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Então martela, martela, martela o martelão
O filme foi quase o mesmo de novo. O Orlando corre, chuta traseiros, bota pressão, defende bem, abre mais de 10 pontos e aí relaxa mas não goza.
Na primeira partida da série entre Magic e Sixers, o time da Flórida dominou o jogo por completo. Desde o primeiro minuto você via que o Sixers estava se esforçando mas que não sabia como superar a defesa do Magic. E não era à toa, veja como era dura a situação de Iguodala e companhia:
Eles tem problemas de ataque em meia quadra desde o ano passado porque não têm arremessadores de longa distância e nem jogadores ofensivos de garrafão, duas coisas que são detalhes tão pequenos quanto o gol no futebol. Eles sobreviviam então de uma agressiva defesa que os levava a ser o time que mais fazia pontos de contra-ataque na NBA.
Como essa tática parecia limitada demais, usaram a offseason para contratar dois arremessadores, Kareen Rush e Donyell Marshall, e um jogador de garrafão, Elton Brand. A idéia foi louvável, mas o time não se adaptou. Rush e Marshall mal entram em quadra e Brand foi um belo de um desastre, tendo partidas patéticas até por fim ser afastado devido a uma contusão. Um ano depois, então, o Sixers está nos playoffs com a mesma tática e os mesmos defeitos.
Se pra eles já é difícil atacar em meia quadra, sem poder abusar da velocidade dos contra-ataques, imagina quando o outro time ainda tem no meio do garrafão o Dwight Howard, que acabou de ser eleito o melhor jogador de defesa da NBA e lidera a liga em tocos. Como diria o poeta, é foda.
Outro trunfo do Sixers era o de usar o Thaddeus Young como ala de força. Como ele é baixo para a posição e muito rápido, ele conseguia vencer alguns marcadores mais pesadões no drible. Mas o Magic também usa a mesma tática usando o Rashard Lewis de ala de força, sendo uma carta A para esse Super Trunfo do Phila.
Não, eu não esqueci que o Sixers ganhou o jogo 1. O Orlando Magic usou de toda essa sua superioridade no confronto com o Sixers para dominar o primeiro jogo até o quarto período, quando o time simplesmente afundou. Sempre fui defensor da teoria de que o Magic só era time bom em quarto período quando deixava a bola na mão do Jameer Nelson. O Turkoglu é bom mas nem tanto e o Dwight Howard comete muitos turnovers quando embolam ele no garrafão, então no quarto período o Magic ainda é um time frágil.
Foi aí que o Magic começou a se perder no ataque e com isso deixou a porta aberta para os mortais contra-ataques do Sixers. Andre Miller, Andre Iguodala e Thaddeus Young correndo juntos é desespero certo para a defesa. Mais ou menos como o Ronaldo é um desespero na velocidade para o Rodrigo do São Paulo.
A diferença que era de 18 pontos caiu para 1. O Iguodala amarelou na hora dos lances livres mas teve mais uma chance e meteu um arremesso com passinho pra trás à la Caron Butler há dois segundos do fim do jogo, dando a vitória para o Sixers e levando a vantagem do mando de quadra para a Philadelphia.
O segundo jogo, ontem, foi quase idêntico. O Magic usou de novo tudo o que tem de vantagem sobre o Sixers e foi tomando conta do jogo. Com destaque para o novato Courtney Lee, que está jogando uma barbaridade, sendo muito agressivo no ataque e defendendo muito bem. Destaque negativo para o Dwight Howard, que por mais que ainda domine na defesa, não consegue ser tão efetivo no ataque. Ontem foram muitas faltas de ataque (o que levou ele a sair de quadra com 6 faltando três minutos para o fim do jogo) e apenas 11 pontos em míseras 6 tentativas de arremesso. Que tipo de estrela do time é essa que só tenta 6 arremessos em um jogo?
Assim como no jogo 1, o Magic abriu uma renca de ponto e no quarto período deu uma amarelada homérica, deixando o Sixers diminuir a diferença para 4 pontos. Para sorte do Magic, dessa vez o Sixers encostou tarde demais e não deu tempo de alcançar. Com o tempo de jogo chegando ao fim e com a água batendo na bunda, o Sixers entrou em desespero e desperdiçou pelo menos 3 ou 4 posses de bola seguidas amassando o aro em tentativas de 3 pontos. No jogo 1 o Donyell Marshall acertou uma bola longa decisiva, ontem ninguém foi capaz disso.
O panorama geral da série é simples: emocionante mas de baixo nível. Um time, o Sixers, é muito limitado; e o outro, apesar de ser muito melhor, fica tentando entregar o ouro no último período. Se você foi mais esperto que eu você assitiu ao jogo do Heat e do Hawks ontem.
Eu, burro, vi o Magic e peguei o jogão do Heat apenas a partir do final do terceiro período. Mas não tem segredo pra ver o que o Heat fez de diferente para não tomar uma surra: ao invés de acertar 4 bolas de 3, acertou 15. Dessas, 12 ficaram divididas entre Dwyane Wade (6) e Daequan Cook (6).
O Hawks fez 90 pontos no primeiro jogo e 93 no segundo, com aproveitamento quase igual. A diferença do jogo foi mesmo o ataque do Heat que acertou muito as bolas de longe, o que mudou a cara do jogo e fez a defesa do Hawks deixar um pouco mais aberto o garrafão para contestar os arremessos. A série ainda está mais aberta que as pernas da Monica Matos.
Por fim, ontem tivemos Nuggets e Hornets, mas nem vale o esforço do comentário. O Nuggets é simplesmente profundo demais para o Hornets. O David West e o Tyson Chandler parecem duas fêmeas perto do poder físico do trio Nenê, Kenyon Martin e Chris Andersen. Pra completar, o Chris Paul não consegue dominar o jogo porque o Billups está achando que está na final de 2004.
Em dois jogos, o Billups tem 67 pontos, 12 assistências, 12 bolas de 3 pontos e nenhum turnover. Divirta-se com os melhores momentos do jogo de ontem, que foi uma lavada dantesca.