>As quebradeiras – parte 2

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Esses caras que caem no chão pra fazer cera me irritam

Depois de um fim de semana em que tentei fazer aquilo que os seres humanos chamam de “vida social”, cá estou para terminar o prometido texto sobre as contusões que estão assombrando os grandes times da NBA. Para minha sorte, nenhuma contusão muito séria me fez mudar muito o texto, só o Scalabrine que se machucou mas isso acho que dá pra deixar passar.

Portland Trail Blazers – O Oden se machuca toda vez que volta de uma contusão. Mas o que esperar de um senhor de 70 anos, certo? O Blazers é um timaço mesmo sem o Oden, vai fazer muito barulho nos playoffs e tem talento pra dar e vender. Mas não é por isso que as frequentes contusões do Oden devem passar despercebidas.

Ter um pivô defensivamente forte é justamente o que separa o Portland de ser um time “que faz barulho” de um time que luta por títulos. E se outro dia a gente reclamava que o Oden não pegava experiência por causa de seus problemas com falta, imagina não jogando um minuto sequer? Alguém dê leite cheio de cálcio pro menino ficar bom logo, o Portland precisa dele mais do que parece.

Dallas Mavericks – O Dallas é um time baseado (“baseado” não no sentido Josh Howard, que fique claro!) em arremessadores. Toda a dinâmica ofensiva é baseada em que, em algum momento, algum bom arremessador fique livre, geralmente o Nowitzki ou o Josh Howard. E, em determinados momentos do jogo, o Jason Terry.

Com a contusão do Terry deu pra ver com mais clareza quais são esses momentos do jogo: os mais importantes. Por mais piadas que faça sobre o assunto, não sou daqueles que acham o Dirk Nowitzki amarelão, muito pelo contrário, confiaria arremessos decisivos a ele o tempo todo se fosse técnico, com raras exceções, como, por exemplo, ter o Jason Terry no time.

Quem é torcedor do Dallas sabe a quantidade de arremessos gigantescos que o Terry acerta em todo jogo. Seja quando o Dallas precisa de pontos fáceis, seja quando está para abrir grandes diferenças, e principalmente em quartos períodos. Segundo dados do 82games.com, o melhor site de estatísticas de NBA, o Terry é o sétimo melhor pontuador em quartos períodos em toda liga com 6,4 pontos por quarto período. Na frente dele apenas LeBron, Kobe, Granger, Wade, Roy e Devin Harris. E acho que todo mundo que já viu ou jogou um jogo de basquete na vida sabe quantos e quantos jogos não são decididos apenas no quarto período, em que a cesta parece menor e muitos jogadores desaparecem do jogo.

Só para constar, o Josh Howard tem média de 2,5 pontos por quarto período, o Dirk 4,6.

Phoenix Suns – Primeiro queriam trocar o Amar’e, mas ao invés disso trocaram de técnico e o Amar’e parecia feliz em jogar no Suns de novo. E dois jogos depois ele teve mais um problema no olho que o fez usar óculos no começo da temporada, e aí já era o ano dele.

Perder o Amar’e para o resto da temporada inteira para Suns é uma perda imensa, tanto que alguns jornais de Phoenix afirmam que gente lá do Phoenix disse que se soubesse da contusão antes da data limite para trocas teriam abandonado a temporada e trocado o Shaq.

Jogar sem o Amar’e obriga o Suns a jogar com uma formação mais baixa, geralmente usando o Grant Hill ou o Matt Barnes na posição 4, o que é legal durante uns minutos, mas o Shaq não é mais nenhum menino pra jogar 45 minutos por jogo, então quando ele descansa o Suns usa o Louis Amundson ou o Robin Lopez de pivô e ao lado dele um jogador baixo como ala de força, o que significa um garrafão mais fraco que o de muito time da NBB.

Em um Oeste cheio de contusões, com o Shaq motivado do jeito que está e com um time feliz em correr de novo, o Suns tem até bastante chance de ir para os playoffs, mas imaginar eles jogando dois minutos de um jogo de playoff com o Shaq no banco já é de dar medo. Podem contar mais um fracasso de primeira rodada para o Suns.

