>Um time médio

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Pois é, tem gente que fica feliz de ir pro Knicks

Para muita gente o dia da decisão do LeBron James de ir para Heat foi o símbolo do fracasso do Knicks nos últimos anos. Todos sabem que o time de Nova York passou pelo menos as últimas duas ou três temporadas mais preocupado em abrir espaço na folha salarial do que pensando em basquete de verdade, com LeBron sendo o alvo principal do plano. E pior, Wade e Bosh eram as opções seguintes! Depois de tanto tempo, ficar com sua quarta opção é foda. É como passar anos planejando o casamento com a Alinne Moraes e na hora colocar a aliança no dedo da Wanessa Camargo.
No caso do Knicks até que era uma mulher mais gatinha que a Uanessa, o Amar’e Stoudemire é uma mina bem firmeza pra falar a verdade, mas uma que enjoa rápido. Como já dissemos no post em que comentamos a sua contratação, o Knicks fez a sua parte em garantir pelo menos uma grande estrela para não passar em branco. Quem se arriscou mesmo foi o Stoudemire, que corria o risco de não receber ajuda e ficar mais longe de títulos do que estava em Phoenix. E no fim das contas foi o que aconteceu. O Knicks perdeu a maior parte dos seus alvos e teve que se esforçar para colocar pelo menos alguns jogadores decentes em volta da sua nova estrela.
A maior contratação foi o Raymond Felton. O armador fez boas temporadas no Bobcats nos últimos anos, mas eu fui uma das muitas pessoas que esperava muito mais dele depois de vê-lo ter grandes atuações no seu ano de novato em 2005-06. No seu primeiro ano ele teve média de quase 12 pontos por jogo, nada mal, mas nunca conseguiu superar a casa dos 14. Nas assistências subiu variou de 5 a 7. Ele nunca foi ruim, mas também não foi espetacular como parecia que poderia ser. E ainda falhou em ser o líder do Bobcats. Quando o Larry Brown chegou em Charlotte, quis fazer com que Felton fosse o que o Billups foi naquele time do Pistons que ele treinou e foi campeão em 2004, alguém que controlasse a bola, o ritmo de jogo e chamasse o jogo nos momentos decisisvos. Ele até tentou e chegou a ter bons momentos de quarto período, mas o time só deslanchou quando o Stephen Jackson foi contratado e assumiu esse posto. Na defesa o líder sempre foi Gerald Wallace. Ray Felton era, em suma, o terceiro melhor jogador de um time que nunca foi mais do que o sétimo melhor time da conferência mais fraca da NBA.
Outra questão importante sobre o Felton é como ele vai se encaixar no time do técnico Mike D’Antoni. Mas para isso a gente precisa saber qual vai ser o esquema que o D’Antoni planeja usar. No seu primeiro ano de NY ele mandou o time correr como fazia no Phoenix Suns, era o segundo time mais veloz da NBA com 97,6 posses de bola por jogo. Depois de algumas derrotas humilhantes, resolveu se controlar um pouco e na temporada passada o time era outro. Com um pouco mais de jogo de meia quadra e apelando mais para os pick-and-rolls do que para os contra-ataques, foi apenas o oitavo time mais rápido, com 94 posses de bola por jogo. O que ninguém sabe é se o D’Antoni fez essa mudança porque acredita mais nela ou porque não tinha as peças para fazer diferente. E agora com Felton e Amar’e, vai decidir voltar ao plano anterior ou manter um time ainda rápido, mas um pouco mais controlado?
O time mais rápido passa por um armador rápido. Não tenho dúvidas de que um dos motivos (impossível saber todos) que fez o D’Antoni repensar o seu plano tático foi a incapacidade de fazer o Chris Duhon render em alto nível. Jogar na velocidade não é só ser rápido na corrida, é pensar, passar, driblar, infiltrar e tomar decisões inteligentes enquanto se corre. Steve Nash é o melhor da NBA nisso, Duhon era um rapazinho esforçado. O Felton é um meio termo. Ele sabe jogar na transição, fazia muito bem essas jogadas de contra-ataque com o Gerald Wallace no Bobcats, mas não é um jogador veloz. Eu vejo ele agindo bem em situações típicas de contra-ataque, como bolas roubadas ou tocos, mas não acho que ele tem a capacidade de fazer como o Nash de transformar qualquer posse de bola em um contra-ataque só com um pique e alguns passes longos e precisos.
Se você não é de ver jogos do Bobcats, achei um mix legal com os melhores momentos do Felton. Mas cuidado, já fizeram um mix até do Jerome James mostrando que ele era bom. É só um vídeo, não tire todas as suas conclusões dele. É só pra ter uma idéia mesmo.
