>A final da pivetada

>

Derrick Rose sendo observado

Hoje, a partir das 22h horário de Brasília, com transmissão da ESPN (e do ChannelSurfing), tem a grande final da NCAA, a final do basquete universitário americano. O embate será entre as universidades de Kansas e de Memphis e motivos pra assistir não faltam: primeiro que, por causa do jogo, não haverá partidas da NBA hoje, depois que é segunda-feira, logo não tem futebol na TV também, e terceiro, último e mais importante, tem tudo pra ser um jogão.

Não importa se você é daqueles que acompanha de perto, só acompanha o March Madness ou vai acompanhar só hoje, jogo bom é jogo bom e talvez seja o empurrão que falta para você começar a assistir basquete universitário. Um bom ponto de partida para acompanhar os jogos de hoje são os jogadores que no ano que vem você deve ver na NBA, e no jogo de hoje tem vários. O primeiro e mais importante é o armador Derrick Rose, de Memphis. Ele é comparado com Wade por alguns, com Kidd por outros, mas vendo ele jogar eu só consigo associá-lo ao Brandon Roy, você pode ver hoje e falar aqui o que pensa depois, mas o mais importante é que independente da comparação o cara é muito bom. Alguns sites como o NBAdraft.net já até o colocam na frente de Micheal Beasley como possível primeira escolha no draft do ano que vem.

Memphis ainda tem o parceiro de Rose na armação, o ótimo Chris Douglas-Roberts, que apesar de ter um sobrenome feio que só é a junção de dois primeiros nomes, é um bom jogador. Ele era cotado por muitos para ser só uma escolha de segundo round tempos atrás, mas tem jogado tão bem (até melhor que Rose em alguns jogos) que agora já está bem cotado, provavelmente será um Top 20. Além dos armadores, o pivô Joey Dorsey também está na lista de possíveis draftados, o cara é bom, enorme de largo, mas com 2,06m pode ser baixo demais para a NBA.

Pelo lado de Kansas temos Brandon Rush, irmão do Kareen Rush do Pacers (que disse que irá viajar para San Antonio para ver o jogo mesmo que seja multado pelo Indiana por isso), como maior destaque individual, embora o time de Kansas esteja ficando mais conhecido por ter inúmeros jogadores de qualidade até no banco de reservas.
Como possíveis draftados de primeiro round ainda tem o armador Mario Chalmers e e o ala Darrell Arthur. Nenhum dos dois é considerado fora de série, que irá fazer muito estardalhaço na NBA, aliás nem Brandon Rush é visto dessa forma. Mas todos tem qualidade no time de Kansas e juntos eles podem acabar com Derrick Rose e cia.

No ano passado a história era um pouco, só um pouco, parecida. De um lado tinhamos dois caras muito bem vistos pelos olheiros da NBA, estrelas em potencial, em Greg Oden e Mike Conley Jr. em Ohio State, que iriam enfrentar os atuais campeões da Florida. O time da Florida não tinha ninguém para ser primeira ou segunda escolha de draft, mas era mais forte pelo conjunto e foi com conjunto que bateu o time de Oden. A diferença é que a Florida tinha mais jogadores reconhecidos individualmentes, caso de Al Horford, Joakim Noah e Corey Brewer. Nenhum dos três tinha a fama de Durant e Oden mas eram considerados melhores do que Brandon Rush e Darrell Arthur são hoje.

Nessa mesma final do ano passado, eram vistos dois fenômenos acontecendo. O primeiro é o dos jogadores que já queriam estar na NBA mas que não podiam. Era o caso de Greg Oden, que já poderia estar na liga se não fosse a regra criada por David Stern, que obriga o jogador a disputar um ano de basquete universitário depois de sair do colegial. O outro fenômeno era um mais raro, era o dos jogadores com chance de serem boas escolhas no draft escolherem passar mais um ano na faculdade, que foi o que todos os jogadores da Florida fizeram. A discussão sobre o que é melhor pra cada jogador é infinita e existem muitos Gerald Greens e LeBrons pra dar argumentos pra ambos os lados. Mas o fato é que essa regra pode mudar de novo.

Estão dizendo que hoje mesmo deve ser anunciada uma nova regra feita por David Stern junto com a NCAA, que obrigaria os jogadores a passarem dois anos no basquete universitário antes de irem para a NBA. A medida, porém, ainda terá que ser aprovada pela associação dos jogadores.

