>Amarelo Ovo

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Cara de cu para uma derrota de merda

Lembra quando o assunto do momento no Bola Presa era o jogo físico de playoff? Nossa, aquilo é muito semana passada, é tipo usar shortinho com bota na balada: over. O assunto do momento, meninas, é falar de quem é amarelão ou não.
Um dia depois de discutirmos o assunto dando enfoque no Dirk Nowitzki que, apesar das piadas, não achamos nada amarelão, o Magic veio mostrar pra gente mais uma vez o que é afinar de verdade nos momentos decisivos de um jogo.
Na série contra o Sixers cansamos de falar que o Magic só corria riscos de perder a série porque perdia lideranças imensas no quarto período. Contra o Celtics falamos a mesma coisa. Nessa série eles já tinham desperdiçado até uma liderança de 28 pontos, só que daquela vez tiveram a sorte de ainda conseguir a vitória. Ontem não deu.
Durante três períodos e meio, o Magic foi um time infinitamente superior. Assistindo ao jogo pensei em postar aqui a seguinte frase “O Orlando Magic é o time mais paciente da NBA”. Eles pegam a bola, rodam entre todos os jogadores, vão até o Dwight, voltam, driblam, infiltram, tocam pra fora do garrafão e pacientemente trocam bolas até que algum matchup dê certo ou que alguém sobre livre para o arremesso. É Spursisticamente perfeito.
Nesses três períodos e meio, o Magic poderia ter liquidado o jogo, chegou a abrir 14 pontos de vantagem no quarto período, mas mesmo antes do Magic afinar, os deuses do basquete (engraçado como são politeístas todos os esportes, nunca é ‘o’ Deus do futebol, são sempre ‘oS’ deuses) iluminaram o time verde. Dessa vez o milagre chegou ao ponto em que o Stephon Marbury, sim, o Marbury, carregou o time nas costas! Durante a primeira metade do quarto período a diferença do Orlando poderia ter aumentado de 14 para 20, 25, mas graças a cestas de Starbury e Big Baby, os únicos a pontuarem no período durante uns bons minutos, o Celtics continuou no jogo.
Isso não é incrível? O time tem tantas estrelas, tantas armas, mas só não perderam um jogo em casa porque na primeira metade do período decisivo, com o jogo escorrendo por entre os dedos, o Marbury ressurge das cinzas e com a ajuda do gordinho segura o time no jogo. Nunca fui muito fã do Marbury e nem estou torcendo para o Celtics, mas vibrei muito com cada cesta dele, foi histórico.
Mas assim que o Marbury começou a jogar sozinho como nos seus tempos de Phoenix Suns e forçou uma bandeja idiota, seu único erro no período em que marcou 12 pontos, o Doc Rivers já tirou ele de quadra e voltou com Rondo e o resto dos titulares, que finalizaram o trabalho.
Na segunda metade do último período, o time mais paciente da NBA se tornou o mais idiota. Ao invés de continuar jogando do jeito que estavam – defesa, saída rápida, paciência na troca de bolas – eles começaram a jogar gastando o relógio à toa e depois arremessando em alguma jogada individual forçada.
Aí foi só Paul Pierce e Ray Allen acertarem umas bolas no ataque e a virada estava feita. Contou com uma pequena ajuda da arbitragem, é verdade, que não marcou um estouro de 24 segundos alegando que uma airball do Rondo tinha sim batido no aro. O curioso é que eles primeiro marcaram o estouro, depois o Kendrick Perkins, que pegou o rebote, deu um piti e eles mudaram a marcação. O Perkins tá com tanta moral assim e eu não sei?
Mas que esse erro da arbitragem e os méritos do Celtics não escondam que o jogo estava completamente nas mãos do Orlando e eles que entregaram o ouro.
Na entrevista após o jogo, o Dwight Howard estava puto da vida e culpou o técnico Stan Van Gundy por mudar alguns jogadores que estavam em quadra quando o time estava dando certo e por não fazer o time voltar a jogar do jeito que estava antes, com menos jogadas individuais e mais passes. Também aproveitou para dizer que queria receber mais a bola em momentos decisivos do jogo, que ele acha que pode marcar pontos lá dentro do garrafão quando o time precisar. Trechos da entrevista podem ser vistas aqui:
Antes de dizer se acho que ele está certo ou errado, vale outra discussão: o Magic está com a corda no pescoço, a uma derrota da eliminação e com só mais um jogo em Orlando à frente. É uma boa idéia falar mal do seu técnico em público nessa situação?
Eu não acho errado, ele quis explicar a derrota para a imprensa e falou o que pensa, mas ao mesmo tempo foi arriscado. Afinal, eu não acho errado, mas é só o próprio Vun Gundy e mais um ou dois jogadores também acharem, e aí o clima dentro do vestiário pode ficar bem pesado, estragando a temporada do time e até o futuro do técnico no Orlando (a não ser que a intenção do Dwight seja realmente estragar o futuro do técnico no time).
Ignorando a situação em que falou e analisando o conteúdo, quase tudo o que Dwight disse faz sentido. Não só para o jogo de ontem como também para a maioria em que o time jogou fora grandes lideranças. O Magic só funciona de duas maneiras, ou consegue defender bem e sai na velocidade com passes rápidos ou faz aquilo que eu disse antes de passar a bola com paciência no campo ofensivo.
Então, o time não pode decidir simplesmente querer jogar com jogadas individuais no fim do jogo, vai dar errado, não é a praia deles, é como a Angela Bismarchi decidir parar de fazer o que sabe, plásticas, pra virar cantora. Ainda mais porque não fizeram isso no minuto final, fizeram nos últimos 5 minutos de jogo, é tempo demais.
As jogadas individuais só deram certo no Orlando em quartos períodos quando eles tinham ainda o Jameer Nelson, lembro que ele venceu vários jogos no quarto período (contra o Lakers por exemplo, puto!) só com pick-and-rolls e jogadas individuais simples antes de se machucar.
O que o Dwight não pode dizer tanto é que ele quer a bola nas mãos nos momentos decisivos do jogo. Antes disso ele tem que provar, nos outros três quartos, que é capaz de marcar pontos consistentemente em cima do Perkins. O Dwight Howard ainda é muito limitado em movimentos de costas pra cesta, não tem arremesso e não é bom arremessador de lance livre (embora tenha acertado os mais importantes nos playoffs até agora). Não é à toa que o time e o técnico não confiam a bola nele nos minutos finais.
No meu último post tinha comentado que o Magic ficava mais forte com o Marcin Gortat no ataque, agora explico: o Gortat tem um ganchinho feio mas eficiente com as duas mãos e é ótimo em fazer pick-and-rolls. Simples assim. Não quero dizer que o Gortat é melhor, afinal nunca vimos como ele lidaria com a defesa apertada e com a marcação dupla que o Dwight recebe em todo santo jogo, mas na prática, até por não levarem o polonês tão a sério, ele rende mais no ataque.
Quando o Superman tiver recursos ofensivos mais confiáveis e cometer menos turnovers sob marcação dupla, ele poderá exigir e provavelmente irá receber mais bolas nos momentos decisivos.
Meu palpite é que o Magic se recupera no jogo 6, empata a série, e no jogo 7, em Boston, o Orlando vai jogar bem mas vai perder porque algum maluco do Celtics vai arregaçar. Falta quem ganhar um jogo pra eles nesse ano? O Mikki Moore? O Scalabrine? O Tony Allen? Façam suas apostas.

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