Finalmente uma movimentação! Estou torcendo para ter uma troca por semana para a gente ter o que falar no blog. Poderia até ser uma troca de James Augustine por Luther Head e um vale CD. Pelo menos essa troca renderia um desconhecido do mês para o Augustine, uma análise do nome de banda de metal do Head e as melhores opções de como gastar um vale CD na era do MP3.
Mas para nossa sorte a troca dessa semana envolve jogadores de peso que realmente fazem a diferença na NBA. O New Orleand Hornets mandou o Tyson Chandler para o Charlotte Bobcats em troca do Emeka Okafor.
No Twitter, com aquele limite patético de caracteres, só consegui dizer que os dois jogadores são muito parecidos: bons reboteiros, bons defensores e com ataque limitado. E que pareceria melhor quem jogasse ao lado do Chris Paul. Mantenho essa visão. No ataque os dois dependem muito das jogadas que são armadas para eles e nisso não há ninguém melhor que o Chris Paul, ele e o Chandler até tinham aquele pick-and-roll que acabava em ponte aérea que era marca registrada do time.
Mas além disso eles tem mais coisas em comum. Os dois foram segunda escolha de draft, o Chandler em 2001 e o Okafor em 2004. Os dois foram a segunda opção atrás de outro jogador de garrafão, o Chandler depois do fenômeno colegial Kwame Brown e o Okafor depois do fenômeno colegial Dwight Howard. Estes dois com histórias nem tão semelhantes na NBA.
Além do draft, a história dos dois na liga é ainda parecida. Os dois chegaram como promessa de jogadores fora de série. Para muitos na época do draft, o Okafor deveria ter sido o primeiro escolhido porque era uma opção mais segura enquanto Dwight era uma aposta no escuro. Em 2001 o Bulls trocou seu ótimo e regular Elton Brand para ter Tyson Chandler no elenco.
Anos depois os dois conseguiram o meio termo. Nenhum virou o Kwame Brown mas também não chegaram a ser as estrelas que deveriam ser, viraram titulares, importantes em seus times, mas com um jogo limitado e dependente.
Mas se são tão parecidos, para que trocar, certo? Segundo os managers e técnicos dos dois times, são pelos detalhes. O manager do Hornets, Jeff Bower (irmão mais novo do Jack Bauer), disse que o Okafor, apesar de ter tido contusões no começo da carreira, já não sofre com elas há algum tempo (não perdeu nenhum jogo nas últimas duas temporadas) e é uma opção mais confiável para jogar de pivô. Ele dá a entender algo que é realmente verdade, a inconsistência do Chandler, que além de perder muitos jogos com o dedão do pé machucado era capaz de fazer 15 pontos e 15 rebotes num jogo e 5 pontos e 5 rebotes no jogo seguinte.
Já o Larry Brown, técnico do Bobcats, disse que a troca foi puramente basquetebolística. Nada a ver com contusões, salários e etc. Ele simplesmente acha que o time será melhor com o Chandler no lugar do Okafor. Ele cita a velocidade do Chandler e a sua altura (é 8 centímetros maior que o Okafor) como fatores que farão o time melhor.
Acho que os dois tem sua dose de razão. O Chandler é mais rápido, mais alto e até mais atlético, talvez ajude a dar uma movimentação melhor ao ataque do Bobcats, que é muito lento. Já o Okafor no Hornets faz com que eles tenham um cara que pode ajudar o Chris Paul regularmente, o que não é o caso do Rasual Butler e do Stojakovic, por exemplo. Mas isso também quer dizer que eles estão resolvendo um problema e criando outro.
Nos seus dias apagados ou precisando descansar o dedão, o Bobcats terá que apelar para DeSagana Diop e o Hornets poderá dizer adeus àquelas pontes aéreas, o Okafor não é dessas coisas.
Acho que os dois times fizeram certo ao trocar. Apesar de ver apenas mudanças mínimas em suas características principais, era claro que nenhuma das duas equipes iria mais longe do que foram no ano passado sem algumas mudanças, melhor mudar pouco do que não mudar. E também acho que a mudança é válida porque os jogadores podem evoluir ao mudar de time e encontrar outros técnico e outro estilo de jogo.
Pode ser importante para o Emeka Okafor jogar ao lado do Chris Paul e ser treinado pelo Byron Scott. Se algum vestígio do bom jogador ofensivo que era prometido em 2004 ainda existe, são esses dois que podem fazê-lo despertar. Já para o Chandler, que há duas temporadas foi considerado por muitos o melhor reboteiro e um dos melhores defensores da NBA, poderá ser uma boa trabalhar com o Larry Brown, um dos caras que mais sabe montar defesas na NBA e transformou o Ben Wallace naquela máquina de defender no Pistons.
Quem sabe os dois jogadores limitados não ganham mais vida na NBA com essa troca de ares e de sistemas de jogo? Pode ser que eu só acordei bem humorado e otimista, tudo bem, mas é uma possibilidade. E que fique claro que o Hornets ainda não tem banco de reservas e que o Bobcats ainda não confirmou o Raymond Felton para a próxima temporada, sem essas duas coisas não há troca que resolva!
Três curiosidades:
1. Com a saída do Okafor agora o Gerald Wallace é o único remanescente do time original de Charlotte que entrou na NBA em 2004. Pra quem não lembra, aquele time tinha, além de Wallace e Okafor, caras como Brevin Knight, Eddie House, Jason Kapono, Keith Bogans, Primoz Brezec e Melvin Ely. O Bobcats acabou aquela temporada com 18 vitórias.
2. Essa foi a primeira troca entre o New Orleans Hornets e o time que o substituiu na cidade de Charlotte, o Bobcats. Todos devem lembrar que até a temporada 2001-02 existia o Charlotte Hornets e todo mundo aqui no Brasil tinha um boné, mochila ou pochete com aquela bendita abelinha. Só perdia para os produtos do Bulls.
3. Na temporada passada, Hornets e Bobcats acabaram exatamente empatados na média de rebotes por jogo. Tanto o time com Chandler como o com Okafor tiveram 39,7 rebotes por jogo. Apenas três times (Heat, Kings e Grizzlies) conseguiram ser piores.
Semana dos novatos
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