>A outra troca

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Sasha Vujacic e seus carangos: estudar pra quê? Aprenda a arremessar de três

A gente acabou enrolando para comentar a troca entre Rockets, Lakers e Nets e alguns dias depois fomos engolidos pelas trocas bombásticas que o Orlando Magic fez, criando um novo time. Demos a atenção necessária àquelas trocas e só agora vamos falar de como o meu Lakers sobreviverá na era pós-Vujacic.

A troca completa foi assim: o Lakers mandou Sasha “The Machine” Vujacic e uma escolha de primeira rodada de Draft (2011) para o Nets e recebeu Joe Smith. O Rockets mandou uma escolha de primeira rodada (2012) também para o Nets e recebeu em troca o armador Terrence Williams.

O Lakers estava um bocado desesperado para conseguir um jogador de garrafão. Nas últimas semanas o Pau Gasol estava com média de 39 minutos por jogo e frequentemente lidando com jogadores mais pesados do que ele, o que desgasta ainda mais. Embora o espanhol seja um dos melhores jogadores da NBA quando atua de pivô, é bom lembrar que ele é originalmente um ala de força e está mais acostumado a jogar longe da cesta, sem apanhar muito. É assim até que, pelo menos pra mim, ele joga melhor. A causa do improviso e dos minutos exagerados eram as contusões de Andrew Bynum e Theo Ratliff, além do despreparo do novato Derrick Caracter. Não foram poucas as vezes em que o Gasol parecia sem fôlego no segundo tempo dos jogos, errando bolas fáceis e sendo batido na defesa.

As coisas melhoraram quando o Bynum voltou da sua contusão na última semana, mas mesmo assim nada garante que ele estará inteiro amanhã, o cara é feito de porcelana remendada, então a procura por um jogador de garrafão estava ainda na ativa. Ao mesmo tempo, ter o Vujacic no time não fazia mais sentido. Ele foi muito útil no time vice-campeão de 2008 e eu, como torcedor, tinha uma relação de amor e ódio com ele; o cara é um personagem divertido (faz pose de mala, parece um perdedor e é irritante a ponto dos próprios companheiros de time se irritarem com ele regularmente), um excelente arremessador de três e fez os lances livres que concretizaram a vitória no jogo 7 da final contra o Celtics. Mas também é capaz de falhas absurdas na defesa e é um jogador de função única, se as bolas de três dele não caem é o mesmo que jogar comigo lá, eu também posso ser branco, usar uma fitinha no cabelo e errar arremessos. Não posso casar com a Sharapova, mas não me incomodaria em tentar.

Sem contar que o banco do Lakers tem Shannon Brown, Matt Barnes e o promissor novato Devin Ebanks, os três ou jogam ou podem quebrar um galho na posição do Vujacic. O Shannon Brown até melhorou absurdamente o seu arremesso e ajuda a abrir espaços na quadra como o esloveno fazia. Por fim, deixando a troca mais óbvia ainda, esse é o último ano do contrato do Vujacic, um monte de time por aí não se incomodaria de ter um arremessador de três por dois terços de temporada e depois não estar mais preso a ele. O estranho seria se o Machine acabasse a temporada no Lakers, tudo conspirava para ele sair.

A chegada do Joe Smith deve ser bem proveitosa para o Lakers. Ele nunca vai merecer ter sido a primeira escolha no Draft de 1995 (Antonio McDyess, Jerry Stackhouse, Rasheed Wallace e Kevin Garnett também estavam no Top 5 e tiveram carreiras melhores) mas pelo menos ninguém fica lhe destruindo moralmente como fazem com o pobre Kwame Brown. Ao longo da carreira ele tem sido um bom arremessador de meia distância, pega seus rebotes e dificilmente faz bobagem. É o tipo de veterano para entrar no jogo e deixar as estrelas descansarem sem deixar o time na mão. E convenhamos que depois de um começo de temporada avassalador, os reservas do Lakers estão precisando de uma ajudinha ultimamente.

Outra coisa, o Lakers é o time que mais dá lucro na NBA atualmente, mas não vai fazer nenhum mal a economia que essa troca traz. Já contando as multas, o Lakers irá economizar 8 milhões de dólares em salários com a saída do Sasha.

O Rockets eu considero que fez uma antecipação do draft do ano que vem. Eles deram a sua escolha de primeira rodada, que tem tudo para ser alguma entre a posição 12 e 16, e em troca pegaram um jogador muito jovem que é bem possível que fosse escolhido em uma dessas posições se participasse do draft de novo, é talento de metade do Draft. O Rockets, lutando para entrar no grupo dos oito classificados dos playoffs depois de um começo de temporada patético, precisa de ajuda agora, não em junho do ano que vem.

Mas pensando por outro lado, o Rockets precisa de mais gente no elenco deles? Um jornalista americano que agora eu não lembro o nome uma vez comentou que um dos problemas do Houston era o mesmo do Blazers nos últimos anos, excesso de jogadores bons. Parece absurdo, mas é verdade. É como ter muitas namoradas bonitas, parece bom no começo, mas eventualmente vai te dar muita dor de cabeça. O Blazers tinha tanto jogador bom que nunca deu o espaço que o Martell Webster precisava pra desenvolver seu jogo, viu o Travis Outlaw reclamando dos minutos por jogo, o Brandon Roy reclamando de dividir a armação do time com o Andre Miller e o Rudy Fernandez implorando para ser trocado para um time onde pudesse ser titular.

