>
Steve Blake leva seu rosto bonito para Hollywood
Na segunda parte estão os jogadores que já foram assinados. Sempre que um contrato novo foi concluído a gente atualiza a planilha na hora. Assim você pode ficar bem informado mesmo que a gente demore uns dias para colocar a análise da contratação aqui no blog. Fala aí se não foi uma boa idéia? Salvamos a pele de muita gente que tem matado as aulas de inglês pra ir no bar e/ou para jogar fliperama.
Também estão lá na planilha os links para os posts onde comentamos as contratações. Entre as já comentadas falta só dizer que a do
Joe Johnson pelo Hawks foi confirmada. Quando
escrevemos o post ainda faltava o JJ aceitar, mas ele topou e receberá um dinheirão pelos próximos 6 anos. Como já dissemos lá, mas vale repetir, sim, é muito caro para um jogador do nível do JJ. Mas sem ele o Hawks não tinha espaço na folha salarial para contratar um substituto. Ou era pagar caro por um bom jogador ou voltar a ser um timeco por anos e anos a fio.
Entre os outros contratados já anunciados, dois vão receber uma atenção especial no próximo post do Danilo: Paul Pierce e Dirk Nowitzki. Ambos tinham a opção de ganhar muita grana na próxima temporada pelos seus times, mas preferiram usar sua opção de sair do contrato, virar Free Agents e então assinar um contrato de menos dinheiro (mas mais longo) com os mesmos times. Por que fizeram isso? Tem uma explicação. E é a mesma que levou o Richard Jefferson a decidir não ficar mais um ano recebendo 15 milhões de dólares do Spurs para tentar a vida como Free Agent. Como esses caras exigem uma outra explicação (e, sejamos sinceros, recusar mais de 15 milhões de dólares exige uma bela explicação), por enquanto comento os outros contratados.
…..
Rudy Gay – Memphis Grizzlies (80 milhões por 6 temporadas)
O Rudy Gay era um Free Agent restrito. Ou seja, ele poderia receber ofertas de outros times e o Grizzlies tinha a opção de igualar a oferta e manter o jogador ou deixá-lo sair. O Wolves e o Clippers vinham namorando a possibilidade de ter Gay em seus times (finalmente veríamos a dupla Gay-Love no Wolves!), mas o Grizz não quis nem se arriscar e ofereceu, de cara, o máximo que um cara com o tempo de NBA do Rudy poderia receber: 80 milhões de doletas por um contrato de 6 anos!
Será que ele é um jogador tão completo assim para merecer um contrato tão gigantesco? Provavelmente não. Aliás, certeza absoluta que não.
Apesar de ser um grande jogador, não é nenhum gênio. Mas o Grizzlies vive aqui uma situação parecida com a do Hawks com o Joe Johnson. Se eles perdem o Gay iriam fazer o que? Parar o seu crescimento no tão difícil Oeste e voltar para a ralé da liga? Esperar mais um draft pra ver se acha uma estrela? Vocês não imaginam como é para o Grizzlies atrair bons jogadores. O time não é rico, a cidade não é grande, os jogos do time não passam em rede nacional. Ninguém quer ir jogar lá a não ser que seja por muito dinheiro.
Assim o Grizzlies gasta mais do que devia, mas paga o que tem que pagar para se manter como uma boa equipe. Ainda falta banco de reservas, ainda falta um armador mais confiável, mas tudo isso é bem mais fácil de achar que um substituto a altura para o cestinha da equipe.
