Ontem postamos a
segunda parte da análise do Draft, com a análise de 8 times (
Pistons, Clippers, Jazz, Pacers, Hornets, Grizzlies, Raptors e Rockets.) Antes disso,
na parte 1, analisamos outros 6 (
Wizards, 76ers, Nets, Wolves, Kings e Warriors) de 30 times da NBA! Hoje vão ser mais oito.
Brasil de 70: Jogo bonito, eficiente, cheio de estrelas. Sucesso absoluto, não dava pra ser melhor. Selo para os times que acertaram em cheio no Draft!
Brasil de 94: Não é nenhuma obra-prima, não encantou, passou alguma insegurança, mas venceu. Para times que fizeram o que estava a seu alcance, mas não vão brilhar.
Brasil de 78: Tinha jogadores talentosos, era uma equipe boa e foi longe, mas nunca vai entrar para a história. Selo para os times que conseguiram um role player, um jogador de equipe.
Brasil de 50: Pode ter parecido um pouco legal na hora, até tem seus lados positivos, mas vai ser lembrado para o resto da existência como um fracasso traumático. Selo para escolhas duvidosas.
Brasil de 90: O Silas era o camisa 10. Precisa dizer mais? Desastre total. Escolha jogada no lixo.
Estou colocando ao lado do nome dos jogadores escolhidos a posição em que foram draftados e logo depois a posição em que jogam, sendo:
PG – Armador principal, posição 1
SG– Segundo armador, posição 2
SF– Ala-armador, ala-menor, posição 3
PF – Ala-de-força, ala-pivô, posição 4
C– Pivô, pivô central, aquele-gigante-lá-no-meio, posição 5
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Milwuakee Bucks
Larry Sanders (15) C
Darrington Hobson (37) SF
Tiny Gallon (47) PF
Essas escolhas devem ser avaliadas pensando em duas outras trocas que o Bucks fez, uma logo antes e uma logo depois do Draft. Primeiro mandou Charlie Bell e Dan Gadzuric, dois jogadores que nem entravam em quadra, para o Golden State Warriors em troca de Corey Maggette. Depois mandou uma escolha de 2ª rodada (de 2012) para o Nets em troca de Chris Douglas-Roberts. Digo que essas trocas devem ser levadas em consideração porque só com elas dá pra entender porque o Bucks não foi atrás de um pontuador.
O Bucks teve uma das melhores defesas da última temporada mas teve sérios problemas para marcar pontos. Eles foram parcialmente resolvidos na troca pelo John Salmons, mas ele está de saída também. Para o seu lugar veio Corey Maggette (que será melhor analisado em um post futuro) e Douglas-Roberts deve ajudar vindo do banco.
Com essas garantias, o Bucks se sentiu mais à vontade para arriscar menos no Draft e ao invés de arriscar um jovem talento obscuro, foi na segurança de conseguir um bom reserva para Andrew Bogut. O Larry Sanders é aquele cara para jogar poucos minutos por jogo mas manter a eficiência defensiva do time mesmo com o pivô australiano no banco. Sanders ainda parece precisar encorpar para ser um cara de garrafão mais útil na NBA, mas sua habilidade defensiva parece bastar para ele ser um reserva decente.
Quem precisa perder peso é Tiny Gallon, o pequeno galão em brasileiro. Ele não parece ser de todo mal, mas a melhor definição dele veio do site NBADraft.net: “Ele é um Antoine Walker mais alto. Com as características boas e as ruins”. Se as boas se destacarem pode ser bem útil vindo do banco na posição 4, uma das mais carentes da equipe. Curiosamente o mesmo site compara a outra escolha, Darington Hobson, ao recém-contratado Chris Douglas-Roberts. Não me empolguei muito com ele e com as novas contratações vai ter que ralar nas ligas de verão para conseguir um lugar no time.
O Bucks preferiu não arriscar e fez um draft bem ao estilo do seu técnico Scott Skiles. Buscou jogadores que não são espetaculares mas que podem fazer o trabalho sujo e deixar o elenco do Bucks mais completo.