Se o D’Antoni pensar como eu, o Knicks do ano que vem deve ser mais parecido com o da temporda 2009-10 do que com o de 2008-09, um time mais devagar. Espero que isso tenha sido levado em consideração na hora da contratação do Felton, que é mais um daqueles jogadores que são bons se você souber o que pedir deles.
Mas se a questão do tempo do jogo é um problema, o pick-and-roll não é. Para quem não sabe o que é um pick-and-roll, recomendo o vídeo abaixo, que explica a jogada ao falar de como ela era usada no Phoenix Suns, quase o tempo todo justamente com Amar’e Stoudemire.
Essa é a jogada que fez o Amar’e fazer 80% dos seus pontos na carreira, é onde ele mostra o seu melhor jogo. E nos últimos anos ainda foi capaz de fazer o pick-and-pop, que é quando, ao invés de correr para a cesta, quem faz o corta-luz fica parado para realizar o arremesso. Quando comentamos a sua contratação, pedimos um armador que soubesse fazer bem essa jogada, e Felton sabe. Sendo um bom passador (mas espere passes mais óbvios que os do Nash) e sendo, ao mesmo tempo, uma ameaça na infiltração e no arremesso vindo do drible, ele tem as ferramentas para fazer a jogada mais básica do basquete.
A outra conquista do Knicks nessa offseason foi ter conseguido um sign-and-trade com o David Lee. Um sign-and-trade é quando você assina com um jogador que era seu e virou Free Agent, caso do Lee com o Knicks, e logo depois o troca para o time que o jogador desejava ir. É um jeito do time não perder o seu jogador por nada e do time que recebe o jogador de abrir mais espaço salarial para receber um novo jogador. A troca foi com o Golden State Warriors, que mandou Kelenna Azubuike (eleito por mim no nosso formspring o jogador mais bonito da NBA), Ronny Turiaf (o melhor dançarino) e Anthony Randolph, um ala que já disputou duas temporadas da NBA e nunca foi citado numa frase sem a palavra “potencial” do lado. Típico caso do jogador que mistura partidas ótimas com outras medíocres e deixa todo mundo com um gostinho de que de lá pode sair alguma coisa interessante. Darius Miles está aí para mostrar o perigo de jogadores assim, e Rajon Rondo para mostrar que de vez em quando os caras deslancham mesmo, e vão até mais longe do que se imaginava. Escolha o seu lado.
Para o Knicks, de novo, foi só uma saída para não sair com nada. Eles tiveram a chance de manter o Lee desde o ano passado, mas sempre se recusaram a oferecer uma extensão de contrato decente para que isso não prejudicasse o espaço salarial do time, agora pagam por isso. Perderam seu melhor jogador nos últimos anos, alguém que poderia jogar ao lado do Amar’e Stoudemire e que já se sabia que se dava bem em qualquer esquema do D’Antoni, para ganhar um monte de resto do Warriors. Azubuike, além de gatinho, sabe fazer seus pontos. Acho bem possível que ele acabe até virando titular nesse time, por falta de opções na posição 2, mas não deve estar para os planos em longo prazo do time.
O Turiaf pode dar certo demais no time. Basta uma de suas danças típicas depois de uma enterrada do Amar’e, para que ele vire um favorito da torcida e alguns tocos e rebotes ofensivos para que se torne a primeira opção do banco de reservas entre os jogadores de garrafão. Já o Anthony Randolph pode dar muito certo se conseguir ser mais regular nos seus melhores dias. Ele é bem alto, tem 2,10m, mas uma mobilidade e velocidade absurda. Para ele, sem dúvida alguma, seria melhor que o time fosse o mais veloz possível, pouquíssimos jogadores da sua altura conseguem acompanhá-lo na transição, e ele ainda é muito fraco tecnicamente para criar jogadas próprias no 1 contra 1 no jogo de meia quadra.
Outro problema é que ele joga na posição 4 e não tem chance alguma de ser pivô por ser muito magrelo. Se ele for ser titular, força Amar’e a jogar de pivô, coisa que ele já fez mas que reclamou de fazer a vida inteira, não seria surpresa se tivesse uma cláusula no contrato dele exigindo que ele fosse um ala de força. Isso sem contar a total incapacidade do Stoudemire de marcar jogadores mais altos que ele. Minhas dúvidas sobre como os dois podem funcionar juntos me fazem achar que Randolph vai vir do banco e que esse banco, se achar o armador certo, pode ser um time mais rápido que a equipe titular.