Eu achei mais arriscado, na verdade, para o próprio jogador. Claro que nunca vou chamar de errado alguém faturar 80 milhões de doletas por jogar basquete, errado é escrever num blog de graça. Quem me dera errar desse jeito, mas o Gay está se amarrando no Grizzlies durante todo o melhor período da sua carreira. Quando esse contrato acabar ele já vai estar com 30 anos e é possível que tenha passado o auge da sua carreira em um time que nunca tenha a chance de ir longe nos playoffs. Temos que lembrar que ele está em uma franquia que nunca ganhou um jogo de playoff sequer na sua história. Mesmo naqueles três anos seguidos quando o técnico era o Hubie Brown e o time tinha Pau Gasol, Jason Williams, James Posey, Mike Miller e Bonzi Wells eles só conseguiram 3 varridas em 3 anos de pós-temporada.
Assim como tantos outros jogadores, nada garante que OJ Mayo, Zach Randolph e Marc Gasol não sigam os mesmos passos de Gay e decidam sair de Memphis quando seus contratos chegarem ao fim. Assim o Rudy Gay ficaria sozinho (e zilionário) andando de Ferrari numa cidade que tem, como é de costume, um timeco. Exigir uma troca caso ele não esteja num time bom daqui uns anos pode ser uma solução, mas sempre é mais difícil quando se tem um contrato tão grande.
Para o Grizzlies não foi um grande negócio financeiramente, mas perfeito para manter a evolução da equipe. Para o Rudy Gay foi o contrato que pagou a faculdade dos bisnetos, mas que pode fazer ele entrar naquele grupo de velhos desesperados quando seu contrato chegar ao fim.
Steve Blake – Los Angeles Lakers (16 milhões por 4 anos)
Vocês não tem idéia de como eu comemorei essa contratação! Não tenho idéia se eu já comentei nesses anos de blog como eu sou fã do Steve Blake. Entre todos os armadores que não são espetaculares, que não são estrelas, ele é o meu favorito. E desde quando ele ainda estava no Nuggets eu torcia para ele, um dia, ir para o Lakers. Meu sonho virou realidade!
Antes de jogar no Denver ele era atleta do Blazers e depois do Bucks e já passou pelo Wizards. Nesses times foi bem, mas discreto. No Nuggets ele chamou mais a atenção porque foi na época em que o time era uma potência ofensiva desorganizada e com o Blake como armador titular todo mundo começou a jogar melhor e o time passou a funcionar direito.
Foi a presença do Blake no Nuggets que deixou claro como eles seriam um time melhor com um armador de verdade, coisa que ficou comprovada quando eles contrataram o Chauncey Billups, que é 100 vezes melhor que o Steve Blake.
O Lakers estava sem armador.
Jordan Farmar e
Derek Fisher são Free Agents e
Shannon Brown ainda pode vir a ser (ele que tem a opção de encerrar ou não o contrato), mas mesmo que não vire, é mais um segundo armador do que um armador nato. Não tem um bom drible e domínio de bola para ser um armador de verdade. Fisher já disse que quer voltar ao Lakers, provou que pode ser útil nos playoffs e o time o quer de volta, parece ser só uma questão de acertar valores.
Mas a temporada regular do ano passado mostrou como o Lakers precisava de um armador. Até para o Fisher continuar sendo essencial na pós-temporada como foi agora em 2010, ele precisa de descanso, não dá pra ficar jogando mais de 30 minutos todos os dias naqueles 82 jogos inúteis da temporada regular. A boa campanha dele nos playoffs foi uma prova de que ele ainda é bom, mas não de que o Lakers podia considerar que a posição de armador estava resolvida.
Jordan Farmar teve anos e anos para mostrar seu valor mas sempre foi muito irregular. Teve até muita sorte de continuar na rotação, porque em 2008 ele já tinha virado terceiro armador com o crescimento do então novato Javaris Critentton. Mas teve sorte quando ele foi envolvido na troca que trouxe Pau Gasol para o Lakers, assim Farmar voltou a ser o primeiro armador do banco. Nos últimos meses ele disse que queria ser titular no próximo ano e o Lakers respondeu não fazendo nenhuma oferta para que ele continuasse no time. Não precisa manjar muito de basquete pra saber que o Farmar não tem condição de ser titular num time de alto nível. Aliás acho que nem em uma de baixo nível.
