>As quebradeiras – parte 1

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O texto é sobre contusões de verdade, dá o fora Paul Pierce!

Ontem estava assistindo a lavada espetacular que o Lakers deu no Suns e em determinado momento a transmissão da ESPN gringa mostrou na tela uma lista com dados muito interessantes. Era uma lista com todos os machucados dos principais times do Leste e Oeste. Basicamente todos os 9 candidatos a vaga nos playoffs do Oeste e os 3 favoritos do Leste sofrem ou sofreram com contusões de peças importantes nessa temporada.

Eles ainda fizeram um paralelo legal dizendo como no ano passado, nessa mesma época do ano, a graça da temporada estava em ver como os times estavam lidando com suas novas aquisições (Gasol, Shaq, Kurt Thomas, Kidd, Korver, etc.) e nesse ano o interessante está em ver como as equipes estão se saindo ao perder jogadores.

Vou tentar não me alongar muito porque são muitos times, mas é essencial comentar como cada time está lidando com as perdas. Nesse ano não é um time ou outro que perdeu um grande jogador por contusão, foram praticamente todos e em uma liga disputada isso faz toda a diferença. E não, não vou comentar do Wizards sem o Gilbert Arenas, podem ficar tranquilos.

Los Angeles Lakers – O Lakers perdeu o Andrew Bynum como no ano passado mas não está com nenhum problema. Sem ele o Lakers venceu o Celtics em Boston e logo depois foi o único time a bater o Cavs em Cleveland. Na ausência do Bynum, o Gasol voltou a jogar de pivô, jogando até melhor do que antes, e o Odom está com atuações que renderiam até um lugar no All-Star Game se fossem no começo da temporada.

Desde a contusão do Bynum, o Kobe tem mais ou menos uns 6 pontos a mais de média, o Gasol mais uns 4 e o Odom quase o dobro, os três estão dando conta do recado e até defensivamente o Lakers não tem sentido tanto a falta do Bynum como sentiu no ano passado. Quer dizer que o time de LA vai ser campeão mesmo se o Bynum não voltar? É possível, mas eu não apostaria dinheiro nisso.

San Antonio Spurs – Primeiro foi o Ginobili fora no começo da temporada, logo depois o Tony Longoria. As duas contusões comprometeram um pouco o começo da campanha dos Spurs em termos de números mas serviram para outras coisas: mostraram que o George Hill e o Roger Mason dão conta do recado e que o Bruce Bowen já pode começar a procurar por asilos confortáveis na região de San Antonio.

Com os dois de volta, as vitórias apareceram e o Spurs entrou de novo entre os favoritos. Aí o Ginobili se machucou de novo, ficará de fora por pelo menos duas semanas e o Duncan está com fortes dores no joelho, desfalcando o time também. O resultado disso? 35 e 39 pontos para Tony Parker em jogos consecutivos contra Dallas e Portland. Como disse o Popovich, “O importante é todos estarem saudáveis nos playoffs”. Até lá, de alguma maneira que a ciência não explica, o Spurs dá um jeito.

Utah Jazz – Se para o Spurs as contusões de Parker e Manu serviram para revelar Mason e Hill, no Jazz a contusão de Carlos Boozer serviu para eles verem que mesmo se perderem o ala na temporada que vem, o Millsap dá conta do recado. Quer dizer, mais ou menos.

Muita gente disse que a surpresa do Millsap aparecer fazendo trocentos pontos na ausência do Boozer foi ótima porque assim o Jazz não precisa se preocupar em gastar uma grana preta pra manter o Boozer na temporada que vem. Mas acho que essa pode ser uma aposta errada. O Millsap jogou muito bem, teve números dignos do próprio Boozer, é mais jovem e nunca teve problemas de contusão. Mas até onde ele levou o Jazz? Com ele jogando muito bem o Jazz não foi tão bem, ficou sempre ameaçado de ficar fora dos oito classificados para os playoffs e só se recuperou mesmo quando o Deron Williams voltou da sua contusão e, com a ajuda de Kirilenko e Okur, botaram o time nas costas.