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Chicago Bulls
Trocou a escolha 17 + Kirk Hinrich + 3 milhões em dinheiro para o Wizards por uma escolha de 2ª rodada
A grande coisa que o Bulls fez nesse draft foi ficar fora dele. Ao mandar a sua escolha 17, junto com Hinrich e umas verdinhas, liberou ainda mais grana da sua folha salarial e agora tem espaço para assinar o contrato máximo de dois jogadores.
O Bulls é um time atraente nessa offseason. A cidade é grande, recebe atenção, o time tem uma história rica e no atual elenco tem jogadores muito bons, como Derrick Rose, Luol Deng e Joakim Noah, que fazem brilhar os olhos de estrelas como Dwyane Wade e Chris Bosh, que há anos lutam com coadjuvantes de nível infinitamente inferior.
O único risco que o Bulls corre é o de se desesperar. Eles não podem querer assinar um contrato máximo com caras que não merecem como Joe Johnson e Carlos Boozer caso percam a chance de ter Wade, LeBron ou Bosh. Eles precisam lembrar que esse espaço salarial pode ser preservado para o ano que vem, quando outros jogadores (Carmelo Anthony, por exemplo) estará disponível.
Também acho que eles não perderam nada de mais com essa escolha 17. Poderiam conseguir um bom reserva, apostar em alguém, mas sem dúvida, pelos planos ambiciosos do time, valeu a pena abrir espaço salarial. Quem pode fazer mais falta em caso de fracasso nas contratações é Hinrich, mas eles já não estavam satisfeitos com o contrato milionário do armador faz tempo.
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Oklahoma City Thunder
Cole Aldrich (11) C
Tibor Pleiss (31) C
Latavious Williams (48) PF
Ryan Reid (57) PF
Trocaram a escolha 18 para o Clippers em troca de uma escolha de 1ª rodada
O Thunder foi um dos times mais ativos na noite do Draft. Ficaram tentando trocar com todo mundo a noite inteira e acabaram envolvidos em duas trocas. Mandaram as escolhas 21 e 26 pela 11 do Hornets e depois trocaram a sua escolha 18 por uma escolha futura do Clippers, o que é sempre garantia de uma escolha alta!
Com a 11ª posição foram atrás do pivô que o time tanto sofreu para achar nos últimos anos, escolhendo Cole Aldrich. Só esperamos que eles não tenham herdado o hábito de achar péssimos pivôs que o finado Sonics tinha. Tudo o que Thunder não precisa é do novo Robert Swift ou Saer Sene. Mas o Aldrich parece ser diferente. Não vai ser nunca o principal jogador do time, mas é bom o bastante para marcar os seus pontos com agilidade sempre que Kevin Durant e Russell Westbrook costurarem a defesa adversária. Teve média de 3.5 tocos por jogo e deve ajudar também na defesa, coisa que o antigo titular do time, Nenad Krstic, não conseguia. Sua presença também vai deixar o Thunder usar Nick Collison e Serge Ibaka como alas de força, suas posições naturais. Em um time com tantas estrelas jovens, o Aldrich só precisa ser regular e bom para se destacar.
As outras escolhas não devem ter o mesmo impacto, longe disso. Tibor Pleiss é um pivô alemão muito jovem, muito magricelo e só deve ser aproveitado pelo time daqui uns bons anos. Latavious Williams, apesar do nome legal, vai ter sorte se conseguir contrato para o ano que vem, e Ryan Reid, segundo o site DraftExpress, é “o pior jogador já escolhido desde que o Draft da NBA só tem duas rodadas”. Sem comentários.
O selo é bom para o Thunder porque estou ignorando esses jogadores, o que valeu foi conseguir subir no draft para achar seu novo pivô e ainda conseguir uma boa escolha do Clippers para o futuro.
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Boston Celtics
Avery Bradley (19) SG
Luke Hangrody (52) SF
Não é comum um time que foi para a final da NBA ter uma escolha antes da casa dos 20, mas por ter recebido essa escolha via troca um tempo atrás, o Celtics se deu muito bem. Apesar do título do Leste, é sabido por todos que eles estão sedentos por uma renovação.
