>Louco varrido

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Don Nelson gagá balançando a barriguinha

O Don Nelson é maluco. Completamente biruta. Pronto, falei. Precisava tirar isso de mim.

Quem disse que metereologia é um troço aleatório não faz idéia de como é acompanhar a carreira do sujeito. Quem disse que não dá pra entender as mulheres não sabe da complexidade que é lidar com o técnico do Warriors. Quem acha o acelerador de partículas incompreensível não tentou achar um padrão na cabeça gagá do Don Nelson.

Depois de um tempo, a gente desiste de tentar entender o que diabos ele está fazendo, mas ainda assim consegue compreender algum tipo de padrão. Por exemplo, ele não é lá muito fã de pivôs, prefere jogar com times baixos e velozes, e nunca coloca novatos para jogar. Acontece que nem mais esses preceitos mais básicos do “donelsonismo” ele anda respeitando. Depois de colocar o Baron Davis no banco no último jogo da temporada passada, sem explicações, o então armador do Warriors decidiu dar o fora para o todo-amaldiçoado Clippers. Sem armador titular e sem armador reserva, Don Nelson resolveu efetuar uma troca pelo eterno reserva do Nets, Marcus Williams, um armador com muito potencial e que tem umas grandes partidas no currículo. A princípio, a vaga de armador principal seria do Monta Ellis, meio no improviso, mas ele se machucou na dança da motinho. O cargo então deveria passar para o Marcus Williams, mas o Don Nelson não gostou da idéia e preferiu o inexpressivo (pra não dizer “quem diabos é esse mané?”) CJ Watson para a armação. Também não gostou e então o papel de armador principal caiu nas mãos do ala Stephen Jackson, que nunca havia exercido a função na vida, com o CJ Watson mais liberado para arremessar.

Até que chegou a hora do Warriors enfrentar o Clippers, rivais recentes pelo troca-troca na hora de assinar jogadores: o time de Los Angeles roubou o Baron Davis, o time de Golden State se vingou contratando o Corey Maggette. Então, ao invés de CJ Watson, começou em seu lugar um tal de Anthony Morrow. Volta e meia acontece de um cara completamente aleatório de nome esquisito começar de titular e depois desaparecer de uma vez por todas, provavelmente abduzido por alienígenas. Quando percebi, no entanto, que tratava-se de um armador novato, senti uma fissura na estrutura do espaço-tempo. O Don Nelson botou um novato pra jogar de titular? Que diabos?

Quando o tal do Anthony Morrow saiu de quadra com 37 pontos, 11 rebotes, 10 arremessos certos em 15 tentados e 4 bolas de três pontos convertidas, pareceu um lance de gênio do técnico. Até então, o desconhecido havia jogado apenas três partidas na temporada, tendo feito 8 pontos duas vezes e 7 pontos no jogo restante. O rapaz sequer foi draftado, tendo sido assinado para completar o time depois de conseguir uma média de quase 19 pontos na Summer League e acertar 16 das 19 bolas de três pontos que tentou. Ou seja, o rapaz era um bom arremessador, desconhecido, esnobado, cuspido e escarrado, que foi parar no Warriors sem nenhuma experiência, e então o técnico com mais aversão por novatos no planeta colocou-o como titular, enquanto o notório arremessador italiano Marco Belinelli mofa no banco apesar de anotar quase 30 pontos por jogo nas Summer Leagues. Se eu tivesse apostado sobre quem teria mais minutos nessa temporada, teria perdido o carro, a casa, a esposa e os filhos – isso se eu tivesse um carro, casa, esposa e filhos, claro.

A primeira coisa que eu fiz após dar de frente com a atuação de Anthony Morrow foi correr atrás de uma explicação do Don Nelson em pessoa. Ele até faz as coisas parecerem simples, na verdade.

“Foi só um palpite.”

No treino o Morrow impressionou por ter um arremesso veloz e então o Don Nelson resolveu tentar colocar um arremessador mais capaz em quadra dessa vez. O Belinelli não conta, provavelmente ele deve gostar de gatos enquanto o Don Nelson prefere cachorros, ou algum desentendimento bastante pertinente desse tipo. Após os primeiros acertos do Morrow, o técnico continuou chamando jogadas para ele pra ver o que acontecia. O resultado foi uma atuação lendária e a maior marca de um novato nessa temporada. Mas, na verdade, vendo os lances do jogo, percebi que a maioria das jogadas não foram feitas para que o calouro arremessasse. Chegou um momento em que ele simplesmente não estava nem um pouco interessado em passar a bola, dava um passo pra frente e chutava sem vergonha. Alguns dos arremessos são ridículos, forçados, patéticos. Todos eles entraram. Pra quem quer conferir, abaixo tem todos os pontos do garoto:

Pelo grau de dificuldade de alguns arremessos, eu duvido muito que ele pudesse ter outra atuação dessas um dia desses. Apesar de ter sido cestinha no seu time da Georgia Tech e ter o apelido de “Mr. Basketball”, que é bem bacanudo mas um pouco brega, admitiu que nem nos treinos ele acerta 10 bolas tentando 15. Foi um golpe de sorte e, se eu tivesse que arriscar, diria que o Don Nelson vai afundar ele no banco só para mostrar que não tem critério. Ou talvez ele troque o time inteiro e mantenha apenas o Anthony Morrow, talvez mate todos os jogadores e coloque em quadra um circo de pulgas. Pra mim chega, eu é que não me atrevo nem por mais um segundo a tentar entender o que diabos esse técnico pirado está ameaçando fazer.

Mas preciso dar o braço a torcer: Stephen Jackson acabou se mostrando o melhor armador principal desse elenco. As assistências começaram módicas e os desperdícios de bola vastos, mas já faz uns jogos que ele acertou a mão, está tomando mais conta da bola e distribuindo muito bem os passes. Sem ninguém perceber, está se aproximando das 7 assistências por jogo, sem falar dos 22 pontos. Mais bizarro do que isso, ele é um armador que marca alas de força na defesa, trombando dentro do garrafão. Trata-se de um jogador único, dos dois lados da quadra, e mais uma pérola que o Don Nelson tirou da cartola. Cartola de “Chapeleiro Maluco”, claro.

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