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Quando eles tentaram contratar o Turkoglu, fui completamente contra. Não apenas o turco é superestimado por ser o único com bagos para tentar decidir no Magic, ele também não tinha nada a ver com aquilo que o Blazers construiu e não acrescenta nada que a equipe já não tenha em sua profundidade digna de Monica Mattos na cena do cavalo. O próprio Turkoglu optou por jogar no Raptors, o que para mim é um caso do Blazers ter sido salvo pelo gongo (sinceramente não vejo o turco acrescentando nada de muito valioso para o time de Toronto também, e lembremos que seu contrato foi retardado de grande, mais de 10 milhões por ano). O Andre Miller, ao contrário, topou jogar no Blazers na mesma hora.
Dá pra ver o que os engravatados da equipe viram no Andre Miller. Assim como o Hawks tornou-se um time muito melhor quando Mike Bibby assumiu o cargo de armador e o Nuggets se transformou num time de verdade com Billups na armação, ter um armador puro experiente dá água na boca de quem quer ver o time dar um passo mais à frente. O Andre Miller é um daqueles armadores de verdade (por “de verdade” quero dizer o oposto do TJ Ford ou do Iverson, por exemplo, que são armadores “de mentira”) que não recebem a atenção que deveriam. O estilo do Sixers não casava bem com ele, é verdade, mas o Andre Miller é um general em quadra, sabe fazer a coisa certa o tempo inteiro e só peca mesmo é nos arremessos de longe (nisso ele se encaixava muito bem no Sixers, em que todo mundo parece ser míope). O que ele pode trazer para o Blazers é enorme, mas como será que ele lidará com um time tão profundo que os minutos de todo mundo devem ser mais controlados do que os docinhos da Britney Spears?
Nos momentos de decisão, Brandon Roy assume a armação para ficar com a bola nas mãos o máximo de tempo possível. Steve Blake é um excelente arremessador de 3 pontos e um armador burocrático mas eficiente. É preciso achar espaço para Rudy Fernandez, já reclamando de seu papel limitado na equipe, para Jerryd Bayless, que agora não é mais novato, e para Martell Webster, que volta de contusão. A ideia, então, é deixar Steve Blake e Brandon Roy como titulares, ao lado de Nick Batum, que faz um excelente trabalho defensivo, e colocar Andre Miller, Webster e Rudy Fernandez como um banco de reservas destruidor que pode chutar o traseiro de muito time titular por aí (Houston com Trevor Ariza e Chuck Hayes, estou olhado pra você). Mas o Andre Miller já surtou e inclusive reclamou em uma entrevista: “Se tivessem me dito já nas primeiras reuniões que eu seria reserva, então eu não teria vindo pra cá.” É bem óbvio que ele não entende que o grande trunfo da equipe é ter quinhentos jogadores bons com características diferentes, de modo que todos podem ser utilizados apenas um pouquinho sempre mantendo a qualidade em quadra. Mesmo se fosse titular, Andre Miller não teria muitos minutos – isso simplesmente não se encaixa nos planos de uma equipe que levou anos para se construir assim.
É assim que temos nosso primeiro descontente de pré-temporada. Mesmo tendo mais minutos do que o Steve Blake e, temos que admitir, jogando muito melhor do que o armador branquelo, Andre Miller está todo putinho e incapaz de compreender seu papel na equipe. É péssimo sinal para um time que, após se livrar de Zach Randolph, havia passado um tempo tão agradável sem brigas, egos e reclamações (é claro que o Travis Outlaw volta e meia reclama que não arremessa o suficiente, mas nem ele mesmo se leva a sério).
O outro descontente da pré-temporada é o Stephen Jackson. Já falamos em outro post de seu pedido para ser trocado que virou uma multa milionária. A NBA diz que reclamar para a imprensa vai “contra o jogo”, e os engravatados do Warriors ignoraram o Stephen Jackson, dizendo que ele apenas “quer muito vencer” mas que vai dar tudo certo. Rá, como se a gente não soubesse que nada nunca dá certo no Warriors. Agora, pelo menos ele aprendeu a pedir para ser trocado de uma maneira mais silenciosa, eficiente e que não pode ser ignorada e nem multada: em apenas 9 minutos de jogo (e numa partida de pré-temporada, lembremos) o Stephen Jackson conseguiu cometer 5 faltas, mais uma falta técnica, e ao ter que deixar a quadra ignorou o banco de reservas e foi direto para o vestiário. O Warriors suspendeu o rapaz por dois jogos, mas com certeza qualquer um que realmente se importe com a equipe está mijando nas calças porque o Stephen Jackson não brinca em serviço, ele é capaz de disparar uns pipocos pra cima durante um jogo pra ser expulso, e expulso, e expulso, até que alguém dê um jeito de trocá-lo. O único problema é que ninguém no Warriors se preocupa com a equipe, então é bem capaz que apenas deixem o circo pegar fogo. Diferente do Blazers, que em breve deve dar um jeito de lidar com o Andre Miller – pelo menos é o que esperamos, para que a gente possa voltar a babar ovo em cima do Blazers à vontade, nosso hobby favorito aos domingos.