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Faz carinha de quem tá gostando
Nem deu tempo de respirar. Ontem à noite o Brasil enfrentou o México na estréia da segunda fase da Copa América e hoje de tarde já estava em quadra de novo contra o Canadá. E talvez os dois jogos em sequência, com pouco tempo de descanso, pode ser a justificativa do pior jogo da seleção até agora ter sido contra os canadenses. Um jogo ruim mas que nos rendeu a vitória que faltava para nos garantir no mundial de 2010.
A partida de ontem contra o México não deu nem pro cheiro, foi bem sem graça. O Brasil dominou o jogo de tal forma que se tivesse com instinto assassino e sem vontade de poupar jogadores poderia ter vencido por mais de 50 pontos de diferença. Parecia Jogos Escolares de São Bernardo.
O quarto período da partida serviu para descansar os titulares mas eles não pareciam tão descansados assim hoje. Desde o início da partida o time não parecia concentrado, errando passes, demorando para tomar decisões e com algumas falhas defensivas que não tinhamos visto até agora. O que nos salvou foi que o time do Canadá, formado por ursos, lenhadores, guardas florestais e a Celine Dion, não soube aproveitar os momentos mais fracos da seleção.
O primeiro quarto teria sido um desastre ainda maior se não fosse o Leandrinho, autor de 15 dos 18 pontos do time no período e de 31 no jogo todo. Hoje foi tranquilamente o melhor jogo do Barbosa na competição. Ele chamou a responsa quando viu que tava todo mundo em dia de Kwame Brown e livrou nossa cara. Ter um dia ruim e ser salvo por sua estrela é coisa normal pra qualquer time, depender todos os dias do Leandrinho é que não pode. Como o time está com crédito, vamos deixar passar.
Na transmissão da ESPN Brasil, o Wlamir Marques chamou a atenção para o fato do Brasil ser um time tão certinho e que obedece tanto ao Moncho que começou a ficar previsível e que por isso seria uma presa mais fácil daqui pra frente. Não estou convencido disso ainda, acho que o que aconteceu é que ficamos limitados devido ao mal desempenho individual da maioria dos atletas. Quando ninguém acerta as bolas que deveriam acertar, o time fica parecendo limitado, quando na verdade está apenas em um dia ruim. Vamos tirar a prova disso nos próximos jogos.
De todas as atuações individuais bem fracas eu destaco a do Marcelinho Huertas, o único, além do Leandrinho, a chegar nos 10 pontos. Hoje, mais do que nos outros jogos, a bola voltou pra mão dele depois da jogada ter sido iniciada. Dribles mal feitos, jogadores de garrafão embananados, não importa o motivo, as jogadas estavam falhando e recomeçavam na mão do nosso armador principal. E muitas vezes, pressionado pelo relógio, ele teve que partir para a decisão em infiltrações ou arremessos de longa distância. No total ele acertou 3 das 10 tentativas de arremesso, errando todos os 3 da linha dos 3 pontos.
É normal o armador ser uma espécie de desafogo das equipes já que a bola sempre volta pra eles quando a jogada não dá certo. Na NBA vemos bastante a bola acabar na mão do melhor jogador quando alguma jogada desenhada não funciona, seja lá qual for a posição desse melhor jogador, faz parte da cultura de super-valorização dos grandes jogadores e do jogo de 1-contra-1 que eles tem por lá. Porém, em outros lugares como a seleção, a bola volta pro cara da posição 1 e o Brasil tem sofrido com isso.
O Huertas é nosso melhor armador, titular absoluto e um dos grandes responsáveis por ditar nosso ritmo de jogo. Ele sabe quando correr no contra-ataque e quando parar e fazer o jogo de meia-quadra, méritos totais pra ele por isso, mas ele precisa, pelamordedeus, aprender a pontuar. Aquelas bandejas “jornada nas estrelas” como se ele fosse um Tony Parker de Itu não são confiáveis e as bolas de 3 são tão certeiras quanto as arremessadas pelo Varejão.
A maior prova de que um Huertas que sabe pontuar deixa o Brasil em outro nível foram os jogos contra Panamá e Argentina ainda na primeira fase. Foram 15 pontos contra os Panamenhos e 18 contra os Argentinos, na melhor partida do Huertas até agora. Nesse jogo o Brasil tinha dificuldades para usar o garrafão, já que o Splitter é tão amigo quanto freguês do Scola, e foi com as infiltrações do Huertas que conseguimos abrir a defesa argentina e fazer o nosso jogo funcionar.
Na nossa enquete de quem é o jogador mais importante da seleção o Huertas foi muito bem votado e com razão. Ele é nosso único armador e muita coisa depende dele, aliás muita coisa tem dado muito certo por causa dele. Mas se temos a ambição de ir mais longe, como uma semi-final de mundial por exemplo, precisamos que o Huertas não fique refugando quando a bola sobrar na mão dele para decidir.
Pior jogo da competição e falhas individuais à parte, o Brasil ainda tem o melhor time do torneio e a vaga garantida no mundial. A primeira parte da missão está concluída. Falta agora o título. Parte importante da campanha para a vitória está em observar a seleção de Porto Rico em seu primeiro grande desafio, a partida contra a República Dominicana nesta noite. Jogão!
Momento nostalgia
Como parte das homenagens ao Michael Jordan, que está na classe de 2009 do Hall da Fama do Basquete, a NBA.com fez um Top 10 com suas melhores jogadas em finais. É impressionante porque tem jogadores que não tem um Top 10 desses na carreira, o cara conseguiu isso só em finais. Assombroso!