>Bons começos

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O nome mais legal desde “Tirulipa Júnior”

Quando a temporada acaba de começar, todo mundo já quer saber se as boas atuações de um determinado jogador vão ser a regra ou se foram simplesmente a exceção. Ninguém tem paciência para esperar um pouco, já querem ficar rotulando os jogadores baseados em um jogo ou dois, que coisa feia. Mas como agora já foram, tipo, uns 6 jogos, e já faz, tipo, o maior tempão que a temporada começou, não vejo a hora de opinar sobre algumas surpresas! Viva!

Para opinar sobre possíveis candidatos a MVP ainda é muito cedo, talvez seja melhor esperar até amanhã, ou quem sabe até mesmo quarta-feira. Porque, sabe, sou um cara conservador e acho que tudo deve ser analisado no seu devido tempo, sem muita pressa. Analisar os melhores novatos também é algo que exige mais tempo, até mesmo porque um novato pode destruir hoje e amanhã esquecer qual mão é a que escreve – algo essencial para a arte de assinar cheques, parte importante do cotidiano de um jovem jogador. Então, vamos fazer algo um pouco mais simples: apontar alguns jogadores que estão surpreendendo, chutando uns traseiros, e ficar de olho neles pelo resto da temporada. Assim, traçaremos um roteiro de quem merece uma atenção redobrada para que a gente possa descobrir se eles manterão o ritmo ou não.

Vamos começar com o Brandon Roy, já que ele foi o primeiro nome que me veio à cabeça (o fato de eu estar olhando para um boneco de vudu com a cara dele me ajudou a lembrar do sujeito). Na temporada passada, ele foi até pro All-Star Game, mas de última hora e quando ninguém sabia muito bem quem era o rapaz. Se você cruzasse com ele na rua, provavelmente lhe daria uma esmola. Agora, todos os olhos estão voltados para o Blazers e, com Greg Oden contundido (mesma coisa que dizer que a água é molhada), Brandon Roy precisa ser uma estrela capaz de carregar o time nas costas. Acontece que seu estilo é bastante silencioso, ele é especialista em passar despercebido. Mas eis que, justamente contra o meu Houston Rockets, ele decidiu que era hora de ficar famoso. Num jogo com prorrogação e três mudanças de liderança nos dois segundos finais (e que por causa do Horário de Verão idiota deve ter acabado na hora em que eu precisava estar acordando), Roy acertou a cesta da vitória da putaqueopariu com 0.8 segundos restando no cronômetro. Foi uma cesta linda, maravilhosa, histórica, épica, mágica e cheirosinha, e os juízes usaram o replay para se certificarem de que o Brandon Roy tinha soltado a bola a tempo. Mas o que ninguém percebeu é que o cronômetro demorou um bocado de tempo para ser iniciado, o Roy já está no ar quando o cronômetro começa a rodar. Ou seja, eu torço para o Houston e me sinto roubado. Meus advogados vão estar entrando em contato para me conseguir uma grana num processo de danos morais que um dia vai virar filme no SBT.

Pior é que o Brandon Roy fez outra cesta muito parecida, dessa vez pra selar a vitória contra o Wolves. Mas, como é contra o Wolves, ninguém percebeu e não achei nem um vídeo. Se ele quer continuar seu plano maligno de ficar famoso na NBA, é melhor ele guardar essas bolas para prorrogações contra times fortes do Oeste.

Aliás, outro jogador surpreendente até agora é um amiguinho de Brandon Roy, o LaMarcus Aldridge. Sua defesa sempre foi falha e os rebotes que ele pegava eram apenas os que caiam dentro da sua orelha proeminente, sempre sem querer. Nos últimos jogos, os rebotes têm ultrapassado a marca da dezena e a média é de dois tocos por jogo. Somando isso ao seu ataque sempre impecável cheio de arremessos certeiros de longa distância, talvez Brandon Roy tenha companhia no All-Star Game.

Já o “Granny Danger”, o melhor trocadilho desde “desculpintão”, se recuperou da pré-temporada meia boca e está fazendo chover. O engraçado é que muita gente argumentou que o Granger não estava tendo boas atuações porque, com seu companheiro de equipe Mike Dunleavy machucado, a defesa adversária pode focar apenas nele e não precisa defender o perímetro. Isso até pode ser verdade, mas como explicar os 26 pontos por jogo que ele tem de média até agora? O rapaz é simplesmente o quarto cestinha da temporada, atrás de LeBron, Wade e do (gasp!) Tony Parker, que simplesmente não vale porque eu não quero que valha. Então pelas novas regras agora instituídas ele é o terceiro cestinha da temporada. Se o Dunleavy voltar, então o Granger vai ter uma média de 200 pontos por jogo, né? Somando isso aos seus números defensivos (1,6 tocos!) e uma ou duas vitórias surpreendentes, vai ser difícil não ver o Sr. Perigo num All-Star Game. E o Pacers vai continuar fedendo, vai por mim.

