Análise do Draft 2020 – As Lottery Picks

Está no ar a segunda parte da Análise do Draft 2020! Antes de começar, leia a Parte 1, onde analisamos o Top 3 de Minnesota Timberwolves (Anthony Edwards), Golden State Warriors (James Wiseman) e Charlotte Hornets (LaMelo Ball). Lá também explicamos os objetivos dessa análise e os desafios desse eterno exercício de futurologia.

Parte 1 – Wolves, Warriors e Hornets
Parte 2 – Bulls, Cavs, Hawks, Pistons, Knicks, Wizards, Suns, Spurs, Kings, Pelicans, Celtics
Parte 3 – Magic, Thunder, Mavericks, Heat, Sixers, Nuggets, Jazz, Raptors, Grizzlies
Parte 4 – Clippers, Bucks, Blazers, Rockets, Pacers, Nets, Lakers

Agora só falta relembrar os nossos Selos de Qualidade™ que avaliam como cada time foi no Draft!

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MÁSCARA – Andar de máscara não é legal, não é bonito, não é confortável e só piora quando o dia está quente. Mas é também a a maneira mais eficaz de se prevenir da Covid-19 e evitar que o vírus se espalhe ainda mais. Selo para os times que podem não estar empolgados com esse Draft, mas que fizeram o que tinham que fazer.

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A BOLHA – Jogar basquete sem torcida na Disney durante uma pandemia e com os movimentos sociais tomando as ruas? Soa bizarro, mas até que foi bem legal, não foi? Selo para os times que não conseguiram a situação ideal mas que saíram no positivo.

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ZOOM – Ninguém quer assistir aula no Zoom com aquele microfone péssimo do professor, ninguém se empolga em ser convidado para uma videochamada e ninguém quer uma festa de aniversário online com o delay estragando o ritmo do parabéns. Esse ano nos apresentou à “fadiga do zoom”, mas também foi essa tecnologia que nos salvou do isolamento total e absoluto. Selo para os times que fizeram o que dava na atual situação.

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NEGACIONISTAS – Pior que tentar levar a vida (e seguir vivo) durante uma pandemia é ter que fazer isso ao lado de quem, tal qual o meme do cachorro dentro de uma casa em chamas, insiste que está tudo bem. Não está, por favor não atrapalhe. Selo para os times que fizeram tudo errado e ainda acreditam que é só uma gripezinha.


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Chicago Bulls
#4 – Patrick Williams, SF/PF
#44 – Marko Simonovic, PF/C

Se eu tinha uma certeza no dia do Draft era que Patrick Williams não passaria da Escolha 7, do Detroit Pistons. Praticamente todos os especialistas e os principais Mock Drafts cravavam isso e só raras exceções apostavam que o ala sairia antes disso, mas foi o que aconteceu: Williams foi o LÍDER DO RESTO, o cara que, para o Chicago Bulls, se destacou no meio desse monte de gente que parecia um bolo de jogadores no mesmo nível.

Ao contrário de tantos outros nesse Draft, Williams não foi fenômeno colegial (foi ranqueado 34º melhor do seu ano de formatura pela ESPN) nem teve números avassaladores na sua solitária temporada universitária, apenas 9,2 pontos, 4 rebotes e 1,1 toco por jogo por Florida State. Mas ele levou um prêmio individual: RESERVA do ano na conferência ACC. Como um reserva é escolhido tão lá no alto no Draft? Pior que não é a primeira nem a última vez que isso acontece. É dessas coisas que só embaralham a cabeça de quem não acompanha tudo tão de perto. A explicação mais simples é a de que um técnico de universidade pensa no curto prazo, ele escala quem ele acha melhor para aquele momento, aquele jogo, e monta o time titular de acordo com o que tem em mãos. Na NBA, por outro lado, os General Managers pensam no médio e longo prazo, selecionando quem julgam que será o melhor jogador daqui alguns anos. E Arturas Karnisovas, o novo manda-chuva do Bulls, não é o único a achar que Williams pode se tornar o grande nome desse Draft daqui algumas temporadas. Seu técnico universitário, Leonard Hamilton, explicou que ele trabalha “num estilo velha guarda” onde tudo é feito de forma coletiva, em grupo, e onde todos tem tempo de quadra. Ele diz que a rotação envolve muitos jogadores diferentes e que às vezes caras que jogam mais minutos ou tem bastante protagonismo podem começar no banco, “como John Havlicek no Boston Celtics“, disse.

Como o Bulls é um time com bons jogadores em todas as posições mas nenhuma estrela absoluta em qualquer uma delas, o encaixe posicional não era prioridade. Mais importante era achar alguém que soasse como uma solução para um problema crônico do time desde a saída de Jimmy Butler anos atrás: defesa. Com tamanho e velocidade para jogar na posição 3 ou 4 e bons números de roubos e tocos na universidade, Williams parece ter o estilo defensivo versátil que os times buscam atualmente. Ele pode ajudar bastante o Bulls nos rebotes, outra área onde o time sofre de tempos em tempos.

Na segunda rodada, Karnisovas tentou uma receita que funcionou muito bem quando ele trabalhava no Denver Nuggets: pegar lá na segunda rodada um pivô de um país da antiga Iugoslávia, de 2,13m, que joga no Mega Bemax e que, nas palavras do manager, “sabe driblar, arremessar, é muito versátil e tem inteligência de jogo”. Se o montenegrino Marko Simonovic for qualquer coisa próxima de um novo Nikola Jokic a gente já coloca Karnisovas no Hall da Fama.