O Rockets tem tantos jogadores bons, principalmente no perímetro, que não dá chance de ninguém jogar por  muito tempo e às vezes parece que o time não engrena por causa disso. Era uma reclamação recorrente na seleção brasileira de basquete, acho que vocês devem lembrar. Quando o time titular começava a jogar bem
entravam os reservas para quebrar o ritmo. Para dar os minutos merecidos por Aaron Brooks, Kyle Lowry, Ish Smith, Courtney Lee e Kevin Martin, todo mundo acaba jogando pouco. E agora eles ainda tem o Terrence Williams para brigar pelos mesmos minutos.

O primeiro a rodar nessa deve ser o Ish Smith, novato que fez bons jogos quando o Brooks estava machucado, o pobre novato deve ser o último da rotação e ter seu desenvolvimento travado. A chance de ver Brooks e Lowry jogando juntos, uma das minhas combinações favoritas, também é mínima pela quantidade de shooting guards no elenco. O Terrence Williams é rápido, ótimo em contra-ataques e na defesa, mas o Courtney Lee não tem as mesmas qualidades? Concordo com a idéia do Rockets trocar sua escolha de draft para buscar ajuda imediata, mas não vejo com o que o T-Will vai contribuir de diferente além de algum dinheiro extra em descontos no salário por atraso nos treinos e talvez uma participação no campeonato de enterradas. Sou fã do General Manager do time, o Daryl Morey, mas essa eu não entendi.

Nos Estados Unidos eles tem o costume de tentar achar quem foi o vencedor da troca. Talvez seja fruto da cultura competitiva deles, é um conceito estranho já que os times tem realidades e objetivos diferentes e o conceito de vitória não me parece tão óbvio. Mas entendo o que eles querem dizer quando falam que Nets foi  vencedor dessa troca.

Eles perderam dois jogadores que não farão falta. O Joe Smith é um veterano em um time que busca jovens talentos, o Terrence Williams era um jovem talento que estava dando mais dor de cabeça do que resultados. Os constantes problemas de disciplina já tinham tirado toda a confiança do técnico Avery Johnson nele. Então perder esses dois caras mal utilizados por duas escolhas de Draft e mais um contrato expirante foi uma jogada de mestre.

Escolhas de draft parecem ser peças decisivas nos negócios entre Nets e Nuggets nas eternas discussões por Carmelo Anthony. O Denver parece estar pedindo Derrick Favors, contratos que estejam acabando (Troy Murphy, provavelmente) e o máximo de escolhas de draft possíveis. Então quanto mais escolhas, mais chances de ter Carmelo. E até mesmo se a troca não rolar, as escolhas podem ser usadas para trocar por outros jogadores ou até mesmo, óbvio, para draftar bons jogadores. O Nets tem, nos próximos anos, além das suas próprias escolhas, as do Lakers, Rockets e a valiosa escolha de primeira rodada do Warriors de 2011. Se o Nets continuar mal e o Warriors continuar do jeito que está, o time pode ter duas escolhas de Top 10 no ano que vem.

O Nets não tem esperanças para essa temporada, o projeto é a longo prazo, talvez para quando já estiverem realocados em Nova York, e até lá precisam achar novos jogadores, seja por troca ou draft, e essa movimentação foi um passo importante. Sem contar que talvez o Sasha Vujacic acabe até sendo bom nessa temporada e reassine por pouca grana no ano que vem. Em dois jogos pelo time ele fez duas boas partidas, especialmente o de ontem contra o Grizzlies. Com Brook Lopez no garrafão e Devin Harris infiltrando, o Nets é um time que cria bons espaços para arremessadores, nos dias em que ele estiver calibrado vai ser uma boa. É mais um chutador irregular para um time que já tem o Travis Outlaw e Anthony Morrow. 

Uma notícia de hoje diz que o Dallas Mavericks está tentando com todas as forças levar o Carmelo Anthony em uma troca e nem cobraria do Melo a garantia de extensão de contrato, seria um aluguel por meia temporada. O Rockets também já se mostrou interessado em ou pegar Anthony ou participar da troca como um terceiro time, para facilitar o ajuste de salários e conseguir levar alguma coisa no caminho. O Nets todo mundo já sabe que está babando pelo Melo. São dois dos três times citados nesse post envolvidos. Gastamos tantos parágrafos e provavelmente foi só o começo.


Como bônus um vídeo enviado pelo Twitter pelo @Vitoow. É do programa Sport Science, que tem o interessante objetivo de analisar o esporte sob uma perspectiva científica mas que na prática é só um bando de experimentos idiotas e sem embasamento algum. Por que posto esse vídeo? Porque quem participa do vídeo é, nas palavras do narrador, o “NBA superstar Sasha Vujacic“. E é sua única chance de ver o The Machine arremessando lances livres vendado, usando salto plataforma e luvas de borracha. Sério.

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