A primeira escolha foi Avery Bradley que, se der certo, tem tudo para ser o que o Nate Robinson foi algumas vezes. Um cara para entrar no jogo, colocar o banco de reservas pra correr e pontuar com facilidade. Ele é bem rápido, sabe infiltrar e arremessar, marcando pontos de qualquer jeito. Comete erros infantis no ataque, porém, por isso não deve poder ser muito usado como reserva de Rondo, mas ao lado dele podem ser ótimos para pressionar o adversário na defesa. Pode ter muito sucesso como sexto homem em um time já bem montado.
Na segunda rodada lá no finalzinho do Draft o Celtics arranjou o
Luke Hangrody, que tem uma
das caras mais engraçadas da classe de 2010. Ele teve média superior a 20 pontos nos últimos dois anos de universidade, mas corre o risco de ficar naquele limbo sem posição na NBA. É muito baixo e fraco para jogar na posição 4, mas lento demais para marcar na posição 3. É conhecido, porém, por treinar muito e melhorar seu jogo ano a ano. Com um pouco mais de velocidade pode ser um reserva útil para Paul Pierce no futuro. É bom não contarem com isso, mas é possível.
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San Antonio Spurs
James Anderson (20) SG
Ryan Richards (49) PF
O Spurs conseguiu um jogador que só precisa provar ser um bom defensor para garantir sua vaga de titular. James Anderson não tem a altura ideal para jogar na posição 3, é verdade, mas é um arremessador muito bom. Acertando arremessos com constância e defendendo bem, já é tudo de que o Spurs precisa. Melhor ter um jogador baixo do que o Richard Jefferson, que na temporada passada não defendeu e nem arremessou. O James Anderson tem problemas para criar seu próprio arremesso, dizem que dribla com a cabeça abaixada até, mas em um time completo e com estrelas em outras posições ele não precisa ser perfeito. Foi uma escolha conservadora que pode dar resultados.
Na segunda rodada o Spurs tentou fazer sua mágica de novo. Eles já acharam o DeJuan Blair perdido na segunda rodada, o Manu Ginobili no fim do Draft, o Tony Parker numa das últimas escolhas de primeira rodada, o George Hill de uma universidade obscura e agora estão draftando um ala inglês (eles jogam basquete na Inglaterra?) que tem passagens rápidas por times da Suíça e da Bélgica. Se fosse qualquer outro time escolhendo eu tiraria sarro, como é o Spurs eu aguardo com confiança. Mas também dizem que ele treinou para vários times nesse período antes de começar o draft (duas vezes para o Spurs) e que impressionou muita gente. Há uma esperança mesmo!
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Portland Trail Blazers
Luke Babbitt (16) SF/PF
Elliot Williams (22) SG
Armon Johnson (34) PG/SG
O Blazers surpreendeu todo mundo ao anunciar, no dia do Draft, que o seu General Manager tinha sido mandado embora. Kevin Pritchard virou ídolo cult em Portland nos últimos anos pelo time que conseguiu montar com trocas geniais. Mas mesmo assim o time achou que era a hora de mudar e ele foi pra rua. Curiosamente ele sabia que seria demitido mas teria no draft o seu último dia de trabalho. Será que não ficaram com medo que ele fizesse um monte de cagada de propósito? Bonito sinal de confiança.
E deu tempo de mais uma grande troca. Mandou o Martell Webster, que, apesar de bom jogador, foi uma decepção pelo que se esperava dele, em troca do novato Luke Babbitt e de Ryan Gomes, que logo depois foi dispensado. Babbitt, se cumprir tudo o que promete ser, pode ser mais completo que Webster: É bom arremessador como o antigo dono da posição mas é melhor reboteiro e joga com mais energia e vontade. Pode fazer uma boa rotação na posição 3 com o Nicolas Batum e ainda jogar na posição 4 (coisa que o Webster não pode fazer) para deixar o time mais leve e com mais arremessadores.