FORÇA NOMINAL – É até triste que um elenco rico em Força Nominal como o do Bulls (Zach LaVine, Lauri Markkanen, Wendell Carter Jr) receba agora um dos nomes mais sem sal da NBA nos últimos anos. Urge a necessidade da torcida arranjar um belo de um apelido para que Patrick Williams não desapareça da liga. Eu certamente vou esquecer da sua existência assim que publicar este texto. Em Marko Simonovic encontramos um dos tipos mais divertidos de nome gringo, aquele que parece brasileiro mas que a gente coloca um “K” ou outra letra estranha no meio e um “-ic” no final pra fazer charme, tipo Denys Botanovic.


Okoro

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Cleveland Cavaliers
#5 – Isaac Okoro, SF

Se você tivesse que apontar um grande defeito em um time cheio de grandes defeitos como o Cleveland Cavaliers, qual você apontaria? São muitas opções, mas eu iria para a defesa de perímetro. Com Collin Sexton, Darius Garland e Cedi Osman assumindo a maior parte dos minutos, o time fica sem qualquer condição de marcar um adversário minimamente habilidoso com a bola nas mãos. Responder isso com a seleção de um cara que muitos consideram o melhor defensor do Draft parece uma vitória. Com ótimo físico, velocidade lateral, braços gigantes e uma disciplina rara em jogadores tão jovens, Isaac Okoro tem tudo para fazer a diferença na defesa desde já.

Se há uma crítica a essa escolha, é a de que ela é um band-aid que cobre só um probleminha de um time que tem centenas deles. E que uma escolha tão alta, a quinta do Draft, deveria ser usada investindo em alguém com potencial para um dia ser o rosto do time. Só que embora existam os entusiastas de Killian Hayes, Deni Avdija e Tyrese Haliburton, o consenso é que ninguém vai achar qualquer salvador da pátria em 2020. Se o Cavs analisou todo mundo e não viu um messias, fez bem em pegar alguém muito acima da média em algo que todo time bom precisa. É torcer para a análise ter sido certeira.

O que impede Okoro de ser esse cara dos sonhos é seu ataque: acertou apenas 28% dos seus tiros de 3 pontos na temporada passada e não é grande coisa driblando também. Existem casos de jogadores que chegam na NBA sem recursos ofensivos e os desenvolvem ao longo dos anos, como Kawhi Leonard e Jimmy Butler, mas há uma chance de olharmos essa escolha no futuro e nos perguntarmos por que diabos o Cavs selecionou um Andre Roberson lá em cima.

FORÇA NOMINAL – Pobre dos americanos que não vão conseguir fazer um trocadilho entre Okoro e “o couro”, válido especialmente para quem defende tão bem: “Isaac está tirando OKORO desse armadorzinho”. Mas mesmo para eles o nome é bom: curto, forte, único e bom do narrador gritar na hora de um toco decisivo.


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Atlanta Hawks
#6 – Onyeka Okongwu, C
#50- Skylar Mays, SG

Se Isaac Okoro era visto como o melhor defensor de perímetro, para muitos Onyeka Okongwu era o rei defensivo do garrafão. Pois é, tinha especialista gringo mais confiante no potencial de Okongwu como defensor do que no de James Wiseman, a segunda escolha do Golden State Warriors neste Draft. Os vídeos são mesmo impressionantes, a presença física do pivô impressiona e o timing para os tocos são daquelas coisas que todo técnico acha difícil de ensinar. Mas como Okoro, fica a questão: o que mais além disso você pode oferecer?

Ao longo da sua carreira não foi pedido muito mais que defesa, isso desde o tempo em que dividiu a quadra com os três irmãos Ball pelo time colegial de Chino Hills. No basquete universitário, onde defendeu a USC, Okongwu até participou bem do ataque com 16 pontos por jogo, mas a maioria em pontes aéreas ou enterradas fáceis após rebotes de ataque. Bom pra ele que com Trae Young ao seu lado devem aparecer mais chances assim de participar ofensivamente. Muitos elogiam seus corta-luzes e isso será essencial para fazer seu jogo em dupla com o armador dar certo, vale atenção especial.

O pivô também foi protagonista de um momento emocionante no Draft quando falou sobre seu irmão mais velho, Nnamdi, que morreu em um acidente de skate quando estava no colegial e que também era uma promessa do basquete. O número 21 herdado do irmão e usado no colegial e na faculdade, porém, deverá ser deixado de lado já que no Hawks essa camisa é aposentada por Dominique Wilkins.

No fim da segunda rodada o Hawks investiu em Skylar Mays, “veterano” de 23 anos com quatro anos de universidade nas costas. No papel ele é o sonho de todo treinador: bom arremessador, dedicado todo segundo na defesa e um líder nato, característica que mais o marcou no seu tempo de Lousiana State University. O problema é que ele não é excelente em nada, demorou pra deslanchar e não tem os dotes físicos para transformar toda essa vontade defensiva em algo fora de série. A história de Mays, porém, pode incentivar o Hawks a querer manter ele perto por algum tempo.

