>Imperdíveis

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Garnett e sua reação ao saber que a Terra é
redonda e que a água é molhada

A onda de preguiça no Celtics continua (e, dependendo de para quem você perguntar, aqui no Bola Presa também. Nossos telefones não param de tocar, todas as nossas atendentes estão ocupadas, recebendo reclamações sobre constância, mas vamos estar cuidando disso, servimos bem para servir sempre!). Como comentei num post recente, a derrota para o Lakers na noite de Natal mexeu com a motivação da equipe de verde, que parece até ter tentado retomar o fôlego, mas não anda dando certo. Ontem, na derrota para o meu Houston Rockets, o Celtics perdeu em casa e quase nem percebeu. Quando se deram conta de que poderiam perder já era tarde demais, mas não existiu aquela reação desesperada de quem nota o placar e luta desesperadamente contra ele, o Kevin Garnett não tentou processar o cara do placar como último recurso, e também não estourou uma veia ao reclamar das falhas defensivas de sua equipe. Ninguém ficou feliz com a derrota, é claro, ficaram todos bem frustrados, mas nem de longe com a intensidade que já tiveram um dia. Isso por algum motivo me lembrou a Adriane Galisteu na época da morte do Ayrton Senna, “meu namorado morreu, foi bem triste, mas agora vou comprar uns sapatos e apresentar algum progama na televisão”. No vestiário do Boston, apesar da situação lamentável evidenciada por três derrotas seguidas, tenho certeza de que o Glen Davis comia uma barra de chololate enquanto alguém, em algum canto próximo, bocejava (provavelmente o Cassell, que ainda não entrou em quadra na temporada e também não conseguiu voltar para o seu planeta).

Eu não vejo nenhum problema com isso. Repito sempre que me perguntam (embora, convenhamos, não seja algo que me perguntem muito nas ruas) que a temporada da NBA é longa demais, quase débil mental. A temporada regular tem jogos em excesso e ela vale pouca coisa, apenas engorda os bolsos de uns engravatados fumando charuto e contunde brutalmente nossos jogadores favoritos. Deixem o Celtics dar um migué, levar com a barriga um ou outro joguinho, não está valendo nada mesmo. Pedir que eles joguem com intensidade uma partida contra o Bobcats é como pedir que alguém se empolgue vendo o Duncan colecionar selos. No entanto, a situação começou a sair consideravelmente do controle dos homenzinho verdes (não estou falando de alienígenas, porque é óbvio que os aliens continuam com tudo sob controle). Deixar um jogo ou outro para lá é diferente de perder em sequência da porcaria do Knicks, do risível Bobcats, e da droga do meu Houston Rockets (sim, meu time fede e todo mundo por lá toma soro no café da manhã). Se não fossem as vitórias em cima do Wizards ultra-desfalcado e do Kings, que não existe e é apenas uma ilusão de ótica, seriam seis derrotas seguidas. O negócio começa a estragar a moral do time, qualquer um começa a acreditar que dá pra vencer o Celtics, e como diria a Ana Maria Braga versão O Segredo, “querer é poder”. Quando eles enfrentarem o Wolves, até o Al Jefferson vai estar salivando e pensando que se o Bobcats consegue, qualquer um consegue. Se o Cavs, o Lakers e os outros grandes não tiveram pelo menos um medinho ao entrar em quadra contra o Boston, as coisas ficarão muito mais difíceis para os planos de repetir o anel de campeão. É preciso que exista um receio, um respeito pelos atuais campeões, e isso desaparece no primeiro segundo em que enfrenta-se um “time em crise”, ou com uma sequência considerável de derrotas. Amanhã, como tínhamos anunciado, o Celtics pega o primeiro rival de verdade do Leste, que é o Cavs. Vai ser a oportunidade perfeita para que Garnett e seus amigos mostrem quem é o macho alfa dessa budega, derrotem LeBron e recuperem um pouco de sua honra (em algumas culturas, recuperar a honra após perder para o Bobcats seria impossível e todo mundo no Celtics teria que enfiar uma faca na barriga, à la harakiri). Amanhã, será uma questão de mandar uma mensagem para o resto da liga. Afinal, que mensagem você acha que eles passaram perdendo para um time em que um dos titulares consegue tomar um toco do aro?

