>Se você está descontente, bata palmas

>

Andre Miller, mais especialista em cara de choro do que a Mari Alexandre

Todo mamífero bípede desse planeta tem a obrigação de admirar o que o Blazers fez nos últimos anos. Volta e meia nossa empolgação com a equipe é tão grande que escrevemos um post só pra dizer como o Blazers é um time maravilhoso, cheiroso e que alimenta as criancinhas. Se livrando de Zach Randolph – que era a estrela do time -, fazendo boas escolhas no draft, comprando novatos de times que não pensam no futuro e se livrando de contratos exagerados, o Blazers deixou de ser uma das equipes mais ridículas da NBA para tornar-se uma das mais completas, profundas e divertidas, e tudo sem que ninguém percebesse. Foi assim, de um dia para o outro, que de repente todo mundo notou que o Blazers estava chutando traseiros usando um elenco composto por uma enorme pirralhada. Mesmo com o Greg Oden fora na sua temporada de novato (ele se machucou levantando do sofá, segundo consta, e deve ser por isso que o gordo do Eddy Curry prefere nem se arriscar e passa a vida dormindo no sofá), o Blazers deu trabalho. Na temporada passada, mesmo com o Greg Oden sendo uma porcaria e cometendo trocentas faltas por segundo, eles foram parar nos playoffs. Se eu entrasse em coma e acordasse daqui há 10 anos, a primeira coisa que eu perguntaria seria “quantos títulos o Blazers ganhou?”. Não precisa ser um gênio pra saber que o elenco é bom o bastante, e profundo o bastante, para chegar ao topo da NBA pela próxima década.
Mas agora que todo mundo tá prestando atenção no Blazers, é muito mais fácil para a equipe contratar outras estrelas. Tem um monte de espertalhão por aí bem interessado em jogar no Blazers porque, além da equipe ter futuro e chances de levar um anel de campeão em breve, o time ser formado por gente cheirando a fralda é uma oportunidade fácil para um jogador veterano se tornar o líder e levar crédito pelas conquistas alcançadas. Eu só não entendo pra quê diabos os engravatados do Blazers iriam comprometer o plano maravilhoso que transformou a equipe nos últimos anos. Com muito bom senso foram capazes de construir uma equipe sem estrelas, sangue jovem e muito potencial, então adicionar um veterano milionário não parece ser um passo para trás?

Quando eles tentaram contratar o Turkoglu, fui completamente contra. Não apenas o turco é superestimado por ser o único com bagos para tentar decidir no Magic, ele também não tinha nada a ver com aquilo que o Blazers construiu e não acrescenta nada que a equipe já não tenha em sua profundidade digna de Monica Mattos na cena do cavalo. O próprio Turkoglu optou por jogar no Raptors, o que para mim é um caso do Blazers ter sido salvo pelo gongo (sinceramente não vejo o turco acrescentando nada de muito valioso para o time de Toronto também, e lembremos que seu contrato foi retardado de grande, mais de 10 milhões por ano). O Andre Miller, ao contrário, topou jogar no Blazers na mesma hora.

Dá pra ver o que os engravatados da equipe viram no Andre Miller. Assim como o Hawks tornou-se um time muito melhor quando Mike Bibby assumiu o cargo de armador e o Nuggets se transformou num time de verdade com Billups na armação, ter um armador puro experiente dá água na boca de quem quer ver o time dar um passo mais à frente. O Andre Miller é um daqueles armadores de verdade (por “de verdade” quero dizer o oposto do TJ Ford ou do Iverson, por exemplo, que são armadores “de mentira”) que não recebem a atenção que deveriam. O estilo do Sixers não casava bem com ele, é verdade, mas o Andre Miller é um general em quadra, sabe fazer a coisa certa o tempo inteiro e só peca mesmo é nos arremessos de longe (nisso ele se encaixava muito bem no Sixers, em que todo mundo parece ser míope). O que ele pode trazer para o Blazers é enorme, mas como será que ele lidará com um time tão profundo que os minutos de todo mundo devem ser mais controlados do que os docinhos da Britney Spears?

Nos momentos de decisão, Brandon Roy assume a armação para ficar com a bola nas mãos o máximo de tempo possível. Steve Blake é um excelente arremessador de 3 pontos e um armador burocrático mas eficiente. É preciso achar espaço para Rudy Fernandez, já reclamando de seu papel limitado na equipe, para Jerryd Bayless, que agora não é mais novato, e para Martell Webster, que volta de contusão. A ideia, então, é deixar Steve Blake e Brandon Roy como titulares, ao lado de Nick Batum, que faz um excelente trabalho defensivo, e colocar Andre Miller, Webster e Rudy Fernandez como um banco de reservas destruidor que pode chutar o traseiro de muito time titular por aí (Houston com Trevor Ariza e Chuck Hayes, estou olhado pra você). Mas o Andre Miller já surtou e inclusive reclamou em uma entrevista: “Se tivessem me dito já nas primeiras reuniões que eu seria reserva, então eu não teria vindo pra cá.” É bem óbvio que ele não entende que o grande trunfo da equipe é ter quinhentos jogadores bons com características diferentes, de modo que todos podem ser utilizados apenas um pouquinho sempre mantendo a qualidade em quadra. Mesmo se fosse titular, Andre Miller não teria muitos minutos – isso simplesmente não se encaixa nos planos de uma equipe que levou anos para se construir assim.

É assim que temos nosso primeiro descontente de pré-temporada. Mesmo tendo mais minutos do que o Steve Blake e, temos que admitir, jogando muito melhor do que o armador branquelo, Andre Miller está todo putinho e incapaz de compreender seu papel na equipe. É péssimo sinal para um time que, após se livrar de Zach Randolph, havia passado um tempo tão agradável sem brigas, egos e reclamações (é claro que o Travis Outlaw volta e meia reclama que não arremessa o suficiente, mas nem ele mesmo se leva a sério).

O outro descontente da pré-temporada é o Stephen Jackson. Já falamos em outro post de seu pedido para ser trocado que virou uma multa milionária. A NBA diz que reclamar para a imprensa vai “contra o jogo”, e os engravatados do Warriors ignoraram o Stephen Jackson, dizendo que ele apenas “quer muito vencer” mas que vai dar tudo certo. Rá, como se a gente não soubesse que nada nunca dá certo no Warriors. Agora, pelo menos ele aprendeu a pedir para ser trocado de uma maneira mais silenciosa, eficiente e que não pode ser ignorada e nem multada: em apenas 9 minutos de jogo (e numa partida de pré-temporada, lembremos) o Stephen Jackson conseguiu cometer 5 faltas, mais uma falta técnica, e ao ter que deixar a quadra ignorou o banco de reservas e foi direto para o vestiário. O Warriors suspendeu o rapaz por dois jogos, mas com certeza qualquer um que realmente se importe com a equipe está mijando nas calças porque o Stephen Jackson não brinca em serviço, ele é capaz de disparar uns pipocos pra cima durante um jogo pra ser expulso, e expulso, e expulso, até que alguém dê um jeito de trocá-lo. O único problema é que ninguém no Warriors se preocupa com a equipe, então é bem capaz que apenas deixem o circo pegar fogo. Diferente do Blazers, que em breve deve dar um jeito de lidar com o Andre Miller – pelo menos é o que esperamos, para que a gente possa voltar a babar ovo em cima do Blazers à vontade, nosso hobby favorito aos domingos.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.