Como seu novo companheiro Okongwo, Mays viveu uma tragédia pessoal recente. Wayde Sims, seu melhor amigo, companheiro de basquete desde a infância e parceiro de time na universidade morreu baleado ao tentar separar uma discussão numa festa há dois anos. A perda chocou e mexeu com Mays, que superou o medo de falar em público e fez um discurso de onze minutos em frente a centenas de colegas de universidade em uma homenagem ao amigo. Segundo seu antigo treinador, depois disso de Mays “canalizou seu luto em foco na quadra, o que o levou a um dramático salto para as listas do Draft”. Ele se tornou o líder do time dentro e fora da quadra, ficou obcecado por crescer no basquete, passou a falar em querer virar profissional e logo passou finalmente ganhar atenção dos olheiros profissionais. E no meio disso tudo seguiu estudando, manteve uma nota altíssima, se formou cinesiologia e ainda pretende, quando parar de jogar, seguir a mesma carreira dos pais médicos. Segundo seu técnico Will Wade, “ele vai ser um ótimo médico e eu deixaria ele me operar, mas antes disso ele vai ter uma carreira de 12 anos na NBA”. Sua capacidade de transformar trauma em motivação, de lidar com adversidade, motivar companheiros e de não perder foco ao traçar objetivos é algo que todo time vai querer em seu vestiário. Não vai ser fácil, mas como torcer contra?

FORÇA NOMINAL – Mesmo sem me dar conta, lá em 2002 já nos importávamos com a Força Nominal. Jogando nosso saudoso NBA 2k2 no mais saudoso ainda Dreamcast, eu e o Danilo sempre fazíamos questão de selecionar para nossos times o desconhecido pivô Olumide Oyedeji, então do Orlando Magic. Não só seu nome era divertidíssimo como o narrador do jogo falando pausadamente cada sílaba era um show de humor involuntário a cada lance. Até 2020, Oyedeji era o único jogador da história da NBA a ter nome e sobrenome começados com a letra O. Não mais. Bem vindo ao Clube O.O., Onyeka Okongwu! Ponto por raridade!

Com Skylar Mays os pontos são de estilo mesmo. Antes de aparecer a senhorita Aerial Powers, minha Força Nominal favorita da WNBA era a de Skylar Diggins. Tem algo no nome Skylar que hipnotiza e chama por estrelato! A parte do Mays não é tudo isso e o Danilo é contra ter um mês como sobrenome, mas o conjunto da obra é positivo. Bom Draft do Hawks!


Hayes

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Detroit Pistons
#7 – Killian Hayes, PG
#16 – Isaiah Stewart, C
#19 – Saddiq Bey, SF
#38 – Saben Lee, SG

O Detroit Pistons tinha só a Escolha 7 neste Draft, mas se mexeu para entrar mais vezes na fila do brinquedo: aceitou pegar Trevor Ariza do Houston Rockets para aliviar a folha salarial do rival e como contrapartida recebeu a Escolha 16 desse Draft. Depois participou de um troca tripla onde mandou Luke Kennard para o LA Clippers e recebeu a Escolha 19 do Brooklyn Nets. No primeiro caso foi uma escolha que caiu no colo, no segundo eles abriram mão de um bom jovem jogador que, ao que tudo indica, não estavam afim de oferecer uma cara extensão de contrato ao fim do ano. Negócios bons desde que, é claro, eles tenham escolhido os jogadores certos!

Em um ano tão aberto, você vai achar favoritos da galera em todas as posições. Para Kevin O’Connor, o especialista em Draft do The Ringer, o armador Killian Hayes era O MELHOR jogador dessa seleção de 2020, acima mesmo de LaMelo Ball ou Anthony Edwards. O que o convenceu foi o repertório ofensivo do francês de apenas 19 anos: excelente jogo de pernas, dribles para todos os lados, bandejas com as duas mãos, floaters, step backs e muito mais coisas que normalmente demoram para aparecer em situações de jogo para atletas tão novos. Eu entendo a empolgação de O’Connor, armadores habilidosos, com facilidade para invadir o garrafão e boa visão de jogo para achar companheiros é o que TODO ataque precisa hoje na NBA.

Como bom canhoto habilidoso, Hayes recebeu suas doses de comparação com James Harden e Manu Ginóbili. O problema é que ele não tem o arremesso mortal do Barba (teve aproveitamento baixo de 3 pontos na última temporada) e nem a criatividade bruta do argentino. É sempre cruel comparar com gênios, então é bom fazer as ressalvas. Se for para manter os paralelos na turma dos canhotos, seus vídeos me lembram muito mais D’Angelo Russell: muita habilidade, controle de bola, mas que sofreu até deslanchar na NBA por nunca ser o cara mais rápido, forte ou muito menos alto em quadra. Imagino Hayes apanhando muito até encontrar os atalhos do perímetro até a cesta. E fica a curiosidade: o Pistons dará a ele a liberdade de aprender errando?

