>Análise do Draft 2011 – Parte 2

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Bismack Biyombo, Kemba Walker e o gatíssimo Rich Cho, manager do Bobcats

Como vocês devem ter percebido, começou a nossa análise do Draft 2011. Para quem não viu a parte 1 eu recomendo que deem uma olhada lá antes; no texto não só analisamos as escolhas dos times que pegaram os primeiros jogadores (Cavs, Jazz e Wolves) como também comentamos o nosso método histórico de dar notas para as escolhas dos times usando selos baseados em temas estranhos. O desse ano, memes da internet, foi devidamente explicado lá para os outsiders que não estão ligados nas tendências do mundo virtual.

Aqui reproduzo os selos em questão:

Fuck Yea – É o personagem convencido, que se gaba de qualquer coisa (qualquer uma mesmo) que tenha dado certo. É o selo para os times que fizeram a coisa certa na hora certa e saíram do Draft com essa pose de fodão. (conheça mais do fuck yea)

Close Enough – É o meu meme favorito. Um cara que quer uma coisa, não consegue exatamente o que deseja mas “cheguei perto o bastante” e empina o nariz. É o selo para os times que não brilharam, mas fizeram a coisa certa. (conheça mais do close enough)

Okay – É o personagem  derrotado que abaixa a cabeça e aceita qualquer coisa. Fácil de se identificar com ele nas nossas frustrações cotidianas. É o selo para os times que não pegaram nenhum grande jogador mas fizeram o que dava na hora. (conheça um pouquinho mais do Okay)

Trollface – Esse é um dos mais famosos, o troll, é o cara que faz as coisas de sacanagem, que irrita, que comenta coisas idiotas no Bola Presa só para nos irritar. É o selo para o time que foi trollado, que está achando que fez uma coisa boa mas vai quebrar a cara em breve. (conheça mais do Troll)

Rage Guy – Esse todo mundo já viu, é o famoso “ffffuuuu”, expressão que você pode usar no dia-a-dia quando bater o dedinho na quina, derrubar uma bandeja cheia de comida no chão, perder o ônibus só porque parou pra amarrar o tênis e coisas do tipo. Selo para os times que erraram feio. (conheça mais do Rage Guy)

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Toronto Raptors
(5) Jonas Valanciunas, C

Para um time tão capenga quanto o Raptors é triste que eles só tivessem uma escolha nesse Draft, mas pelo menos parecem ter conseguido um bom jogador e um que deve se encaixar no time em todos os sentidos. Desde que o General Manager Bryan Colangelo assumiu a equipe em 2006 ele tem tentado transformar o Raptors no time mais internacional da liga. Foi uma estratégia bem interessante: Eles não tinham apelo para os Free Agents porque nenhum americano queria deixar seu país para morar no Canadá (como todos sabemos lá só existem ursos, guardas florestais e a Alanis Morissette) e até os caras escolhidos pelo Raptors no Draft (Tracy McGrady, Vince Carter e agora Chris Bosh) saíam do time na primeira oportunidade; vendo isso e o crescimento no número de gringos na NBA ele decidiu investir nos estrangeiros. Assim trouxeram Andrea Bargnani, Jose Calderon, Linas Kleiza, Hedo Turkoglu, Leandrinho e outros. A ideia não é ruim e nem esses jogadores são, mas ainda não foi o bastante para o Raptors virar um grande time, o tempo que os europeus demoram para se adaptar defensivamente à NBA parece atrapalhar também.

Eu gosto da idéia, acho legal quando times de mercado menor arranjam estratégias para atrair jogadores. O Memphis Grizzlies conseguiu sucesso ao pegar jogadores que outros times tinham um pé atrás em contratar, foi assim escolhendo Mike Conley no Draft, trocando Pau por Marc Gasol e principalmente apostando alto em Zach Randolph. O Raptors resolveu apostar nos não-americanos e é possível que dê certo, o que não daria é deixar passar um bom americano só para se manter a essa regra. Por sorte não foi o caso, Jonas Valanciunas acaba de ser o MVP do Mundial Sub-19 e parece ser um pivô muito bom, com um toque de classe em volta da cesta e bom nos rebotes. Em uma liga com cada vez menos pivôs de destaque ofensivo, que acaba de dar adeus a Yao Ming e Shaquille O’Neal, parece uma aposta legal. E mesmo no elenco do Raptors ele deve se encaixar, o Andrea Bargnani era um falso-pivô, um cara que é listado na posição 5 no box score mas que joga mesmo longe do aro. Os dois podem formar uma dupla legal em que o italiano tem mais liberdade de ser um arremessador sem precisar deixar o time sem pivô embaixo para lutar pelos rebotes.

