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Objetivo máximo: Ir para os playoffs
Não seria estranho: Repetir a campanha do ano passado e acabar em 10º no Oeste
Desastre: Voltar a ser um dos piores times da conferência
Forças: Time que mais pega rebotes de ataque na NBA, time titular muito bem entrosado
Fraquezas: Não tem banco de reservas e Mike Conley passa pouca confiança na armação
Elenco: Amém.
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Técnico: Lionel Hollins
Lionel Hollins é mais um daqueles caras que fez carreira como assistente técnico e agora tenta a sorte como treinador principal. O que diferencia ele da maioria dos outros assistentes é que não são muitos os que já trabalharam com tanta gente boa como Hollins. O atual técnico do Grizzlies era assistente de Cotton Fitzsimmons quando ele treinava o Suns nos anos 90 e eles alcançaram a final da NBA contra o Bulls, também foi assistente de Larry Brown no Pistons em 2005 (quando Brown foi eleito o técnico do ano), de Lenny Wilkens, Chuck Daly e Paul Silas. Ele teve muito tempo pra aprender, muitos professores e vários estilos diferentes.
Antes de entrar no mundo dos técnicos ele ainda foi um bom jogador. Escolhido na sexta posição do draft de 1975 pelo Blazers, foi campeão pelo time em 77, ano em que também foi para o All-Star Game. No ano seguinte foi eleito para o primeiro time de defesa da liga e aos poucos foi caindo de produção, mas fez o bastante para ter seu número 14 aposentado pelo time de Portland.
Como treinador principal tem pouquíssima experiência. Treinou duas vezes o Grizzlies, uma vez em Vancouver e outra já em Memphis, apenas como interino em 2000 e 2004. Ganhou finalmente uma chance de ser efetivado em janeiro de 2009. Ele pegou um time esquecido, fraco, que os Free Agents ignoravam quando tinham a chance de mudar de franquia e montou uma equipe de verdade. Já naquela temporada ele conseguiu um feito que seria comum em muitos times, mas que o Grizzlies não conseguia fazer há 3 anos: acabar um mês com mais vitórias do que derrotas! Em abril de 2009 ele fechou a temporada com 5 vitórias e 4 derrotas. É como um nerd fracassado conseguir um beijo na bochecha da garota que ama há anos.
No ano passado conseguiu o feito de ser o primeiro técnico da história da NBA a fazer o Zach Randolph se esforçar em uma quadra de basquete. Todo mundo sabia do talento dele, mas sabia também que ele não dava a mínima pra nada, imaginava-se que ele faria até menos que o normal por estar jogando em um time ruim e nos confins da liga. Mas a filosofia de Hollins do jogo em equipe, da defesa bem treinada e dos muitos passes no ataque contagiou o nosso gordinho favorito e ele entrou no jogo, rendendo até um convite para participar do All-Star Game. Lionel Hollins merecia entrar para o Hall da Fama do basquete só por isso!
O momento de fama de Hollins no ano passado foi quando recebeu uma falta técnica bizarra quando interceptou um passe de um torcedor para Kenyon Martin. Sério.
Apesar do pouco tempo como treinador ele já é bem visto no mundo da NBA e deve ter uma boa carreira pela frente. Se desistir logo da idéia de OJ Mayo como armador principal deve ter mais um bom ano pela frente. Vale ressaltar que o ex-assistente tem nomes conhecidos na sua comissão atual: Henry Bibby, pai de Mike Bibby e a única pessoa a vencer títulos da NBA, CBA e NCAA, e Damon Stoudamire, ex-jogador que se aposentou em 2008. Stoudamire foi um baita armador nos seus anos de Toronto Raptors, mas tem dois recordes interessantes nos seus tempos de Jail Blazers: 54 pontos em um jogo, recorde da história do Blazers, e 21 bolas de três arremessadas num jogo, recorde da história da NBA! Ele só acertou 5 desses arremessos, mas quem liga pra isso?
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O Grizzlies foi um dos times que eu mais assisti na temporada passada. Não só tiveram muitos jogos apertados e bons como também era um prazer ver um time funcionando tão bem e com jogadores tão malhados ao longo de suas curtas carreiras: OJ Mayo chegou na NBA com fama de moleque sem cabeça pro jogo, um talento absurdo mas sem concentração, disciplina e que nunca conseguiria jogar ao lado de Rudy Gay pelo seu ego enorme. Mike Conley foi visto como um fracasso completo depois da sua primeira temporada, Zach Randolph a gente nem precisa falar nada e Marc Gasol era a versão mais feia e piorada do seu irmão, que as pessoas só conheciam por estar envolvida naquela troca famosa com o Lakers que transformou a NBA.