Ou seja, esse time funciona bem se Deron, AK47 e Okur estiverem bem, o talento de Millsap e Boozer são “apenas” o diferencial, entre o Jazz ser um time mediano e um que briga pelo título.

O Millsap é muito bom, isso é fato. Mas não tem o arremesso do Boozer, o que é importante demais pra esse Jazz. E ele pode levar o time tão longe quanto o Boozer? Se eu tivesse os dois como Free Agents e pudesse pagar apenas um, levaria o Boozer. E tudo indica que o Jazz não concorda comigo.

New Orleans Hornets – Nunca um time pareceu envelhecer tanto de um ano para o outro. Passou apenas um verão nos Estados Unidos e de repente o Stojakovic e o Morris Peterson pareciam ter 90 anos de idade, rugas e um estranho gosto por bocha.

O sucesso do Hornets ficou na mão do Chris Paul, do David West e do Tyson Chandler. Até que o Chandler perde quase a temporada inteira e um time candidato a título se tornou um time de dois jogadores.

Para o Hornets ser um time bom eles precisam demais do Chandler como o principal reboteiro ofensivo da NBA, como um dos líderes em tocos e da sempre ameaçadora ponte-aérea dele com o Chris Paul. A contusão dele serviu para mostrar um Hornets limitado, dependente das suas poucas boas peças e mostrou também como o Chris Paul é o melhor armador do mundo. Sério, se ele fosse um armador só bom, não espetacular, esse time estaria em nono no Oeste facilmente.

Houston Rockets – O Rockets agora é um time forte. Ontem eles bateram o Cavs, limitaram o LeBron James a seu primeiro jogo na carreira sem assistências e o Yao se mostrou um novo homem: machucou o Ben Wallace (depois de uma trombada o Ben Wallace saiu do jogo com a perna quebrada) ao invés de sair machucado e enterrou na cabeça do LeBron James ao invés de ser marretado. É o mundo às avessas!

Essa nova fase do Houston que venceu 8 dos últimos 10 jogos se deve a duas perdas, a do Tracy McGrady e a do Rafer Alston. A troca do Alston foi uma injeção de confiança no Aaron Brooks que transformou o Houston em um time com um ataque mais dinâmico, e ainda trouxe o Kyle Lowry que joga demais e é ótimo para se ter no banco. Já a perda do T-Mac foi bom porque fechou o grupo, ele finalmente parou com esse vai não vai e afirmou com certeza que não volta mais nessa temporada.

O Houston, então, agora sabe que não tem mais ninguém pra ser trocado, sabe ao certo quem é o time titular e sabe o papel de todo mundo. Depois de uma temporada cheia de lenga-lenga mais chato que a atual novela das 8, o Houston agora tem identidade, tem uma rotação fixa. É, afinal, um time. Um time bem forte, aliás, que o diga o LeBron, que além da enterrada do Yao sofreu com um mix de marcação do Artest e do Shane Battier. Eu prefiro apanhar de cinta a ser marcado pelos dois no mesmo jogo.

Denver Nuggets – Em comparação aos outros, é um dos times que menos sofreu com as contusões. Perdeu o Carmelo Anthony por 10 jogos (6 vitórias, 4 derrotas) mas acabou no fim das contas servindo apenas para a liderança da divisão noroeste ficar um pouco menor sobre o Portland, nada comprometedor. Mais preocupante é a atual contusão do Nenê, que ainda bem não parece séria. Se eles perdem o Nenê, dão adeus a qualquer resto de esperança de passar da segunda rodada dos playoffs.

Você acha que as contusões param aí? Que nada, foi só metade. Amanhã falaremos mais de como as contusões de jogadores importantes em absolutamente todos os grandes times das duas conferências estão definindo os rumos dessa temporada.

Ainda temos que falar de Boston Celtics, Cleveland Cavaliers, Orlando Magic, Dallas Mavericks, Portland Trail Blazers e Phoenix Suns. Pra quem gosta de sangue e dor é um prato cheio!

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