Steve Blake quase nunca foi titular na vida e provavelmente não foi para o Lakers pensando nisso. Dizem até que ele recusou outras propostas que rendiam mais grana para jogar em LA. Lá ele sabe que será reserva de Fisher mas que terá bastante tempo de quadra principalmente na temporada regular e será importante quando o Lakers enfrentar armadores rápidos, o que é bem comum atualmente. Blake não é um defensor nato, mas dificilmente é batido com facilidade, sabe ficar na frente e atrapalhar seu adversário. Também é muito inteligente, tem ótimo passe e sua principal virtude ao longo dos anos foi o baixo número de erros. Isso é essencial num ataque baseado em passes precisos como é o do Lakers. Por fim e mais importante nesse time do Lakers, Steve Blake é um ótimo arremessador de três. Acertou mais de 40% dos seus arremessos de longe nos últimos 3 anos e terá muitas chances de chutar sem marcação na próxima temporada.
Ele só precisa defender bem, acertar seus arremessos e dar bons passes para Bynum e Gasol no garrafão para ser o que o Lakers precisa de um armador. E sua história indica que vai fazer isso com a mão nas costas. Contratação perfeita.
Antes de Steve Blake o Lakers ofereceu um contrato até maior para o
Mike Miller, que demorou para responder e perdeu a chance. O Mike Miller tem mais nome, talvez seja um melhor arremessador e ao longo da sua carreira até já jogou de armador, mas eu prefiro o Blake, que é melhor para marcar outros armadores, saiu mais barato e não
tem um cabelo tão feio.
Channing Frye – Phoenix Suns (30 milhões por 5 temporadas)
O Channing Frye tem uma das carreiras mais estranhas da NBA. Foi a 8ª escolha do Draft de 2005, fez uma temporada de novato espetacular pelo Knicks (na época o Lakers ofereceu Odom por Frye e o Knicks recusou) e logo depois começou a cair de produção. Ano após anos foi piorando até ser trocado para o Blazers e depois ficou sem time. Esquecido, o Suns o resgatou na temporada passada e ele ganhou espaço com seus arremessos de 3. Ele tinha acertado uns 10 arremessos de 3 na carreira antes do Suns, aí foi pra lá virar especialista. Muito, muito bizarro. O Gilberto Silva ter disputado 3 Copas do Mundo é menos estranho.
Apesar daquela amarelada monstruosa na série contra o Lakers, o Frye provou na temporada passada que pode fazer a diferença no Suns. Pedir para ele ser titular talvez seja muito, mas fazendo parte do banco de reservas com Dragic, Dudley e Leandrinho é com ele. Assim ele pode fazer suas bolas de 3 na velocidade e confundir os pivôs adversários que nunca o acompanham na linha dos três.
Uns 6 milhões por temporada para o Frye não parece algo absurdo, mas geralmente os contratos não funcionam assim, costumam ir aumentando ano a ano. Então é bem possível (ainda não temos certeza, os valores por ano não foram divulgados) que ele ganhe uns 4 milhões nesse ano e chegue perto dos 8 no último ano. Pagar 8 milhões pelo Frye reserva e mais velho não parece um negócio tão legal assim. Para o Suns teria sido melhor um contrato um pouco menor, talvez de três anos, mas não sei se o Frye aceitaria, em último caso é sempre bom pra eles ter um bom arremessador no elenco. Para o jogador foi bom conseguir ficar em um time onde seu jogo finalmente voltou a se encaixar. No Suns ninguém percebe como ele marca mal e pega poucos rebotes.
Hakim Warrick – Phoenix Suns (18 milhões por 4 temporadas)
Esse sim foi uma baita bom negócio para o Suns! Uma temporada a menos de compromisso e 12 milhões a menos de verdinhas do que o Frye e o Hakim Warrick ainda pode acabar sendo mais usado!
