>Feio mas limpinho

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Ufa, não era só eu que queria beijar o Fisher ontem

Podemos eleger a partida de ontem como a mais feia de uma final desde aquela série entre Spurs e Nets em 2003? Podemos? Eu já votei. Emoção não faltou, longe disso, minha gastrite pode dizer como o jogo de ontem foi sofrido do primeiro até o último minuto, mas é impressionante como estamos muito longe de ver os dois times jogarem o seu melhor.
Se no jogo 2 nós assistimos o Celtics vencer fora de casa mesmo com um dos piores jogos da vida do Kevin Garnett e o Paul Pierce completamente anulado, ontem foi a vez do Lakers vencer em um jogo ruim de Kobe Bryant (10-29 arremessos), Pau Gasol (13 pontos) e Ron Artest (2 pontos). Aliás, Andrew Bynum (9 pontos, 10 rebotes) também não foi tão bom como no jogo 2. A pergunta que não quer calar é: como diabos o Lakers venceu o jogo 3?
Depois de muito pensar, cheguei a três respostas: defesa, banco de reservas e Derek Fisher. Pois é, o mundo mudou muito desde 2008.
A defesa foi a responsável por fazer o Lakers vencer um jogo marcando menos de 100 pontos. Até um tempo atrás os jogos com placares mais baixos favoreciam o Celtics, mas hoje o Lakers consegue vencer partidas comandadas pelas defesas. O maior diferencial de uma equipe forte na defesa sobre uma focada no ataque é que o setor ofensivo vive de altos e baixos, as defesas costumam ser mais estáveis. Então, se não dá pra controlar que o Kobe, Gasol e Artest serão bons todos os dias no ataque, pelo menos são sempre bons na defesa.
Nos últimos dois jogos Artest foi tão útil quanto eu ou você no ataque do Lakers. Ou até pior, já que eu estou com zero turnovers até agora nessa série final. Mas em compensação são dois jogos seguidos em que o Paul Pierce não consegue embalar uma sequência de bons arremessos. Mas o que talvez tenha sido tão decisivo quanto a defesa do Lakers foi a mão de gelo do Ray Allen. Depois de quebrar o recorde de bolas de 3 em uma final ele conseguiu a proeza de errar todos (T-O-D-O-S) os seus arremessos. Nenhum acerto em 13 tentativas, sendo 8 de três pontos. E o Lakers não mudou a marcação sobre ele, não foi tão fácil como no jogo anterior, mas não faltaram bolas de três livres com o seu marcador parado no peito suado do Kendrick Perkins.
O único que não parou na defesa do Lakers foi, finalmente, Kevin Garnett. Devem ter dado cogumelo do sol para o rapaz e ele foi para a primeira partida em casa renovado e parecendo bem mais ágil. Aí, ao invés de ficar dando arremessos longos e sem direção, foi pra cima de Gasol e fez diversas cestas bonitas, técnicas, no maior estilo vintage Garnett. O Phil Jackson foi esperto ao colocar mais no fim do jogo o Andrew Bynum para marcá-lo, pelo menos a altura do pivô do Lakers diminuiu um pouco o ímpeto ofensivo do KG. E ao mesmo tempo o Gasol ficou marcando e sendo marcado pelo Glen Davis, o jogador mais regular do Celtics nessa série, que estava dando muito trabalho até ter que sair do jogo por estar tomando muitas cestas do espanhol.
O segundo aspecto do Lakers foi o banco de reservas. Não que eles tenham sido geniais e comandando o jogo à lá banco do Suns, quem me dera poder trocar de esloveno com o Phoenix, mas no pouco tempo que jogaram no fim do primeiro quarto e no começo do segundo fizeram a diferença do jogo. Foi com Jordan Farmar, Shannon Brown e principalmente Lamar Odom, que resolveu parar de amarelar, que o Lakers abriu 17 pontos de vantagem sobre o Celtics. Desse momento pra frente o jogo foi sempre feio e amarrado, mas com o Lakers no controle porque soube conservar essa vantagem.
