>O Bulls da minha sogra

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Noah (com a ajuda do Nenê) resume a temporada do Chicago Bulls

Não sei quantos de vocês já tiveram a oportunidade de viver uma cena dessas. Domingo passado eu estava almoçando na casa da minha namorada, quieto (sou dos que comem muito e falam pouco à mesa), quando o assunto virou NBA. Meu cunhado, minha sogra e seu namorado começaram a falar de que time era bom, que time era ruim, e minha sogra então lamentou de como é difícil ser torcedora do Chicago Bulls.

Eu já sabia que eles gostavam de basquete e que sempre assistiam aos jogos da NBA na ESPN, mas estar numa mesa de almoço de domingo com a sogra falando de basquete é muito bizarro! São mundos que você nunca achou que iriam se misturar. Ela, aliás, vai amanhã assistir a AND1 no Ibirapuera, enquanto eu vou ficar em casa vendo todos os Tumblrs que eu puder.
Na quarta eu fui de novo na casa da minha namorada e lá estava minha sogra vendo o seu Bulls de coração tomar uma surra de pau mole do Hawks. Foi dormir xingando e dizendo que só com muito amor pra continuar torcendo pro Bulls. Em homenagem à minha sogra e à renca de viúvas do Jordan, um post com 5 razões que levam o Bulls a feder tanto.
1. Falta de confiança
Sabe aquele papo de que mulher pra parecer bonita precisa se achar bonita? Parece conversa de idiota que leu o Segredo e levou a sério, mas é verdade. A mina aparece andando confiante, se impondo e o homem, burro, acredita. Quando tá todo mundo pelado, percebe a besteira, mas antes disso foi muito bem enganado. É confiança.
Depois do jogo do Hawks, o Derrick Rose deu uma baita entrevista dizendo que o time não está nem reagindo durante os jogos. Basta estar cinco pontos atrás que já param de defender e de correr atrás dos rebotes. Talvez só o Joakim Noah não seja assim, mas isso é porque ele é uma aberração e age como se estivesse eternamente cheirando coca. De qualquer forma, quando a sequência de derrotas começa a atingir números maiores do que o número de piriguetes te ligando depois dos jogos, a confiança de qualquer jogador despenca e tudo dá errado.
Nessas horas os arremessos não caem, um culpa o outro, o técnico é um burro, a torcida chia, blogueiros brasileiros comparam o time com mulheres que se acham feias e o estrago está feito. Também é nessas horas que aqueles jogadores mais ou menos desaparecem do time. Já perceberam como todo time tem um Radmanovic que só faz cestas quando o time tá ganhando? Por essas e outras é que os times com pelo menos uma estrela sempre vão estar um passo a frente dos que tem muitos jogadores bons mas não excepcionais.
2. Ben Gordon
Nem vou entrar na discussão de se o Bulls deveria ou não ter pago a nota preta que o Ben Gordon queria (até porque o assunto só se encerra quando o time mostrar por quem economizou tanto, a idéia é levar o Wade, nativo de Chicago, para lá no ano que vem). O fato é que já não pagou e agora o time sente muita falta. Com 12 pontos a menos por jogo do que na temporada passada, o Chicago é o time que mais perdeu poder ofensivo em relação à temporada passada. Ter perdido seu cestinha sem nada em troca claramente tem algo a ver com isso.
Para o lugar do Gordon, o John Salmons foi deslocado para a posição 2 e o Luol Deng, recuperado de contusão, assumiu a ala. O Salmons é até muito bom, mas está muito irregular nesse começo de temporada, provavelmente sentindo a mudança de posição. Agora ele precisa ficar mais com a bola na mão, precisa criar mais e seu arremesso de três não está caindo nem com reza brava, o Salmons é 25% Radmanovic, eu diria.
Já o Luol Deng está tentando compensar os pontos que o Ben Gordon não faz mais, mas a grande diferença é que o Gordon fazia pontos criando o seu próprio arremesso e era o líder do time no quarto período, o Deng não faz nem uma coisa nem outra. O Deng é um cara com um dos melhores arremessos de meia distância da NBA mas que depende de jogadas desenhadas pra isso, ele não pega a bola na mão e resolve como o BG fazia quando a coisa apertava para o Bulls.
Deng também não arremessa de três, o Chicago é o time que mais diminuiu sua quantidade de bolas de 3 certas por jogo em relação ao ano passado, 2,2 a menos.
3. Contusões
Já que é um post para minha sogra, preciso tratá-la como tal e tirar uma da cara dela, explicando essa situação numa linguagem que ela, uma mulher, possa entender.
Lavar roupa é trabalhoso, mas não é difícil. Agora, se a máquina de lavar está quebrada (e está, eu sei, Dona Lilian), o amaciante acabou e o sabão em pó venceu há 2 meses, a coisa fica braba.
Com o Bulls a coisa é assim. Se recuperar da perda do Ben Gordon e jogar um bom basquete não era pra ser fácil, mas não era pra transformar o time num lixo. Porém, não dá pra esquecer que o Derrick Rose jogou esse mês inteiro com o tornozelo dolorido, que o Kirk Hinrich tá jogando no sacrifício, que o Deng acabou de voltar de contusão e que o Tyrus Thomas nem está jogando porque está machucado. Se você olhar bem é o time titular inteiro (de um time de banco frágil) que não está na sua melhor forma.
4. Todo ano é a mesma história
Lembram que o Bulls foi carinhoso e cristão o bastante para demitir o Scott Skiles na noite de Natal da temporada passada? Foi porque o time começou mal a temporada. Na época contestamos a decisão porque em anos anteriores o Bulls já tinha tido o mesmo problema de começar muito mal a temporada e melhorar só depois. Agora mudou o técnico mas inexplicavelmente a história continua.
Sério, os jogadores mudaram, o técnico é outro, o ano é outro, o MC Pelé morreu, o Orkut não é mais tudo isso e mesmo assim o Bulls continua com esse problema de começar mal a temporada. Pelo menos eles estão no Leste e lá tem 3 times na zona de playoff com mais derrotas do que vitória. Se recuperando dentro de um mês, esse começo ruim vai ser logo esquecido. Espero que eles passem o fim do ano sem demitir o Vinny Del Negro, que tem feito um bom trabalho.

