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Quando o Blazers mandou o Zach Randolph para o Knicks a preço de banana, muita gente achou que era a decisão errada da parte do Blazers. Que Randolph era um cara talentoso, um dos melhores alas gordos da NBA. Acharam que Randolph e o recém-draftado Greg Oden formariam uma dupla de garrafão poderosa. O cara tem 23 pontos e 10 rebotes por jogo, ele deve ser um dos melhores da Liga, não?
Taí o maior exemplo de que números enganam. Perguntem para qualquer um dos três fãs do Blazers por aí e a resposta será que o Randolph é talentoso: tem talento de sobra para destruir qualquer time. A prova numérica para esse argumento está nos resultados do Blazers. No total, foram 32 vitórias e 50 derrotas na temporada passada. Mas quando o Randolph não entrou em quadra por razão de contusões, o Blazers ganhou sete partidas e perdeu outras sete. Ter 50% de aproveitamento é infinitamente melhor do que amargar 50 derrotas, não?
Já me cansei de zoar o Zach Randolph porque ele não corre (a não ser pra cozinha), não pula, não defende, não passa a bola, dentre outros. Mas pior do que tudo é que ele é realmente amaldiçoado e faz qualquer time perder. Hoje vi uma matéria sobre os jogadores do Knicks estarem ficando bravos com o Randolph e dando indiretas sobre ele nas entrevistas. Tudo porque ele monopoliza o ataque, não joga em equipe, segura demais a bola, deixa o ataque mais lento, pede dinheiro emprestado e depois não devolve e ainda cutuca o nariz. Ele atrapalha tudo, deixa os companheiros de equipe frustrados, o time só perde, mas o Randolph está lá com 19 pontinhos e 10 rebotes por partida. Os jogadores do Knicks estão conhecendo agora o verdadeiro Zach por trás dos números. Aquele cara que o Blazers, ao conseguir trocar, deve ter dado uma festa maior do que a Rede TV! quando se livrou do João Kléber.
Meu cotovelo sabia que colocar esse monopolizador de bolas do lado do Curry, que precisa ser o foco do ataque para ser efetivo, seria mais desastroso do que colocar o João Gordo e o Dado Dolabella na mesma dupla sertaneja. Agora o Isiah me vem dar entrevista dizendo que “o Curry não está sendo agressivo”, que “está passivo vendo o Randolph atacar sozinho.” Oras, o Isiah esperava que o Curry apontasse um revólver para o Zach para conseguir a bola, né?
A coisa tá tão feia em New York que o Curry, que tem fama de ser simples e humilde (leia-se “bobão”), ganhou o mérito de ter prometido uma vitória contra o Pacers ontem. O time de Indiana ficou puto, jogou com tudo e estraçalhou o Knicks. Mas o Curry não tinha dito nada, foi apenas uma piadinha: um repórter chegou atrasado na coletiva e, ao perguntar o que o Curry havia falado, recebeu como resposta de outro jornalista a frase “ele prometeu uma vitória contra o Pacers.” Todo mundo riu mas o infeliz sem senso de humor (que não deve ler o Bola Presa, portanto) achou que era verdade e a notícia se espalhou. O Knicks toma na cabeça pelas merdas que faz e até pelas merdas que não faz também.
Agora fica esse monte de rumor de que o Isiah vai trocar o Curry após dizer que aparentemente ele não pode ser mais a base da franquia. Não me diga! É como ficar surpreso ao descobrir que seu time não vai ser campeão usando o Baby como jogador principal. Ou usando eu. Ou minha mãe. Você pegou o espírito.
Enquanto isso, o Blazers sem o Randolph e sem o Greg Oden, contundido por toda a temporada, não consegue parar de vencer. Eles simplesmente não conseguem! E olha que eu acho que vontade não falta. Não é surpresa pra ninguém o fato de que o Blazers esperava ir mal nessa temporada e ter uma futura boa escolha de draft, mas agora eles tem 13 vitórias e 12 derrotas e estão em nono lugar no Oeste, na frente do meu Houston Rockets. Se o meu Houston quisesse perder para ter uma boa escolha de draft, eles não teriam problemas, acredite. Eles perdem direto querendo muito ganhar. Mas o Blazers parece ter mais talento do que todo mundo pensava.
Pior é que o substituto do Randolph, o LaMarcus Aldridge, não jogou as últimas 4 partidas. Ele deveria ser a estrela do time enquanto Greg Olden não volta, mas quem precisa de estrelas? Brandon Roy (que deve ser o jogador do mês, até) e o Channing Frye (que foi de novato intocável no Knicks para ser trocado meses depois, coisas de Isiah) seguram as pontas por lá, mas pelo que parece, o crédito é do Nate McMillan. O técnico do Blazers merece inclusive um punhado de votos desde já como técnico do ano. Ele está fazendo a pirralhada e uns vovôs (tipo o LaFrentz, que dorme num pote de formol) marcarem defesa por zona de maneiras poderosas, vencendo os jogos na defesa mesmo sem sua principal arma ofensiva e sem ninguém se destacando em particular. Alguns sites estão dizendo que, para vencer o Utah Jazz, basta estudar um jogo deles contra o Blazers: a marcação por zona utilizada anula completamente todo mundo do time que não se chama Carlos Boozer. É bom o Houston já ir estudando essas fitas…
Esse é um bom exemplo de como uma simples troca pode transformar um time. E às vezes, a troca não é para adicionar alguém, como um Garnett ou um Ray Allen da vida, e sim para se livrar daquele cara que finge que está produzindo. Tem 20 pontos e 10 rebotes de média mas fede e faz o time passar vergonha? Então taca fora, e aproveita que o Knicks aceita tudo quanto é lixo – desde que ganhe alguns bilhões de dólares para deixar eles no vermelho, claro.
E aí, Isiah, quando vai fingir que tão te chamando ali perto e dar o fora dessa furada?