Embora tenha começado a carreira na França, Hayes jogou a última temporada no Ratiopharm Ulm, da Alemanha. A liga alemã não é conhecida por ser uma das melhores da Europa, mas o Ulm tem um projeto ambicioso para se tornar um celeiro de jovens craques no continente e até investiu milhões num novo centro de treinamento. Hayes foi parte importante desse plano e levá-lo à NBA no Top 10 do Draft uma vitória tremenda, já que querem receber mais adolescentes do continente com o mesmo sonho. Só que o caminho tem suas dificuldades: Hayes recebeu luz verde para aprender na prática, teve seus dias ruins, foi o segundo colocado em desperdícios de bola por partida (3,5 turnovers em 25 minutos de quadra) e seu time ficou apenas na DÉCIMA posição na temporada. Eles até brilharam depois nos Playoffs improvisados em Junho, chegando nas semifinais, mas foi justo quando Hayes não fazia parte do elenco, já que decidiu se focar só na preparação do Draft. Foi um ano de aprendizado e bom para ele se mostrar para o mundo, mas não sei se o Pistons terá a mesma paciência para os erros.

Na posição 16 o Pistons foi com Isaiah Stewart, que foi o campeão dos comentários “ele até é bom, mas tinha gente melhor disponível” de vários especialistas. O pivô assusta um pouco porque parece ser muito da velha guarda e que se usado da maneira errada pode desaparecer da liga em instantes. Ele pontuou bem na sua única temporada na Universidade de Washington, mas na maior parte das vezes jogando de costas para a cesta, lance cada vez menos usado na NBA. Na defesa foi bem nos tocos e aparecendo na cobertura, mas jogou quase o tempo todo em uma defesa por zona, justamente para não precisar ir marcar jogadores mais baixos e ágeis no perímetro. O técnico Dwane Casey, que já viu de perto sua dose de zona nos tempos de Dallas Mavericks e Toronto Raptors, já disse que o time vai usar mais defesa por zona em 2021, então talvez esse seja a chave para tirar proveito de Stewart sem o expor demais no que não sabe fazer.

Com sua última escolha de primeira rodada, o Pistons selecionou o ala Saddiq Bey. Depois de uma carreira colegial discreta, Bey conseguiu uma vaga na Universidade de Villanova e lá deslanchou, embalando de vez em 2019-20 e entrando de vez na conversa do Draft. Com ótimo físico, boa defesa e 45% de acerto nas bolas de 3 pontos, ele tem tudo para ser o clássico 3-and-D que todo time da NBA procura. Para os especialistas, foi uma escolha sem muito risco e que pode render bons frutos se ele seguir evoluindo no que já sabe fazer.

Na segunda rodada o GM Troy Weaver apostou no ala Saben Lee, que seu técnico em Vanderbilt Bryce Drew descreveu como: “um cara que você acha que deve jogar de uma maneira ‘soft‘ de tão educado que ele é fora de quadra, mas nunca vi alguém que tentou tantas vezes enterrar na cabeça dos outros”. Às vezes ele conseguiu:

FORÇA NOMINAL – A gente sabe que o nome Killian é legal desde que surgiu o Mbappé. Em um país que fala inglês agora teremos ainda a chance de chamá-lo de MATADOR. Isaiah Stewart é comum demais, sem contar que não é nome de pivô, ele vai ter que usar o número 55 para compensar e ficar mais com a cara da posição. A vitória do Pistons veio em Saddiq Bey: o primeiro nome é simplesmente único, fácil de falar e ainda tem um duplo D para ganhar pontos de estilo , já o sobrenome é a gíria do momento para se referir a seu boy, crush ou afins. Grande nome! Por fim, Saben parece uma sigla de um sistema antiquado que sua empresa ainda usa nos computadores.


Toppin

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New York Knicks
#8 – Obi Toppin, PF
#25 – Immanuel Quickley, PG/SG

Depois de se formar sem receber qualquer oferta para uma universidade da Divisão I, Obi Toppin decidiu fazer um ano a mais de basquete em uma escola preparatória. Deu certo, ele jogou muito, cresceu dez centímetros em uma temporada e recebeu finalmente a atenção de algumas universidades importantes. Ele optou por ir para Dayton, mas lá mais um passo para trás: não pode jogar no primeiro ano por não atender aos requisitos acadêmicos pedidos pela NCAA. Depois de tanto esperar, fez uma boa primeira temporada e em 2019-20 simplesmente EXPLODIU: média de 20 pontos por jogo, 64% de aproveitamento nos arremessos, recebeu praticamente todos os prêmios de melhor jogador universitário do ano e ainda liderou Dayton a uma campanha de 29 vitórias e só duas derrotas antes da parada da pandemia.

A história de Toppin é dessas que volta e meia aparecem para motivar qualquer adolescente em crise. Tudo pode acontecer, tudo pode mudar, nunca é tarde demais para de repente dar a volta por cima, ter algum “click” e se tornar um dos jogadores mais bem cotados de todos os EUA. Vai entender! E legal para o New York Knicks que eles conseguiram um cara que é nascido e criado em Nova York e fã da franquia. Ele é filho de Obadiah Toppin, um famoso jogador de basquete de rua da cidade e que fez carreira em ligas de streetball da região, seu apelido (obrigatório ter um apelido no basquete de rua!) era Dunkers Delight:

O melhor jogador universitário de 19-20 caiu até a oitava posição no Draft porque ninguém acredita que ele seja capaz de se tornar um bom defensor na NBA. Pra falar a verdade, todos os especialistas que li acreditam que ele tem muitas chances de ser um PÉSSIMO defensor na liga, já que com 2,06m é baixo demais para ser pivô, posição em que jogou em Dayton, e lento demais para marcar caras do seu tamanho no perímetro. Por outro lado, tem uma explosão física absurda, transforma qualquer espaço em uma enterrada feroz e ainda por cima teve quase 40% de aproveitamento nas bolas de 3 pontos. As comparações mais comuns são com outro cara que deu muito show e defendeu pouco em Nova York, Amar’e Stoudemire. Curioso para ver como Tom Thibodeau, um técnico que coloca defesa acima de tudo, lida com a principal aquisição do time na temporada.

