>Análise dos técnicos – Divisão Sudeste

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Jeff Van Gundy feliz demais porque vamos analisar a rica Divisão Sudeste
Vamos viajar para o Leste na nossa Semana especial sobre os técnicos. Saímos da divisão mais forte da liga, a Sudoeste, com Spurs, Rockets e Mavs, para uma das mais fracas, a Sudeste, com times de enorme sucesso nos últimos anos, como o Hawks (conhecido também como o Clippers do Leste), o Bobcats, o Wizards bichado e o atual pior time da NBA, o Heat. Sobra o Orlando, que não por acaso é o atual campeão da divisão.

Larry Brown, Charlotte Bobcats
O cara tá na área faz tempo. Pra se ter uma idéia, ele começou sua carreira de técnico profissional no Denver Rockets, franquia que depois foi pra Houston, da ABA, antiga liga concorrente da NBA. Mas ele não está na NBA desde então, no meio do caminho ele foi para a universidade de UCLA, onde foi vice-campeão universitário, depois foi para a NBA, voltou para o basquete universitário, onde foi campeão por Kansas e só então foi em definitivo pra NBA.
No basquete profissa ele já levou o Spurs, Pacers e até o Clippers (sim, o Clippers!) para os playoffs, além de carregar aquele lixo de Sixers de 2001 para a final da NBA, quando perderam para o Lakers. Vocês lembram desse Sixers? Tinha Eric Snow, Aaron McKie, George Lynch, Tyrone Hill, o Raja Bell versão novato-pivete e como talento de verdade só o Mutombo e o Iverson. Se vocês acham o Leste fraco hoje, estão reclamando de barriga cheia, porque naquela época o Sixers que só tinha o Iverson e o lixo do Raptors que só tinha o Carter chegavam muito longe. De qualquer forma, não vamos tirar o mérito do Larry Brown, que até foi eleito o técnico do ano na ocasião.
Depois do Sixers e de suas eternas brigas com o Iverson, ele foi para o Detroit, onde foi campeão em 2004 naquele esquadrão que era uma das defesas mais temidas da NBA. Larry Brown é o único técnico a já ter ganhado a NBA e a NCAA e já foi vice em cada uma das competições. Se bem que se eu tivesse 112 anos de vida e 110 de carreira eu também teria conseguido isso.
Mas depois de seu feito histórico deu tudo errado. Primeiro, no mesmo ano de 2004, ele foi o técnico da histórica (no mau sentido) seleção americana em Atenas. Ele pode dizer orgulhoso para os netos que foi camepão da NBA contra um Lakers de Kobe, Shaq, Payton e Malone, mas alguns meses depois conseguiu perder para Porto Rico comandando um time que tinha Duncan, Iverson, LeBron, Wade e Carmelo.
Depois da derrota do Pistons na final de 2005 para o Spurs (malditos anos ímpares!), o Larry Brown saiu do Pistons para se tornar o técnico mais bem pago da história da NBA. Onde? No Knicks! Onde mais se gasta dinheiro para não se ter resultados? A temporada do Larry Brown por lá foi medíocre, somente 23 vitórias, e no fim da temporada o Isiah Thomas o mandou embora e foi assumir o time. Sábia decisão, Isiah.
Entre seu sucesso universitário, na NBA e depois sua decadência nos últimos anos, duas coisas sempre exisitiram nos times do Larry Brown: defesa e brigas.
Aparentemente ele não é lá muito bom em relacionamentos (uma psicóloga chata já diria que ele não tem inteligência interpessoal) como é com basquete. Ele brigava toda semana com o Iverson. Por causa de treinos, de jogo, de decisões dele na quadra, por causa do cabelo, da unha do pé, do perfume que ele usava. Pareciam marido e mulher, porque até reconciliação e declarações de amor tinha. Foi em uma dessas declarações de amor que o Iverson chamou o Michael Jordan de Michael Jackson. Ui!
Tá bom que o Iverson não é nenhum santo, mas por algum motivo o Larry Brown pega no pé dos armadores. No Knicks a fonte de todas as brigas foi o relacionamento péssimo dele com o Marbury, já no Pistons as coisas deram certo e foi só com o Larry Brown que o Billups jogou tudo o que sabe de basquete. Por causa dessa característica de ser muito exigente com os armadores principais é que já estão achando que o Ray Felton não fica no Bobcats até o fim da temporada. O primeiro indício disso teria sido a escolha do também armador DJ Augustin no draft desse ano.
Mas mesmo se não der certo com o Felton, isso pode se resolver com alguma troca, o mais importante para o Bobcats é se tornar uma potência defensiva. Larry Brown fez um Sixers poderoso na defesa com Ratliff e depois Mutombo, e com o próprio Snow, depois fez a melhor defesa que eu já vi jogar com Rasheed, Ben Wallace e Tayshaun Prince, agora ele tem nas mãos o Okafor e o Gerald Wallace, dois jogadores fortes, bons defensores e especialistas em tocos e roubos de bola. O potencial está aí, é só esperar e ver se o Larry Brown vai ser o que vimos no Sixers e no Pistons ou o que perde as Olimpíadas e passa vergonha no Knicks.