Pois OJ Mayo mostrou na temporada passada que é o oposto do que falavam: Não só tem muita concentração e é um jogador exemplar e fácil de lidar como funciona muito bem ao lado do Rudy. E quis contrariar tanto os seus críticos que ainda não se tornou a estrela espetacular que tanta gente previa. Mike Conley talvez nunca faça jus à 4ª escolha no draft que recebeu em 2007, mas é bom o bastante para ser titular na NBA e quebrou muitas vezes o galho do time como único arremessador de três do elenco. Zach Randolph virou um All-Star e Marc Gasol tem jogado tão bem que hoje aquela troca nem parece tão absurda.
Repito, trocar Pau Gasol pelo o que chamamos, na época, de pacote de bolacha, não foi ruim. Com a troca eles conseguiram o atual pivô da equipe, Marc Gasol, e com as escolhas de draft conseguiram o melhor reserva do elenco, Darrell Arthur e o atual reserva da armação, o novato Greivis Vásquez. E foi com o salário expirante do Kwame Brown que eles puderam negociar com o Clippers e conseguir Zach Randolph. Pau Gasol por Arthur, Marc e Randolph? Eu toparia. Claro que nem tudo isso poderia ser previsto na época e foi um risco absurdo que eles correram de perder sua melhor estrela por nada, mas temos que admitir que, mesmo sem querer, fez bem para a franquia.
Assistir ao crescimento desse time condenado foi bem divertido, mas é difícil acreditar que eles estejam preparados para ir além disso. Durante a offseason eles foram notícia três vezes:
1- Contrataram Tony Allen, bom defensor de perímetro (necessidade gritante do time), mas que joga na mesma posição de OJ Mayo e do recém-draftado Xavier Henry.
2- Demoraram meses e meses para assinar o tal novato por uma briguinha contratual imbecil, o que deixou o garoto fora das ligas de verão. (E, por curiosidade, no fim das contas o Grizzlies deu os 120% para Henry depois que o agente Arn Tellem disse que se fosse preciso pagaria ele mesmo, do seu bolso, os 20% que o Grizz não queria dar)
3- Deram um contrato de 80 milhões de doletas para o Rudy Gay, o máximo que ele poderia receber, ao invés de esperar uma oferta de outro time. Como Gay era um Free Agent Restrito, era só igualar a tal oferta e manter o jogador.
Em resumo eles gastaram seu dinheiro mal, mesmo tendo sido em bons jogadores de que eles precisavam. Perder Gay era impensável e as novas aquisições vão ser úteis para o Grizzlies ter finalmente um banco de reserva, já que eles tinham talvez o pior de todos no ano passado. Mas só isso? No sempre difícil Oeste é difícil crer que isso será o bastante. Dos oito classificados para os playoffs do ano passado só o Suns teve mudanças significativas no elenco a ponto de talvez ter uma queda, e eles ainda tem que lidar com o crescimento de Sacramento Kings, Houston Rockets e talvez até do LA Clippers. O time deve continuar bom, mas só um milagre faz o Grizzlies ir além do que já foram na temporada passada.
A maior esperança de um milagre está nas mãos de Mike Conley, o jogador que menos inspira confiança em Lionel Hollins e na direção da equipe. Como acontece com a maioria dos armadores, quando ele joga bem o time inteiro sobe de nível. Mas Conley é bem irregular e defende mal, obrigando o Grizzlies a deixá-lo no banco nos momentos decisivos do jogo. Sem ele a armação fica toda quebrada na mão de Mayo ou Gay, o time perde seu único arremessador de três e vários jogos já escapuliram no final por causa disso.
Há a esperança de que o outro novato além de Henry, Greivis Vásquez, possa ser uma solução. Ele era bom arremessador no basquete universitário. Sua defesa, no entanto, é questionada e não pudemos vê-lo em ação ainda porque está machucado. Ele pode até ser bom, mas não fez nada que justifique colocar expectativas grandes nas suas costas.
Ver todos aqueles jogadores questionados se juntarem para montar um time foi especial e raro, mas é bom não se iludir muito com a animação do ano passado, o time não mudou tanto assim e playoffs só seria uma possibilidade realista se eles estivessem no Leste.