Depois de Toppin, o Knicks fez uma série de trocas: mandou as Escolhas 27 e 38 para o Utah Jazz em troca da Escolha 23, depois trocou essa escolha com o Minnesota Timberwolves pelas Escolhas 25 e 33. Essa 33ª Escolha foi então enviada para o LA Clippers em troca de uma seleção de Draft futura. Ufa! Depois desse samba todo, o time apostou em Immanuel Quickley, armador de Kentucky. Nada menos que o QUINTO jogador vindo da universidade que fará parte do elenco do time, ao lado de Julius Randle, Kevin Knox, Nerlens Noel e Michael Kidd-Gilchrist. Não é coincidência, o novo General Manager do time é Leon Rose, ex-empresário cuja agência que comanda sempre negociou com jogadores de Kentucky. Seu vice é William Wesley, o famoso Worldwide Wes, personagem influente dos bastidores do basquete nos EUA e que, dizem, sempre ajudou o técnico John Calipari a recrutar os principais talentos colegiais. E falando em Calipari, seu ex-assistente Kenny Payne foi contratado para a comissão técnica do Knicks. É quase uma filial.

Embora muitos esperassem que Quickley fosse selecionado mais tarde, não é só a conexão de Kentucky que o levou ao Knicks. Depois de um primeiro ano desanimador, na última temporada Quickley embalou e especialmente na segunda parte da temporada se mostrou um dos principais arremessadores da NCAA. Ele liderou Kentucky em pontos (16 por jogo) e teve oito partida com mais de 20 pontos marcados. É daqueles que quando esquentam é difícil parar. Não é tanto um criador de jogadas para outros, o que seria ideal pelo seu tamanho, mas parece saber como colocar a laranja na cesta. Defensivamente, o próprio Calipari diz que ele chegou em Kentucky sem saber como manter um adversário na sua frente, mas garante que ele virou um dos principais marcadores do time no ano seguinte. Veremos.

FORÇA NOMINAL – As pessoas sempre lembram da Força Nominal quando aparece algum nome estranho ou engraçado, mas sigo defendendo a beleza da simplicidade. Obi Toppin é divertido de falar, gostoso de ouvir, quase um nome de brinquedo para crianças que estão aprendendo a empilhar coisas. Um dos meus nomes favoritos! Já um armador rápido chamar Quickley é como se Blake Griffin se chamasse Blake Dunkley, bom demais pra ser verdade.


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Washington Wizards
#9 – Deni Avdija, SF/PF
#53 – Cassius Winston, PG

Em uma matéria do The Athletic em que queria descobrir quem era Deni Avdija, o jornalista Ethan Strauss conversa com quem acompanhou o ala israelense de perto e ouve comparações com Luka Doncic, Joe Ingles e Dario Saric. Ou seja, tudo pode acontecer! A qualidade entre os três é bem diferente, mas deu pra sacar o estilo, né? Um ala alto para quem tem bom controle de bola, inteligente e que faz um pouco de tudo. Como acontece com outros que jogam em grandes ligas europeias, Avdija chega com o bônus de já ter sido testado contra adversários muito bons e mais velhos do que ele. E como já virou praxe em todo Draft, é claro que seu pai era jogador profissional. Zufer Avdija jogou por 11 anos no Estrela Vermelha e era capitão da Iugoslávia que levou a medalha de bronze na Copa do Mundo de 1982.

Antes do Draft comentou-se muito que o Golden State Warriors tinha se apaixonado por Avdija, mas que considerava um exagero selecioná-lo lá na segunda posição. Como não rolou nenhuma troca, foram com James Wiseman mesmo. Aí por diversos outros motivos mais times foram deixando ele passar até cair no colo do Washington Wizards. Fica a curiosidade de como seu lado playmaker será usado em um time com Bradley Beal e Russell Westbrook no time. Deixá-lo de canto só para arremessar, sua pior arma ofensiva, seria um desperdício.

Na segunda rodada o Wizards apostou Cassius Winston, veterano de quatro temporadas em Michigan State e que segue todo o estereótipo do armador clássico que vê o jogo, toma poucas decisões erradas, envolve os companheiros e nunca se abala durante a partida. Como líder de um dos melhores times do basquete universitário na última temporada, compreensível que tenha recebido uma chance no fim da segunda rodada mesmo que seu estilo não seja mais o desejado na NBA atual. Winston foi protagonista de um momento emocionante e triste na última temporada, quando decidiu jogar apenas um dia depois que seu irmão mais novo foi morto ao ser atropelado por um trem. Seu time venceu a partida com 17 pontos e 11 assistências de Winston.

FORÇA NOMINAL – Gosto de jogadores que podem ser chamados de um nome só e Deni tem esse poder. Ser parecido com o MEU nome pode ter pesado na decisão, mas ninguém aqui prometeu ser imparcial. Outro que nunca ter erro são os nomes terminados em -us. Seria melhor Maximus Winston? Sim, mas Cassius passa de ano.