Talvez já pensando em um pivô que não seja o Eddy Curry para atuar ao lado de Amar’e, eles contrataram o russo Timofey Mozgov, que jogava no Khimki Moscou e na seleção russa. Eu não conhecia nada do jogador, mas pesquisando eu vi vários vídeos dele e recomendo esse que mostra os melhores momentos dele pela seleção russa enfrentando a Grécia. Acho que esse vídeo resume bem que é o Mozgov, um jogador que consegue ser ágil para o seu tamanho, 2.16m, tem um bom tempo para o toco, mas que dificilmente fará pontos na NBA que não sejam de rebotes ofensivos. Talvez o Knicks só queira ele para isso mesmo, um parceiro defensivo para o Amar’e, alguém para jogar 20 minutos por jogo. Se o plano foi esse, parece que foi uma boa contratação, mas melhor esperar para ver uns jogos dele antes.
Depois de analisar prós e contras de cada contratação, temos atualmente esse elenco do Knicks:
PG: Raymond Felton / Toney Douglas
SG: Kelenna Azubuike / Bill Walker
SF: Danilo Gallinari / Wilson Chandler
PF: Amar’e Stoudemire / Anthony Randolph / Ronny Turiaf
C: Timofey Mozgov / Eddy Curry
É um time melhor que o do ano passado, disparado. Também com ótimas opções na posição de ala de força, obrigando alguns deles a atuarem como pivôs durante um tempo do jogo, o que pediria um time mais veloz, o que, por sua vez, não é o que pede ter Raymond Felton no time. Confuso? Um pouco, mas só pro Knicks não perder sua identidade.
Mas apesar do time estar melhor, é longe do time dos sonhos que eles planejaram montar. Com esse elenco e com todos se acertando aos poucos em um esquema tático e uma rotação certa, dá pra imaginar eles indo para os playoffs, mas não passando da primeira rodada.
Antes que isso pareça decepcionante demais, o torcedor pode continuar sua brincadeira eterna de pensar no futuro. Afinal a offseason ainda não acabou mas o Knicks certamente está pensando na do ano que vem. Para a próxima temporada eles tem a liberação dos 11 milhões do contrato do Curry, quase 4 milhões do Azubuike, e Turiaf tem a opção de sair do seu contrato e virar Free Agent. Eles obviamente pensaram nisso na hora de aceitar os dois na troca do David Lee e já miram no ano que vem a tentação de levar para lá Carmelo Anthony. Basta que Melo não acerte uma extensão de contrato com o Nuggets e que tope ir para perto de onde foi campeão universitário. É um plano ainda distante, mas realista. E se nesse ano eles atrairam pouca gente de nome, talvez Felton, Amar’e, Gallinari e uma campanha regular nesse ano seja o bastante para levar Carmelo pra casa.
Depois de tudo isso você pode escolher como avaliar a offseason do Knicks e a nota final vai depender de quanto você é ambicioso. Se você esperava um time fora de série feito do nada como o Miami, a nota é baixíssima. Se você esperava uma evolução em comparação com o time do ano passado, a nota é boa. Se você ainda for um otimista e perceber que já no próximo ano existe uma janela para mais contratações boas, o cenário é ainda melhor. Eu acho que foi um ótimo primeiro passo para colocar o Knicks de volta entre os bons times e fora do grupo das piadas da NBA, mas ainda faltam grandes jogadores para fazer o difícil salto do grupo mediano para a elite.
Golden State Warriors
Uma rápida análise do time que foi citado aqui nesse post, o Warriors. Eles perderam Azubuike, Turiaf e Randolph e ainda podem perder Anthony Morrow, mas ganharam David Lee, o que pode ser mais valioso que todos os outros juntos. São poucos os jogadores de garrafão que dão conta de jogar em alto nível mesmo no ritmo alucinado imposto pelo técnico Don Nelson, mas o Warriors tem dois deles no elenco: Lee e Andris Biendris. Deve ser a primeira vez que o Warrios pode colocar dois jogadores altos em quadra, dois reboteiros natos e ainda assim continuar um bom time na velocidade. Sem contar que Lee ainda sabe arremessar de meia distância e fazer boas jogadas de dupla com Monta Ellis ou Stephen Curry.
Esse garrafão mais forte pode ser o que faltava para o time ser mais regular. Ninguém duvida que o Warriors pode vencer qualquer time da NBA, mas eles também podem perder de todos por 30 pontos de diferença. Mais rebotes e mais jogadores altos podem significar também mais regularidade. Mas para fechar o time seria importante manter Morrow, um dos melhores arremessadores de três pontos da NBA.
Outro contratado foi Dorrell Wright, ex-Heat. Muito irregular, é a cara do seu novo time. Com muita explosão física pode ser bom nem que seja para vir do banco de reservas, onde irá concorrer por minutos com aquele monte de jogador não draftado que o Don Nelson acha pela vida. Vai ser, de novo, um time divertido de acompanhar. Deveria ter um anel de entretenimento na NBA, seria do Warriors todo ano.
As Summer Leagues terminaram e faremos um apanhado geral delas ainda essa semana. Até lá!

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