Vendo esse lance, eu consigo até ouvir na minha cabeça o “tóim” que é característico de replay de pegadinha, e confesso que até bate uma certa saudadezinha do João “pára pára pára” Kléber (fica a pergunta para nossos leitores de Portugal, como anda o homem por aí?). Se o erro do Von Wafer é desmoralizante (talvez quase tanto quanto chamar “Wafer”), pior ainda é perder para um time que coloca ele no quinteto titular porque o Tracy McGrady é feito de Lego e desmontou. Já do outro lado, o Cavs está tranquilo: é verdade que eles perderam para o Wizards, naquela polêmica do drible da lagosta ou seja lá o que for, mas já descontaram tudo no Bobcats, num esforço coletivo em que todo mundo no Cavs marcou por volta de 15 pontos só porque parecia um número legal, na verdade cada um poderia ter feito 40 se quisesse. A partida de amanhã é imperdível para ver como times em fases opostas vão brigar pela liderança do Leste, e que mensagem cada um deles passará para os futuros adversários – mensagem que ficará na memória de todo mundo para a hora dos playoffs.

Quer dizer, o jogo é imperdível se você não estiver interessado em outro jogo também imperdível da rodada, claro. Estou falando de Bucks e Nets, a volta de Richard Jefferson a… estou brincando. O outro jogo imperdível da rodada é a volta de Billups a Detroit, comandando um Nuggets que vem de 5 vitórias seguidas e está chutando traseiros no Oeste. É verdade que Carmelo Anthony estará fora, afinal ele quebrou um dedo e ficará longe das quadras por pelo menos três semanas, mas isso é mais motivo ainda para assistir ao jogo. Não que o Carmelo fosse estragar tudo, mas é que assim Billups terá liberdade total para comandar a budega, arremessará todas as bolas (a não ser quando por engano a bola for parar nas mãos de JR Smith, que sem dúvidas irá arremessar no mesmo instante) e assim Billups será a estrela absoluta do time. Por um lado, espero ver o Billups num clima de “olha a merda que vocês fizeram”, no maior estilo “Baba baby, baby baba” da Kelly Key. Mas por outro, talvez ele jogue num clima de “obrigado por me trocarem”, afinal ele parece ter se encaixado perfeitamente bem em Denver e provavelmente não deverá enfrentar seu grande amigo, Richard Hamilton, que está contundido. Se ele estará todo sorrisos ou todo cara-de-mau a gente não sabe, mas de todo modo ele tem tudo pra jogar demais amanhã.

Do outro lado da moeda, o Iverson vai querer provar que o problema não era ele, que ele não é tão amaldiçoado quanto o Clippers, e que um time com ele pode dar certo. Eu ainda não consigo opinar sobre isso, “prefiro pular, seu Sílvio”, mas a verdade é que o time está segurando bem as pontas apesar dos altos e baixos. Eram 7 vitórias seguidas até que eles perderam para o Blazers, com um erro de Iverson no último arremesso, mas como ele acertou alguns desses ainda nessa temporada, acho que tem algum crédito. Engraçado é que o Blazers só ganhou por causa de uma cesta do Travis Outlaw, que na temporada passada fez fama por dominar os quartos períodos. Qual a lógica dele ser tão dominante no final dos jogos sendo que no resto ele costuma feder um bocado? Chegamos a um ponto em que o Blazers já tem jogadas específicas traçadas para que o Outlaw finalize quando os jogos estão apertados, o que beira o ridículo se você pensar em como o resto do elenco é muito superior em todos os aspectos. A única explicação minimamente razoável em que eu consigo pensar é que o Outlaw é apaixonado pelos próprios arremessos, ele fecha os olhos quando está com sua esposa e fica imaginando um jumper dele mesmo de meia-distância, e por isso não tem nenhum medo de chutar nos momentos decisivos, pelo contrário, ele chutaria até no funeral da própria mãe se deixassem. Mas ele não é o JR Smith, ele tem mais cabeça, se contém melhor, mas quando dão carta branca para ele, ou quando ninguém mais tem coragem para tentar um arremesso, pode ter certeza de que ao Outlaw nunca faltarão bolas. Os resultados costumam ser positivos até, e o Pistons se lascou por causa disso, mas ainda assim os resultados têm vindo para o time de Detroit e será muito bacana ver como eles enfrentarão o Nuggets em boa fase – principalmente de Nenê, que está chutando traseiros e agora inclusive consegue sair do chão, o que obviamente contraria várias leis da física e deve levar a uma nova compreensão de uma teoria quântica da gravidade.

Como o jogo em Detroit começa uma hora depois do embate entre Cavs e Celtics (que por sua vez começa às 23h, com transmissão pela ESPN), meu plano é ver o primeiro jogo inteiro, mudando para o Pistons apenas no intervalo do primeiro para o segundo tempo (com transmissão pelos canais genéricos virtuais), e depois assistir ao final do jogo do Pistons quando o do Cavs acabar. Recomendo a tática para todo mundo, a não ser para quem quiser de fato ver o Richard Jefferson enfrentando o Nets, seu ex-time. Mas assistir a um jogo inteiro só por isso é um pouco esquisito. Afinal, como diz aquele velho ditado, uma Tartaruga Ninja só não faz verão (vai me dizer que não parece?).

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