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Juízes tendenciosos deram falta do Dwight Howard nesse lance. Roubo!
O Boston Celtics não consegue mais perder. São 5 vitórias seguidas no geral e 4 vitórias seguidas fora de casa, um número que já é impressionante na temporada regular, mais ainda nos playoffs e assustador quando se pensa que as vítimas foram os dois melhores times do Leste na temporada regular.
Quando o Celtics venceu o Cavs, muita gente ainda não queria acreditar que os verdinhos estavam de volta pra valer. Era mais fácil (ou mais divertido) jogar toda a culpa em cima do LeBron James e de seus companheiros de time. Eu acho que toda vitória e toda derrota tem contribuições dos dois lados, por um o Cavs jogou mesmo mal, num nível muito abaixo do que eles mesmo se mostraram capazes na temporada regular, e por outro o Celtics se superou e fez uma série ótima, não dá pra dizer que uma coisa elimina a outra. Mas para os que ignoram isso, bastaram esses dois jogos em Orlando para deixar bem claro: o Celtics está de volta e é, hoje, o melhor time do Leste.
Durante a temporada regular eu lembro de ter feito um post sobre Cavs ou Orlando, não lembro, mas que terminava dizendo que quando todos os times do Leste jogavam o seu máximo o Celtics era o melhor deles. Se você pegar o jogo perfeito de cada time do Leste, o melhor é o Celtics, mas afirmei na época que o mesmo time do Boston era o que menos vezes chegava perto desse potencial. Até o Hawks, que era o mais limitado time do Top 4 do Leste, jogou melhor mais vezes e não a toa se classificou em terceiro, deixando o time do Doc Rivers em quarto. Apostar no Celtics durante a temporada regular era apostar em um potencial escondido lá no fundo e que, agora, voltou a aparecer.
Eu não acredito nesses papos de que um time liga e desliga um botão para querer jogar bem ou mal, não acho que o Boston Celtics sofreu tantas derrotas humilhantes em casa durante a temporada a toa. Eles não estavam jogando bem e não era por falta de interesse. Em entrevista recente Paul Pierce disse que foram dois motivos que levaram à campanha ruim na temporada reuglar: o primeiro foram as contusões e dores que muitos jogadores importantes sofreram durante a temporada, e o segundo o tempo excessivo que reservas passavam em quadra, dando experiência para eles e descanso para os titulares.
Mas acho que foi algo mais do que isso. Primeiro um fator emocional, já que existe uma motivação extra por ser playoff, o momento da decisão. Mas mais importante do que isso acho que o Celtics aceitou a idade do seu elenco e suas limitações. O Paul Pierce tem flashes de excelência em que lembra o melhor jogador dos playoffs de 2008, mas não consegue ser assim todo jogo. Até a metade da série contra o Cavs ele tinha média de 12 pontos por jogo! Ray Allen também não brilha em todo jogo, assim como Garnett, que só se destaca quando encara no mano a mano jogadores muito inferiores a ele.
O que víamos na temporada regular era o Garnett tentando ir pra cima de todo mundo, o Paul Pierce querendo ganhar períodos por conta própria e o Ray Allen arremessando de três o tempo todo mesmo que estivesse errando tudo. Agora não, quem está num dia ruim faz seu papel como coadjuvante, aparece só quando chamado e se dedica o triplo na defesa. Então se Paul Pierce só marcava 12 pontos por jogo, compensou isso fazendo parte daquela defesa magnífica que parou LeBron James.
Aquele Boston Celtics que foi campeão em 2008 era um time completamente dedicado à defesa e que no ataque apelava para o mais simples possível. Parecia que treinava tanto na defesa que não dava tempo de ensaiar uma jogada no ataque, compensando isso com o talento individual do chamado “Big 3”. Como nesse ano esse talento individual não estava dando conta do recado, achamos, com bons argumentos, que o Celtics já era. Mas eis que surgiu um rapaz chamado Rajon Rondo. Em 2008 ele era talvez o quinto ou sexto melhor jogador do time, atrás de Pierce, Allen, Garnett, Posey e, talvez, Perkins. Dois anos depois precisamos garimpar a NBA inteira para achar um ou dois armadores melhores do que ele.
A resposta para a queda de produção dos jogadores mais velhos foi deixar Rajon Rondo 42 minutos por jogo em quadra nos playoffs, o máximo entre todos os jogadores. É ele quem decide para quem vai a bola, se o time corre ou para. Ontem, por exemplo, houve um momento impressionante em que o Paul Pierce segurava a bola na mão enquanto o Rondo gritava com outros 3 jogadores indicando onde cada um deveria ir. Ao fim da jogada o próprio Rondo marcou dois pontos em um arremesso. Alguma pessoa conseguiria imaginar, dois anos atrás, que o Rondo estaria mandando nesse time de veteranos e ainda mais acertando arremessos? Acho que eles precisaram chegar nos playoffs e sentir o desespero de aceitar qualquer coisa por uma vitória para oficialmente entregar o time nas mãos do Rondo, é ele quem deve ser regular e decisivo, o resto do time defende e, nos dias bons, ajuda o armador no ataque.
