>Falha no Universo

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Sean Marks só faz essa força no banheiro

Tudo estava normal com o mundo: o sol brilhando, os pássaros cantando, a Scheila Carvalho posando pelada, a Britney Spears com cabelo, o Nuggets ganhando do Hornets por 22 a 6 no primeiro período, tudo como deveria ser. Foi então que surgiu uma irregularidade: após o Tyson Chandler feder (como sempre) e cometer sua segunda falta na partida, quem entrou em quadra para substituí-lo foi nosso concorrente para o prêmio de “melhor atuação de jogador ruim”, Sean Marks. O Universo não contava com essa e ficou confuso, não era uma opção programada. Como se a coesão universal fosse um cobertor curto demais, tornar a entrada de Sean Marks algo “normal” acabou por desestabilizar todo o resto do Universo. Estrelas morreram, a Mari Alexandre disse que nunca mais vai posar nua, o Barrichello terminou a corrida em quinto, e o Denver Nuggets não conseguiu escapar ileso. O jogo já estava praticamente terminado ainda no primeiro quarto, mas então Billups cometeu o primeiro desperdício de bola da série (nos dois jogos anteriores, não cometera nenhum turnover) e, em seguida, errou seu primeiro lance livre do mês. Era óbvio que Sean Marks havia comprometido a estrutura do espaço-tempo, gritando como um maluco em quadra, jogando com força, energia, injetando ânimo num Hornets que praticamente havia desistido da partida no primeiro par de minutos. Pegou rebotes ofensivos, deu tocos e até finalizou com confiança perto da cesta, com um punhado de enterradas. Se no começo do jogo apenas Chris Paul conseguira pontuar, após a entrada de Sean Marks o time inteiro se empolgou e começou a fazer o trabalho direito. Contando isso no chat do Bola Presa para um torcedor que chegou atrasado no jogo ontem, tive medo de que ele me achasse mentiroso.

Qualquer tentativa de recuperar a normalidade da partida era inútil, e Billups terminou o jogo com mais um turnover e mais um lance livre errado, sinal claro de que as coisas não iam bem. Sua pontaria, até então mais do que calibrada, estava um tanto torta. Nada dava certo para o Nuggets, mas ainda assim tiveram a chance de ganhar o jogo, num roubo de bola que deu a eles a última posse do jogo com o time apenas um ponto atrás do placar. Vale dar uma olhada no resumo do jogo e adiantar para o final, apenas para essa jogada:

Carmelo Anthony infiltra no garrafão e tenta um passe para um Chris Andersen livre embaixo da cesta para enterrar. Mas então o passe é interrompido no meio do caminho, e por qual motivo? Isso mesmo, a bola bate num cara branco, careca e desengonçado: Sean Marks! A bola é desviada e sobra para Anthony tentar um último arremesso, forçado, que acabou não caindo.

Ou seja, se o garrafão do Nuggets havia se apresentado como um dos mais fortes da liga com Nenê, Kenyon Martin e Chris Andersen (que vem chutando traseiros), o garrafão do New Orleans acaba de se mostrar ainda superior com Tyson Chandler lixo, David West e o gênio Sean Marks. Detalhe esquisito: no fim da partida, todos os jogadores de garrafão acima mencionados estavam eliminados com 6 faltas, com exceção de Chris Andersen e Sean Marks, que acabou decidindo o jogo na defesa. Se o Univero vai ser pego de calças curtas de novo eu não sei, mas o Hornets ao menos respira na série, Billups tornou-se humano, e o Chris Paul aprendeu a se livrar da marcação do Dahntay Jones (alguém se lembra de um jogador marcando melhor o pobre armador do Hornets?) pelo menos dessa vez, com 32 pontos, 12 assistências, e até acertando alguns arremessos de fora.