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Phoenix Suns
#10 – Jalen Smith, C

Pelo segundo ano seguido o Phoenix Suns faz todo mundo soltar um “que porra é essa?” com sua escolha de primeira rodada. No ano passado a escolha por Cameron Johnson foi justificada pela precisão do ala nos arremessos de 3 pontos, o desse ano em Jalen Smith… também. O pivô de de Maryland teve 37% de aproveitamento nos tiros de longa distância, excelente número para um pivô. Foi o bastante para o GM James Jones, um especialista nos arremessos nos seus tempos de jogador, se encantar. Ele também se mexe bem pela quadra para alguém de 2,10m, lembra um pouco Myles Turner nesse sentido.

Um ano depois temos que reconhecer que Cameron Johnson fez uma temporada de novato melhor que muita gente escolhida antes dele, então damos nosso voto de confiança, mas de novo podemos questionar se o ideal não seria trocar por uma escolha mais baixa, conseguir o alvo principal e ainda levar algo de bônus. Há o risco de acabar perdendo o jogador, mas maximizar ativos é parte importante do trabalho de todo manager.

Outra crítica comum dos especialistas foi sobre o Suns gastar uma Escolha Top-10 em alguém que vai ser invariavelmente reserva de DeAndre Ayton. Entendo da onde vem a crítica, mas não é preciso um reserva? E que outra posição do time estava tão aberta assim? Draft é hora de escolher quem é o melhor. Se daqui uns anos Jalen Smith parecer bom demais para ser só um reserva de Ayton, que troquem um dos dois. Em alguns casos a crítica sobre a posição faz sentido, especialmente quando o excesso de competição pode atrapalhar o desenvolvimento de um jogador, mas no geral o Draft é pensado no longo prazo. E uma curiosidade: seu apelido é Stix, um jeito estiloso de escrever “gravetos”. Mas depois dele encorpar e virar um pivozão musculoso, seu técnico Mark Turgeon o apelidou de Logs (TORAS!). O menino é forte mesmo.

FORÇA NOMINAL – Tudo o que Jalen Smith tem de força no braço, não tem no nome. Falaria mais sobre isso, mas o risco de cair no sono é grande demais.


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San Antonio Spurs
#11 – Devin Vassell, SG
#43 – Tre Jones, PG

Nos bons tempos do San Antonio Spurs, a escolha de Devin Vassell seria daquelas que todo o resto da NBA iria considerar apelação. Um ala que defende bem, com boa leitura de jogo, decisões rápidas e excelente arremesso? É o sucessor espiritual de Stephen Jackson, Bruce Bowen, jovem Kawhi Leonard e Danny Green. Ele nasceu para mostrar seu melhor em um time de foco defensivo, com inúmeros criadores de jogadas, muitos passes e na eterna busca pelo melhor arremesso possível. Uma pena que o Spurs não vive mais sua era de ouro. Derrick White e Dejounte Murray não são Tony Parker e Manu Ginóbili, mas não tem time que não precise de um bom 3-and-D.

Como o Spurs é um time sem pressa e DeMar DeRozan (ainda) não foi trocado, nesse primeiro ano talvez a gente só veja a versão de Vassell que fica no seu cantinho esperando para arremessar, mas os especialistas creem que ele pode fazer muito mais que isso eventualmente. De qualquer forma, ele se encaixa no movimento de renovação da franquia. E se algo pode acelerar esse desenvolvimento e fazer Vassell roubar uns minutos dos colegas mais rodados é a sua defesa. Se sua adaptação nesse lado da quadra for rápida, tudo mais se acelera junto.

Na segunda rodada o Spurs selecionou Tre Jones, irmão de Tyus Jones, armador do Memphis Grizzlies. A competição na posição é pesada, o tempo de preparo é curto e talvez a gente não veja muito dele por um tempo, mas como dissemos antes, o Spurs não costuma ter pressa. Se comprovar a fama de PESTE defensiva e de armador solidário, deve ganhar uma chance.

FORÇA NOMINAL – Por uma letra o sobrenome de Devin Vassell não é EMBARCAÇÃO! Mas como a sonoridade é parecida, a gente aceita e aguarda os trocadilhos. As piadas seriam ainda mais fáceis se ele tivesse ido para os Clippers, um time batizado justo com o nome de um tipo de embarcação, mas os deuses do basquete não funcionam assim. Se a vida fosse tão fácil todos os jogadores de sobrenome Green estariam no Boston Celtics e os irmãos Ball jogariam no mesmo time de Bol Bol.


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Sacramento Kings
#12 – Tyrese Haliburton, PG/SG
#40- Robert Woodard, SF
#43 – Jahmi’us Ramsey, SG

Tá aí outro que tinha muitos fãs fervorosos na imprensa: Tyrese Haliburton. Para John Hollinger, ex-assistente de GM do Memphis Grizzlies e hoje colunista do The Athletic, o armador deveria ter saído no Top 3! Para ele e outros admiradores, todas as escolhas antes do Sacramento Kings aparecem com uma nota mais baixa porque perderam a chance de selecionar Haliburton. Mas afinal, o que ele tem de tão especial para uns e por que caiu no colo do Kings?

