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O desafios dos novatos de ontem não parecia um jogo de festa como sempre parece todos os anos. Ao invés de dúzias de tentativas erradas de ponte aérea, vimos um jogo bem disputado com os dois time buscando com vontade a vitória.
Tá bom que eles levaram a sério do mesmo jeito que seria um jogo sério entre Knicks e Warriors, sem defender uma posse de bola sequer e fazendo falta quando tentavam fazer aquele troço estranho que quem defende chama de toco. Por alguns instantes realmente achei que na beira da quadra treinando as equipes estavam Mike D’Antoni e Don Nelson fazendo o que fazem no seu dia-a-dia, incentivando suas equipes a jogarem pra valer em busca da vitória, que tem sempre um gostinho especial quando se sofre uns 145 pontos.
Mas ao invés dos dois técnicos malucos, quem estava no comando das equipes eram outros dois: Dwyane Wade e Dwight Howard.
O pivô do Magic parecia estar realizando um sonho de infância. Estava na beira da quadra com um terno que o deixava com cara de técnico. Assistiu a partida de pé, com a mão na cintura, gesticulando e questionando as marcações da arbitragem. Só dava pra saber que ele não era um treinador sério e de verdade porque ele não conseguia tirar aquele sorriso do tamanho de um outdoor da cara. O Dwight Howard é sem dúvida o cara mais feliz do mundo. Nem o Marko Jaric que come a Adriana Lima parece tão feliz o tempo todo.
O Dwyane Wade é um cara mais sério, mais focado e por isso os novatos entraram com tanta gana de vencer. Antes do jogo ele disse que quando foi novato eles só queriam se mostrar, enterrar e no fim do dia tinham tomado um pau porque os segundo-anistas tinham jogado pra valer.
Os pivetes então pegaram o espírito ultra sério e competitivo do armador do Heat. Mas eles perderam o jogo porque depois de ver que seu técnico estava com um óculos de nerd dos anos 50 e um colete amarelo, se tocaram de que o jogo era de brincadeirinha. A roupa do Wade foi uma das mais feias que eu já vi na vida, mas ele é tão foda, mas tão foda, que eu até acabei achando só “estilosa”. A entrevista do Craig Saiger, repórter conhecido por seus ternos horríveis, com o Wade deve ter tirado do sério muita bichinha da Fashion Police.
O maior exemplo de jogo de verdade que eu achei pra representar a partida foi a jogada em que o Eric Gordon, que tem um dos arremessos mais lindos da nova geração, cavou uma falta em um arremesso de três pontos. Só essa jogada já mostrou que existiam jogadores na quadra cavando faltas, outros preocupados o bastante com defesa pra sair do chão e juízes marcando qualquer tipo de contato. Por um lado foi legal porque ver bons jogadores jogando pra valer é um prazer, por outro não vimos enterradas e outras brincadeiras tradicionais desse tipo de partida festiva.
O Derrick Rose era um dos mais desanimados da partida. Ele já tem aquela cara de sono que nos faz achar que ele não se importa nem com a crise mundial (quando a gente sabe que todo mundo está super aí pra ela), e ontem parecia que não se importava nem um pouco com o jogo. Foi um armador bem burocrático, passou um tempão no banco e fim de papo. Se o número 1 do draft não se importava, o 2 era o que mais estava em clima de brincadeira. Achando que ele estava em um rachão com amigos, o Beasley tentou arremessar todas as vezes que pegou a bola, mesmo que estivesse na linha dos três com dois marcadores em cima dele e com alguém livre. Certo ele! Se faz isso no Heat, o Wade só dá aquele olhar do tipo “você está morto”.
A piadinha que eu já li em dois blogs é que o Kevin Durant jogou pra valer porque não é todo dia que ele tem tanto talento em volta, então ele quis aproveitar a chance pra vencer um jogo, só pra variar. A piadinha não poderia estar mais correta! Ao invés daquele lixo do Thunder, ele estava em um jogo de verdade, com bons jogadores e ainda com transmissão na TV! O Thunder não teve um jogo em rede nacional ainda nos EUA e nada como uma chance de aparecer pra todo mundo lembrar do quanto ele é um jogador espetacular.
No meu post sobre quem deveria ter entrado no All-Star Game eu não falei do Durant mas foi uma falha enorme minha. Acho que meu cérebro ainda não conta o Thunder como time da NBA, é a única explicação. O Durant está jogando demais, é um dos cestinhas da liga e vê-lo de fora de um jogo que tem o Mo Williams dentro me insulta. (O Durant é do Oeste e o Mo Williams do Leste, eu sei, mas comentei os dois porque o Mo é a presença mais questionável)
São agora 6 anos de vitórias seguidas dos jogadores de segundo ano sobre os novatos e acho que isso não deve parar tão cedo. Esse ano dos novatos é muito, muito, muito bom e no ano que vem deve estraçalhar qualquer um que apareça na frente deles, ontem todo mundo jogou bem, até o desengonçado do Marc Gasol, que orgulhou o irmão mais velho que assistiu tudo da primeira fileira.
Só não jogou bem pelos novatos aquele que não jogou. O Greg Oden, o cara que luta com o Arenas para ser o mais bichado da NBA, não jogou ontem por precaução depois de sentir dores no joelho na partida de quinta-feira contra o Warriors . Em entrevista ontem no meio do jogo ele disse o quanto estava triste e decepcionado (o que ele nem precisava dizer, era só olhar pra cara de bunda do rapaz) porque as contusões são frequentes e sempre nos piores momentos: antes da sua primeira temporada, no seu primeiro jogo da carreira em rede nacional e agora um jogo antes do All-Star Weekend.
Cansou de ler e quer umas jogadas? Aproveite o vídeo abaixo com algumas poucas das melhores jogadas da partida. O vídeo é pequeno mas pelo menos tem a enterrada do Kevin Durant no fim da partida.
O melhor vídeo do jogo não é do jogo, é do discurso pré-jogo dos treinadores. Um discurso que o Dwight Howard ensaiou muito bem mas que teve o Wade com o melhor desempenho, com destaque para a pérola: “Kevin Durant é como o Mike Beasley: não sabe passar a bola, nunca passou a bola antes, mas ele sabe fazer de tudo”. Clássico!