As outras duas escolhas, porém, me deixaram com um pé atrás. Na temporada passada o time já sofreu para agradar o quarteto Andre Miller, Brandon Roy, Jerryd Bayless e Rudy Fernandez achando minutos pra todo mundo. A situação só se acalmou porque foram tantas contusões que acabou sobrando tempo pra todo mundo, mas é uma questão delicada lidar com egos de quatro jogadores para duas posições com todos achando que devem ser titulares. Por isso achei bizarro eles draftarem Elliot Williams e Armon Johnson, ambos jogam na posição 1, na 2 ou nas duas. O problema do time não era no garrafão, precisando usar o Juwan Howard e seus cabelos brancos?
Não questiono a qualidade dos dois. Williams parece ter poder para ser um bom sexto homem e Johnson um bom armador reserva, mas o Blazers precisava disso? O talento dos dois era tão superior a de outros no draft para justificar a escolha de atletas de posições tão bem preenchidas? Sei não. O que está se dizendo nos EUA é que o Blazers deve trocar o Rudy Fernandez, que está insatisfeito por lá, se ele sair mesmo e for em troca de um cara de garrafão a escolha faz mais sentido, mas será que os planos de trocar o espanhol ainda estão de pé com essa estranha mudança de General Manager? Questões demais nesse time do Blazers e nem começamos a falar dos joelhos de Greg Oden.
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Atlanta Hawks
Jordan Crawford (27) SG
Pape Sy (53) SF
Se eu tivesse que escolher um jogador para colocar de comparação com o Jordan Crawford seria o seu parceiro de Hawks que também tem um nome que começa com J e Crawford como sobrenome, o Jamal. Veja algumas das definições sobre o rapaz: “Pode criar arremessos para si mesmo em quase todas as posses de bola”, “Excelente em jogadas de isolação” ou ainda “parece ter só uma função em quadra, só funciona para fazer pontos e quando tem a bola nas mãos”. Que tal? Não é definição do Jamal Crawford? Assim o Jordan teria espaço na NBA como um bom sexto homem, aparecendo para vir do banco, criar arremessos para si mesmo, marcar uma porrada de pontos e voltar pro banco. O que o Hawks vai fazer com dois desses? Eles realmente acham que o Jamal pode virar titular, substituir o Joe Johnson e tudo vai ficar bem? Claro, e o Felipe Melo não vai entrar solando.
Eu nunca tinha ouvido falar desse Pape Sy para ser honesto e quando fui atrás de informações dele no site NBADraft.net li a seguinte declaração: “Nem temos ele no nosso banco de dados. Só posso dizer que na última temporada ele jogou 14 minutos por jogo em um time ruim da França”. Caso encerrado.
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Orlando Magic
Daniel Orton (29) C
Stanley Robinson (59) SF
Gostei dessa escolha do Magic, foi uma boa aposta. Eles poderiam ter ido atrás de algum jogador que no geral fosse mais talentoso, como Terrico White ou Lance Stephenson, mas preferiram apostar num pivô, o Daniel Orton. Como todo bom pivô, recebeu muito auê um tempo atrás, com gente achando que ele deveria sair no Top 15. Não é pra tanto, mas também parece não ser um caso perdido. Considerando que o Magic tem Dwight Howard como pivô, Orton tem tempo e gente para o treinar (além de Dwight, o assistente técnico Patrick Ewing) e assim virar um jogador mais completo. Caso a aposta dê resultado o Magic pode então se dar ao luxo de trocar Marcin Gortat, um jogador muito desejado por outros times e que pode render grandes talentos em uma eventual troca.
Com a penúltima escolha selecionaram Stanley Robinson, um daqueles caras típicos de segunda rodada que tem um físico assustador, muita impulsão e força mas pouco talento nato para o basquete. Não dava pra fazer muito mais do que isso nessa altura do draft, é esperar as ligas de verão e ver se o rapaz surpreende.
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Ufa! Foram mais 8, completando 22 times! Agora só faltam mais 8 para a quarta e última parte da análise do Draft 2010. No próximo post é a vez de Knicks, Lakers, Heat, Cavs, Nuggets, Suns, Bobcats e Mavericks.
E já que o post do Draft tem selos de qualidade da Copa do Mundo, que tal a partir de agora ler o Bola Presa como se você estivesse em um jogo da Copa do Mundo
? É só clicar aqui e sentir a emoção.