Ainda vítima do cobertor curto que não soube lidar com Sean Marks, o Spurs também teve um dia um tanto bizarro. Mas não para Tony Parker, que prova cada vez mais que é o melhor jogador de garrafão da NBA. Se eu tivesse que escolher alguém para acertar uma bola debaixo do aro, deixaria pra lá Dwight Howard, Yao Ming, Shaq, e deixaria com o francês comedor de Evas Longorias. Após acertar quinhentas bandejas seguidas (e, é preciso deixar claro, quase nunca ele faz isso em transição, é tudo em basquete lento de meia-quadra mesmo) começa a surgir espaço para ele arremessar de onde quiser. Com tanto espaço, até ele consegue acertar um arremesso ou outro (para desespero do Popovich, que prefere uma sonda anal do que ver o Parker arremessando) e aí o caminho está aberto para 31 pontos ainda no primeiro tempo, como aconteceu ontem. Duncan também jogou bem, parecia tudo maravilhoso, mas o placar acusava uma derrota para o Mavs – ninguém mais no Spurs conseguia pontuar.

Ao fim do jogo, Parker e Duncan combinaram para 68 pontos dos 90 da equipe. Ao todo, o resto do time acertou apenas 6 arremessos, enquanto Duncan por si só acertou 7 e Parker, usando gameshark de videogame, acertou 18. No entanto, eu ainda não estou pronto para subir no ônibus do “o Spurs é um time velho e por isso todo mundo fede”. Para mim, a culpa ainda é do Sean Marks no jogo anterior. Parker e Duncan sempre seguraram as pontas, Ginóbili sempre salvava tudo quando as jogadas davam errado, mas sempre foi o elenco de apoio improvável do Spurs que garantia os anéis. Horry fedia e acertava bolas decisivas, Stephen Jackson de repente não errava bolas de três, Speedy Claxton começava a infiltrar, Francisco Elson pegava uns rebotes ofensivos. Agora, o elenco tem Drew Gooden (que é bem talentoso ofensivamente), Roger Mason (que acertou vários arremessos para decidir jogos durante a temporada), Matt Bonner (e suas bolinhas de três), Ime Udoka (o próximo Bruce Bowen) e até mesmo o novato George Hill (que jogou muito bem durante a contusão do Parker e ontem acertou as duas bolas de três que tentou). Tudo isso além de Michael Finley e Kurt Thomas que, esses sim, estão bem velhos – mas pra mim sempre foram, nasceram com 50 anos. Talvez a idade esteja de fato atrapalhando Tim Duncan, mas ontem com 25 pontos, 10 rebotes e 7 assistências, quem é que perceberia? A culpa foi do resto do time que de velho não tem muita coisa, e que fede um pouco assim como todo “restolho” de qualquer equipe do Spurs sempre fedeu. Francisco Elson tem um anel no dedo, crianças, por que Matt Bonner não poderia ter também? Alegar que esse time é velho é uma desculpa não muito convincente. Os joelhos do Duncan, que – dizem – estão atrapalhando um bocado, não alteram seu jogo que sempre foi pouco físico e muito técnico. Ontem, jogou bem como sempre jogou. Fora o desiquiíbrio que Sean Marks causou, o peso cai mesmo sobre Manu Ginóbili. Com ele em quadra fazendo sua mágica de sempre e tirando o peso do resto do elenco de apoio, é muito mais provável que caras como Drew Gooden e Roger Mason acertem seus arremessos com mais calma e sem tanta obrigação de salvar a equipe do buraco no placar. O argentino faz uma falta gigantesca principalmente quando o Dallas defende bem, complica a jogada programada que o Spurs tenta fazer, e aí com o cronômetro prestes a estourar precisa colocar a bola nas mãos de alguém para que algo aconteça. Ontem, era comum ver o Spurs desesperado, sem saber o que fazer, tacando a bola nas mãos do Parker para um arremesso desequilibrado e desesperado. Achei que morreria sem ver isso, de verdade. Mérito também da defesa do Mavs, que cada vez mais poda as armas principais do time de San Antonio, e até uns jogadores nada-a-ver entram em quadra e surpreendem defensivamente. O Sean Marks do Dallas Mavericks tem nome: o pivô Ryan Hollins. Praticamente nunca joga, fede pra burro, é apenas um corpo grande, mas entrou com tanta força e energia no jogo que acabou fazendo o Spurs se mijar de medo. Pegou vários rebotes ofensivos, distribuiu 3 tocos e ainda enterrou na cabeça do Duncan. Definitivamente, um dia anormal para o Universo.

Dwyane Wade e Kobe Bryant não perceberam nada demais, atropelaram seus adversários e deram um bocejo. Alguns, eles nos lembram, simplesmente fazem a própria sorte.

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