Mike Woodson, Atlanta Hawks
A imprensa dizia com certeza que os jogadores do Atlanta não gostavam dele, que o Josh Smith pensou em sair do time só porque não o mandaram embora e que o Josh Childress foi comer churrasquinho grego original por causa dele. Mas dos dois Joshs, o Smith desmentiu isso, dizendo que adora o técnico e que conversava com ele regularmente mesmo antes de decidir continuar em Atlanta.
No meio de informações tão confusas, não sei direito o que falar sobre o Mike Woodson. Aparentemente todo mundo odeia ele, a imprensa de Atlanta o repudia e não cansa de apontá-lo como um dos culpados por anos e anos de derrotas como se o Atlanta não fosse fracassado antes da chegada de Woodson na temporada 2004-05.
Nessas quatro temporadas o time tem melhorado ano a ano, foram 13 vitórias (irgh!) no seu primeiro ano, depois 26, 30, e no ano passado 37, culminando em uma ida para os playoffs e uma série dura contra o Celtics.
Mas o quanto disso é mérito do Woodson e quanto disso aconteceu devido a evolução do elenco do Hawks? Nesses anos foram adicionados ao time Joe Johnson, Josh Smith, Josh Childress, Marvin Williams, Zaza Pachulia e no ano passado Mike Bibby e Al Horford. O Hawks melhora a cada ano e quanto mais reforços tem, mais vitórias o Woodson consegue. A culpa é então do técnico ou do General Manager do time que não soube montar um bom elenco?
Outro problema grave do Hawks sempre foi a armação do time. Até a chegada do Bibby no meio da temporada passada, o Woodson nunca treinou um time com um bom armador e nem foi ele o culpado pelo time ter draftado o Marvin Williams antes do Deron Williams e do Chris Paul no draft de 2005.
O que acho de verdade é que não dá pra fazer uma análise perfeita do Woodson porque ele só esteve em roubada até agora, só pode falar dele quem acompanha o Hawks regularmente e vê jogos com regularidade, para analisar como ele faz ajustes do time dentro do jogo, como ele trabalha os duelos individuais e coisas assim. Na série contra o Boston ele agiu bem em muitos jogos, mas como eu gosto muito de basquete, não tenho o hábito de assistir muitos jogos do Hawks durante a temporada.
Os masoquistas jornalistas de Atlanta assistem e o odeiam. Os jogadores dizem que não gostam e depois que gostam. Ele nunca treinou um elenco decente. Ou seja, sei lá o que achar desse cara. Mas sério, quem se importa com o Atlanta Hawks?

Eric Spoelstra, Miami Heat
Se é difícil falar do Mike Woodson porque eu tenho o bom senso de não ver jogos do Hawks, com o Spoelstra eu não tenho nem escolha. Ele simplesmente nunca dirigiu um time da NBA, essa será sua temporada de estréia.
O que sabemos dele é que ele nasceu em Portland mas tem origem Holandesa-Irlandesa-Filipina, o que é uma mistura confusa que deveria acabar em uma pessoa de olho puxado, bêbada e drogada.
Mas a história do Spoelstra no Heat é bonita, digna daqueles sistemas de venda de emagrecimento tipo Herbalife, quando você começa como distribuidor e acaba como Presidente Junior da seccional de Itu.
Ele começou no Miami em 95 como coordenador de vídeo do time, não sei o que é isso, mas acho que ele era o cara responsável por ficar editando os jogos do Heat e dos adversários para o técnico usar com os jogadores. Em 97 ele foi promovido a assistente técnico e em 99 virou, além de assistente, olheiro da equipe. Em 2001 ele ganhou mais pontos de experiência ao derrotar um dragão vermelho e virou diretor dos olheiros do time. Anos depois ele começou a ser técnico das equipes do Heat nas Summer Leagues e agora é técnico do time de verdade.
Ufa! Quanta coisa! Serve de exemplo para você que está entrando agora na empresa como ajudante de assistente de estagiário ou como a pessoa responsável pela distribuição do cafezinho na empresa. Um dia vocês podem virar presidentes da companhia, ganhar milhões, casar com uma loira falsa e ter um iate. Eric Spoelstra garante! É só ter força de vontade e dedicar sua vida à uma grande corporação. Um brinde ao capitalismo!
O Pat Riley chamou o Spoelstra de “o próximo grande jovem técnico”, seja lá o que isso quer dizer. Mas não dava pra esperar crítica do cara que o contratou, certo?