Eles ainda tem o Ed Davis, escolha no draft do ano passado que terminou a temporada muito bem. Ele joga como ala de força e poderá sem problemas participar da rotação de jogadores de garrafão com Bargnani, Valanciunas e o antológico Reggie Evans. Os times do leste tem se destacado mais pelos jogadores de perímetro, se esse grupo do Raptors crescer bem nos próximos anos pode ser o trunfo deles para voltar a ser um time relevante.

Washington Wizards
(6) Jan Vesely, SF
(18) Chris Singleton, SF/PF
(34) Shelvin Mack, PG/SF

O Wizards vivia um dilema parecido com o do seu time companheiro de fim de chamada, o Wolves. Com tantos jogadores jovens no elenco era a hora de pegar mais pivetes e montar uma creche ou trocá-los por caras mais experientes? Escolheram a creche. Pensa bem, o time titular do Wizards ano que vem (se tiver uma temporada) pode muito bem ser John Wall, Jordan Crawford, Jan Vesely, Andray Blatche (irgh!) e JaValle McGee, o mais velho seria Blatche com 24 anos. E no banco ainda teriam Nick Young, Kevin Seraphin e Trevor Booker. Até Yi Jianlian parece experiente perto desse grupo que de veteranos de verdade só teria o sempre machucado Josh Howard e o Rashard Lewis, que, diga-se de passagem, ganha sozinho mais do que esse suposto time titular inteiro.

Esse bizarríssimo elenco do Wizards é feito para brilhar no futuro e é só lá que vamos ter certeza se essas escolhas são certas ou não. Quando os contratos dos veteranos acabarem o time vai decidir em qual dos pirralhos usa o espaço do salary cap para investir a longo prazo. Podemos ver esse time então como um grande reality show onde jogadores brigam individualmente por futuros salários melhores. Será o momento de ver se o John Wall merece salário máximo (seja ele qual for nas novas regras salariais), se o Jordan Crawford é bom mesmo ou só um doido arremessador, se o Andray Blatche aprende a defender ou o JaValle McGee a jogar basquete. É aí que veremos também o novato Jan Vesely.

Ele protagonizou uma das cenas mais legais do Draft quando sua namorada, uma jogadora de basquete da República Tcheca como ele, tascou um beijão firmeza no rapaz quando ele foi escolhido. Vejam e morram de inveja:

As maiores críticas ao Vesely são a coisas que não são tão preocupantes. Dizem que ele não é muito bom no 1-contra-1 e que precisa melhorar fisicamente para enfrentar outros alas da NBA. Bom, em um time com Jordan Crawford, John Wall e Andray Blatche é até bom que não tenha mais um cara forçando jogadas individuais e que se preocupe mais em se mexer sem a bola, e fisicamente é questão de tempo na academia. Uma coisa legal do jogo dele é o hábito de jogar de costas para a cesta, com braços longos e essa habilidade ele pode abusar de alguns alas mais baixos no jogo de garrafão como o Tayshaun Prince fazia em seus bons tempos. Legal ele também ser rápido para acompanhar os contra-ataques puxados por Wall. Ninguém parece ter muita dúvida do talento dele, mas vários acham que ele não era o melhor jogador disponível a essa altura do campeonato, talvez o Wizards conseguisse ele mesmo trocando por uma escolha mais baixa e levando algo a mais.

Com a escolha 18 o Wizards pegou um cara que todo time precisa e eles não tinham: Um especialista em defesa que consegue ser útil no ataque por ser um bom arremessador. Chris Singleton é um Bruce Bowen com caráter, embora aposte que o Wizards trocaria todo o caráter pelo nível de talento defensivo do Bowen. Deve ser bem útil embora esse tipo de jogador chame mais a atenção em times mais prontos.

Na escolha 34 eles pegaram um armador que não deve ter muito espaço no elenco, Shelvin Mack, mas que com essa força nominal é bem possível que ganhe um contrato e tenha sua chance. Falando sério, Mack jogou bem na NCAA nos últimos anos mas ninguém conseguia enxergar seu estilo de armar encaixando entre os profissionais. Ele é claramente um dos prejudicados por não ter uma Summer League para tirar essas dúvidas.

Charlotte Bobcats
(7) Bismack Biyombo
(9) Kemba Walker
via troca: Corey Maggette

Lembra que eu disse que o Raptors apostou em montar um time de não-americanos? O Bobcats também já teve uma abordagem temática, a aposta deles havia sido montar um time defensivo. Eles só contratavam gente com essas características: Stephen Jackson, Gerald Wallace, Tyson Chandler, todos comandados pelo Larry Brown, o homem que sonha em ganhar um jogo de basquete por 2 a 0. Mas Larry Brown foi mandado embora, Wallace e Chandler trocados no ano passado e no dia do Draft, Stephen Jackson. Sinal de mudanças completas? Parece que não.