Primo de Eddie Jones, o ex-All-Star que jogou na NBA por 14 anos, Haliburton é o queridinho dos nerds de basquete que têm orgasmos com uma boa “hockey assist” e vibram com um jogador que sabe diminuir o ritmo da passada num contra-ataque para calibrar o timing de um passe bem dado. Ele é o sonho de quem enxerga o basquete de forma coletiva, sem estrelismo, sem um quarterback que comanda e faz tudo sozinho no ataque. Muitos acreditavam que ele iria para o Spurs justamente por trazer tudo o que aquele time clássico de Gregg Popovich em 2014 mais prezava: decisões rápidas e inteligentes.

O porém da história é que o armador não é um excelente pontuador, não é o melhor arremessador do mundo e não tem nenhum grande atributo físico. Há um mundo onde ele é um híbrido de Shaun Livingston e Kyle “Slo-mo” Anderson, mas há também um universo onde ele é um Malcom Brogdon com uma pitada a mais de pimenta nos passes e um azedo a mais nos tiros de longe. De qualquer forma, é um talento que, dizem, deixou o Kings mais confortável na decisão de não igualar a oferta do Atlanta Hawks por Bogdan Bogdanovic.

Na primeira das duas escolhas do na segunda rodada temos Robert Woodard, ala que demorou para embalar na Universidade de Mississipi State. Ele passou o primeiro ano todo na reserva com minutos limitados e só em 2019-20 que embalou de vez, quando a média subiu de apenas CINCO pontos por jogo para DOZE. Destaque para as bolas de 3 pontos, cujo aproveitamento saltou de 27% para 42% (!!!). Não eram muitas tentativas por partida, mas o número impressiona. Olheiros elogiam sua visão de jogo no ataque, mas falta mais habilidade com a mão e capacidade de agredir as defesas para realmente se tornar alguém que possa conduzir o ataque da posição. Provavelmente foi a versatilidade defensiva (que conta com a ajuda de sua envergadura de 2,16m) que convenceu o Kings. A soma da boa defesa em várias posições com o arremesso em desenvolvimento pode render um clássico 3-and-D.

Na outra escolha temos uma combinação perigosa: dizem que Jahmi’us Ramsey é um “talento de primeira rodada” mas que caiu para depois da 40ª posição por ser meio descerebrado em quadra. Desde quando o KINGS é o tipo de time que salva esses jogadores que precisam estar numa equipe organizada para colocar tudo no lugar?

FORÇA NOMINAL – Como Hollinger, eu coloco Haliburton no meu Top 3 também, mas aqui estou falando de Força Nominal! Vocês não imaginam um Dr.Haliburton chegando no Hospital Seattle Grace arrasando corações e fazendo as cirurgias mais desafiadoras do planeta? É nome de gente importante e bem sucedida. Por outro lado, Jahmi’us tá naquela lista de nomes que podem parecer legais por serem diferentes, mas  queno fundo é mais um sorteio aleatório de letras que não chega a lugar nenhum.

O nome Woodard não parece simplesmente ERRADO? O certo não seria WoodWard? É como o VanVleet que deveria ser VanFleet, vemos ter que viver com o incômodo e aceitar que não cagamos todas as regras do mundo.


Kira

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New Orleans Pelicans
#13 – Kira Lewis Jr, PG

Um dos times mais velozes da NBA selecionou um dos jogadores mais rápidos e agressivos do Draft, Kira Lewis Jr. Um jeito interessante de enxergar o jogo do armador é ver o quanto ele é diferente do outro dono da posição no New Orleans Pelicans, Lonzo Ball. Enquanto Ball é o cara que enxerga tudo o que está rolando na quadra e pensa em 40 passes antes de cogitar arremessar, Lewis baixa a cabeça e passa pelo seu marcador rumo a cesta. Enquanto a crítica para Ball é para que ele pontue mais, a crítica a Lewis é que ele está só começando a ver mais o jogo como um criador para os companheiros. A semelhança entre os dois está nos arremessos: nenhum dos dois é ruim, nenhum é genial também.

Provavelmente Ball deve ter sua vaga garantida no começo da temporada. Não só pela experiência maior, mas por ser um melhor defensor. Com 1,90m e míseros 75kg, Lewis sofre para marcar armadores mais fortes ou em trocas de marcação, sem contar a dificuldade normal de todo novato quando chegar entre os profissionais. Sua capacidade de se adaptar defensivamente e de ser mais que um pontuador vão definir se no longo prazo ele será um sexto homem ou se poderá realmente brigar por uma vaga de titular.

Quem está otimista com esse desenvolvimento é Cory Underwood, técnico de Lewis na sua época de torneios AAU e que depois trabalhou como seu técnico individual. Ele conta que Lewis estava sofrendo com tocos em suas muitas infiltrações no começo da última temporada na Universidade do Alabama, então conversou com o armador e mostrou vídeos de Shai Gilgeous-Alexander com bandejas um pouco mais diferentes e criativas para pegar defesas desprevenidas. “Não lembro dele ter tomado mais tocos desde então”, disse Underwood. “Ele é uma esponja”. Sorte de Lewis que agora ele jogará para o técnico Stan Van Gundy, conhecido justamente pelo seu lado professor de chamar os jovens de lado e ensinar fundamentos do jogo.

