não gosto do Odom na posição 3 e acho que o ideal seria ele vir do banco para jogar na posição 4, onde causa mais problemas para a marcação. Além disso ele pode servir como um líder vindo do banco de reservas. O Odom tem muito talento e visão de jogo, então ele rende bem mesmo quando tem a bola nas mãos (não me entendam mal) e no time titular, com Gasol, Bynum e Kobe, ficaria muito a segundo plano. Jogando ao lado de Sasha “The Machine”, Jordan Farmar e Luke Walton ele teria que jogar mais na armação das jogadas, que é o que ele manja.
No time titular o Ariza funcionaria perfeitamente. A bola não precisa passar pelas suas mãos para ele jogar bem, já que o que ele sabe fazer mesmo é defender, coisa que não é a praia do Odom, além da movimentação no ataque. Ele é mestre em cortar para a cesta fugindo do seu marcador e entende perfeitamente as movimentações do triângulo. Entende muito mais do que o Kwame e Gary Payton juntos jamais entenderam.
O problema de ter o Ariza em quadra é que seu arremesso é realmente problemático, ainda pior que o do Odom.
3- Radmanovic – Gasol – Bynum
Para resolver o problema dos arremessos a solução é colocar um especialista neles, o Radmanovic. Essa formação parece ser a favorita no momento pelo Phil Jackson, segundo quem acompanha os treinos do Lakers.
A solução do Radmanovic é boa por dois motivos. O primeiro é óbvio, todo time precisa de arremessadores de 3 para ganhar um jogo hoje em dia. Falando nisso, já estou vendo o Memphis se ferrar (ainda mais) nesse ano sem o Mike Miller, para eles só vai dar alguma coisa certo se o OJ Mayo acertar 6 bolas de 3 por jogo como ontem, ou vão ser um time previsível e fácil de ser marcado.
O outro motivo que faz a solução do Radmanovic ser atraente é justamente a dupla Gasol e Bynum. Como todo mundo que já viu o Duncan jogar sabe, bons jogadores como ameaça no garrafão servem para abrir espaço para arremessos de longa distância.
O problema de deixar o Radmanovic com os titulares é que além de arremessar ele não faz mais nada direito. Não é bom passador, não tem controle de bola, não defende nada e não sabe fazer crochê, passar roupa e fazer um bom feijão com caldo grosso.
4 – Ariza – Odom – Gasol
Eu também gosto dessa opção. É a opção do ano passado antes do Ariza se machucar. O time com essa formação fica leve, rápido, com ótimos passadores e com 5 jogadores que fazem tudo o que precisa o triângulo. Talvez seja a formação com a qual o Lakers jogue um basquete mais bonito.
Além disso, o Bynum faria o trabalho que fazia no início da temporada passada, que é ser a referência ofensiva do time reserva. Kobe é a referência entre os titulares e quando entravam os reservas o Bynum fazia a festa, até porque obriga o time adversário a manter um garrafão bom ao invés de colocar seus Melvin Elys que tem no banco.
Mas se a formação é igual à do ano passado, quer dizer que os problemas devem ser os mesmos também. Esse time é fraco na defesa do garrafão, apanha de times que jogam mais fisicamente e não domina os rebotes. Talvez fosse um bom time para começar o jogo, mas não o ideal para terminá-lo.
5- Radmanovic – Odom – Gasol
A pior opção possível. Se é pra usar o Radmanovic, que seja para aproveitar o garrafão crowdeado (essa foi pro pessoal do surf! uhu!) e meter bolas de 3. Com Odom e Gasol no time, o Radmanovic será um zero à esquerda como foi em tantos jogos do playoff do ano passado.
6- Walton – Gasol – Bynum
Essa opção na verdade nem foi discutida por ninguém. Pelo jeito o Phil Jackson nem a cogita, mas eu gostaria de vê-la em ação. O motivo é simples: ele pega um pouco do que faz cada um dos outros jogadores que disputam essa posição.
Em termos de passe e visão de jogo ele quase não fica devendo nada ao Odom, o Walton foi feito para jogar ao lado de grandes jogadores, ele tem “role player” tatuado na testa e funciona melhor abastacendo os finalizadores com seus bons passes. Certa vez, em 2004, o Shaq disse que Walton era o cara que melhor dava passes para ele no Lakers. E se o Diesel falou, tá falado.
Nos arremessos ele não é tão bom quanto o Radmanovic, mas é melhor que o Odom e que o Ariza. Há dois anos, quando teve aquela polêmica da NBA abandonar as bolas de couro, o Walton era o jogador com melhor aproveitamento de bolas de 3 em toda liga. Ele disse que se perdesse o posto, iria culpar a volta das bolas de couro. Bom, ele perdeu o posto e no ano passado foi um arremessador apenas mediano. Mas poderia ser útil nessa função.
Ele não defende bem como o Ariza, mas também não passa vergonha. Posso ser o único a achar isso, mas pra mim o Walton não compromete em nada na defesa e é tão útil quanto o Ariza no ataque. O Walton sabe cortar em direção à cesta e, como vimos nos playoffs contra o Denver, é só dar uma defesa fraca que ele até sabe fazer muitos pontos.
Mas tem aquela história. O Walton faz tudo mas não faz nada direito. É Pato e não é Alexandre.
Não sei qual das formações o Lakers vai usar, se duvidar pode não ser nenhuma dessas. Ou pode ser uma dessas para começar o jogo e outra para terminar. As possibilidades são infinitas e o que importa é que o Lakers consiga conciliar o tempo de testar todas as combinações possíveis com vitórias. Porque eles tem 82 jogos para achar as combinações certas, mas precisam acabar esses 82 jogos em uma posição decente na briga do Oeste, já que vantagem de jogar em casa nos playoffs é essencial.
Para terminar, dois vídeos sobre o Lakers. Um é vergonhoso para um torcedor do Lakers, é o Beno Udrih deixando o Kobe no chão com um drible lindo. Aconteceu outro dia num jogo de pré-temporada.
O outro deve ser o vídeo mais idiota que eu já vi na minha vida. Parafraseando o sábio papagaio Iago, do Alladin, que uma espécie Louro José do deserto: Numa escala de zero a dez, esse vídeo é onze. Em questão de ridículo, claro.