O tal do Bismack Biyombo, além de primeiro lugar absoluto no nosso Draft de Força Nominal, tem todas as características para se tornar um Ben Wallace sem o afro: Um monstro na defesa, trocentos mil tocos, rebotes e o talento ofensivo do Maranhão. Eu apostava que o Serge Ibaka seria um novo Ben Wallace, mas ele me traiu quando aprendeu a arremessar e perdeu toda a graça, Biyombo se tudo der certo não vai melhorar seu jogo ofensivo tão cedo. Em um time tão fracassado ele vai ter tempo de quadra se não se complicar nas faltas, deve ser um novato divertido de acompanhar.

A escolha 7 para o pivô congolês veio na troca do Stephen Jackson que será analisada melhor depois pelo Danilo (junto com outras trocas como a do JJ Hickson e a do Raymond Felton). Mas aqui já trago a questão: mesmo que o Biyombo dê certo, não dava pra ter conseguido algo melhor quando o S-Jax estava em alta? Ele é um baita jogador! Se analisarmos o elenco do Bobcats nos animamos só quando vemos o novo Ben Wallace e a outra escolha deles, Kemba Walker. Agora quando dois jogadores que não tem um minuto de NBA são toda sua esperança você está mal, e nem é como o Cavs onde os dois novatos são pelo menos as escolhas 1 e 4 (isso sem contar que ter Baron Davis, Anderson Varejão e Omri Casspi é mais animador que ter Tyrus Thomas, Boris Diaw e DJ Augustin).

Eu aposto no pivô congolês para ser um jogador de destaque, mas abrir mão do seu melhor jogador em troca dele acho que foi demais. O Kemba Walker é um daqueles jogadores que os americanos chamam de “winner“, um cara que não se destaca como outros de sua posição e idade mas que ganha tudo o que joga. Foi campeão da NCAA na última temporada e sua moral subiu vertiginosamente, mas a verdade é que se jogasse em um time menor poderia facilmente ter caído lá para a posição 15 nesse Draft. Até acho ele bom pelo pouco que vi, mas ele não é um armador puro e vai ter muita responsabilidade nas costas dele com um elenco tão ruim.

Os jogadores parecem até bons, não me entendam errado, mas o saldo do Bobcats no Draft é ter perdido o seu melhor jogador e ter gasto suas duas escolhas Top 10 em atletas que não parecem capazes de liderar o time. Apostaria que vão depender de uma escolha Top 3 no ano que vem (a campanha ruim para isso eles vão ter) para ter um jogador que possa realmente ser o nome da franquia enquanto Walker e Biyombo fazem o que podem ajudando.

Detroit Pistons
(8) Brandon Knight, PG/SG
(33) Kyle Singler, SF
(52) Vernon Macklin, PF

Concordo perfeitamente com a idéia do Pistons escolher um armador principal. O Rodney Stuckey nunca rendeu o que se esperavam dele nessa posição e provavelmente renderá mais na posição dois, o mesmo vale para o reserva Will Bynum. A falta de um armador que saiba distribuir a bola prejudica todo o elenco do Pistons, Ben Gordon, Richard Hamilton e Charlie Villanueva, por exemplo, só rendem quando estão dentro de um bom esquema tático liderado por um bom armador.

Mas precisar de um armador não faz a escolha ser boa na hora, Brandon Knight simplesmente não parece ser o cara certo. Ele é um daqueles armadores que são ótimos para criar o próprio arremesso e que tem uma mentalidade de sempre procurar a cesta, os seus passes e assistências geralmente nascem das adaptações que a defesa faz para pará-lo, é um Stuckey 2.0. Eu acho que o Pistons precisava de um cara mais cerebral, que pensasse mais em envolver o resto do time (curiosidade: Usei o termo “cerebral” para me referir ao basquete, fora da quadra Knight chamou atenção por notas altíssimas na Universidade de Kentucky, caso raro para jogadores que sabem que vão acabar indo para a NBA). O elenco é bom, mas cheio de gente que não se completa e não sabe jogar junta, o que eles precisavam é de alguém que fizesse a ligação entre esses diferentes estilos de jogo. Brandon Knight até pode se destacar individualmente, mas não parece ser solução para isso. A escolha só fará sentido se vier seguida de trocas que mudem totalmente a cara do time.

Com a escolha 33 o Pistons conseguiu o Kyle Singler, bom jogador de Duke que sempre se destacou no time mesmo nunca sendo uma grande estrela. Na NBA provavelmente vai ter o mesmo caminho, um reserva que entra, sabe o que faz, não compromete, ajuda, mas possivelmente nunca decide. Sem querer ser chato dizendo que o Pistons está draftando o próprio time de novo, mas ele parece ser um Jonas Jerebko 2.0. Com a última escolha eles pegaram Veron Macklin, um cara de força nominal chamativa mas que provavelmente nunca terá um minuto de quadra na NBA.

Não foi um Draft ruim, os caras têm suas qualidades, mas achar que isso é a solução para os problemas do Pistons é se enganar demais, as mudanças devem ser muito mais profundas no elenco e na escolha do novo treinador.

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