5. Garrafão ofensivo
Fiz questão de deixar essa para o final. Acho que se fizer uma lista dos temas que mais abordamos desde o começo do Bola Presa a lista seria:
1- Kobe Bryant
2-Yao Ming
3-Alinne Moraes
4-Ron Artest
5-Garrafão do Bulls.
Tá bom que o Iverson está subindo bem nessa lista, mas mesmo assim não se compara ao número de vezes nos últimos dois anos que falamos o quanto esse time precisa de alguém que marque pontos lá perto da cesta.
Gosto muito do Joakim Noah, que está se tornando um pivô muito melhor do que eu esperava, mas mesmo assim ele só é garantia de defesa e de rebotes. Pontos só em rebote ofensivo ou ano bissexto. Seu parceiro Tyrus Thomas, ao contrário, tem algum talento ofensivo. Na temporada passada, nos dias em que estava inspirado, transformava o time. Seus jumpers de curta distância abriam o garrafão para o Derrick Rose, os ganchos e bandejas tiravam pressão da marcação do trio que joga fora do garrafão e tudo ficava uma beleza.
Mas o Tyrus não é confiável ainda no ataque. Tem dia que nada dá certo e ele não é bom o bastante para se virar quando marcado por caras como o Duncan ou o Kenyon Martin, por exemplo, dois bons defensores da sua posição. Aí o time, além de sem confiança, contundido e sem o Ben Gordon, fica previsível. E como o Tyrus Thomas nem está jogando, machucado, nem chance de ser irregular ele tem. Seu substituto, o novato Taj Gibson, é uma grata surpresa, mas está longe de ser a solução para qualquer problema, será um Drew Gooden melhorado na melhor das hipóteses.
Até cogitaram uma troca de Tyrus Thomas pelo Al Harrington na semana passada, idéia que depois acabou não vingando. A idéia era boa, trazer alguém que marque pontos, mas o Al Harrington é da mesma linhagem de caras como o Charlie Villanueva e Rasheed Wallace, que com o passar dos anos foram criando alergia ao garrafão. No papel o Bulls teria um ala de força melhor, na prática mais um cara pra ficar arremessando de longe.
Então ao contrário do que minha sogra disse (e que sogra não diz isso?), o Bulls não é só o Derrick Rose. Tem gente boa por lá. O problema, como já dissemos ao falar de outros times, é que só talento não basta na NBA, lá o que não falta é cara bom espalhado pelos 30 times. Falta, hoje, confiança, alguém para assumir o papel de líder ofensivo, antes do Ben Gordon, e um cara pro garrafão. Só. Sacou, sogrinha? Eu bem que disse que era mais fácil torcer pro Lakers…

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