>A decisão de Richard Jefferson

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Spurs e Knicks jogam durante um terremoto

Logo depois da humilhante eliminação do San Antonio Spurs para o Phoenix Suns nos playoffs do ano passado, uma varrida de 4 a 0 que ninguém poderia prever, o técnico Gregg Popovich chegou para o Richard Jefferson e disse “Entre em forma, treine ou vamos trocá-lo na primeira oportunidade”. E completou, “Você tem a chance de voltar para a escola e treinar ou só fazer dinheiro nos últimos anos da sua carreira”. 

O Richard Jefferson teve uma carreira ótima no New Jersey Nets e um ano discreto, mas bom, no Bucks antes de ir para o Spurs. Era considerado na época por nós e quase todo mundo como a peça que o Spurs precisava para voltar a lutar pelo título. Não era o defensor fora de série para substituir Bruce Bowen, mas tiraria o peso ofensivo do trio Parker, Duncan e Ginobili, especialmente dos últimos dois, que já estão chegando na menopausa, e não faria feio na defesa. No Nets nunca foi de anular uns Kobes da vida, mas não comprometia um time que precisava da defesa para puxar os contra-ataques, marca registrada daquela equipe liderada pelo Jason Kidd.

Mas sabe quando você vê o Big Mac lindo e grande na TV e aí recebe aquele lanche amassado, fino e com alface velha caindo pelos lados? Isso foi o Richard Jefferson no Spurs. Seus arremessos de longe não caíam, ele pouco infiltrava e na defesa parecia bem mais lento do que o normal, denunciando os 30 anos de idade que batem na sua porta. E o mais triste da história inteira foi que o Richard Jefferson ainda tinha mais um ano de contrato em que ganharia mais de 16 milhões de dólares. Não só ele não havia salvado o Spurs como agora impedia que eles tentassem de novo com outro jogador. Lembremos que o Spurs sempre foi um time muito cauteloso com dinheiro e pela primeira vez em anos toparam ultrapassar o luxury tax (entenda mais sobre o o salary cap da NBA nesse post) e pagar multas só pela chance de ter o Richard Jefferson e voltar a lutar por um título.

E voltando à conversa entre técnico e jogador, Richard Jefferson respondeu ao seu técnico: “Eu não quero só fazer dinheiro, quero jogar o melhor que eu puder”.  Foi o “The Decision” que não passou na ESPN.

Fizeram treinos físicos que o Richard Jefferson afirmou “que não eram divertidos”, pelo menos duas horas de trabalhos todos os dias com toda a equipe de preparadores físicos e técnicos que o Spurs tinha espalhado pelo país. Ele viajou para onde estava cada um deles para aprender tudo de novo. Praticou bastante o seu arremesso, em especial o do canto da quadra, na zona morta, aquele que consagrou o Bruce Bowen e matou Mavs, Suns e cia. tantas vezes nos últimos anos. Também estudou mais os sistemas ofensivos e defensivos do Spurs. Fez treinos específicos sobre as movimentações de quadra pedidas pelo técnico durante a temporada.  Popovich, aliás, participou de algumas etapas dessa volta à escola do RJ.

Jefferson disse que tinha muitas dificuldades na última temporada e que todo mundo respondia dizendo que no primeiro ano é sempre mais difícil pra sacar como funciona o time, mas que no segundo ano, com a experiência do ano anterior, é mais fácil jogar no Spurs. Um dos motivos é que Gregg Popovich não é um técnico que só aparece na hora do jogo e manda fazer uma jogada, que só delega poderes e faz discursos no vestiário, é um dos raros casos na NBA em que um treinador se preocupa em desenvolver o jogador. As escolhas de segundo round de Draft que viram ótimos jogadores são um mérito duplo, primeiro dos scouts, os olheiros bem treinados e pagos que sabem ver um bom talento, e depois dos técnicos, que sabem aperfeiçoar o jogador ao invés de só esperar pelo melhor.

Junto com os treinos houve a preocupação econômica. O jogador tinha um ano de contrato sobrando no valor de 16 milhões e a opção de sair e virar um Free Agent. Richard Jefferson se sentia mais confortável com um contrato mais longo para não correr o risco de estar sem nada no ano que vem quando os salários podem cair drasticamente, mas também não queria simplesmente optar por não ganhar tanto dinheiro e acabar com um contrato mais longo e também mais vagabundo. Chegaram então a um acordo, o Jefferson optou por desistir dos 16 milhões e já que estava treinando conforme o prometido para Popovich, ganhou um contrato novo de 38 milhões por 4 temporadas. Sem dúvida o voto de confiança mais caro e arriscado que eu já vi o Spurs fazer na vida. Se tínhamos dúvidas sobre o porque do Spurs pagar uma nota preta pelo Jefferson ao invés de investir menos em caras como Matt Barnes, a resposta é confiança.

Só foram cinco jogos pelo Spurs nessa temporada, mas tudo parece ter ido pelo melhor caminho possível. Nesses cinco jogos o Richard Jefferson tem média de 20 pontos por jogo, segundo cestinha do time, meio ponto atrás de Manu Ginóbili, e aproveitamento de arremessos espantoso, de 64%! É o terceiro melhor aproveitamento da liga e o único dos 15 primeiros da lista a não ser um jogador de garrafão. Em bolas de três é atualmente o quinto melhor da liga com insanos 60% de aproveitamento. Em lances livres está cobrando 5,8 lances livres por jogo, mais do que os 3,5 que tinha de média no ano passado. Não só acerta mais de longe como é um jogador mais agressivo ao atacar a cesta. Segundo Manu Ginóbili, RJ também tem jogado com mais confiança sabendo exatamente o que deve fazer em quadra.

O melhor jogo do Jefferson até agora foi contra o Suns, o time que os eliminou no ano passado. Para compensar os 9 pontos de média que teve na série contra eles nos playoffs de 2010, meteu 18 só no quarto período, incluindo quatro bolas de três da zona morta, onde enjoou de treinar na offseason.

Defensivamente o Spurs ainda não alcançou o nível do ano passado, que já não era o ideal, e Richard Jefferson entra no meio do bolo, mas o momento é de otimismo. A aposta do Spurs em renovar com Richard Jefferson e Manu Ginobili rendeu até agora 4 vitórias, só uma derrota, para o impressionante Hornets, e é o sexto melhor ataque da NBA.

Após o jogo contra o Suns todos os repórteres estavam atrás de Richard Jefferson e ele atrás de Manu Ginobili. Quando perguntaram o motivo ele explicou que no ano passado era só fazer um jogo um pouco melhor que todos os jornalistas iam lá perguntar se agora ele iria embalar e o Manu começou a fazer piada com isso, ele estava então esperando o argentino chegar para ele ouvir tudo de novo. Se tudo continuar assim a piada vai se repetir tanto que daqui a pouco o narigudo não vai rir mais, vai virar rotina.

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