O mais próximo que o Celtics chegou de empatar foi no quarto período, quando a vantagem ficou em dois pontos em algumas posses de bola, mas aí apareceu o Derek Fisher. O arremesso é um dos mais esquisitos da NBA, ele parece não fazer bandeja e não só parece como é realmente velho. Mas e daí? Parece que como bom vovô de NBA ele sacou que temporada regular não vale nada, o que importa e fica na memória das pessoas são os playoffs. Aí, como se não bastasse já ter marcado muito bem Deron Williams e Steve Nash, voltou a acertar arremessos importantes em todas as séries. Alguns não são decisivos, de último minuto, mas quem está vendo o jogo sabe como são essenciais. Ele é aquele cara que faz um arremesso difícil quando o ataque não consegue funcionar, o que acerta uma bola de 3 no último período para responder uma bola de 3 do adversário.
Em uma entrevista ele disse que gosta de tentar arremessos decisivos porque são eles que importam, é para eles que todo jogador treina por tantas e tantas horas, dias, meses e anos. Mas eu valorizo outra coisa além dessa tal coragem do Fisher. Coragem para dar arremessos decisivos não é difícil ter, tenho certeza de que o Nate Robinson, o JR Smith e até o Sasha Vujacic tem, o negócio é que o Fisher acerta esses arremessos. É impressionante a precisão dele quando não pode errar.
O quarto período do Lakers ontem tinha tudo pra ser um desastre. A diferença de 17 tinha caído pra 2, o Kobe resolveu ser burro e parar de tentar infiltrar (não estava errando as infiltrações, nem estava tentando) e não acertava um dos arremessos contestados que tentava, Artest é Papai Noel no ataque, não existe, e Gasol e Bynum estavam bem marcados. Com a bola na mão e o relógio de 24 segundos se aproximando do fim, o Fisher resolveu ser agressivo. E assim marcou 15 pontos, 11 no último quarto. Incluindo a jogada decisiva, uma bandeja com falta a menos de um minuto do fim jogo que abriu 7 pontos de vantagem para o Lakers.
Aqui os melhores momentos do Fisher no 4º período:
Mas os dois minutos finais não tiveram só o Fisher como protagonista, tiveram também a juizada. Eles conseguiram errar três vezes seguidas em menos de 30 segundos e ainda precisam agradecer por terem sido salvos pelo replay duas vezes. Primeiro marcaram uma posse de bola para o Celtics quando o Garnett tinha sido o último a tocar na bola, viram o replay e corrigiram. No ataque seguinte deram bola do Lakers quando a bola tinha tocado no Odom, a TV salvou os juízes mais uma vez. Aí a terceira foi uma palhaçada: a bola tocou por último no Odom antes de sair para fora depois de um lance livre errado do Perkins, mas o Odom só não conseguiu segurar a bola porque sofreu uma falta do Rondo, que deu um tapa na mão do ala do Lakers. Mas acontece que a regra diz que o replay não permite aos juízes corrigirem marcações de falta, só de posse de bola. E aí deram bola para o Celtics.
Para a sorte dos juízes, o Garnett não foi muito inteligente nessa posse de bola. Quando o Ray Allen partia para a cesta para tentar diminuir a diferença, KG deu um empurrão no Gasol, que se jogou no chão como um bom aprendiz exagerado do Ginóbili e deram a falta de ataque. Os juízes sabiam que tinham errado e estavam babando por uma chance para compensar, o que o Garnett tinha na cabeça para dar o motivo? Fair Play?
Até agora os jogos tem sido decididos por que time consegue ter menos jogadores em dias péssimos e pelos que tem seus poucos bons jogadores pegando fogo no fim das partidas. Aguardo ansiosamente pelo dia em que os dois times vão conseguir ter todos os seus jogadores em um bom dia, talvez só assim para vermos com um pouco mais de clareza qual é o melhor time da final.
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