O Suns, dizem os noticiários americanos, ofereceu cerca de 90 milhões de dólares num contrato de 6 anos para o Amar’e Stoudemire, mas ele está ainda seduzido pela suposta proposta de mais de 100 milhões feita pelo Knicks. Mas o mundo dos boatos é tão bizarro que estão dizendo que o Knicks só concretiza a oferta para o Amar’e quando o LeBron aceitar ir pra lá. E mesmo que Amar’e não acabe no Knicks, dizem que as ofertas por ele em Miami, Chicago e New Jersey parecem estar interessando mais do que a do Suns.
Assinar com Warrick foi mais ou menos admitir essa derrota na luta por Amar’e Stoudemire. Warrick está longe de ser tão bom, nunca vai poder jogar de pivô como jogava Amar’e, mas deve render mais do que muita gente imagina com a ajuda de Steve Nash. Ele é rápido, forte e agressivo ao atacar a cesta. Entre as soluções baratas para repor a perda, Warrick foi um achado.
Sem Stoudemire a chance de Nash ir para uma final da NBA diminui ainda mais, mas considerando que Frye está de volta, Warrick é bom jogador e que Robin Lopez está melhorando ano após ano, essa saída não vai ser motivo para o Suns desabar na tabela. Vai ser um time divertido de ver no próximo ano e Warrick tem tudo para ser presença constante nas listas de melhores jogadas com boas enterradas. Também há de se louvar o lado defensivo dessa troca, Warrick pelo menos se esforça quando está defendendo, Amar’e quase nunca se deu ao trabalho, mesmo sendo bom quando tentava.
John Salmons – Milwuakee Bucks (39 milhões por 5 temporadas)
O
Salmons foi quem transformou o Bucks num time de verdade na temporada passada. A equipe era uma potência defensiva, mas só com Salmons conseguiu poder no ataque para transformar a boa defesa em vitórias. Com o fim do contrato de Salmons, parecia que não tinha mais volta.
Por isso o Bucks fez trocas para adicionar
Chris Douglas-Roberts e Corey Maggette ao elenco. Mas não é que o Salmons voltou?
O contrato do Salmons é alto, mas a ajuda dele para o time sempre foi alta também, como já havia sido antes no Bulls. Ele é um baita jogador, tem muito talento e costuma ser decisivo em quartos períodos e é um daqueles raros jogadores que conseguem criar arremessos do nada, eu acho que valeu a investimento.
O time só irá se arrepender se o Salmons acabar sendo um Bobby Simmons ou um Erick Dampier, aqueles caras que jogam bem logo antes de renovar o contrato e depois se acomodam e não fazem mais nada. Acreditando na ética do Salmons, que há muitos anos esperava um time que acreditasse nele como algo mais que um tapa buraco, acredito que foi um bom negócio.
Essa contratação não resolve, no entanto, alguns buracos na equipe. No ano passado o Luke Ridnour fez um bom trabalho como reserva do Brandon Jennings, que como todo novato não chamado Tyreke Evans, era irregular. Nesse ano eles já perderam Ridnour, Free Agent na mira do Knicks, e no meio de tantas contratações não conseguiram ninguém. Improvisar o Delfino por uns minutos como eles já fizeram é até possível, mas por uma temporada inteira? Sem chance.
Para as posições 2 e 3 o time tem Salmons, Maggette, Carlos Delfino, Douglas-Roberts e Michael Redd. Lembram dele? A enfermeira, o cirurgião e as velhinhas do hospital lembram. Depois de tantas contusões seguidas ele deve estar de volta para a última temporada do seu contrato milionário. Com essas cinco opções para duas posições o Bucks nunca mais vai ter problema de marcar poucos pontos de novo, mas o time ainda parece capenga. Muitos jogadores algumas posições, poucos de outras. Esperem que Redd e seu contrato expirante de 18 milhões sirvam de isca para ajeitar o resto do time.