Boston Celtics – Bom, sem Garnett o Celtics perdeu para o Clippers, precisa dizer mais alguma coisa? Hoje eles perderam para o Pistons mas isso até dá pra perdoar porque o time de Detroit estava sem o Iverson, o que parece ser a fórmula mágica para eles.

Mas falando sério, a contusão do Garnett não parece séria o bastante para tirar ele de ação por muitas e muitas semanas ou meses, mas serve para mostrar uma certa fragilidade do Celtics. Nenhum dos três grandes jogadores do time é novinho e basta um deles cair que o Boston vira um time mais fraco, ainda forte, claro, mas mais humano.

E principalmente se quem machucar for o Garnett, principal peça do sistema defensivo do time, que é a marca registrada deles. Perder o Ray Allen pode ser mais aceitável se o Paul Pierce jogar mais minutos e em alto nível e se o Eddie House estiver inspirado, perder o Pierce pode ser aceitável se o Ray Allen jogar como nos seus tempos de Sonics, mas perder o Garnett exige que o Glen Davis jogue com um talento que ele não tem nem mesmo se você procurar em cada banha daquele corpo.

Outro risco para o Celtics é que essa contusão do Garnett está custando jogos que antes seriam vitórias garantidas, como o do Clippers que eu citei. Isso pode fazer a diferença na hora de definir o mando de quadra em uma possível final com o Lakers ou mesmo antes, em uma série contra o Cavs. Ano passado o Celtics acabou os playoffs como campeão mas com um patético recorde de apenas 2 vitórias (Pistons, Lakers) e 10 derrotas (3 Atlanta, 3 Cavs, 2 Pistons, 2 Lakers) fora de casa.

Cleveland Cavaliers – Um mês sem o Ben Wallace com a perna quebrada. Isso quer dizer mais um mês de festa pra todo mundo que tem o Varejão no seu time de fantasy. No começo da temporada foi o Ilgauskas que se machucou e o Varejão entrou muito bem no lugar dele, agora entrará no lugar do Big Ben e tem tudo pra dar certo de novo.

O porém aparece no banco de reservas. O novato JJ Hickson é bom mas terá muito mais minutos confiados a ele em um momento crucial da temporada em que o Cleveland tenta confirmar a liderança do Leste para ter mando de quadra nos playoffs. De qualquer forma o Cavs é o time com chance de título que menos sofre com as contusões nesse momento da temporada.

Orlando Magic – Eu achei a troca do Magic pelo Rafer Alston uma ótima sacada. Pegaram no último dia possível um armador que se encaixava no perfil que eles queriam e perderam muito pouco pra isso. Mas mesmo assim não passou de um remendo.

Minha aposta até um tempo atrás, mesmo com vitórias sobre todos os favoritos, era que o Magic não venceria o Leste jamais. Sem o Jameer Nelson não vão ganhar mesmo, mesmo que o Alston jogue melhor do que já jogou em toda carreira.

Além do Nelson ser muito mais defensor, ele é melhor preparador de jogadas e é uma ameaça muito maior no ataque, criando inúmeras chances para os outros jogadores marcarem cestas. Além disso, acontece aqui o mesmo caso do Dallas, o Nelson era o maior cestinha do Magic em quartos períodos. Com 4,9 pontos por período decisivo, ele fazia mais pontos que Rashard Lewis, Turkoglu e Dwight Howard. Nelson também conseguia ficar entre os 20 primeiros da liga inteira em assistências no quarto período, com números próximos aos do LeBron James, nada mal.

Se alguém aqui assistiu aos jogos em que o Magic venceu fora de casa o Spurs e o Lakers, irá lembrar dos arremessos decisivos do Nelson nos quartos períodos dos dois jogos. Sem o Nelson o Magic é um time ainda forte mas que volta e meia irá perder para adversários mais fracos. O sonho do título fica para o ano que vem, com o Rafer Alston como reserva.

Respondendo ao comentário do outro post, o título “Quebradeiras” é sim uma homenagem à péssima série da MTV. Eita programinha vagabundo…

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