Essa dedicação defensiva também conseguiu resolver um dos maiores problemas do Boston na temporada regular, os rebotes defensivos. Eles passaram o ano todo figurando entre os três piores times nesse quesito em toda a NBA. Sério, nas estatísticas o Wizards, o Nets e o Wolves são considerados times de verdade e participam do ranking e alguns deles tinham médias melhores do que a do Celtics! Nos playoffs, em compensação, o Celtics é o quarto melhor time no mesmo quesito. Contra o Orlando pegou mais rebotes defensivos que o adversário nos dois jogos.
Mas será que alguém imaginava que mesmo com o Celtics de volta aos trilhos daria para bater o Magic duas vezes seguidas em Orlando? Eu não. O Magic, que desde os últimos meses da temporada regular é um dos ataques que melhor funcionam na NBA, pareceu sem opções nos dois primeiros jogos da série. Rashard Lewis parece que nem estava em quadra, Jameer Nelson só arremessava bolas forçadas e toda tentativa de infiltração do Vince Carter acabava sendo, no fim das contas, um arremesso caindo para trás com uma mão na sua cara. Sem saber o que fazer vendo suas três armas de perímetro não funcionando, o Magic ficou jogando a bola na mão do Dwight Howard sem parar, esperando que ele dominasse o jogo. A única exceção, vale a pena dizer, foi JJ Redick que se esforçava para continuar movimentando a bola no perímetro. Ele foi tão bem no ataque nos dois primeiros jogos que os principais marcadores do Pierce, Matt Barnes e Mickael Pietrus, ficaram mofando no banco.
O Dwight Howard fez uma ótima partida, com 30 pontos, mas não dominou a partida em nenhum momento. Deu pra enjoar de ver o Magic cometer erros e mais erros ao ficar buscando o melhor ângulo para dar o passe para Dwight. Até ontem o Magic era o time que tinha muitos recursos ofensivos de perímetro que, de tão vastos, abriam espaço para Dwight Howard fazer seus pontos. Ontem foi o caminho inverso, eles estavam tentando fazer o D-Ho dominar o garrafão para ver se abria um espaço no perímetro. Mas o Celtics confiou na defesa individual dentro do garrafão e mesmo os pontos marcados por Dwight não serviram para embalar qualquer outro jogador ofensivamente. Foi uma tortura assisti-los tentando furar a defesa verde.
Nós já falamos aqui de times que mudam drasticamente o seu jeito de jogar durante os playoffs, é o primeiro sinal de desespero. O segundo sinal são erros fáceis em momentos decisivos. O que falar, então, dos lances livres errados de Vince Carter a 33 segundos do fim do jogo? Se o Celtics é o time verde, o Magic, ontem, foi o amarelo.
Outro vacilo monstruoso foi do do JJ Redick que não pediu tempo a 7 segundos do fim do jogo quando o seu time poderia ter mais uma chance para empatar a partida. Redick tinha três opções: a primeira era pedir tempo assim que pegasse o rebote do arremesso de Ray Allen, assim o Magic iria repor a bola no campo de ataque e teria 7 segundos para executar um ataque. A segunda era pegar o rebote e correr para o campo de ataque e lá pedir tempo. Se você bate a bola depois de pegar o rebote a reposição só é no campo de ataque se você passar da linha do meio da quadra. A terceira era correr para o ataque e tentar arremessar logo, pegando a defesa do Celtics desprevenida.
Pois é, na dúvida entre essas opções o Redick pegou o rebote, bateu a bola, correu, não passou do meio da quadra e só aí pediu tempo. Ou seja, não pegou a defesa desprevenida, gastou 4 segundos preciosos de tempo e mesmo assim o time teve que começar o novo ataque do campo de defesa. Acabou não dando em nada e o time perdeu o jogo.
Dá pra dizer com tranquilidade que apesar de mais um bom jogo do Celtics, não faltaram chances para o Magic virar o jogo, mas nada como o desespero de ver que o seu time é o pior da série, não é? Paul Pierce sabe disso e garantiu, com direito a piscadinha de xavequeiro malandro, que irão fechar a série em 4 a 0 em Boston.
Alguém duvida? Levanta a mão quem acha que o Magic ainda tem alguma chance. Alguém?
Eu não acho, mas queria achar, não aguento mais lavadas nesses playoffs! Será que alguma série não vai ter um time obviamente superior desde o jogo 1? Ainda dá tempo para uma série histórica ou a temporada vai acabar com Thunder x Lakers sendo a série mais emocionante dos playoffs? Que a grande final nos salve.