Tem também uma pirralhada que não vai para o All-Star mas que precisava mostrar serviço para não serem considerados fracassos completos na NBA. O Gerald Green, por exemplo, já foi trocado, demitido, emprestado, pisado, abusado, descartado, tudo que tinha direito. Sua vida é parecida com a de uma atriz pornô banguela que precisa pagar as contas. Potencial ele sempre teve, mas acontece que até mesmo na NBA o pessoal enche o saco de ficar pagando milhões de dólares por gente que só tem potencial e não sabe nem ir no banheiro sozinho. Volta e meia alguém ainda dá uma chance pro Kwame Brown, é verdade, mas só porque ele é alto. Pro Gerald Green, que deveria ser o novo Kobe mas na verdade tá mais para o novo Damon Jones, a paciência acabou esgotando e ele passou bastante tempo desempregado. A oportunidade que o Mavs lhe deu, no entanto, foi agarrada com unhas e dentes. Ele está sendo uma força vindo do banco, com quase 10 pontos de média em apenas 16 minutos por partida, e ontem, como titular no lugar do Josh Howard contundido, foi um excelente cover: 13 pontos e 12 rebotes. Talvez ele encontre seu lugar na NBA. Talvez o Kwame Brown aprenda a jogar basquete. Enquanto há vida, há esperança, já diria Chico Xavier.

Como ele, Andrea Bargnani não tem muito a seu favor: além do nome de garota, foi a primeira escolha do draft de 2006 e ainda não fez porcaria nenhuma na NBA. Às vezes tem um bom jogo, mas aí desaparece, faz umas cagadas e começa a perder minutos. Nessa temporada, está tendo alguns jogos mais consistentes, excelente aproveitamento nos arremessos, acertando mais da metade de suas bolas de 3 pontos e, o mais bizarro, jogando bem melhor na defesa. Ele ainda tem seus defeitos, claro, afinal ele é um branco europeu, mas está dando mais tocos e ajudando na marcação do garrafão. Quanto mais ele aprender a jogar como o cara alto que é, ao invés de como um armador nanico, maior vai ser seu espaço na Liga.

É o mesmo caso do pivô Spencer Hawes, do Kings. Ele é um gigante que joga como um anão, não gosta de contato, preferia estar jogando vôlei, arremessa de trás da linha de 3 pontos e não pega rebotes. Na época em que draftaram ele foi até engraçado, porque o Kings precisava justamente de gente atlética no garrafão, gente física, e o Hawes é justamente o oposto. Acontece que agora, com um pouco mais de experiência, ele está conseguindo equilibrar bem as coisas. Na defesa, está muito mais competente, pegando mais de 8 rebotes por jogo e dando 2 tocos por partida, o que é espetacular para os minutos um pouco limitados. No ataque, está arremessando de longe como gosta, inclusive sendo o melhor arremessador de 3 pontos da NBA até agora em porcentagem: acertou 9 de seus 12 arremessos tentados (campanha para ver ele no campeonato de 3 pontos do All-Star Game já!). Engraçado é que ele e Brad Miller estão dividindo minutos e os dois são muito parecidos: americanos brancos gigantes que não gostam de contato, chutam de fora e jogam com inteligência. Mas e o jogo físico de que o Kings precisa, cadê? Bom, o calouro Jason Thompson está dando uma mão, mas dele eu falo depois, porque os novatos são um capítulo à parte. Mas tem um deles que eu não vou resistir e vou ter que falar a respeito.

O nome do rapaz é Luc Mbah a Moute, um príncipe camaronês que foi para os Estados Unidos. Eu sei, eu sei, parece mentira. Aliás, parece aquele filme com o Eddy Murphy que passava na Seção da Tarde da Globo o tempo inteiro, em que ele é um príncipe africano que vai para a cidade do Knicks. Tinha algum nome bem óbvio, como “Um príncipe em Nova Iorque” ou algo assim. Mas tenho certeza de que o príncipe aprontava muita confusão.

Bem, o Mbah a Moute foi a 37a escolha do último draft apesar de ter uma das maiores forças nominais da NBA (aliás, na nossa Liga de Fantasy, quando ninguém mais sabia quem pegar no draft, ele foi escolhido alegadamente apenas por sua força nominal). Ninguém dava um centavo pelo príncipe camaronês mas ele está chutando traseiros. As médias de quase 10 pontos, 6 rebotes, 1 roubo e 1 toco já são incríveis, mas nas últimas partidas está ganhando cada vez mais espaço e importância num Bucks completamente desesperado por qualquer nota positiva. Se ele for o novo Ginóbili, a gente avisou aqui primeiro. Se ele for uma farsa, a gente muda de assunto… hum, você já assistiu o novo filme da Sasha Grey?

Para terminar as surpresas até agora, vamos falar do Shaquille O’Neal. Porque, após ser rebaixado a porteiro de boate nos círculos basqueteiros por aí, atuações sólidas são surpreendentes. Com 24 pontos, 11 rebotes e 4 assistências contra o Bucks, o Shaq destruiu e pôde até aloprar no seu Twitter:

Bogut é o Erika Dampier com barba“.

O Shaq nunca perde uma chance de zoar o Dampier, é sempre muito engraçado e seu Twitter é imperdível. Ou seja, torço para que ele tenha muitas atuações desse nível – jogo sim, jogo não. É que o Shaq está velho mesmo e a política no Suns é poupá-lo ao máximo para os playoffs. Ele sentou num jogo, ficou de terno só assistindo, e no outro jogou com tudo. Segundo o técnico Terry Porter, ele pode sentar sempre que quiser se, quando voltar, jogar como jogou contra o Bucks. Eu acho a idéia excelente, tem que ter bom senso e perceber que o Shaq não precisa jogar todas as partidas, ele deve sentar bastante mesmo durante a temporada, mas não é meio surreal o Suns de repente virar um asilo de velhinhos em fim de carreira? Um dia eles poupam o Shaq, no outro eles poupam o Grant Hill. Daqui a pouco vão poupar todo mundo e colocar cinco micos de circo pedalando monociclos em quadra. Bem, dentre as surpresas até agora, cinco micos sobre rodas com certeza ganhariam de todas elas. Tirando o príncipe camaronês, claro.

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