Por um lado é legal ver os jogadores se desenvolvendo mais na NCAA. Não só os jogadores aprendem mais e chegam melhores, como também o campeonato universitário fica com muito mais qualidade, não só individualmente, pelos jogadores bons que estão lá, mas como times, já que estes jogadores terão mais tempo para jogarem juntos. E isso poderia salvar a carreira de muita gente, já que não falta na NBA jogador que tem talento mas que parece despreparado, que você vê o talento bruto mas que parece que nunca jogou um 5-contra-5 organizado na vida. Caso do JR Smith, Martell Webster, Gerald Green, Darius Miles. Mesmo alguns que até pegaram o jeito da coisa mesmo vindo direto do colegial poderiam ter sofrido menos na NBA se tivessem jogado no basquete universitário, caso do Kendrick Perkins e do Andrew Bynum.

Bynum, aliás, é o melhor exemplo que eu posso achar. Ele mostra que não é porque o cara veio direto do colegial e não chama Garnett, Kobe ou LeBron, que ele vai dar errado, ele mostra que o cara pode dar certo mas que vai sofrer um bocado pra isso. Ele demorou anos para conseguir chegar onde está hoje, anos no banco de reservas, será que não teria sido melhor pra ele, pro jogo dele, pra vida dele, ter ido para alguma universidade? Ele teria histórias de jogos emocionantes no torneio da NCAA, teria experiência de um ou dois anos jogando mais de 30 minutos por jogo, saberia lidar com a pressão de ser o destaque de seu time, ou seja, teria experiência como jogador e como pessoa. E o fato de serem dois anos ao invés de um só deixa toda a experiência mais séria, acho que cria um compromisso maior do jogador com o time e com sua evolução ao invés dessa simples temporada de férias que eles tem hoje em dia, o chamado “One and done“.

O lado ruim é que isso faz a NBA perder uns bons jogadores por vários anos. Imagine se o LeBron demorasse mais dois anos pra depois ir pra NBA? Quantos jogos históricos e enterradas magníficas não teriam deixado de acontecer? Seria como se estivessem prejudicando essas estrelas que são capazes de fazer o salto direto para a NBA só porque uma meia dúzia de pivetes não é capaz e mesmo assim se arrisca só porque vão ganhar muito dinheiro, fama e mulheres.

Por exemplo, se Kevin Durant tivesse sido obrigado a passar mais um ano na universidade do Texas, nós não veríamos o que aconteceu ontem em Seattle.
Depois de tomar de 168 pontos do Denver na última vez que se encontraram, o Sonics decidiu que não ia deixar quieto e que ia ter revanche. O resultado foi uma vitória por 151 a 147 em duas prorrogações, o que mostra que pra marcar 150 pontos na defesa do Denver você nem precisa de um time bom, só precisa de um pouco de talento, só o básico, e alguma vontade a mais.

O jogo foi porra-louca no maior estilo do Denver e que o Seattle também adora, afinal marcar é coisa de boiola (boiolas que ganham títulos, mas ainda boiolas) e, entre um contra-ataque e outro, chegaram no final do tempo normal com o Sonics perdendo por 3. Kevin Durant resolveu a parada com um belíssimo arremesso sobre Carmelo Anthony. Na prorrogação a situação se repetiu e de novo Kevin Durant empatou o jogo, mas dessa vez com um arremesso bem mais de longe. Foram 37 pontos pro novato, pra compensar o jogo pífeo que ele teve outro dia contra o Houston e pra mostrar que eu estava certo ao colocá-lo como novato do ano. O outro novato do time, Jeff Green, também teve sua melhor partida na temporada, com 35 pontos.

Na segunda prorrogação o Luke Ridnour acertou um arremesso bizarro e impossível sobre o Marcus Camby e isso deve ter tirado o time de Denver do sério, porque as bolas pararam de cair e eles perderam o segundo jogo seguido e o segundo para um time que não tem mais chance de playoff. Era a chance que o Warriors estava esperando, só falta aproveitar, o que não sei se vai acontecer já que eles parecem estar em sua pior fase na temporada toda.

Está dado o recado então, hoje às 22h tem final da NCAA. E enquanto estiverem vendo o jogo, pensem: será que se Kevin Durant estivesse obrigado a ainda jogar o basquete universitário, a final teria a sua universidade do Texas? E que diferença essa nova regra pode trazer para a NBA? Será que diminuirão os números de decepções nos drafts?

Aqui tem o resumo do jogo do Denver e do Sonics com os dois arremessos de 3 do Kevin Durant:

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.