Stan Van Gundy, Orlando Magic
O Stan Van Gundy também era um “próximo grande jovem técnico” para o Pat Riley, mas teve que ser mandado embora do Heat quando o Pat farejou uma chance de ser campeão. No meio de uma temporada vitoriosa, o Van Gundy saiu dando uma desculpa esfarrapada (“preciso passar mais tempo com a minha família”) que poderia ser interpretada como “O chefe pediu pra eu sair de fininho antes que ele me mande embora”. Riley então assumiu o time e foi campeão.
O trabalho do Van Gundy no Heat foi ótimo. Ele foi o técnico do time antes do Shaq chegar, na equipe que tinha Eddie Jones, Odom, Brian Grant, Caron Butler e o novato Dwyane Wade. Nenhum deles tinha o nome que tem hoje e foi nesse time que começaram a aparecer para o público. Quer dizer, o Odom tinha nome mas tinha fama de cara talentoso que nunca tinha jogado de acordo com o seu talento, foi nas mãos do Van Gundy que ele fez sua melhor temporada na NBA. Na falta de um armador puro, o Odom era quem organizava o ataque do Miami, distribuindo para as finalizações de Butler e do Wade.
O Orlando do Van Gundy não tem nada a ver com esse Heat, o que mostra que ele sabe se adaptar e não fica impondo um estilo de jogo independente dos jogadores que encontra na frente. O Magic da temporada passada foi o time que mais tentou bolas de 3 na história da NBA! Mais que o Boston do Antoine Walker! Mas mesmo assim o time não era porra louca como esse Celtics, eles jogam com consciência e o Odom da vez é o Turkoglu, que com o Van Gundy fez a melhor temporada da sua carreira.
Também gosto muito da escolha dele de usar o Rashard Lewis na posição 4, mesmo que o Rashard não tenha nascido pra isso, é melhor usar ele por lá do que ficar colocando cara que fede, como o Brian Cook. Ao colocar o Rashard de ala de força ele cria muitos problemas para a defesa adversária, que precisa deslocar um cara grande pra defender as bolas de 3 e eventualmente pode abrir espaços para o Dwight Howard brincar de Superman dentro do garrafão.
Nada mirabolante, ele não é o rei da prancheta, faz simples e faz bem feito.

Eddie Jordan, Washington Wizards
O Eddie Jordan começou sua carreira no Kings, mas depois de uma temporada e meia foi mandado embora. Foi então para o Nets para ser assistente do Byron Scott e lá participou daquela sequência brilhante de títulos do Leste com o Jason Kidd. Depois do segundo vice-campeonato seguido, foi contratado pelo Washington Wizards. Na capital americana ele é, de certa forma, um sucesso. Foram apenas 25 vitórias em seu primeiro ano por lá mas depois são 4 aparições em playoffs e uma passagem para a segunda rodada.
E pra quem ficou confuso com o sistema “Princeton Offense” que o Danilo citou no post anterior, pode ficar confuso de novo. Depois de passar anos como assistente do Byron Scott, o Eddie Jordan usa o mesmo esquema para o seu Washington Wizards, apenas com alguns ajustes.
Ao invés do Jason Kidd ou do Chris Paul, quem arma o jogo é o Arenas, o que muda tudo, já que o Arenas é bem mais fominha que os outros, mas o princípio de movimentação rápida, da busca de espaçamento para arremessar continua lá. Até essa parte dos arremessos é ainda mais acentuada porque o time não tem peças boas no garrafão, o Antawn Jamison acaba contribuindo mais nos arremessos de longa distância do que como o Kenyon Martin fazia no Nets em que o Jordan era assistente.
Um time com quatro bons arremessadores como Arenas, Stevenson, Butler e Jamison é perfeito para a execução da Princeton, sem contar que o Arenas e o Butler também conseguem cumprir bem a função de cortar para cesta para finalizar as bandejas.
Quem quer entender melhor o Princeton é só lembrar do Kings que ficou famosos pela rivalidade com o Lakers, aquele com o Chris Webber, Stojakovic, Bibby e Divac. Eles executavam o Princeton à perfeição e tinham todos os ingredientes necessários para isso, mais do que tem esse Wizards, já que bons passadores no garrafão são importantes para conseguir espaço para arremessos e o Webber era um pouquinho melhor do que o Haywood, que é uma ameaça aos adversários tão grande quanto o Maguila foi uma ameaça ao Holyfield. Muitas vezes o Wizards fica sem espaço e tem que apelar para a individualidade, é o que vemos há 3 anos contra o Cavs nos playoffs, defesa pressionada e o Wizards não consegue tocar a bola como quer.
Apesar do ataque excepcional que o Wizards tem há anos, o problema do time ainda é a defesa. Em cinco anos por lá o técnico poderia ter dado um jeito do time ser menos patético na defesa, também acho que com ele o time ainda dá muitos apagões durante o jogo, com muita afobação. Um técnico que há anos está no time deveria dar um jeito nisso. Mas só por entender a “Princeton Offense” o Eddie Jordan já merece o meu respeito.
Ele também tem nome de ex-dono de equipe de Fórmula 1. Isso tem que valer alguma coisa.

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