O futuro do Pelicans está nas mãos de Brandon Ingram e Zion Williamson, mas isso não tira a importância de acertar no Draft e colocar bons jogadores ao redor da dupla. Ainda é cedo para saber se Lewis será um grande ajudante, mas tem talento aí e seu estilo veloz e agressivo combina com o das estrelas da franquia.

FORÇA NOMINAL – Nome único na NBA, duas sílabas, forte e fácil de falar. Kira é direto e agressivo como o jogador. E sabiam que o nome completo dele é Kira Aundrea Lewis? Ele deveria deixar o Lewis de lado e adotar o segundo nome na camisa. Aundrea soa como um fenômeno natural raríssimo que só pode ser visto em poucas ilhas do Pacífico. Já Kira, que pra mim é nome de modelo alemã, mas segundo o Google Imagens é só desenho japonês mesmo.


Nesmith

2

Boston Celtics
#14 – Aaron Nesmith, SF
#26 – Payton Pritchard, PG
#47 – Yam Madar, PG

O Boston Celtics vivia um drama ao chegar no Draft 2020: onde enfiar tanta gente?! O time tinha três escolhas de primeira rodada em um elenco que não só estava recheado de jogadores sob contrato como CINCO deles são atletas também jovens que estão no segundo ou terceiro ano de contrato. Por isso que era bem possível e até provável que tentassem juntar as Escolhas 14, 26 e 30 e tentassem as transformar em uma escolha única, talvez até dentro do Top 10. Só que não rolou, coloquem na lista de trocas não feitas por Danny Ainge, seja lá qual tenha sido o motivo dessa vez.

Com o mercado ruim para negócios, Ainge acabou só se livrando da Escolha 30, Desmond Bane, enviado ao Memphis Grizzlies por escolhas futuras. Claro que tem muito fã de Bane por aí que achou um absurdo a troca, mas alguém o Celtics tinha que trocar. E Draft é assim, para todo jogador tem um fanático que acha que ele deveria ter sido a primeira escolha e será um futuro All-Star e todo mundo que o deixou passar vai se arrepender para sempre.

A principal seleção do Celtics na noite foi Aaron Nesmith, um dos melhores arremessadores de longa distância deste ano. Com tantos criadores de jogadas no time, nada mal ter alguém que finaliza bem de longa distância. Na temporada passada o time foi o 13º em aproveitamento de bolas de 3 pontos, com queda nos Playoffs. E o quanto Nesmith ajudaria nesse aproveitamento? Bom, ele acertou 52% (!!!) em mais de OITO tentativas por jogo na última temporada por Vanderbilt. Insano! Cobrar que ele seja de cara o que Duncan Robinson foi para o Miami Heat pode ser demais, mas dá pra imaginar qual é o melhor cenário possível e como isso poderia abrir espaço para Kemba Walker, Jayson Tatum e Jaylen Brown brilharem. Como Robinson, além dos arremessos é importante que Nesmith aprenda a se portar na defesa e a passar a bola para lidar com possíveis marcações mais agressivas.

Mais para o fim da primeira rodada o Celtics apostou no armador Payton Pritchard, veterano de quatro temporadas em Oregon. Como com a maioria dos novatos de 22 anos ou mais, a expectativa é que ele possa contribuir logo de cara, especialmente depois da saída de Brad Wanamaker, que foi o reserva com mais minutos pelo Celtics na temporada passada depois de Marcus Smart. O banco do time é bem magro, então não surpreende que eles tenham investido mais em caras com características fáceis de se adaptar logo de cara do que em promessas cruas que talvez virem estrelas daqui mil anos. Escolhas imediatistas podem voltar para assombrar um GM anos depois, mas é fato que o Celtics precisa mesmo de um banco melhor. E como Nesmith, Pritchard também chega com ótimos números nos arremessos de longe, prioridade do time.

E uma curiosidade: no distante ano de 2015, Pritchard foi campeão norte-americano de basquete 3×3 sub-18 ao lado de Zach Collins (Blazers) e PJ Washington (Hornets). O trio então ganhou o direito de representar os EUA na Copa do Mundo sub-18 da modalidade, mas voltou só com um broxante oitavo lugar:

Na segunda rodada o Celtics foi para o exterior e selecionou o armador israelense Yam Madar, do Hapoel Tel Aviv. Segundo  Ainge ele vai ficar “pelo menos um ano” em Israel antes de ir para a NBA, mas como tem dois anos de contrato ainda e uma multa para deixar o time, talvez fique ainda mais. Ele tem tido bons números na liga israelense, que não é fraca, e algum protagonismo segundo quem acompanha de perto. Vale ficar de olho na única aposta a longo prazo do Celtics no Draft 2020.

FORÇA NOMINAL – Mesmo depois de anos acompanhando a NBA ainda acho estranho demais um nome que começa com duas letras A, como Aaron. Nunca soa natural para falar ou escrever, então Aaron Nesmith perde pontos porque minha cabeça é confusa. Já Payton Pritchard tem pontos extras pelo critério Marvel de iniciais iguais no nome e no sobrenome, mesmo que seu nome pareça mais de coadjuvante do que do herói principal. E sem saber como lidar com o nome Yam Madar, fui pesquisar no Google Tradutor se o nome dele tinha algum significado em hebraico. Yam significa INHAME. Por mim tudo bem.


Voltamos nos próximos dias para analisar os times e jogadores selecionados a partir da 15ª Escolha do Draft 2020!

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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