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Enfim, chegamos ao fim da primeira Summer League, a de Orlando. Antes de passarmos para a próxima, a de Las Vegas, e dizer que a de Orlando é “muuuuito semana passada”, vamos dar uma olhadinha nas últimas atuações relevantes e destacar, ao mesmo tempo, os melhores jogadores desse torneio fundo-de-quintal.
Infelizmente, nos últimos dias não pudemos mais conferir as atuações de Derrick Rose. A primeira escolha do draft estava assumidamente jogando com dores no joelho e depois de feder em duas partidas, resolveu se poupar um pouco. Se da contusão ou das críticas, isso não se sabe. Prefiro não opinar.
Já a escolha número dois, Michael Beasley, que teve um fantástico primeiro e um horrendo segundo jogo, encerrou sua participação com duas atuações imponentes. Foram 19 pontos e 5 rebotes (8 arremessos certos em 16 tentados) e, na partida final, 25 pontos e 8 rebotes (8 arremessos certos em 19 tentados). Ou seja, o calouro não teve vergonha nenhuma de arremessar, intenção alguma de passar a bola ou defender, e se jogar assim quando a coisa estiver valendo, vai ser realmente o irmão de um universo paralelo do Carmelo Anthony. Com exceção dos rebotes, porque Beasley mostrou um excelente posicionamento no garrafão e parece capaz de pegar trocentos rebotes ofensivos, coisa que o Carmelo deve achar q dá muito trabalho. Aliás, sei que tem muita gente preocupada com a questão da altura, mas uma dupla de alas composta por Beasley e Shawn Marion não terá muitos problemas. Além de que não é como se Marion nunca tivesse jogado num time baixo antes, convenhamos.
Outro destaque da última semana foi Jeff Green, que simplesmente não parou um segundo de cobrar lances livres. Bastava pegar um jogo pela metade, ver um cara na linha de lances livres e adivinhar: “Ah, deve ser o Jeff Green.” Tiro e queda. Sua agressividade e experiência foram demais para a pirralhada, que só soube descer a lenha contra o ala. Mesmo quando estava fedendo em sua última partida, acertando apenas 3 de 10 arremessos, cobrou 16 malditos lances livres, acertando 13. Se você acha que assistir a um jogo do Spurs é lento, tente ver um jogo de Summer League do time outrora conhecido como Sonics e veja o cronômetro parar dez mil vezes toda vez que o Jeff Green tomar uma pancada. Um porra, claro, mas mérito dele. Pensei em me suicidar várias vezes, comecei a jogar campo minado no computador, bati vários recordes, e devo tudo a ele.
Entre os armadores, os melhores foram Mario Chalmers e Russel Westbrook, ambos muito agressivos e decididos em quadra. Westbrook mostrou melhor pontaria, enquanto o Superintendente Mario Chalmers mostrou-se melhor na defesa e batendo para dentro do garrafão. Outros armadores que merecem destaque são o Chris Douglas-Roberts, que todo mundo sabia que ia ser uma estrela mas mesmo assim ninguém draftava (vai entender!) e que deve ser titular no Nets, e o Courtney Lee, que vai brigar pela vaga com o novo contratado, Mickael Pietrus. Lee meteu 30 pontos (acertando 12 lances livres) para se despedir da Summer League em grande estilo.
Todos esses jogadores mostraram estar num outro nível, bem acima do resto dos competidores tentando uma boquinha num time da NBA. Mas acho que nenhum jogador, nem mesmo Michael Beasley, dominou tanto os jogos quanto o novato do New Jersey Nets, o pivô Brook Lopez. Ele foi pegando o jeito aos poucos, teve uma excelente segunda partida, mas dominou completamente nas duas últimas. Foram 23 pontos (9 arremessos feitos em 15 tentados) e 5 rebotes enfrentando Joaquim Noah, e o estrago poderia ter sido ainda maior se o Lopez não tivesse descansado tanto. Noah não teve nenhuma chance e o Bulls precisa entrar em pânico agora mesmo: seu futuro garrafão titular, composto por Tyrus Thomas e Joaquim Noah, foi dominado por Beasley e Lopez, dois novatos. É claro que a dupla do Bulls também é nova, mas justamente por isso é muita crueldade exigir que contribuam imediatamente contra a elite da NBA, principalmente na defesa. Brook Lopez, que não tem nada com isso, chutou traseiros e depois terminou sua participação no torneio com 25 pontos em 8 arremessos feitos em 13 tentados, além de 4 rebotes.
Pra mim, o Brook Lopez foi a estrela dessa budega. O número de rebotes foi baixo para um pivô, claro, mas leva tempo para se acostumar com o posicionamento e, além do mais, rebote em Summer League é uma coisa esquisita. Os arremessos costumam ser tão precipitados, de tão baixo nível, que em geral acabam resultando em falhas grotescas que geram rebotes muito longos ou curtos demais. Por isso, é mais comum ver rebotes caindo nas mãos de armadores ou virando rebotes ofensivos, algo que não favorece as estatísticas dos pivôs. É claro que o Lopez ainda é um pouco lentão e vai ganhar velocidade com alguns anos de treinamento de alto nível na NBA, mas para o Nets já está ótimo, muito melhor do que a encomenda. O Nets sequer sentia o cheiro de um pivô de verdade há meio século, então qualquer coisa que lembre um homem de garrafão já é lucro. Se o Kidd estivesse por lá, veríamos lágrimas escorrendo de seus olhos.
Com Mario Chalmers, Westbrook, Jeff Green, Beasley, Chris Douglas-Roberts, Courtney Lee e Brook Lopez, falamos de todo mundo que merecia atenção nos últimos dias. Exceto por uma pessoa, o ganhador do nosso Troféu Lonny Baxter da Summer League de Orlando.
Damos o Troféu Lonny Baxter para o melhor jogador quando não está valendo nada, aquele cara que chuta traseiros durante as Ligas de Verão ou pré-temporada e, durante a temporada regular, não faz muita coisa. Nas Summer Leagues do ano passado, vimos Louis Williams e Bostjan Nachbar serem cotados para o prêmio. Dessa vez, quem chamou a atenção foi Marcin Gortat. Além das partidas iniciais, que comentamos antes, Gortat encerrou sua participação em Orlando com dois jogos incríveis. No primeiro, foram 18 pontos (9 arremessos feitos em 13 tentados), 11 rebotes e 4 tocos. Surreal, não? No segundo, pra terminar, foram 16 pontos e 12 rebotes. O suficiente para deixar todo mundo impressionado e depois ele nunca mais colocar os pés numa quadra de basquete. Se bem que, como nosso leitor Fiel comentou num post anterior, Gortat tem mesmo tudo para ganhar minutos como reserva do Dwight Howard, aqueles dois ou três por partida quando o Super-Homem está com problemas de faltas. Seja como for, vai ser bem melhor do que depender de sujeitos como Adoynal Foyle ou Tonny Battie.
Com isso, meninos e meninas, encerramos nossa passagem por Orlando. Agora, vamos direto para Las Vegas dar uma olhada na Summer League rolando por lá, dessa vez envolvendo muito mais times (e muito mais novatos!). Em breve, aqui no Bola Presa, uma análise detalhada do que está rolando por lá e dos ganhadores de mais Troféus Lonny Baxter. Não dá pra perder!